Temer e os sindicatos

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha@gmail.com com MAMFIL

 

Confirmado o afastamento da presidente Dilma, caberá, em algum momento, ao governo de Michel Temer — talvez antes mesmo de começar a implementar seu programa de administração para o país — reformular alguns instrumentos de representação dos trabalhadores, principalmente aqueles que atrelam o Estado às entidades e às centrais sindicais.

Em outras palavras é preciso pôr fim ao sindicalismo do tipo pelego, que, mesmo alimentado compulsoriamente por fartos recursos, de todos os brasileiros na ativa, consegue se manter na zona cinzenta da fiscalização, liberto que é da prestação de contas.

Esse verdadeiro complexo industrial, abrigando 10.123 sindicatos, arrancou dos cofres públicos, via imposto sindical em 2015, R$ 3,1 bilhões , que foram repassados às respectivas federações e confederações espalhadas por todo o país.

Foi somente a partir de agosto do ano passado, depois de longos anos de briga na Justiça, que o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou o montante repassado aos sindicatos que até então eram protegidos pelo sigilo bancário. Persiste, no entanto, o ritual da prestação de contas, comum aos demais mortais da República, já que essas entidades adotam o modelo duvidoso da autofiscalização dos recursos obtidos.

Esse controle absoluto sobre a movimentação de milhões tem propiciado, além de abertura de dezenas de novos sindicatos a cada semestre, um domínio, cada vez maior, por determinados e poderosos grupos internos, que passam a gerir a entidade por tempo indefinido, formando clãs de dirigentes, ricos e totalmente alheios aos reais interesses dos trabalhadores. Essa aristocracia sindical ganhou vigor, sem par, na última década, principalmente ao se constituir como franja do Partido dos Trabalhadores.

Fazer oposição, nas viciadas eleições para o comando dos sindicatos, é correr risco de atentado e morte. Há anos, a polícia investiga diversos casos de sindicalistas mortos em situação para lá de suspeita, depois de desafiar as lideranças encasteladas na direção. Legalizados no Brasil a partir de 1824, os sindicatos pouco evoluíram desde então, sendo que, em muitos casos, regrediram aos tempos feudais, colocando sob suas asas apenas aqueles que se curvam e aceitam a situação de servo e protegido desses novos senhores.

Para se ter uma ideia, o Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro é comandado com mão de ferro pela família Mata Roma há quase meio século, sendo sua direção passada de pai para filho, num regime de hereditariedade e suserania digna da era feudal. O ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto costumava dizer que: “o que faz os sindicalistas tomarem atitudes irresponsáveis é o imposto sindical e a estabilidade que eles gozam. Ninguém se sindicaliza. Como o sindicalista tem sua fonte de renda garantida, não se preocupa com o mercado de trabalho. Hoje, no Brasil, poucos são tão privilegiados quanto essa elite sindical, que não quer perder os seus privilégios”. Essa será, sem dúvida, a maior pedra no caminho do novo governo. Removê-la talvez se constitua em questão de sobrevivência para os trabalhadores e para o próprio Michel Temer.

A frase que foi pronunciada

“Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos.”

Confúcio

Ao público

Está na lente do Judiciário o Primeiro Grau de Jurisdição. O objetivo é ouvir representantes de diversos seguimentos do Poder Judiciário para melhorar o serviço prestado pelas unidades judiciárias da chamada porta de entrada e de saída da Justiça.

Estrela

Guardem este nome: Darc Brasil. Por enquanto, a coluna só pode revelar que se trata de uma cantora do Coral do Senado.

Oto

Residência do HUB conquista nota máxima em avaliação. O grau foi dado pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvicofacial, que considerou infraestrutura, corpo docente e discente, formação e pesquisa para avaliar.

Novidade

Em breve, o Brasil poderá contar com a EmbrapaTec. A proposta foi feita pelo Ministério da Agricultura. O governo encaminhou o projeto de lei ao Congresso. A proposta é que a EmbrapaTec comercialize tecnologia, produtos e serviços.

Mudanças

Novas regras do Código de Processo Civil geram discussões no Supremo Tribunal Federal. Todos os debates são enriquecedores. As mudanças, constitucionais. Agora, é seguir os novos trâmites, prazos e exigências.

História de Brasília

Pena que esta expressão tenha sido usada por um governador, que devia conhecer a capital federal, para não demonstrar de público pouco caso pelas coisas do seu país. (Publicado em 5/9/1961)

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