Categoria: português
“Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia”, disse Shakespeare. Ele devia estar pensando na concordância do é bom, é proibido, é feio, é necessário, é preciso & cia. A danada tem manhas. O adjetivo pode ficar invariável ou flexionar-se. Depende do recado. O imutável tem vez quando se deseja fazer referência de modo vago e geral. No caso, o sujeito […]
O casalzinho vai ao restaurante e pede um prato à la carte. Com acento grave? Pra lá de certo. A expressão é francesa. Pede o grampinho.
“As esculturas de bronze têm 3m de altura e são obras de Alfredo Ceschiatti”, escrevemos na pág. 23. Viu? Embarcamos no falso plural. Deixa-se no singular o substantivo abstrato que, depois de verbo de ligação (ser, estar, virar, ficar) caracterize genericamente o sujeito plural: Ex-governadores são alvo da PF. Atletas brasileiros são destaque na Copa. As esculturas de bronze são obra de Alfredo Ceschiatti.
“…a redução do movimento representa de 20% a 30% do faturamento previsto para o mês de maio”, escrevemos na pág. 21. Nota mil. Por questão de clareza, repete-se o sinal de percentagem (%).
A internet aceita tudo. Há textos pra lá de legais. Há, também, mensagens falsas, grosseiras e mal-humoradas. O jeito é selecionar. Aproveitar o bom e ignorar o que nada acrescenta. Uma que vale a pena dá dica de português. O título: Nunca use. Depois, enumera uma série de vícios. Que tal relembrá-los? E, de quebra, corrigi-los. De menor: A forma nota mil é menor de idade. […]
Ops! A montanha se mexeu. Da boca enorme, saíram lavas ferventes. É o Vulcão de Fogo, lá da Guatemala. Furioso, ele sepultou vilarejos, matou mais de 60 pessoas, feriu 46, forçou a remoção de 3.265 e afetou a vida de 1,7 milhão de moradores. Valha-nos, Zeus! É o deus Vulcano em ação. Ele trabalha no fundão da Terra. Quando põe mão à obra, solta fogo […]
“Obviamente há de que se acompanhar”, escrevemos na pág. 2. Viu? Tropeçamos na estrutura da frase. A preposição sobra. O pronome antes do infinitivo também. Melhor poupar o bolso. Assim: Obviamente há que acompanhar.
“…ele confessa que muitos caminhoneiros podem não chegar ao Distrito Federal”, escrevemos na pág. 2. Viva! Acertamos a regência do verbo chegar. A gente chega a algum lugar: Chegamos a Brasília. Chegamos a São Paulo. Chegamos ao trabalho. E, claro, os caminhoneiros chegam ao Distrito Federal.
Não sei por que reclamam que brasileiro não lê, não escreve. As pessoas se esbaldaram de ler e escrever. Afinal, as redes sociais encontraram clientes ideais no Brasil. E elas aceitam tudo. Não há quem não consiga juntar os primos e tios em um grupo para o WhatsApp, ou agregar ex-colegas para formar um conjunto de amigos no Facebook. Quem não consegue está virtualmente morto. […]
“Santo de casa não faz milagre”, diz o povo sabido. Por quê? Quem vive perto de nós é ceguinho. Ignora nossas qualidades. Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. Outros descobrem nosso mérito. Viva! Há provérbios semelhantes em outras línguas. O francês diz “ninguém é grande homem para seu criado”. O inglês prefere “familiaridade gera desprezo”.