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Voto da população no futuro prometido foi dissolvido pelo ácido da corrupção. Mais uma vez.
Ao lado dos prejuízos econômicos para todos, principalmente para a população de baixa renda, do sucateamento dos serviços públicos, a corrupção cobra um alto preço dos brasileiros. É difícil de mensurar com exatidão no curto prazo a magnitude do estrago .
A conta maior a ser paga pela sociedade vem na forma de comprometimento do futuro ou seja , caberá as futuras gerações arcar com os danos provocados pela roubalheira desenfreada dos recursos da Nação. Em outras palavras, o que se rouba de fato é o futuro ou, ao menos, uma chance de futuro.
No presente, diante das denúncias descomunais de casos de desvios de recursos públicos, que vão surgindo a cada dia, e que, graças a atuação criminosa do partido no poder acaba se espraiando pela maioria das outras legendas ao redor. Cresce, no mesmo sentido a descrença da população com relação aos políticos.
Nunca houve, como agora, tamanho desencanto com a atividade política. Os vinte anos de ditadura deixaram uma ferida profunda, que ainda hoje não está totalmente cicatrizada. E é justamente sobre essa carne ainda aberta que os vermes da corrupção cuidam de apodrecer. Os reflexos sobre esse débito lançado ao porvir podem ser sentidos hoje com o afastamento e abandono dos jovens das atividades políticas, esvaziando as legendas de gente e de ideias novas.
Dados recentes do TSE indicam que 56% dos filiados entre 16 e 24 anos abandonaram os diversos partidos políticos nestes últimos 7 anos. Esse fenômeno fez cair drasticamente o número de militantes nas diversas siglas políticas, principalmente naquelas consideradas maiores e mais importantes. Trata-se de uma conclusão estarrecedora quando se pensa na própria sobrevivência da democracia no país. De pouco mais de 300 mil em 2009, hoje o número, nessa faixa etária, soma pouco menos de 133 mil de filiados , o que representa uma redução preocupante na oxigenação dos partidos políticos, e pode, à médio prazo, comprometer a sobrevida dessas mesmas legendas.
O Partido dos Trabalhadores, por razões óbvias, foi o que experimentou maior variação negativa desse contingente, embora ainda ostente um número significativo de jovens. Com esse estudo fica evidenciado o envelhecimento precoce dos partidos políticos brasileiros, principalmente quando se sabe que o Brasil ainda é uma democracia em processo de vir a ser. Para o PT, entre os governos Lula e Dilma, a perda da massa jovem foi da ordem de 60%, passando de 94.700 em 2009 para 38.000 em 2015. O próprio Lula, espécie de dono da legenda, reconheceu um pouco tardiamente que o seu partido precisa de uma revolução interna para brecar o quanto antes o envelhecimento da legenda.
Também o PMDB da base do governo sofreu uma perda de 59% de seus filiados na faixa etária entre 16 e 18 anos, passando de 72.700 em 2009 para 29.700 em 2015. Para o principal partido da oposição, o PSDB houve uma variação para baixo de 51%. O desgosto da juventude brasileira com as atuais legendas se reflete também nas eleições. Somente em 2014, o número de adolescente votante entre 16 e 17 anos foi reduzido em 31,4% em relação à 2010. Cientistas políticos são unânimes em afirmar que , embora a população brasileira esteja envelhecendo, o fraco comparecimento as urnas é um sintoma da descrença dos jovens na política institucional.
Até mesmo a União Nacional dos Estudantes, outrora fonte de inspiração para muitos jovens ingressarem na vida política, perdeu muito do seu elã entre os universitários após ser abduzida pelo partido no poder. O fenômeno do afastamento dos jovens da vida politica do país, em decorrência da falta de ética e de espírito republicano das atuais lideranças, é o sintoma preocupante de uma enfermidade que pode estar contaminando o presente e ameaçando o futuro. Até quando?
A frase que FOI pronunciada:
“Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas… O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!”
Bob Marley