Um bloco em destaque

Publicado em Íntegra

Criada por Ari Cunha desde 1960

jornalistacircecunha@gmail.com

com Circe Cunha e Mamfil

 

Desde a criação, em março de 1991, o Mercosul anda à procura de uma identidade e de uma unificação comercial, que, de fato, não se realizou plenamente, pois, como se sabe, o mundo político que comanda esse bloco regional, por suas idiossincrasias, tem sido o grande empecilho ao deslanche desse mercado comum. O que surpreende é que ninguém, até aqui, tenha chamado a atenção para esse aspecto. Fosse entregue em mãos de empresários e de livres negociadores, o Mercosul seria outro e seus efeitos sobre a economia da América do Sul despertariam a inveja no restante do planeta.

Sob o comando de políticos, uma coisa é certa: seu futuro será igual ao seu presente e seu destino será a irrelevância. Nesse quesito, faz bem a União Europeia em não fechar acordos com o bloco, pois sabe que a insegurança política regional, seus desejos e interesses passam longe do que necessitam mercados realmente liberais e abertos.

A união plena requer renúncias e liberdades que o mundo político e, sobretudo, a ala de esquerda desconhece e abomina. O mercado, por características próprias, é um lugar não geográfico que pressupõe o livre comércio e a livre manifestação de ideias e de boa vontade. Tudo o que vemos rechaçado ultimamente. Com isso, o Tratado de Assunção, criando o bloco, permanece como letra inerte no papel e assim ficará até que haja um acordo político entre as partes, o que significa que jamais será acertado.

Faltam maturidade política das partes e real intenção de realização de acordos. O que se tem até o momento são países, a maioria em péssimas situações em suas economias internas, que estão no bloco em busca de socorro para a falência geral. É o que se pode chamar de bloco dos sujos. Chamem os economistas realmente liberais para refazerem os tratados de livre comércio, deixem a gestão desses acordos entregues nas mãos de técnicos balizados e veremos o Mercosul alçar voo com suas próprias asas.

O potencial econômico do continente sul-americano é conhecido. Não por outro motivo, os chineses vieram para essas bandas para explorar as riquezas e seu mercado. Sobram falações políticas e falta a publicidade de acordos de comércio e de mercado. Deem autonomia política ao bloco, e ele encontrará o lugar que lhe pertence na economia global.

Hoje, o Mercosul é apenas um fórum político sem relevância prática. A tão sonhada economia de escala não se efetuará por mãos de dirigentes políticos que buscam outros objetivos. Exemplo desse descompasso pode ser visto agora, com a possível aprovação da reforma tributária como quer o governo brasileiro. Como conciliar as cláusulas, nitidamente centralistas da economia, com o livre mercado? Mercados comuns, por suas características liberais, caminham para um lado. A reforma tributária, por seus aspectos que apontam para o controle da União sobre os entes federados, caminha em sentido oposto, de encontro aos desejos de fechamento político e econômico.

Esquerdas políticas e livre comércio não combinam e são diametralmente opostas. Uma fala em controle e centralismo, outra busca abertura e liberdade. O que temos até aqui, a despeito de alguns avanços tímidos, são pantomimas num teatro de faz de conta, onde os presidentes de cada país se encontram, fazem seus discursos enfadonhos, sem lastro ou credibilidade fática para no livre comércio, permanece a situação de inércia do bloco, atado a crendices e ideologias do século passado. As poucas vozes que se ouvem nessas reuniões, clamando pela racionalidade, são tomadas como excêntricas e dissonantes. A continuar nessa toada anacrônica, o Mercosul continuará a ser apenas um clube de políticos regionais, sem perspectiva e longe de uma economia de mercado ou de um modelo próximo ao que representa, hoje, a União Europeia.

 

 » A frase que foi pronunciada

“Lula diz que Mercosul busca acordo comercial ‘ganha-ganha’ com a União Europeia “

Manchete da Market Screener

 

História de Brasília

O Departamento de Correios e Telégrafos está sempre reclamando contra o abuso dos deputados e dos senadores que utilizam seus serviços sem pagar nenhuma taxa com assuntos que, absolutamente, não deviam ser transmitidos. Efetivamente, o abuso chegou ao máximo na temporada do Natal, quando 45 mil mensagens foram transmitidas pelos parlamentares, sobrecarregando o serviço. (Publicada em 2/3/1962)

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