Desencontro entre Ibaneis e Lula teve risco político calculado

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Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

O governador Ibaneis Rocha (MDB) acabou tomando a decisão política correta ao evitar o encontro com Lula na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), no Lago Sul. Primeiro, porque em evento tão alardeado, como o da noite de quarta-feira, não se decide nada importante. Segundo, porque Ibaneis seguiu o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), que trabalha pela terceira via e é quem, hoje, domina o partido. Outro motivo: o governador do DF evitou desgastes com o presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado e de quem depende financeiramente nas questões do DF. Uma má-vontade bolsonarista em ano eleitoral seria um perigo para o GDF e para a reeleição de Ibaneis. Também há a questão do eleitor. Lula tem alta rejeição no DF. É querido por uma parcela da população — que não seria influenciada por um simples encontro — e odiado por outra, que realmente ficaria incomodada com a situação. Não significa que Ibaneis esteja fechado para o diálogo com Lula, mas algumas conversas rendem muito mais no bastidor.

Custo-benefício
Está claro que os candidatos terão de colocar na balança quanto vale subir no palanque de Lula ou de Bolsonaro. Rodrigo Rollemberg, por exemplo, recebeu muitas críticas e também incentivos por defender uma aliança do PSB com Lula para derrotar Bolsonaro. Na ponta do lápis, ainda não dá para chegar a um placar de vitória ou derrota política.

Eleitor
O secretário de Meio Ambiente do DF, Sarney Filho, foi o cicerone de Lula na visita ao Complexo de Reciclagem da Estrutural, ontem. Ele recebeu muitos elogios do petista e, no ouvido do ex-presidente, confidenciou: “Meu voto é seu”. Sarney Filho chamou Lula de defensor dos mais humildes e dos mais pobres. Foi tratado como o amigo do meio ambiente.

Apresentação
O deputado distrital Leandro Grass (Rede) se apresentou a Lula, na usina de reciclagem de resíduos, como pré-candidato ao Palácio do Buriti. Ficaram de conversar mais para a frente.

Salto
O ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) adorou a visita de Lula ao centro de reciclagem na Estrutural, criado durante seu mandato. E se derreteu: “Acabar com o Lixão da Estrutural, o segundo maior do mundo, e dar dignidade aos catadores construindo centros de triagem foi um salto civilizatório”.

Rebatendo
A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), inimiga de Ibaneis, divulgou um vídeo em que critica o governador por marcar um encontro com Lula, que ela identifica como o “maior corrupto da história brasileira”. A provocação foi respondida com outro vídeo, em que Paula foi chamada de mentirosa. Ibaneis não foi e ainda esteve em outro evento público do MDB, no Cruzeiro.

A frase
“Seja bem-vinda, Pepinha”, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), tripudiando a deputada Joice Hasselmann pela polêmica entre tucanos após a filiação dela ao PSDB.

Cabo de guerra

Os ministros da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda; da Cidadania, João Roma; e da Economia, Paulo Guedes, tiveram uma reunião ontem com o relator da MP do Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro (PP-MG). Foi um embate entre a ala política e a técnica. Bolsonaro precisa do benefício especialmente no Nordeste, onde Lula tem mais força eleitoral. E os ministros-candidatos precisam de um governo forte. Mas Guedes resiste, por ora, à pressão. Hoje, um pouco mais fragilizado pelo desgaste dos milhões de dólares depositados na offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.

Família JK em campanha
O empresário Paulo Octávio já fala abertamente na provável candidatura ao Senado. O filho caçula, André Octávio Kubitschek, bisneto de JK, deve concorrer a um mandato de deputado distrital. Os dois estão filiados ao PSD. Também há possibilidade de PO integrar a chapa de Ibaneis como vice.

Disputa na oposição
O deputado distrital Fábio Felix (Psol) disse à coluna acreditar que Rafael Parente, pré-candidato do PSB ao governo, não representa uma alternativa à esquerda. “Nada contra, pessoalmente, o Rafael Parente, mas não o vejo como o candidato da esquerda no DF. Nós do Psol fizemos uma grande batalha contra ele à época da militarização das escolas. Ele também tem dito que teria apoio e recurso dos bancos. Isso circula, e não acho que esse seja o projeto de esquerda que devemos construir.”

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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