Categoria: português
O noticiário da semana? Foi a greve dos caminhoneiros. À medida que a paralisação ganhava força, jornalistas procuravam explicações e novidades. Convocados, analistas faziam previsões. Ao responder à pergunta se era possível haver queda no preço dos combustíveis, um deles respondeu: “É possível, mas não provável”. Telespectadores ficaram confusos. Afinal, o preço vai cair ou não? Jogar luz sobre a questão exige entender a diferença […]
O verbo da vez? É faltar. A paralisação dos caminhoneiros fez os brasileiros tremerem nas bases. Combustível podia sumir das bombas. Remédios desaparecerem das farmácias. Comida escassear nos supermercados. O noticiário espalhava terror. Não pelas informações, mas pelos maus-tratos na língua. Era um tal de “falta frutas”, “faltou medicamentos”, “faltou táxis”. Cruz-credo. Olho vivo! O dissílabo tem o hábito pouco saudável de armar ciladas. Quando […]
“Os fatos levaram à redução do preço do diesel”, escreveu o jornal. Curioso, o leitor fixou o olhar no ç. Depois, perguntou por que a letrinha exótica estava lá. No lugar dela, podiam figurar os dois ss. A pronúncia se manteria. É que o português não é filho de robô. E, porque não é filho de robô, tem pai e mãe. Tem regras. Os verbos […]
Com hífen? Sem hífen? Sobre joga no time da maior parte dos prefixos. Pede o tracinho quando seguido de h ou de e (para evitar letras iguais). No mais, é tudo colado como unha e carne: sobre-humano, sobre-escada, sobressair, sobreimpresso, sobrealimentado.
“Sob pressão, Petrobras reduz o preço do diesel” foi a manchete do Correio Braziliense de quinta. Nota 10. Por quê? Sob indica posição inferior, debaixo de: Escondeu o dinheiro sob o tapete. Trabalha sob as ordens do general. Havia corpos sob os escombros. Sobre quer dizer em cima de, em relação a, a respeito de: Pôs os livros sobre a mesa. Sobre o assunto nada […]
“É fácil trocar as palavras. Difícil é interpretar os silêncios.”
“Chama a atenção imobilismo dos governos para liberar estradas”, escrevemos na primeira página. Nota 1000. Virou moda escrever “chamar atenção”. Nada feito. Chamar a atenção é trio. Exige o artigo.
“Edgar Marsuki, fundador do site Boatos.org, passou a checar informações na internet desde 2013”, escrevemos na pág. 8. Viu? Tropeçamos na preposição e, com ela, na estrutura da frase. Há duas possibilidades de correção. Uma: Edgar Marsuki, fundador do site Boatos.org, passou a checar informações na internet em 2013. A outra: Edgar Marsuki, fundador do site Boatos.or, checa as informações na internet desde 2013.
A maioria dos verbos são pessoais. Comuns, rotineiros e sem charme, conjugam-se em todas as pessoas. Veja, por exemplo, o laborioso trabalhar: eu trabalho, tu trabalhas, ele trabalha, nós trabalhamos, vós trabalhais, eles trabalham. Ufa! O haver joga em outro time. Diferente, detesta fazer parte do rebanho. Quer ser especial. No sentido de ocorrer e existir é impessoal. Na contagem de tempo também. Sem sujeito, […]
“Segundo o IBGE, dos 11,5 milhões de pessoas vivendo em favelas em todo o Brasil, cerca de 12,5% estão no Rio de Janeiro”, escrevemos na pág. 15. Nota 10. Milhão é substantivo masculino e não abre. Muitos, quando ele vem seguido de nome feminino, lhe mudam o gênero. Bobeiam. As milhões de declarações? Nem pensar. Os milhões de declarações.