Ameaças vorazes dentro do Palácio

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Para a maioria dos observadores que acompanham de perto o caso do governo Dilma, o sentimento geral é que o desenrolar dos fatos, no Congresso, no Judiciário e nas ruas, vai num crescendo tal que o desfecho da crise não se dará em ambiente de total tranquilidade institucional. As expectativas são de que haja inquietações e revoltas, principalmente nas bases, representadas pelos movimentos sociais e pelos sindicatos. Essa previsão alarmante é reforçada pelas inúmeras ameaças que as principais lideranças desses setores vêm proferindo de público, inclusive na presença do ex e da atual presidente da República.

Praticamente todos os últimos eventos ocorridos no Palácio do Planalto, transformado em anexo do partido, onde há oportunidade de fala dessas lideranças, as ameaças e o tom intimidador são uma constante nos discursos. O pior é que esse tom beligerante nos pronunciamentos é feito corriqueiramente também por Lula e Dilma. É preciso atentar que essas ameaças não são simplesmente retóricas de discursos inflamados ou esperneio de quem se vê encurralado pelos fatos e pela lei.

O que o país assiste no desenrolar desse processo ao surgimento embrionário de movimentos, ainda isolados, que não tardarão em se transformar em algo ainda mais sinistro e danoso para a sociedade. Muito mais do que idealismo, o que leva esses movimentos a partir para a radicalização é uma razão bem material: a perda das mordomias adquiridas graças ao dinheiro farto dos contribuintes. Como confundem partido com governo, o mal está feito.

Ainda em agosto de 2015, o líder da CUT — central sindical que reúne 3. 806 entidades filiadas, com 7,5 milhões de trabalhadores na base —, senhor Vagner Freitas, alertou que seu exército particular está preparado, com armas para barrar qualquer tentativa de tirar Dilma do poder. “Somos defensores da unidade nacional, da construção de um projeto de desenvolvimento para todos e para todas. E isso implica, neste momento, ir para as ruas entrincheirados, com armas nas mãos, se tentarem derrubar a presidenta”, ameaçou Vagner.

Em evento ocorrido em 1º de abril no Palácio do Planalto, o secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, afirmou diante da presidente Dilma: “Vamos ocupar as propriedades deles, as casas deles no campo. Vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles. Se eles são capazes de incomodar um ministro do Supremo, vamos incomodar as casas deles, as fazendas e as propriedades deles. Vai ter reforma agrária, vai ter luta e não vai ter golpe”. Depois do discurso, o rufião foi cumprimentar a presidente, que o saudou com um beijo.

No mesmo evento, dentro de um espaço que se pretende republicano, o coordenador nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), Alexandre Conceição, acusou o juiz Sérgio Moro de golpista e de fazer maldade com sua caneta contra o povo brasileiro. No discurso, atacou também os parlamentares da oposição e os veículos de imprensa. “Nós vamos ocupar as ruas”, disse.

O recurso em eleger inimigos aleatórios é conhecido desde sempre nas ditaduras em todo o mundo e aqui não é diferente. A cartilha adotada não traz novidades. Desde que obrigou o presidente Lula a prestar depoimento na Polícia Federal, o juiz Sérgio Moro virou alvo predileto desses movimentos. Em recente manifestação, o presidente da CUT voltou a ameaçar o magistrado dizendo que “iam se livrar do Moro”, sem especificar de que modo. É por essa e outras que os saudosistas ressentem a falta da antiga Lei de Segurança Nacional.

 

A frase que não foi pronunciada

“Quando os missionários chegaram à África, eles tinham a Bíblia, e nós, a terra. Disseram-nos: ‘Vamos rezar’. Fechamos nossos olhos. Quando os abrimos, nós é que estávamos com a Bíblia e eles com a terra.”

Desmond Tutu

 

Dia de sol

Rubaiyat lotado no sábado. Presença do ministro Ayres Brito, sempre de bom humor e rodeado de amigos.

 

Movimento

Aliás, o restaurante está impecável no tratamento com os clientes. Atenciosos, os funcionários são um exemplo do que é a capacitação para o trabalho. O capricho do pessoal da cozinha é insuperável.

 

Contraste

Nas lojas Americanas, perto do Big Box do Lago Norte, Dagoberto, de 9 anos, levava tapas dos seguranças da redondeza. Revoltado porque o dinheirinho que ele juntou não dava para comprar o brinquedo que queria, arremessou um objeto contra o vidro da loja. Sem políticas públicas que aumentem a chance de a criançada sair da vulnerabilidade, o DF compromete o futuro da capital.

 

Novidade

O STJ firma entendimento sobre lei de improbidade para agentes políticos. O argumento de serem os agentes políticos provisórios nos cargos que exercem é muito frágil. Na verdade, esse deveria exatamente ser mais um motivo para que todos fossem enquadrados na Lei de Improbidade Administrativa.

 

História de Brasília

Duas palavras que irritam, enojam e contrariam: fórmula, e conjuntura. Todo o mundo se apressa para apresentar uma “fórmula honrosa” em virtude da “conjuntura nacional”. (Publicado em 3/9/1961)

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