Bomba das tarifas contra o Brasil ainda pode ser desarmada

Compartilhe

Analistas confirmam gravidade dos efeitos da decisão de Trump, mas acreditam que ela pode ser reversível. Amcham faz apelo por diplomacia entre governos

Por Samanta Sallum

A carta de Donald Trump comunicando o aumento para 50% da taxa de importação sobre todos os produtos brasileiros caiu como um míssel de guerra contra o país. Provocou reação imediata nos mercados; pegou de surpresa o presidente Lula (PT), que acionou o alarme para uma reação interna e externa, já que os efeitos políticos são tão intensos quanto os econômicos. Os analistas confirmam a gravidade da medida de Trump, mas também avaliam que pode ser algo reversível.

A situação pode mudar com uma cuidadosa atuação da diplomacia brasileira. E também contando com o estilo Trump de ser, que já endureceu e recuou sobre tarifas, como no caso da China.

Trump usou as taxas de comércio exterior como arma de pressão política e econômica sobre outros países. Mas depois adiou ou amenizou medidas que tenham efeito bumerangue. Ou seja, que acabem prejudicando as próprias empresas dos Estados Unidos.

O petróleo bruto brasileiro é um exemplo disso. Está no alto das exportações brasileiras e atingiu  cerca de US$ 6 bilhões em 2024. O aumento de tarifa prejudica as refinarias norte-americanas, que precisam importar volumes crescentes do produto brasileiro.

Já os produtos siderúrgicos e semimanufaturados de aço e ferro fundido representaram US$ 4,9 bilhões em vendas em 2024. E muitas usinas americanas necessitam desses materiais.

O presidente Lula manifestou que a reação poderá ser pela Lei de Reciprocidade. Assim, um exemplo de efeito negativo para os EUA será no setor digital. Empresas como Amazon e Microsoft e Google mantêm grandes operações no país em nuvem e comércio eletrônico.

Os Estados Unidos são um mercado importante para as vendas externas brasileiras de bens industriais e, de janeiro a junho, compraram cerca de US$ 20 bilhões em mercadorias nacionais, enquanto venderam ao Brasil US$ 21,69 bilhões.

Impactos severos

A Câmara Americana de Comércio, Amcham Brasil, alertou sobre os “impactos severos” da alta taxação. A entidade reúne mais de três mil empresas associadas e representa 33% do PIB brasileiro.

“Trata-se de uma medida com potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países”, destacou, em nota divulgada ontem.

A entidade faz um apelo no final da nota. “Reiteramos a importância de uma solução negociada, fundamentada na racionalidade, previsibilidade e estabilidade, que preserve os vínculos econômicos e promova uma prosperidade compartilhada”.

Acompanhe a Capital S/A na TV Brasília todas as terças e quintas-feiras, 18h30, no JL ao vivo.

samantasallum

Posts recentes

  • Coluna Capital S/A

ITBI terá nova forma de cálculo com lei promulgada pelos deputados distritais

Alteração no Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis estabelece agora valor de mercado do…

2 dias atrás
  • Coluna Capital S/A

Programa Acredita para pequenos negócios alcançará R$ 10 bilhões em crédito

Por SAMANTA SALLUM  Lançado em maio de 2024, o Programa Acredita chegará ao fim de…

3 dias atrás
  • Coluna Capital S/A

“Instalei hoje auditoria externa e independente”, diz presidente do BRB em reunião com empresários do DF

Por SAMANTA SALLUM  Acompanhando do governador Ibaneis Rocha, o novo presidente do BRB, Nelson Souza,…

5 dias atrás
  • Coluna Capital S/A

Alerta ao Banco Central, Anatel e governo para combate a golpes digitais em idosos

Auditoria inédita do TCU aponta descontrole das operadoras de telecomunicações na venda de chips. E…

5 dias atrás
  • Coluna Capital S/A

Aprovação do PDOT dá sinal verde para regularização de 28 regiões

Coluna Capital S/A de 28 de novembro  Por SAMANTA SALLUM A aprovação do Plano Diretor…

1 semana atrás
  • Coluna Capital S/A

As voltas que o mundo dá: o sobe e desce de Paulo Henrique e Nelson Souza no BRB

Coluna Capital S/A de 27 de novembro  Por SAMANTA SALLUM  Nelson Souza era para ter…

1 semana atrás