Um lote, um voto

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA – Visto, Lido e Ouvido
DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Desde a sua criação, como já foi denunciado neste espaço, a Câmara Legislativa vem, repetidas vezes, atuando contra o ordenamento urbano de Brasília. A própria consolidação desse poder, a partir da Carta de 1988, concedendo a emancipação política do Distrito Federal, coincide, curiosamente, com a explosão das invasões e grilagem de terras públicas da capital.

Falar sobre a atuação do Legislativo local é falar sobre a farra de lotes. Considerado ainda o maior ativo nas trocas políticas no DF, o mote “um lote, um voto” vem, desde sempre, sendo usado como moeda de alguns distritais interessados em fazer carreira parlamentar calcada apenas na ilegalidade das invasões de terras públicas.

Fantasiados de paladinos da grilagem, protegidos ainda pelo infeliz instituto do foro privilegiado, alguns distritais, de olho no próprio umbigo e nas próximas eleições, se colocam ao lado de grileiros e invasores, agindo contra o futuro da cidade e de seus habitantes, comprometendo, sobremodo, a delicada engrenagem urbana da capital. Essa política de terra arrasada patrocinada pela CL fica como legado maldito, mesmo depois que seus autores políticos voltarem para o anonimato de onde saíram.

Desta vez, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acordou em tempo de agir contra essa insanidade contumaz e ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a Lei Distrital nº 5.646, de 22 de março de 2016, de autoria da deputada Telma Rufino (sem partido).

A referida deputada, conhecida no submundo da grilagem, foi citada na Operação Trick, da Polícia Civil, por suposto envolvimento em fraudes bancárias para financiamento de campanha, num escândalo que teria provocado desvios de até R$ 100 milhões. Expulsa do Partido Pátria Livre (PPL), Telma Rufino continua agindo sob o manto intocável de distrital.

A lei cometida pela parlamentar impede, entre outros absurdos, que o órgão competente (Agefis) adote medidas administrativas, como a derrubada de construções ilegais em terras públicas invadidas. Endossada, irresponsavelmente, por seus pares, a Lei Distrital nº 5.646 obstrui a ação do poder público, obrigando-o a, primeiramente, emitir notificação ao infrator e, só depois de esgotados todos os recursos, proceder com a retirada da invasão.

Trata-se, aqui, de verdadeiro incentivo à indústria das invasões, há muito suspeita de patrocinar campanhas eleitorais de políticos desse calibre. O Ministério Público considera que a referida lei “legitima exigências descabidas e contrárias ao interesse público e à segurança jurídica”, “prejudicando gravemente o exercício do poder de polícia do Estado”.

Outro fator apontado pelo MPDFT está no vício de origem da lei — comum nas ações da CL — e que determina que somente o governador do DF tem competência para dar início ao processo legislativo envolvendo órgãos da administração pública. Dizer que a imprensa se coloca costumeiramente contra as ações da CL é apenas um outro modo de aceitar o fato de que as ações desse Poder vão rotineiramente na contramão do bom senso.

A frase que não foi pronunciada

“Mesmo que tente distorcer a verdade, certamente chegará o momento em que ela será provada, ou melhor, devemos comprová-la a todo custo. Da mesma forma, mesmo que o mal seja camuflado por todos os meios, ele será um dia desmascarado para então encontrar a sua ruína e desaparecer.”

Daisak Ikeda, filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista japonês

Alçando voo

Em termos musicais, presença de palco, afinação todos são perfeitos. Denis Oliveira (voz/guitarra), Rodrigo Karashima (guitarra/ voz), Igor Karashima (bateria/voz), Marcelo Duarte (baixo/voz) e Caio Antunes (teclados) compõem o grupo Let it Beatles. De um lado, meu coração de candanga queria que o grupo ficasse em Brasília. De outro, com essa inteligência musical, a certeza de que eles voarão longe é segura.

Espetacular

Imaginem o que o grupo Let it Beatles fez. Tocou em harmonia absoluta, numa intenção universal, que só a música sabe oferecer, Black bird e Assum preto interpretados exatamente ao mesmo tempo. Como se a alma do Ceará tomasse umas gotinhas de chuva em Londres. E mais. O lamento de Yesterday com resposta imediata e concomitante de Let it be, sugerindo que a vida é curta e todos têm obrigação de vivê-la sem sofrimentos.

História de Brasília

Muito bem, fez o Loide Aéreo. As tarifas dos Sky Masters são, agora, 45 por cento mais baratas. Enquanto as empresas aumentam as tarifas, o Lóide as reduz, para oferecer mais lugares por preços menores. (Publicado em 3/9/1961)

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