A borduna e o tacape

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Foto: Brian Snyder

 

Tempos de crise sugerem, logo de saída, que as armas da diplomacia não estão resolvendo as questões. Há muito se sabe que política e diplomacia devem caminhar de mãos unidas. O que não se pode admitir é que a política, com suas várias faces ideológicas, acabe contaminando os objetivos da diplomacia, fazendo-a agir de modo titubeante e parcial. Pois, a diplomacia induzida por víeis político acaba transformando a virtude em vício e o entendimento em confronto. Hoje, é mais do que necessário que o mundo faça uso das armas inteligentes da diplomacia. Não aquela acordada em bebidas alcoólicas e rega-bofe, mas aquela estabelecida por horas e horas nas mesas de negociações, sem fanatismos e sem covardias.

Ceder para conquistar. Em vista dessas premissas, o que se pode observar acerca dos últimos acontecimentos ocorridos no Brasil e no mundo é que, sem a diplomacia, estamos todos nus e perdidos em selva inóspita. No caso recente do encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, o mínimo que se pôde observar da conversa, transmitida ao vivo pelas televisões diretamente do salão Oval da Casa Branca, é que faltou diplomacia ao chefe americano. Não se faz negociação de paz, ainda mais nesse caso de agressão da Rússia contra um país soberano, sob pressão ou intimidações. Aceitar as condições apresentadas por Trump, que aliás coincidem com as condições do ditador russo Putin, equivaleria no caso de Zelensky, a uma capitulação, desonrando seus compatriotas vivos e os que tombaram defendendo seu país.

O big stick policy, ou a diplomacia da força iniciada por Roosevelt no início do século XX, parece estar de volta aos Estados Unidos. Só que os tempos são outros. É certo que os contribuintes americanos não querem mais destinar seus impostos para a continuação de uma guerra que parece que não terá um fim próximo. Mas daí a querer encostar o líder ucraniano contra a parede, exigindo uma paz imediata, mostra que a diplomacia americana está vivendo as mesmas agruras e desprezo que a diplomacia de outras partes do mundo, sobretudo, em nosso caso, a diplomacia brasileira.

Também por aqui se assiste a colocação da diplomacia de nosso país a reboque dos interesses políticos e ideológicos do atual governo. Tanto é assim que o chanceler de fato desse governo é o Celso Amorim e não o oficialmente indicado Mauro Vieira. No caso do chanceler Mauro Vieira, é até um alívio que ele não tenha que suportar o vexame de estabelecer conversações com a maioria dos ditadores do mundo, nem tenha que aparecer em fotos ao lado dos maiores e mais procurados terroristas da atualidade.

Mas ainda assim, a pasta que ele chefia, segue sempre em segundo plano dentro do atual governo, sobrando apenas assuntos de menor interesse ou as batatas quentes difíceis de ser negociadas. É o caso aqui do pedido do Supremo Tribunal Federal para que o Itamaraty entre na questão envolvendo essa Corte e os Estados Unidos com relação à censura imposta às big techs. Outro caso emblemático da falta que a diplomacia faz para aplanar os caminhos da paz e da concórdia é a recente nomeação da deputada petista Gleisi Hoffmann para ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência, no lugar de Alexandre Padilha. Para quem não sabe, essa pasta cuida, essencialmente, das relações entre o Executivo e o Legislativo, para o estabelecimento de pontes de entendimento político. Para quem sabe também, a nomeação de Gleisi tem sido, até agora, criticada por cada nove entre dez políticos, inclusive da própria legenda do atual presidente. O próprio José Dirceu, a eminência parda do PT, afirmou que a colocação de Hoffman na pasta da SRI vai ser um desastre. Disse ele: “ vai dar Dilma”.

Não é de hoje que as relações institucionais entre o Congresso e o Palácio do Planalto deixaram de lado a diplomacia política e passaram a ser feitas na base da liberação ou não das emendas secretas, hoje, manipuladas diretamente pelo Supremo. É o mundo do tacape, da borduna e das malas cheias.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Mesmo na guerra, há regras… Esses caras não têm regras”.

Volodymyr Zelensky, durante uma entrevista referindo-se à Rússia.

Volodymyr Zelensky. Foto: Getty Images

 

Livro

Um deleite correr os olhos pelas linhas do “Lumiar de Lamparina”, um livro de memórias de Luiz Bezerra de Oliveira. Ora sorrindo, ora enxugando as lágrimas, o livro é um exemplo da riqueza de vida de tantas pessoas que atravessaram as maiores privações para alcançar a vitória nos estudos e no trabalho. Sem pé de meia, com os pés no chão.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

História de Brasília

A minha terceira atividade é publicidade, mas quando recebo dinheiro dou recibo, o que nem todos fazem na nossa profissão, infelizmente. (Publicada em 27.04.1962)

O bom combate

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Imagem: Shutterstock.

 

Desde sempre, soubse que tempos difíceis ajudam a forjar homens fortes. O que pouca gente sabe é que, somente em tempos de guerra, é que é possível conhece-los em carne e osso. São heróis do nosso tempo. E é quando o som dos morteiros começa a troar que, no horizonte, o cheiro da morte a se espalhar por todos os cantos que eles surgem.

Enquanto alguns tremem na base, fogem e se escondem, ou ainda procuram se aliar ao inimigo para salvar a própria pele, indivíduos, escolhidos a dedo pelo destino, permanecem de pé. A guerra, e isso já foi dito também, é o caminho do engano, mas é por essas trilhas que as vezes é preciso seguir, mesmo conhecendo a superioridade da máquina de guerra do inimigo.

Desde a Segunda Grande Guerra, há exatos 75 anos, o mundo não ouvia mais falar em heróis.  Pessoas que entregam a vida em defesa de seu povo, da sua terra e da sua cultura, movidos pela noção de que lutavam o justo combate, foram transformadas em lenda. Mas, foi a partir de 24 de fevereiro de 2022, ocasião em que a Rússia deu início a invasão da Ucrânia, pensando que essa atitude de pura agressão a um país soberano, seria como um passeio tranquilo ao redor de suas fronteiras, que o mundo passou a conhecer a figura do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (1978-), político, ator, roteirista e diretor de teatro e televisão.

O pecado de Zelensky foi o de rejeitar as más influências de Moscou em seu país e seguir, como era o desejo majoritário da população, se integrando ao mundo ocidental e à União Europeia. Quem diria que um ator e comediante, estreante na política de seus país, viria a ser um comandante supremo de seu exército, se transformando numa espécie de marechal de guerra, temido e respeitado até pelos experientes oficiais russos.

Para o autocrata e eterno presidente russo, a modernização proposta por Zelensky para a Ucrânia e seu afastamento da área de influência de Moscou era inaceitável. A sua aproximação do Ocidente e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte, deu a Putin as razões que queria para invadir a Ucrânia. Logo, nos primeiros meses da guerra, ficou claro para o exército ucraniano que seu país enfrentava um inimigo para quem os tratados e as convenções de guerra, capaz de dar algum sentido humano ao que não é humano, eram totalmente desprezados por Putin.

Moscou colocou para combater ao, seu lado, um exército de mercenários e criminosos de guerra, conhecido como Grupo Wagner e que já possuía um vasto currículo de sangue pelo mundo. Por diversas vezes o governo de Moscou tentou simplesmente eliminar Zelensky, que escapou de alguns atentados, graças ao seu serviço de informações.

Com a guerra em andamento, diversos líderes mundiais, diante da possibilidade de Moscou usar inclusive armas nucleares, ofereceram abrigo a Zelensky, acreditando que sua saída do país poderia abrir caminho para o fim das hostilidades russas. Em resposta Zelensky teria dito: “A luta é aqui em Kiev; preciso de munição, não de uma carona”.

Com essa atitude corajosa Zelensky ganhou ainda mais apoio interno. Não é por outra razão que a guerra, que para Moscou, deveria durar apenas 96 horas já se estende por 3 longos anos, com os ucranianos defendendo cada palmo de terra.

Para os analistas desse conflito contemporâneo, a guerra entre esses dois países já contabiliza um número superior a um milhão de mortos de ambos os lados. A carnificina prossegue com Moscou contando agora com a ajuda militar da Coreia do Norte. Mesmo em se tratando de uma luta de forças desiguais, a Ucrânia, sob Zelensky segue nos campos de batalha, resistindo à um inimigo traiçoeiro e capaz de qualquer manobra para vencer. Talvez por sua bravura em comandar uma guerra tão prolongada, contra os belicosos e imprevisíveis russos, é que Zelensky tem sido reconhecido por diversos países do Ocidente como um grande e bravo comandante, sendo por diversas vezes condecorado e saudado como herói de guerra. Ao mesmo tempo pesa sobre Putin um mandado de prisão, expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) que o acusa de crimes de guerra.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O presidente não pode mudar o país sozinho. Mas o que ele pode fazer? Ele pode dar um exemplo.”

Volodymyr Zelensky

Volodymyr Zelensky. Foto: Getty Images

 

História de Brasília

“Quanto ao fato de o senhor achar humorística esta coluna, é uma alegria para nós. Pena que nem todos concordem.”.  (Publicada em 27.04.1962)

Atoleiros pelo caminho

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Tropas russas próximas à fronteira com a Ucrânia. Foto:
Reuters

 

         Em algum momento de nossas vidas, haveremos de nos deparar com atoleiros, que impedirão o avanço em qualquer direção. Do mesmo modo, governos e nações enfrentam essas barreiras e imprevistos. O jeito é parar e refletir tanto sobre os caminhos que nos levaram ao brejo, como nos meios capazes de nos retirar desse impasse que, por um tempo, parece nos tragar como areia movediça.

         Em situações como essa, quanto mais você se move e age de modo irracional, mais afunda. O Brasil e os brasileiros estão, neste momento, imersos nesse tipo de pântano sem fundo. Há uma espécie de inconsciente coletivo, herdado de nossa história colonial comum, que, com sua mão invisível, nos conduz a esses espaços abissais, onde não podemos nos mover sob pena de complicar, ainda mais, nossa situação de momento.

         Às vésperas das eleições gerais, essa é a situação atual da nação. Não há respostas prontas ou soluções fáceis. Um olhar distante sobre nossas fronteiras mostra que outras nações e governos estão, neste momento, mergulhados em seus atoleiros.

         Na Europa, de modo geral, é o que se assiste. Mais à Leste, a Rússia encontrou seu atoleiro. Não por acaso, já que foi em busca dele. A Guerra particular de Putin contra a Ucrânia vai se mostrando um enorme atoleiro para as tropas russas. Curiosamente, a Ucrânia é, por sua configuração geológica, repleta de áreas onde existem essas traiçoeiras areias movediças. O melhor da juventude russa e ucraniana vai sendo dizimado nesse conflito insano. Seguir em frente com essa guerra, que já conta com a ajuda militar e de armas de outros países, de um lado e de outro, é afundar, ainda mais, nesse pântano, conduzindo o mundo para um conflito generalizado e sem vencedores.

         Também a China, a exemplo dos russos, mira seu atoleiro na ilha de Taiwan. Os Estados Unidos também conheceram o seu pântano, quando enviaram suas tropas para o Vietnã. Precisaram sair às pressas, com as calças nas mãos.

         Em nosso continente, muitas são as nações que se encontram agora atoladas e imóveis em seus brejos. Venezuela, Argentina, para ficar apenas nesses dois países, vão afundando aos olhos de todos. Os motivos e as causas são conhecidos e, mesmo assim, não foram evitadas a tempo. Também em nosso caso particular, as causas e motivos que permitiram e nos lançaram nesse atoleiro são conhecidas.

         Num sentido figurado, é como você soltar uma cobra venenosa dentro de uma sala escura, apertada e cheia de gente. Salve-se quem puder! Ou seja, salvam-se apenas aqueles que, por sua força bruta, podem escalar pontos mais altos, usando para isso as costas dos mais fracos. Num ambiente hostil dessa natureza, ficar imóvel, pode representar um verdadeiro movimento para a salvação.

         Assim como a Rússia se deparou com seu atoleiro ao invadir a Ucrânia, encontramos também nossa areia movediça ao adentrarmos, de cabeça, no campo da política sem ética e da disputa pela disputa.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A história nos desafia para grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertarmos.”

Ulysses Guimarães

Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

Cidade

Pessoal queimando folhas no próprio terreno está deixando vizinhos asfixiados. A falta de empatia e chuva está deixando Brasília uma cidade diferente do que era.

Foto: Adriana Bernardes/CB/D.A Press

 

Passeio

Entre 9h e 17h deste domingo, a Força Aérea de Brasília ficará aberta para receber a população com diversas atrações.

Foto: fab.mil.br

 

Reforma

Mais transparência às atividades. Esse é o intuito da Lei 13.709/18, conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A Corregedoria Nacional de Justiça deu 180 dias para que os cartórios tomem as providências para modificar os procedimentos técnicos e adotar as novas medidas estabelecidas.

Foto: Reprodução

 

Sem respostas

Por falar em LGPD, Jusbrasil é um portal destinado à publicidade de atos dos tribunais. A diferença é que a busca nos portais da Justiça é mais detalhada. Já o Jusbrasil rasga a vida do cidadão até com dados mortos, que ficam expostos ao público depois de terem sido resolvidos. No Reclame Aqui, é uma enxurrada de protestos! Retirar as informações do portal? Impossível! E o pior: se quiser ter acesso a mais detalhes do que já estão disponibilizados pelos tribunais, há que se desembolsar por volta de R$30/mensais.

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Atrás da escola há um boteco. Os bêbados ficam soltando palavrões, e as professôras procuram superar os nomes feios com os ensinamentos em voz mais alta. (Publicada em 10.03.1962)

Erros históricos

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Foto: Alan Santos/PR/Divulgação

 

         Erros históricos são aqueles que, por suas dimensões e efeitos negativos ao longo do tempo, ficam registrados para sempre, marcando seus personagens em episódios que denigrem não só a imagem de seus autores como do país que representam, prejudicando ambos indistintamente. A história da humanidade está repleta de exemplos, bastando ao interessado consultar os registros do passado.

        No Brasil, alguns dos muitos erros históricos, cometidos no passado, conduziram-nos para o que somos hoje como país e nação. Dos erros históricos mais significativos e que nos levaram a distanciar-nos de países como os Estados Unidos, colonizados no mesmo período, destacam-se a perpetuação do regime da escravidão, a manutenção dos latifúndios e da monocultura de produtos para a exportação e a exploração e depredação da colônia, exaurida e renegada a ser apenas uma economia complementar à metrópole.

        Um erro histórico e contemporâneo imenso, capaz de empurrar todo o país para uma crise institucional que desembocaria na desventura do regime militar, foi a renúncia, até hoje mal explicada, do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961. Os efeitos deletérios desses cometimentos impensados marcam e afetam o país, o que mostra, com clareza, que nossas autoridades, em todo o tempo e lugar, sempre desprezaram as lições do passado. Não é por outra razão que repetia o filósofo de Mondubim: “Quem não aprende com a história, está condenado a repeti-la.”

         Deixando de lado os muitos e repetidos erros históricos cometidos durante a década petista e que acabariam por nos levar à mais profunda brutal recessão que experienciamos, todas elas decorrentes de um misto entre má gestão e corrupção sistêmica, chama a atenção a recente visita feita pelo atual presidente Bolsonaro à Rússia. Não bastasse a presença do chefe do Executivo ao Kremlin, num momento absolutamente inoportuno, contrariando todas as recomendações de assessores que lidam profissionalmente e no dia a dia com as relações internacionais, o atual presidente, sob o pretexto de ir tratar de assuntos relativos ao fornecimento de insumos agrícolas, ainda cometeu o erro histórico de afirmar, com todas as letras e no plural: “Somos solidários à Rússia.”

        Com isso, falando em nome do Estado que representa, colocou todo o Brasil e sua população ao lado do fratricídio que vem sendo cometido pelo atual Napoleão de hospício, na figura do ditador russo. É não só uma vergonha, para todos nós, que fatos como esse tenham acontecido e sido registrados em vídeo para a posteridade, como continuem a serem confirmados pela tibieza de nossos representantes na Organização das Nações Unidas (ONU).

        Errar historicamente é persistir no erro, quer por voluntarismo, quer por total falta de senso ou razão. Não satisfeito com essa gafe internacional, o chefe do Executivo, em pronunciamento durante essas costumeiras e patéticas lives, condenou o pronunciamento do seu vice-presidente, General Hamilton Mourão, que defendeu reprimenda dura às ações de Putin, posicionando-se ao lado da soberania dos países e da democracia.

         Os Estados Unidos e seus aliados deixaram entender que as nações que agora apoiam as atrocidades desse Napoleão de hospício russo ficarão marcadas como inimigas da democracia. Ir contra a corrente internacional passou a ser, desde 2018, o que nosso país tem feito. Questões como o aquecimento global, a preservação do meio ambiente, da vacinação, entre outras mostram que seguimos à deriva, sem um norte, guiados por um néscio.

 

A frase que foi pronunciada:

A Guerra é um lugar onde jovens, que não se conhecem e não se odeiam, se matam, por decisões de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam.”

Erich Hartman

Sina

Tem sido a sina, de todos os grandes ditadores e tiranos, deixarem, atrás de si, um gigantesco cemitério com milhares de vítimas e uma paisagem de escombros e cinzas, que testemunham sua passagem ruinosa entre os humanos.

Foto: Handout / UKRAINE EMERGENCY MINISTRY PRESS SERVICE / AFP

 

Ditadores

Um dos mais antigos e utilizados estratagemas que ditadores de hospício, como o russo e outros ao longo da história humana sempre recorreram para manterem-se em evidência, e com isso desviar a atenção do cidadão comum, é eleger um inimigo externo, debitando a ele todas as causas, agruras e infortúnios experimentados pela população. À esse inimigo da nação, devem ser monopolizados toda a força do país para derrotá-lo, obviamente sob o comando supremo do chefe ou, comumente, como preferem, o “paí da pátria”.

Foto: bbc.com

História de Brasília

A W-4, também, está um encanto. A agressividade do conjunto arquitetônico, com côr única e linhas retas, teve a monotonia quebrada com os jardins, que estão dando mais beleza para a vista. (Publicada em 18.02.1962)

Todos possuem razão nenhuma

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Tropas russas próximas à fronteira com a Ucrânia. Foto: Reuters

 

         Manchetes dos principais jornais nacionais e do mundo amanheceram estampando destaques que alertam para o perigo de uma guerra, de sérias proporções, envolvendo a Rússia e a Ucrânia, no Leste da Europa. Num mundo absolutamente globalizado como temos nesses tempos, possíveis conflitos dessas proporções ameaçam a todos, tanto pelas consequências econômicas, humanitárias e políticas geradas, como pelos efeitos em cadeia que as guerras acabam gerando.

        Caso venha a acontecer, de uma forma ou de outra, sentiremos os efeitos desse embate. Não bastassem os efeitos danosos da pandemia mundial do Covid-19 e dos efeitos, cada vez mais sentidos, das mudanças climáticas e de uma previsível recessão econômica que muitos analistas veem apontando no horizonte, uma guerra de grandes proporções, neste momento, abalando boa parte do Leste europeu, pode, com facilidade, levar-nos a uma situação de grande perigo, com ameaça, inclusive, à sobrevivência da espécie humana.

        Esforços têm sido feitos, por lideranças europeias, para distensionar o ambiente e, ao que parece, não tem dado resultados. É sabido que, em guerras, a primeira vítima sempre é a verdade, o que explica a multiplicação de versões, de lado a lado, sobre o desenrolar dos fatos. Em casos de conflito, a tendência do ser humano é sempre buscar informações que levem não apenas à compreensão dos fatos, mas, sobretudo, a uma tomada de posição contra ou a favor de um dos lados.

        A situação ganha um complicador quando se entende que, nesse caso específico, ambos os lados possuem suas razões, sendo que a nenhum deles é garantida a razão plena. Como dizia o filósofo austríaco Karl Popper (1902-1994), “Se são dois que estão errados. Isso não quer dizer que os dois tenham razão, pois admitir que o outro possa ter razão não nos protege contra um outro perigo: de acreditar que todos talvez tenham razão”.

        O fato aqui é que, mais uma vez, em sua longa história, a Ucrânia vê seu território sendo espremido e invadido por potências estrangeiras. No caso atual, o povo ucraniano está no meio do tiroteio entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com os Estados Unidos à frente, e a belicosa Rússia de outro. Correndo por fora desse conflito estão as grandes indústrias de armamento que fornecem, para esse cenário, os meios materiais para que tudo ocorra.

        A OTAN que deveria deixar de existir, tão logo teve fim o império soviético, vem sobrevivendo ao término do Pacto de Varsóvia, embora tenha perdido sua razão de ser. Há ainda aqui o tal do determinismo geográfico, que faz com que a Ucrânia, por sua proximidade física com a Rússia, seu passado histórico e cultural comum, encontre dificuldades enormes em se libertar de Moscou.

        O razoável, se é que se pode falar em razoabilidade em conflitos armados, seria a transformação da Ucrânia em área neutra, a exemplo do que ocorre com a Suíça, livre da influência das duas grandes potências atômicas. Mas essa é uma medida que parece não interessar nem a Putin, nem aos Estados Unidos, muito menos às indústrias de armamento, que estão na expectativa de grandes lucros com a eclosão dessa guerra.

        No meio desses verdadeiros senhores da guerra, está a sociedade civil ucraniana, constituída por mais 40 milhões de homens, mulheres, crianças e idosos, que terão que partir para outras partes ou morrer debaixo das bombas. Os únicos que parecem possuir razão nesse conflito são aqueles que não desejam esse conflito, mas que, por isso mesmo, não são levados em conta.

 

A frase que foi pronunciada:

Toda a história do mundo pode ser resumida pelo fato de que, quando as nações são fortes, nem sempre são justas, e quando elas querem ser justas já não são mais fortes.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

 

Sala de aula

Lado a lado, a história do Brasil e dos Correios andam juntas há 359 anos. Nos canais da empresa, mídias sociais, professores podem explorar o assunto em sala de aula com riquíssimos detalhes de como evoluiu a entrega de correspondências. Além de curioso, o assunto certamente despertará o interesse da garotada.

Imagem: correios.com

Haters que matam

Hoje, com ultrassom em 3D, a família pode conhecer o bebê ainda no útero da mãe. Todo formado, reage a estímulos, dorme, soluça, troca de posição, seja menina ou menino. Em 1973, a Suprema Corte Norte-Americana não tinha ferramentas para reconhecer a vida intrauterina com tanta perfeição. Hoje, a mulher tem o direito de mandar no próprio corpo, não no corpo da criança recém-formada, que também é um ser humano. Quem é a favor do aborto deve encarar os vídeos mostrando o que acontece com o embrião, feto ou criança durante o procedimento. Lastimável a decisão da Colômbia que descriminaliza o aborto.

Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

História de Brasília

Novas passagens de nível das tesourinhas estão sendo revestidas. Já foram aprovados os esquemas de iluminação, que será dos mais perfeitos. (Publicada em 17.02.1962)