Categoria: português
Atenção, apressado! Não caia na supercorreção. Carrossel, como bandeja e beneficência, costumam ser brindados com uma vogal a mais. A letrinha torna-os pesados. Xô! Escreva carossel, bandeja, beneficência. O plural? Carrosséis, bandejas, beneficências.
“Ah, que preguiça!”, repete Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. O personagem de Mário de Andrade não nasceu do nada. Inspirou-se na língua. Nós, falantes, adoramos apelar para a lei do menor esforço. Daí por que generalizamos. É o caso de carioca. Sem cerimônia, englobamos no trissílabo os moradores do estado do Rio. Nada feito. Carioca se refere à cidade do Rio de Janeiro. Fluminense, […]
Olho nas afinidades! Carecer pertence à gangue de precisar e necessitar. Os três pedem a preposição de: O partido carece de líderes. O trabalhador precisa de oportunidades. Necessito de mais tempo para concluir a pesquisa.
Descrição é o ato de descrever (descreve-se uma pessoa, uma roupa, um ambiente). Discrição opõe-se a saliência. Significa reserva, modéstia: O professor pediu aos alunos que apresentassem uma descrição do vestido da noiva. A mãe da noiva vestiu-se com discrição. Apresentou o projeto com discrição, sem o esperado oba-oba. Superdica O substantivo que dá origem à qualidade de discreto se grafa com dois ii — […]
Nome de tribos indígenas não tem pedigree. Escreve-se com inicial minúscula (os tupis, os guaranis, os ianomânis). Flexiona-se apenas em número: o índio calapalo, os índios calapalos, a índia calapalo, as índias calapalos. Curiosidade O nome índio foi usado pela primeira vez pelo navegador italiano Cristóvão Colombo, convencido de que havia chegado à Índia. O nome pegou. Depois, mesmo sabendo que não estavam na Ásia […]
Como escrever o nome do mosquito transmissor da dengue? O malvado se chama Aedes aegypti. Escreve-se em itálico. Aedes tem inicial maiúscula; aegypti, minúscula.
“A gente pensa uma coisa. Diz outra. O leitor entende outra. E a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita.” Mário Quintana parece brincar conosco, pobres autores e leitores, pobres falantes e ouvintes. Mas não está. Ele sabe que a língua é malandra que só. Poderosa, prega peças e arma ciladas. Dizemos uma palavra pensando dizer outra. Damos um recado na certeza de que […]
“De acordo com os especialistas, os preços administrados serão os vilões do índice de preços neste ano”, escrevemos na pág. 8. Palmas pra nós. Na indicação de tempo presente, o demonstrativo este pede passagem. Bem-vindo.
“É forro pra todo lado”, escrevemos na Capa. Bobeamos. Forró, como vovó e cipó, mantém o acento. Trata-se de oxítona terminada em o. A reforma ortográfica, vale lembrar, só atingiu as paroxítonas.
Filho de peixe peixinho é? É. A hereditariedade não pesa só nos reinos animal e vegetal. Pesa também no linguístico. Por isso as palavras derivadas seguem as primitivas. Sem vacilar, ficam no encalço de pai e mãe. Se a primitiva se escreve com s, a derivada não hesita. Vai atrás. Se com z, x, ch ou qualquer outra letra, também. Pode ser adjetivo, verbo, substantivo. […]