“Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se”
Kierkegaard, filósofo (1813-1855)
Histórias de empresários de Brasília que, na infância, já manifestavam o perfil empreendedor. Hoje adultos, e bem-sucedidos, persistem em investir na realização de um ideal. E não se resume a ter lucro. Vai além: inovar, fazer o que se gosta e gerar empregos.
Um outro conto de fadas
Juliana do Vale, 29 anos, faz parte de uma nova geração de empresários do DF de sucesso e com garra para apostar num futuro de bons negócios. Aos 25 anos, chegada de Barcelona, depois um mestrado em empreendedorismo, ela assumiu uma das empresas da família. Expandir o grupo empresarial já estava em seus planos desde criança.
“Eu afirmava que iria aumentar em quatro vezes o que minha família já tinha construído. Esse era o meu número desde criança”, conta ela, dando algumas risadas. Uma projeção bem ousada, na época. Ela tem dois irmãos que também administram empresas.
Da autopeças para a fazenda
O pai Sergio criou o Grupo Gran há 30 anos, com sede em Brasilia. Juliana assumiu primeiro a GranCar, empresa de venda de peças de automóvel. Ela representou o Sindicato de Autopeças na Câmara de Mulheres Empreendedoras do DF. Mas, atualmente, cuida dos investimentos da família em agropecuária.
Inovação, e não o chicote
É responsável por nada menos que 7 mil cabempças de gado. E não é qualquer gado, não. A fazenda da família, que administra no Entorno de Brasilia, cria touros melhorados geneticamente. São valiosos reprodutores vendidos para outros criadores de gado no Brasil e no mundo. Recentemente, até para a Turquia.
Juliana dedica-se integralmente ao negócio. Abriu mão do chicote pela inovação — sua palavra de ordem. Mudou-se para a fazenda.
“Acordo todos os dias às 5h da manhã. Aprendi, desde cedo, que o sucesso só chega para quem trabalha muito. Eu luto muito todos os dias”. E, a cada dia, ela conquista mais espaço e respeito num ambiente antes tão masculino.
A história de Noemia Ferreira, 47 anos, é impressionante. A infância pobre no Piauí não a impediu de sonhar. “Eu queria ser empresária, ter funcionários. Não sabia exatamente em que área. Mas eu dizia que seria empresária”, conta. E foi em Brasília que isso se tornou realidade.
Começou como costureira, depois se formou em moda pelo Iesb. Virou estilista, tem seu próprio ateliê, funcionários e se prepara para abrir lojas comerciais. Recebe encomendas do Rio de Janeiro e confeccionou alguns vestidos para aprimeira dama, Michelle Bolsonaro.
“Foi um momento mágico para mim, depois de tanta dificuldade que passei na vida. Mas, fui atrás do meu sonho. E, passado o tempo, eu me vi ali dentro do palácio (da Alvorada).”
Rock in Rio
Coube à Noemia confeccionar os “looks” de alguns artistas que se apresentaram no último Rock in Rio. Por contrato de confidencialidade, não pode dar detalhes.
Aos 21 anos, Paulinho Madrugada idealizou e organizou o que se tornaria um fenômeno de público, a festa A Volta dos Anos 80. Mais de 230 mil pessoas já dançaram nas pistas das edições do evento.
Infância na 102 Sul, adolescência na boate Zoom, colégio Dom Bosco, Colégio Militar, UnB, e muito rock fazem parte da história deste produtor de eventos que traduz a essência dos anos 80 — jovens optando por viver daquilo que tinham paixão.
“O que traduz muito a minha vontade e o espírito dos anos 1980 é o ‘faça você mesmo’, esse empreendedorismo de coração e alma dos jovens”, diz ele.
Drive-in
Hoje, aos 46, Paulinho é dono de uma marca consolidada e que é exportada. A festa, antes da pandemia, rolava também em Miami, Houston e Las Vegas nos EUA.
“Concordo quando dizem que Brasília, por ser uma cidade uma nova, foi criada para se criar também outras coisas novas”, confirma ele.
Com a pandemia se reinventou. Organiza eventos drive-in. O último, com a apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, foi mais um sucesso.
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