Categoria: português
“O frio chegou mais cedo à capital”, escrevemos na primeira página. Viva! Demos brilho à regência do verbo chegar. Chega-se a algum lugar: Os prefeitos chegaram a Brasília. Ele chega ao Rio amanhã. O diretor chegou à empresa ao meio-dia.
“Genu se entrega à PF e irá à Papuda”, escrevemos na pág. 6. Bobeamos. O responsável pelo tropeço é o verbo ir. Ele tem duas regências. Uma: ir a — é ir e voltar, rapidinho (foi ao clube, ao cinema, à aula). A outra: ir para, ida por longo tempo. É o caso de Genu. Ele vai cumprir pena de 9 anos e 4 meses. […]
O dólar sobe. O real cai. No vai e vem, um ponto permanece. É a grafia. Moeda joga no time dos vira-latas. Sem pedigree, grafa-se com a inicial pequenina: libra, lira, euro.
O Brasil é autossuficiente em petróleo? Auto-suficiente? Auto– pede hífen quando seguido de h e de o (duas letras iguais se rejeitam). No mais, é tudo colado. Para manter a pronúncia, dobram-se o r e o s quando forem seguidos de palavra iniciada por essas letrinhas: auto-higiene, auto-obrigação, autodidata, autossuficiente, autorrepressão.
A violência faz estragos. Um deles: traz de volta o debate sobre o armamento da população. Outro: causa estragos na língua. Muitos dizem sem corar “arsenal de armas”. Baita pleonasmo. Todo arsenal é de armas. Basta arsenal.
Balança = instrumento que serve para pesar (pessoas, bichos, coisas). Balanço = entre tantas acepções, é a forma preferida da economia – balanço comercial, balanço de pagamento. Curiosidade A expressão balança de Têmis remete à mitologia grega. Têmis é a deusa da Justiça. Aprece sempre com uma venda nos olhos, símbolo de quem distribui sentenças sem olhar a quem. Daí dizer-se que a Justiça é […]
O verbo chamar tem diferentes regências: 1. Na acepção de mandar vir, é transitivo direto: chamar o médico, chamar o secretário, chamar Maria, chamar os filhos. 2. No sentido de dar nome é transitivo direto ou indireto: Chamaram o candidato salvador da pátria. Chamaram ao candidato salvador da pátria. 3. Na acepção de invocar, transitivo indireto com preposição por : Chamou por Deus. Chamou pelo […]
Cuidado com o modismo. Use chamado só quando você falar de algo cujo nome não é o referido, mas é conhecido como tal. Não há por que escrever, por exemplo, os “chamados exames preventivos”. Exame preventivo é exame preventivo. O cinema não é a “chamada” sétima arte. É a sétima arte. As praças onde se reúnem os drogados não é a “chamada” cracolândia. É a […]
“Em Brasília, dos 24 deputados distritais, 18 são alvos de ações de improbidade, denúncias…”, escrevemos na primeira página. Viu? Bobeamos. Flexionamos no plural o substantivo abstrato (alvo) que, depois do verbo de ligação (são) caracteriza genericamente o sujeito plural. Melhor corrigir: Em Brasília, dos 24 deputados distritais, 18 são alvo de ações de improbidade, denúncias…
“Salário, que pode chegar a R$ 15 mil no fim da carreira, foi um dos elementos que mais chamaram a atenção dos concurseiros”, escrevemos na pág. 7. Viva! A expressão chamar a atenção exige sempre o artigo. Dizer chamar atenção? Nãooooooooo! O trio fica desequilibrado.