Categoria: português
A sessão corria solta no Supremo Tribunal Federal. Discursos recheados de juridiquês falavam da licença-maternidade. De repente, não mais que de repente, o advogado Renato Nunes disse que “o pedido de justiça que estou fazendo aqui para vocês, excelências, nunca foi tão eloquente”. Marco Aurélio Mello empinou-se. “Para vocês?”, perguntou. O advogado ficou confuso. O ministro explicou que se referia à forma de tratamento. Do […]
“A gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda.”
“Os laboratórios de inovação estão se proliferando pela cidade”, escreveu o jornal de hoje. Baita desperdício. O se sobra. Proliferar não é pronominal. Altivo, dispensa objeto. Reina sozinho, absoluto: Os laboratórios de inovação estão proliferando pela cidade. Ratos proliferam no lixo. Em época de incerteza, proliferam boatos, milagreiros e salvadores da pátria.
Esperava-se uma corrida do mundo para participar do megaleilão do pré-sal. As expectativas se frustraram. Por quê? Alguns dizem que as regras inibiram os investidores. Outros, que a língua foi a vilã. É que os interessados se atrapalharam com a palavra cessão. Confundiram-na com seção e sessão. O blogue vai dar uma ajudinha para os próximos leilões. Cessão, sessão e sessão jogam no time dos […]
Estas palavras soam do mesmo jeitinho. Por isso são chamadas de homófonas. Mas a grafia e o sentido não se conhecem nem de elevador. Olho nelas: senso (juízo) e censo (recenseamento) cela (quartinho) e sela (arreio de cavalo) acento (icto da voz) e assento (banco, cadeira, poltrona) ascender (subir) e acender (atear fogo) cerrar (fechar) e serrar (cortar com serra) cheque (ordem de pagamento) e […]
Os dicionários tanto brasileiros quanto portugueses registram detrás e atrás sempre coladinhos: Tempos atrás, conheci imigrantes de diferentes nacionalidades. Correr atrás do prejuízo? Nãooooooooo. Melhor correr do prejuízo. Detrás de meu prédio, há um shopping center. Primeiro veio a rainha, e, detrás, o rei. As demais preposições vêm separadas — uma lá e outra cá. Assim: Correu muito, mas ficou para trás. Saiu por […]
Receita apreendeu R$ 3,8 milhões de viajantes em 20019. Eles transportam boladas de dinheiro ou obras de arte sem declarar. Resultado: caem nas malhas da fiscalização. O assunto é notícia. “Muitos tentaram, mas poucos reaviram os bens”, disse o repórter. Bobeou. Quem vê cara não vê formação. Reaver que o diga. À primeira vista, o verbinho tem pinta de derivado de ver. Mas é só […]
O jornal publicou: “PF acusa navio grego de derramar petróleo”. Leitores acharam estranho o uso do verbo acusar aplicado a objeto. “Ele não é específico para pessoa?”, perguntam eles. Na imprensa é comum personificar coisas. Aceita-se o procedimento com naturalidade: STF decidirá sobre a prisão em segunda instância. Israel acusa Irã de terrorismo. Espera-se a posição do MEC.
Oba! Hoje é dia do megaleilão do pré-sal. Os investidores se assanharam. A bolsa bateu recorde. Para manter a alta, uma condição se impõe — pronunciar a palavra com pompa e circunstância. Recorde rima com concorde. Paroxítona, a sílaba tônica é cor. Por falar em megaleilão… Mega– pede hífen quando seguido de h ou a. No mais, é tudo colado: mega-homenagem, mega-história, mega-aventura, mega-assistência, megaoperação, […]
“Li que o Supremo iria debater a censura. Errado. Censura não se debate. Censura se combate”, disse a ministra Cármen Lúcia. Palmas pra ela. E, de quebra, uma curiosidade. Censura pertence à família de censo. Na antiga Roma, o censor tinha duas atividades. Uma: fazia o censo da população. A outra: policiava os usos e costumes dos romanos. Sem confusão Uma letra faz a diferença. […]