Autor: Dad Squarisi
O poeta olha firme para o gato e diz: — Estou sentindo dificuldade para criar. Preciso criar. Entendeu? Criar! Criar! O animal responde com todos os miados: — Que tal periquito? Não dá trabalho algum.
DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@dabr.com.br Vamos combinar? O Estado faliu. Não dá conta sequer de cumprir os mandamentos da Constituição. A Carta assegura que a saúde e a educação são direito de todos e dever do Estado. Mas cadê? No país em que há leis que não pegam, o que está escrito é letra morta. A educação pede socorro. A saúde está na UTI. A mobilidade […]
Estava na fila do banco do tribunal. Um senhor com pinta de advogado indignou-se com a moça do caixa: — Minha filha, o que quero é um papel para mim assinar. Você está me entendendo? Ou estou falando grego? Se ele fala grego, não sei. Mas “pra mim assinar” não é português. Ou é? (Sérgio Sampaio) Mim não faz nem acontece. Eu é que faço […]
“É possível assumir o controle e enfrentar de frente qualquer problema de saúde”, escrevemos na pág. 15. Reparou no pleonasmo? Enfrentar é filhote de frente. Quer enfatizar a ação? Que tal com determinação? Ou com firmeza? Ou com coragem? Basta escolher.
O dólar está nas alturas? Está. Muitos não estão nem aí pra subida da verdinha. Não planejam viagens ao exterior nem ambicionam produtos importados. Pensam, por isso, que podem ficar despreocupados. Bobeiam. A disparada da moeda americana é democrática. Bate no bolso de ricos e pobres. Exemplos não faltam. Um deles: o pãozinho nosso de todos os dias. A gostosura que frequenta a mesa acompanhada […]
Mesmo time Time do eu sozinho? Não existe. Outras criaturas formam a equipe. No caso do plural do diminutivo, entram na jogada as palavras terminadas em ão, r, l e m. Todas obedecem à mesma trajetória de pão. Veja: cão (cães — cãezinhos), botão (botões — botõezinhos), cartão (cartões — cartõezinhos), cidadão (cidadãos — cidadãozinhos), mulher (mulheres — mulherezinhas), professor (professores — professorezinhos), papel (papéis […]
Sem bobeira Viu? Papéis e lençóis têm acento. São oxítonas terminadas com os ditongos abertos éi e ói. O diminutivo manda o grampinho bater à porta de outra freguesia. Por quê? Os acentos (agudo e circunflexo) só recaem na sílaba tônica. É o caso. As fortonas de lençoizinhos e papeizinhos é zi. Adeus, agudão!
“As propinas desmoralizaram a Petrobras, mas foi sob a gestão dos últimos anos que comprometeu a solidez da companhia”, escrevemos na pág. 13. Viu? Pisamos a concordância. Propinas funciona como sujeito de dois verbos (desmoralizar e comprometer). Melhor fazer as pazes com os acordos: As propinas desmoralizaram a Petrobras, mas foi sob a gestão dos últimos anos que comprometeram a solidez da companhia.
Mário Quintana dizia que a gente “pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita propriamente”. Duvida? Eis exemplo: Duas peruas se encontram. Uma olha pra outra. Num átimo, comparam-se. A mais escolada toma a frente. Comenta: — Querida! Que blusa mais linda! — É lã especial. Foram necessárias oito ovelhas para confeccioná-la. — […]
Qual diminutivo de desculpa: desculpinha ou desculpazinha? (Rubens Sales) Ambos merecem nota 10. Inho é prefixo formador de diminutivo. Às vezes, ele se cola ao radical da palavra. É o caso de casa (casinha), país (paisinho), nariz (narizinho). Outras vezes, precisa recorrer a uma pontezinha. Convoca, então, a letra z, chamada de consoante de ligação: vovó (vovozinha), café (cafezinho), sofá (sofazinho), coração (coraçãozinho). Alguns vocábulos jogam […]

