O tapete vermelho

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Reprodução – Nicolás Maduro

 

         Não fosse a agenda cheia com as comissões parlamentares de inquérito já abertas, bem que o Congresso poderia voltar sua atenção também para o crescimento acelerado do crime organizado, principalmente, no que diz respeito à infiltração dessas quadrilhas no aparelho do Estado. Não é de hoje que vários alertas nesse sentido têm sido feitos. Ao que parece, as autoridades ainda não se deram conta de que esse fenômeno não é uma ficção futura, mas uma realidade presente que segue infectando a máquina pública, agindo como um verdadeiro câncer em metástase contínua.

         O objetivo é a consolidação de uma espécie de NarcoEstado, semelhante ao que existe hoje em alguns países como a Venezuela, que, segundo a Drug Enforcement Administration (DEA), dos Estados Unidos, já controla a maioria das ações de governo naquele país. Foi-se o tempo em que essas quadrilhas eram formadas por delinquentes munidos apenas de coragem e vileza. Hoje, organizam-se como empresas bem estruturadas, com hierarquias severas, métodos de trabalho, planilhas, divisão de trabalho e setorizações das modalidades do crime. Infiltram-se no comércio, na indústria, no terceiro setor, lavando dinheiro com eficácia. Utilizam os mais modernos meios cibernéticos, contratam pessoas especializadas em diversas áreas. Com isso, deixaram para trás o tempo do amadorismo e, hoje, agem como verdadeiros profissionais do crime, subornando autoridades, juízes e boa parte do alto escalão do Estado. Não há praticamente nenhuma área dentro da máquina pública que esses especialistas do mal não tenham penetrado.

         Com a profissionalização, essas organizações do crime miram agora as instituições do Estado, principalmente os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Financiam e elegem candidatos, vetam campanhas de opositores, ameaçam e executam dissidências. Outra faceta visível nessas organizações é dada pela facilidade com que estabelecem laços de negócios com outras facções do crime para além das fronteiras.

         Hoje, há ramificações que operam em todo o mundo, nas mais diversas modalidades de crimes. As organizações criminosas formam verdadeiras empresas multinacionais, explorando uma infinidade de ramos de negócios. Os lucros fabulosos permitem investimentos de grande monta, com diversificações, subornando autoridades onde elas estejam e, com os lucros fabulosos, armam seus exércitos com o que há de mais moderno e letal em termos de armamentos.

          Estamos diante de um verdadeiro ovo da serpente prestes a ser chocado. O Brasil, por seu imenso território e pelos milhares de quilômetros de fronteira seca a separarmos dos países produtores de entorpecentes, tornou-se, em poucos anos, a principal rota por onde escoam anualmente toneladas de drogas. Nada, nem ninguém está a salvo da ação dos criminosos. Juízes, policiais, procuradores e todos os operadores da Lei são alvos constantes dessas quadrilhas.

         As fronteiras do Brasil com os países latinos tornaram-se terra de ninguém. Também os maiores presídios são controlados hoje por facções do crime, que criam dentro desses estabelecimentos um país paralelo, com leis próprias e regulações draconianas, punindo, com a morte, quaisquer transgressões.

         A situação tem alcançado tamanha urgência que não são poucos os livros e tratados que cuidam do tema da infiltração do crime organizado nas instituições governamentais. Não é preciso nem lembrar que uma das causas que mais contribuem para o crescimento das organizações criminosas é a corrupção política e endêmica que assola o Brasil e muitos países vizinhos. Não é difícil imaginar o que passa na cabeça de um cidadão de bem quando vê que um procurado pela polícia internacional, sob a acusação de chefiar um NarcoEstado, com recompensa por sua captura orçada em milhões de dólares, é recebido com tapete vermelho e todas as honras militares como se fosse uma autoridade acima de qualquer suspeita.

A frase que foi pronunciada:

“A violência de gangues e o tráfico de drogas estão sendo cada vez mais orquestrados online, permitindo que os presos mantenham o comportamento criminoso mesmo enquanto cumprem pena.”

Kim Severson

Kim Severson. Foto: nytimes.com

 

Educação

Pesquisa mostra que apenas 15% dos jovens acima de 16 anos estudam. Um dos responsáveis pela enquete, o diretor superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi, apontou as falhas da educação no país.

Ilustração: profissaoatitude.com.br

 

História de Brasília

Vamos voltar ao IAPFESP, já que chega hoje a Brasília o general Aluísio Andrade de Moura, presidente da autarquia, que precisa saber de multa coisa encoberta nas obras do Distrito Federal. (Publicada em 21.03.1962)

Narrativa sem cola

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Foto: Wikimedia Commons

 

É lógico que, para aqueles que sabem para onde ir, qualquer caminho serve, mesmo aqueles que conduzem ao abismo. Do mesmo modo, torna-se inconcebível que um mandatário possa assumir o poder sem sequer trazer debaixo do braço as linhas mestras de um projeto de governo acabado e factível. Afinal, são milhões de cidadãos que confiaram um voto de confiança e que, de uma forma ou de outra, irão sentir na pele e no bolso as consequências das ações do governo ou a falta delas.

O que não se pode conceber é que a nação fique tateando no escuro, à procura de uma saída, ou de um plano de fuga vindo do governo. Eis aqui onde estamos. Antigamente, dizia-se estarmos no mato sem cachorro. Hoje, podemos dizer, estamos num país sem um governo à altura dos desafios e das necessidades de um gigante continental, com mais de duzentos milhões de habitantes, cercados de problemas e cobiçado por potências que se dizem amigas, mas que estão de olho gordo posto em nossos recursos e reservas minerais.

Depois de cobranças vindas de todos os lados, o que temos é um arcabouço ou esqueleto de um projeto que visa autorizar o governo a gastar além das possibilidades reais de caixa, sem que isso venha acarretar penalidades e sanções para o perdulário. É pouco ou quase nada e, ao mesmo tempo, é muito para quem vai pagar a conta.

Como metas de governo, o que foi apresentado não passou de um material formado de ações de improviso, que vão saindo das gavetas à medida em que os problemas surgem. Na impossibilidade de armar-se uma guerra contra um inimigo fictício, como fez a Argentina na Guerra das Malvinas, o jeito é deixar os problemas internos de lado e desengavetar um projeto qualquer, desses que propõem um tratado para a criação da chamada Unasul, integrando e unindo, nos âmbitos políticos, econômicos e outros, os países do continente. De preferência, unindo países prósperos como a Argentina, Venezuela, Suriname e outros, cujas economias estão no fundo do poço, criando uma poupança regional, com o apoio do BNDES, além do estabelecimento de uma moeda unificada, como meio de “aprofundar a identidade sul-americana”. Talvez engulam mais essa narrativa.

Diria o filósofo de Mondubim: “Vão juntar os farrapos e molambos num pardieiro só”. Para se ter uma ideia, o papel moeda na Venezuela, de tão desvalorizado, serve hoje como matéria-prima para confecção de artesanatos vendidos nas ruas a preços irrisórios. O que países como Argentina, Venezuela, Nicarágua e outros necessitam não é socorro do tipo econômico, que facilmente irá parar nos bolsos desses governos corruptos, mas de uma coisa chamada democracia e gente decente para administrar esses países.

Criar mecanismos e instituições como o Corporación Andina de Fomento, ou Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata, é irrigar com dinheiro do pagador de impostos, no Brasil, os governos ditatoriais de esquerda que infernizam suas nações. Levar dinheiro para as mãos dessa gente é perpetuar-lhes a tirania. Para quem já se armou de cautela contra essas intenções marotas, todas elas fincadas numa antiquada e falsa visão de mundo, as proposições feitas pelo governo brasileiro às lideranças sul-americanas se inserem no que ele mesmo denomina como narrativas e mostram de que lado da história ele se posiciona.

De fato, o Governo Lula não sabe para onde vai e ainda assim quer que toda uma nação siga com ele. Com companheiros do naipe de Maduro, Ortega e outros é melhor irmos sozinhos.

 

A frase que foi pronunciada:

“A confiança começa com uma liderança digna de confiança.”

Bárbara Kimmel Brooks

Bárbara Kimmel Brooks. Foto: amazon.in

 

Nota 10

Quando o GDF quer, faz. Um espetáculo o aplicativo do Detran com a carteira de motorista digital, acesso a todo tipo de informação sobre o carro. As multas são notificadas quase que em tempo real no celular do motorista. Para a averiguação, há, inclusive, a foto com todos os dados do dia da punição.

 

65 anos

Em entrevista à Rádio Nacional, no programa Eu de Cá, Você de Lá, a índia Kayná, da etnia Munduruku, contou que o pai dela remava por horas para trocar peixe e farinha por pilhas para o radinho. Só assim era possível a família acompanhar o que se passava do lado de cá da floresta.

Índia Kayná Munduruku no Programa Eu de Cá, Você de Lá. Foto: radios.ebc.com

 

Memórias

Por falar em Rádio Nacional, não havia foca no jornalismo de Brasília que não passasse por ali. Luiz Mendonça, Claire e Edson Tavares formavam um trio importante na redação da rádio.

Rádio Nacional de Brasília. Foto: ©Acervo Arquivo Público do Distrito Federal

 

História de Brasília

As portas dos cabeleireiros, seja qual fôr o endereço, estão cheias de carros do governo à espera de madames. (Publicada em 20.03.1962)

De quem é a Praça dos Três Poderes?

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Praça dos 3 Poderes. Foto: Tony Winston/Agência Brasília/Divulgação

 

Enquanto o presidente empossado este ano prossegue em seu longo périplo pelo mundo, como se fosse um caixeiro viajante, o governo, de fato, continua trabalhando a todo vapor. Depois de costurar a aprovação do arcabouço fiscal, escolhendo as emendas ao projeto que lhe pareciam mais sensatas e mais de acordo com aquilo que desenha para seu mandato, o presidente da Câmara, Arthur Lira, ruma em frente.

Segue ele, de forma cuidadosa e articulada, na pavimentação da estrada que conduzirá o país ao encontro de um sistema de governo em que o presidente da República terá que compartilhar o poder com o Legislativo. Não é uma tarefa qualquer. Primeiro, é preciso sondar o terreno dentro e fora do Congresso; depois, assegurar-se de que a empreitada não vá resultar no beco sem saída das decisões inconstitucionais.

A Praça, que não é do povo, mas dos Três Poderes, tem dono. Aquele que busca esse título não pode, pois, arredar pé do local. Por enquanto, esse tipo de responsabilidade em compartilhar o comando do Estado vai sendo apenas ensaiado, ajudado pelo fato de que as atenções parecem estar todas voltadas para as crises institucionais diárias e para as comissões de inquérito, que estão ainda no início dos seus trabalhos.

As medidas que provocaram uma reestruturação nos organogramas dos ministérios, esvaziando pastas e inflando outras, além da urgência para a votação do Marco Temporal, mostram que a pretensão em ir seguindo rumo ao semipresidencialismo é uma estrada sem volta.

Parte do orçamento da União está controlado pelo Congresso, já que possui, em outras atribuições, o poder de deliberar sobre essas leis, procedendo a fiscalização contábil, financeira, operacional e patrimonial da União e de todas as entidades ligadas a ela, isso sem falar no tal do orçamento secreto, que é totalmente manipulado e distribuído dentro do Legislativo, sem ingerências do Poder Executivo.

Mesmo as comissões de inquérito, que estão estreando na Casa, estão sob controle de Lira, que colocou, no comando da CPI de 8 de janeiro, um aliado seu fiel e capaz de reverter expectativas. Fez o mesmo com relação à aprovação do próprio arcabouço fiscal. Enquanto isso, o governo se vê impossibilitado de organizar uma base de apoio confiável, até porque as vantagens parecem estar todas dentro do próprio Legislativo.

Fosse uma Seleção Brasileira de Futebol, é possível dizer que Lira joga e avança pelo meio, com apoio, sempre interesseiro, do Centrão. Analistas que transitam pelos bastidores de Brasília já admitem que Lula está cansado para correr todo o campo durante os 90 minutos.

De fato, a chance para a entronização do semipresidencialismo é agora ou nunca. Caso isso venha a acontecer nesses próximos três anos, os candidatos à Presidência do Brasil em 2026 encontrarão uma República dividida entre um chefe de Estado e um chefe de Governo.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Aqueles que negam a liberdade aos outros não a merecem por si mesmos e, sob um Deus justo, não podem retê-la por muito tempo!”

Abraham Lincoln

Abraham Lincoln. Foto: wikipedia.org

 

Telemarketing
Mesmo com regulamentação instituída, operadoras de celular continuam com ligações inconvenientes sobre ofertas e vantagens. Preencher todos os formulários que aparecem pela frente é uma forma de perder a privacidade.

Charge do Ed. Carlos

 

Estio
Chega o início da seca em Brasília. Mais algumas chuvas esparsas e, depois, água do céu só em setembro ou outubro. Atenção com idosos e crianças. É o momento para realçar as faixas de pedestres, buracos, preparar as sementes para o plantio no final do ano.

Charge: Cazo

 

2005
Que desânimo ler jornais do passado. Um deles explicava a morfologia de Valerioduto. Parece que foi ontem.

 

Importante
Se Curitiba tem Dallagnol, Brasília tinha Reguffe. Milhares de pessoas com câncer foram beneficiadas com o projeto de lei que garante tratamento de quimioterapia oral para pacientes com câncer.

Senador Reguffe. Foto: senado.leg.br

 

História de Brasília

O professor Hermes Lima desenhou um novo esquema para a transferência de funcionários públicos para Brasília, não mais obedecendo a interesses pessoais, e sim, de produção da repartição. (Publicada em 20.03.1962)

Pelo bem dos fatos

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Senadora Eliziane Gama, relatora da CPMI, ao lado do presidente da comissão, Arthur Maia. Foto: Agência Senado

 

          Bem ou mal, começa agora outra importante comissão de investigação no parlamento. Bem, para aqueles que buscam a verdade dos fatos de 8 de janeiro. Mal para aqueles que procuram escondê-lo a todo o custo. Mesmo sendo um instrumento das minorias, o governo conseguiu maioria na formação da Mesa que comandará as investigações. De toda a forma, as investigações sobre o 8 de janeiro deixam antever, logo de cara, que possui enorme potencial para fustigar o governo, estremecer o Palácio da Justiça, solapando narrativas e desnudando, inclusive, teses precipitadas adotadas pela Justiça Eleitoral e mesmo pelo Supremo. Aliás, quem deve sair perdendo muito, caso a CPMI vá a bom termo, além dos realmente envolvidos, será o Judiciário, que, antecipando-se ao bom senso dos regimentos jurídicos, efetuou, em tempo relâmpago, mais de mil prisões, que, segundo muitos juristas respeitáveis, foram decididas desprezando-se os mais básicos princípios da lei, sem individualização de acusações e penalidades.

         Os fatos sabidos e comprovados até aqui mostram brasileiros comuns, pais e mães de famílias, os mesmos que durante meses ficaram acampados em frente ao QG do Exército aqui em Brasília. Levados, sumariamente, pelos próprios militares, para dentro de ônibus, foram todos despejados às centenas em uma espécie de depósito gigantesco de material, da Polícia Federal. Ali, em condições desumanas, esperaram dias seguidos, sem saber o que estava acontecendo. Advogados, arranjados às pressas, foram impedidos de ter acesso aos inquéritos. O que se suspeita é que nem a Justiça tinha tido tempo de prepará-los.

         Outro fato de conhecimento comprovado é que o governo exerceu forte pressão, recorrendo, inclusive, ao velho esquema de compra de consciências, com cargos, liberação de emendas e outros presentes, para  quem retirasse a assinatura no requerimento para a criação da CPMI, nomes fartamente divulgados.

         Quando vieram à tona as imagens, até então censuradas pelo Planalto, mostrando o principal comandante do GSI transitando displicentemente entre os invasores, o governo subitamente mudou de atitude e passou a favorecer que a CPMI fosse instalada. A razão aqui é que o governo sabe, muito bem, os estragos que todas essas investigações podem gerar. Outra questão é que os trabalhos dessa CPMI serão todos transmitidos ao vivo e a audiência já se mostrou grande desde o primeiro dia. Com isso, fica também demonstrado que a população não parece estar convencida das narrativas oficiais e faz questão de ver o fim de mais essa novela.

 

A frase que foi pronunciada:

“Pior que a rebelião é a coisa que causa a rebelião”.

Frederick Douglass

Gravura de Frederick Douglass, frontispício de My Bondage and My Freedom, 1855.

 

E ponto.

Qualquer discussão sobre alienação parental deve ser focada na instituição familiar. Infiltrar ONGs em defesa da mulher para tratar o assunto parece manobra para atender interesses escusos. Induzir ou interferir na formação psicológica da criança ou adolescente com opiniões pessoais sobre o ente familiar é digno de tribunal.

 

Higiene

Dá mais segurança para a população quando a vigilância sanitária mostra serviço visitando supermercados, saunas, restaurantes. Há muito o que fazer. Aliás, deveria mostrar também os que cumprem as regras.

Foto: Geovana Albuquerque / Agência Saúde

 

A se pensar

Há pelo menos 10 anos, o senador Paulo Paim fala no melhor aproveitamento do sistema hidroviário no país. A ideia adotada traria uma economia enorme por não haver necessidade de construção de estradas, obviamente e principalmente, diminuiria a ocorrência de acidentes.

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Ícone

Professor de inglês, teatro, jornalista e poeta, Alexandre Ribondi se recupera de longa internação hospitalar.

História de Brasília

Quem procura a Divisão Comercial do DTUI acha que o serviço está muito mal organizado e mal instalado. Fios dependurados, espichados pelo chão, mesas tumultuadas, falta de espaço, e tudo mais. Horrível. (Publicada em 20.03.1962)

Fundo Constitucional no fundo do poço

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Foto: Breno Carvalho / Agência O Globo

 

          São nas crises, quando o cinto tem que ser apertado, que a imaginação passa a ser exigida, como meio de buscar soluções com aquilo que se tem ao alcance das mãos. Quem preferiu acreditar que o tal arcabouço fiscal do governo, aprovado agora na Câmara dos Deputados, não traria surpresas desagradáveis para o chamado Fundo Constitucional do Distrito Federal, observa agora que o corte significativo nesse Orçamento vital para a capital, destinado às áreas de educação, saúde e segurança, foi muito além do aceitável.

          De fato, a bancada do DF na Câmara e no Senado, dormiu no ponto e só se deu conta dos estragos reais, na undécima hora, quando as chances de negociação estavam praticamente encerradas. Lula e nem seu ministro Haddad nutrem simpatias sinceras pela cidade. Por diversas vezes, deixaram escapar que Brasília não passa de uma ilha da fantasia no meio de um Brasil capenga.

          Por certo, nem um nem outro parecem entender o significado do FCDF e sua importância para manter a cidade, hoje com mais de três milhões de habitantes, dentro dos aspectos aceitáveis de urbanismo. A possível falência da capital para manter tão importantes áreas não irá recair somente sobre seus habitantes, mas terá um efeito dominó sobre outros setores, prejudicando o comércio, trazendo mais insegurança e um verdadeiro caos no sistema de saúde, além de uma maior precarização no ensino público. Fechando o ciclo desse desastre, as consequências irão atingir também todo o corpo diplomático, os deputados, senadores e todo o staff da República, que terá que se deslocar em meio ao caos. De fato, ninguém saíra ganhando com esse corte, nem mesmo o presidente que sonha em poder gastar sem limites, isento de quaisquer punições.

         Talvez sejamos levados a empreender esforços, além do imaginável, para repassar os custos desses cortes, para aquelas áreas mais aquinhoadas, acabando com gastos supérfluos nas mordomias dos ministros da Justiça, dos ministros de Estado, do Congresso, e mesmo com relação aos gastos exorbitantes da Câmara Legislativa e de outros setores onde os altos salários e privilégios custam muito ao contribuinte local.

          Pesa, sobremaneira, a possibilidade de Brasília vir a sofrer com incursões de grupos do crime organizado, que já estão hospedados na Papuda e em algumas áreas no entorno da capital. A situação é séria. Agora, que a maré vai baixar, é que poderemos ver quem estava nadando sem calção. É hora de mostrar a imaginação, acionar o pessoal ligado às finanças do GDF para buscar saídas que aumentem os tributos e contribuições do pessoal, que usa a capital para desempenhar suas funções. Alguém terá que pagar a conta. De nada adianta aumentar os impostos e outras taxas da população, porque essa medida trará ainda mais pobreza em cadeia. Caso as expectativas se confirmem com o Distrito Federal vir a perder algo em torno de R$ 87 bilhões nos próximos anos, diversos projetos e obras em toda a cidade serão comprometidos, com repercussões negativas sobre os índices de emprego. Interessante e preocupante é que, para atingir esses patamares de corte, que tornará a gastança do atual governo uma tarefa fácil, foi necessário, primeiro, desrespeitar uma lei de 2002, que obrigava esses repasses a partir da variação da receita corrente líquida da União.

         Engam-se aqueles que pensam que a capital possui privilégios que outros entes da União não têm. Esses repasses dão um mínimo de urbanidade e civilidade à capital de todos os brasileiros, tornado a segurança e o bem estar dos burocratas que vêm de longe uma possibilidade real.

 

 A frase que foi pronunciada:

“Se não existissem más pessoas, não haveria bons advogados.”

 Charles Dickens

Charles Dickens. Foto: britannica.com

 

Lástima     

         Para uma pesquisa com estudantes de SP, 94% dos entrevistados reconhecem que o retorno às aulas foi difícil em termos de participação e concentração. Acontece que alunos e professores seguem em distancia abissal no que se refere à tecnologia. Aqui em Brasília não foi diferente. Tanto em escolas públicas ou particulares, coube apenas aos professores criar aulas interessantes. Nenhum suporte foi dado.

Foto: Paula Resende/ G1 (g1.globo.com)

 

Gripe

         A onda de gripe em todo o país tem tudo a ver também com a falta de educação. Pessoas que tossem ou espirram em lugares fechados, sem proteger os outros, cobrindo vírus ou bactérias com as mãos, são os maiores responsáveis pela disseminação das doenças. O espirro certo é na dobra do braço. Só uma nova campanha do Sujismundo poderia ajudar a proteger os outros.

 

Memorial da Paz

Seis anos depois de a bomba atômica ter devastado Hiroshima, o reitor Tatsuo Morito, da universidade local, escreveu uma carta ao reitor da Universidade do Japão com o seguinte trecho em destaque: De modo que elaborei um plano destinado a “reverdecer” o campus da Universidade, transformando-o – da sua totalidade rubra e ferruginosa – num verde fresco e viçoso! Nada de vermelho, simbolizando luta e derramamento de sangue, mas verde, que é a cor do crescimento e da esperança…” Leia a íntegra a seguir.

–> Carta do reitor Tatsuo Morito,
reitor da Universidade de Hiroshima, Japão

UNIVERSIDADE DE HIROSHIMA
Cidade de Hiroshima, Japão
25 de janeiro de 1951

Prezado Senhor Reitor:

Na qualidade de reitor da Universidade de Hiroshima, situada no centro de Hiroshima, famosa em todo o mundo como “Cidade Atingida Pela Bomba Atômica” e designada, pela Dieta Japonesa, como “Cidade Comemorativa da Eterna Paz”, estou escrevendo a um grande número de universidades de todo o mundo. Assim, inclui especialmente em minha lista a vossa Universidade, a fim de solicitar vosso auxílio para a grande tarefa de reconstrução em que aqui estamos empenhados.

Desde que vim para esta Universidade, em abril do ano passado, tenho feito todos os esforços possíveis no sentido de rejuvenescê-la, transformando-a numa universidade da paz, como centro cultural e espiritual de uma cidade de paz.

Permita que me detenha um pouco em alguns dos meus assuntos pessoais. Imediatamente após o término das hostilidades renunciei à minha carreira acadêmica e entrei para a vida política. Participei do estabelecimento da nova Constituição do Japão, como membro da Câmara de Representantes e presidente do Comitê de Pesquisa Política do Partido Socialista. Como Ministro da Educação, nos Gabinetes Katayama e Ashida, estive ativamente empenhado na reforma drástica do sistema educacional japonês.

Foi, principalmente, pelas seguintes razões que renunciei ao posto de membro da Câmara de Representantes a ao meu partido político, a fim de tornar-me reitor desta Universidade:

1. Estava firmemente persuadido de que o estabelecimento de um Novo Japão dependia, fundamentalmente, da educação da juventude, isto é, da educação de um novo povo. Com o advento da era Meiji, o Japão lançou-se a notável revolução nos campos da política e da indústria, mas jamais teve verdadeiro renascimento ou reforma social, no sentido estrito da palavra, como os experimentados pelos povos europeus. O Japão necessita, acima de tudo, de uma revolução espiritual ou humana, que torne sólidas as bases de nossa nova Constituição;

2. A fim de criar uma cidade pacífica, nada é mais importante, para o povo de Hiroshima, do que alimentar pensamentos pacíficos, bem como o desejo de realizar uma paz permanente. Esses pensamentos basear-se-ão na lembrança, sempre presente, de uma cidade devastada por bomba, o que constituiu uma tragédia tão grave e eloqüente como jamais se teve notícia.

Penso que isso é tanto mais necessário quanto me lembro de que, desde meados da Era Meiji, Hiroshima foi um dos nossos principais centros militares. Julgo, pois, que a nossa Universidade tem a importante responsabilidade de ser um centro espiritual para a cidade. É extremamente urgente a realização dessa responsabilidade, mas é ela, também difícil de atingir-se, em vista da situação atual, tanto aqui no país, como no exterior.

Material e espiritualmente, o estabelecimento de uma Universidade de Paz constitui tarefa hercúlea, como o é a de manter o mundo em paz duradoura. Os cidadãos da cidade e da prefeitura de Hiroshima, apoiados pelo Governo Nacional e pela seção de Informação e Educação Civil, estão cooperando neste empreendimento. Devido, porém, às severas circunstâncias existentes no Japão, desde a rendição, tal trabalho se processa lentamente.

Além disso, creio ser esse, por si só, um projeto bastante significativo, por permitir que tantas universidades do mundo cooperem no estabelecimento de uma Universidade da Paz, numa cidade considerada, com tanta freqüência, como sendo a Meca do movimento mundial a favor da paz. É por essa razão que gostaria de solicitar a vossa assistência em prol da reconstrução da nossa Universidade. E essa cooperação, embora possa não representar muito, do ponto de vista econômico, será de profunda significação, do ponto de vista espiritual, ao contribuir para a compreensão internacional e a paz permanente do mundo. Será isso benéfico não apenas aos estudantes e professores da Universidade que recebe tal auxílio, mas também às universidades que o oferecem.

Sei, contudo, que, em todos os países, nem sempre as Universidades dispõem de verbas amplas para a sua própria manutenção, de modo que desejo acentuar mais o caráter de assistência moral e de encorajamento que tal auxílio representaria do que o significado das contribuições materiais. Apreciaria muitíssimo se aceitásseis uma das duas sugestões seguintes, ou ambas:

1. Desejo estabelecer, em nossa Universidade, um instituto de pesquisas de problemas relacionados com a paz internacional. Como fase inicial desse programa, pretendo reunir livros e publicações relativas aos problemas da paz. Esta é também uma tarefa gigantesca para a Universidade de Hiroshima, a qual, durante a guerra perdeu completamente a sua biblioteca central, bem como todo o seu acervo de obras. Desejo vossa ajuda nesse empreendimento. Ficaria muitíssimo satisfeito se a vossa Universidade nos enviasse um livro, ou folheto – quanto mais, naturalmente, melhor – considerado de valor pela vossa Universidade ou digno de nota pelo vosso país. Faremos neles uma inscrição com o nome de vossa Universidade, em memória de nossa boa vontade, conservando-os permanentemente na “biblioteca internacional da paz” de nossa Universidade. A leitura desses livros e, com efeito, a sua própria existência em nossa biblioteca, creio eu, criará e manterá, indubitavelmente, uma atmosfera de amizade internacional, de acordo com os sentimentos que prevalecem na Universidade da Paz.

Nossa Universidade consiste de faculdades que abrangem os campos da Literatura, Economia-política, Educação, Ciências, Engenharia, Pesca e Criação de animais. Se, portanto, vossa Universidade possuir, além de livros referentes a problemas da paz, quaisquer obras disponíveis nesses campos de estudo e puder reservá-los para nós, isso seria grandemente apreciado.

2. Gostaria de pedir a vossa cooperação no plano de “reverdecimento” de nossa Universidade. Fui tomado de surpresa, quando vim para Hiroshima pela primeira vez, após o término da guerra, ao ver os edifícios meio construídos da Universidade ao meio da paisagem nua e desolada, destituída de uma única árvore de folhas verdes, exatamente como se encontravam outras partes da cidade. De modo que elaborei um plano destinado a “reverdecer” o campus da Universidade, transformando-o – da sua totalidade rubra e ferruginosa – num verde fresco e viçoso. Nada de vermelho, simbolizando luta e derramamento de sangue, mas verde, que é a cor do crescimento e da esperança, pois creio que essa deveria ser a cor da nossa Universidade.

Gostaria de pedir-vos que nos auxiliásseis, também, nesse programa. Levando-se em conta que milhares de alunos que estudam em nossa Universidade (pois há nela 4.500 alunos) observarão que a árvore sob cuja sombra estiveram descansado foi enviada através da boa vontade da universidade “A”; que a alameda ao longo da qual estiverem caminhando foi plantada mediante as dádivas das universidades “B” e “C” e que as cercas vivas, cobertas de lindas flores, são um símbolo da amizade da universidade “D”, é fácil de imaginar-se a nova inspiração, para a amizade internacional, que disso poderá resultar. Acaso não seria isso mais poderoso do que milhares de palavras ou uma série de discursos destinados a cultivar o espírito de amor na mente dos estudantes?

Alimentando tal sonho em meu espírito, rogo-vos nos envieis uma pequena árvore que caracterize o vosso país ou a vossa universidade. Contudo, nas atuais condições, isso poderia ser, de certo modo, difícil. Caso fosse impossível, algumas sementes da mesma árvore poderiam substitui-la. Quanto a nós, faremos o melhor possível, para as semear e cultivar. Se mesmo isso não for possível, poderíamos procurar uma pequena árvore, aqui em Hiroshima, de acordo com vosso desejo e com a verba que para isso destinardes. Neste caso teria de enviar-nos uma soma em dinheiro, correspondentes a três dólares americanos, para cada árvore e a respectiva tabuleta, mostrando o nome do doador. Ser-nos-á de grande auxílio se a espécie da árvore for indicada. Se a árvore por vós indicada não puder suportar o clima ou o solo de Hiroshima, permitiríeis que escolhêssemos uma outra que a substituísse, de acordo com o conselho de nossos professores especializados em horticultura? A árvore que acaso pudésseis dar, seria longamente lembrada pela tabuleta a ela apensa, com o nome de vossa Universidade, junto ao da própria árvore.

Em vista da crítica situação internacional, desejo caminhar na direção do slogan “Nada de novas Hiroshimas”. Para isso, peço vossa assistência, no sentido de criar-se esta Universidade não só como uma universidade da paz, mas, também, como centro espiritual para a “Cidade Atômica da Paz”.

Com os meus melhores votos para a prosperidade de vossa Universidade e a difusão do espírito de amor à paz, espero que se iniciem uma ligação cordial e um espírito de cooperação entre a vossa Universidade e a nossa.

Sinceramente vosso,

Tatsuo Morito
Reitor da Universidade de Hiroshima

História de Brasília

Quem procura a Divisão Comercial do DTUI acha que o serviço está muito mal organizado e mal instalado. Fios dependurados, espichados pelo chão, mesas tumultuadas, falta de espaço, e tudo mais. Horrível. (Publicada em 20.03.1962)

Às favas com relatórios

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Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Blocos de exploração localizados na bacia sedimentar da foz do amazonas — Foto: Divulgação/Ibama

 

          Não é novidade para ninguém que a observância das leis é pressuposto básico para o estabelecimento da paz social. Sem essa condição, o que se tem é o caos. Em nosso caso particular, e em detrimento da harmonia, as leis parecem ter sido criadas justamente para serem modificadas ou, simplesmente, afrontadas. Quando a lei dos mais fortes se sobrepõem às demais, dando direito a uns e subtraindo de outros, o que se tem é a barbárie.

          Esse parece ser o caso envolvendo a queda de braço entre a Petrobras e os órgãos de defesa do meio ambiente, mormente o Ibama, que, em parecer técnico, já negou a autorização para que a estatal do petróleo inicie a prospecção de jazidas desse mineral na foz do Amazônia. O mundo observa, com grande apreensão, essa possibilidade, justamente por causa do delicado equilíbrio ambiental que cerca toda essa área.

         A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, já deixou clara sua posição contrária a essa exploração, pelos sérios riscos que essa atividade trará para essas localidades. Em caso de vazamento de óleo, o que é uma possibilidade sempre presente nessas atividades, os desastres ambientais poderão ser de grande monta, comprometendo todo esse frágil ecossistema.

          O presidente da República já adiantou que não irá levar, ao pé da letra, os pareceres técnicos elaborados pelo Ibama. Também o presidente da estatal, Jean Paul Prates, vem fazendo pressão para que essa exploração se inicie o quanto antes. Não chega a causar espanto o fato de que os pareceres técnicos elaborados pelo Ibama são, na maioria das vezes, deixados de lado, quando o que está em jogo são interesses econômicos de grande monta.

          Quem quiser fazer uma retrospectiva, nesses últimos anos acerca dos pareceres técnicos sistematicamente desprezados pelo governo, verá que o Ibama e outros órgãos de defesa do meio ambiente não são levados a sério, justamente por contrariar expectativas. A Usina de Belo Monte é um exemplo vivo dessa falta de respeito com nossos biomas. O discurso é sempre o mesmo: “quem mora na Amazônia tem direito a ter os bens materiais que todo mundo tem.” Afirmou, recentemente, o presidente, para quem a região não deve ser transformada em um santuário.

          Outro que defende o projeto de exploração naquela área é o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Segundo ele, o pseudo risco não deve impedir essa exploração. Causa surpresa que o atual presidente da República tenha uma visão baseada apenas em lucros imediatos, quando se observa que, ao longo de toda a sua campanha, a questão da proteção do meio ambiente sempre foi explorada exaustivamente. Não foram poucas as vezes que o atual presidente criticou ferozmente seu antecessor, a quem acusava de desprezar a Amazônia.

         Pelo o que se tem visto até aqui, é certo que a Petrobras irá vencer essa queda de braço, o que pode contribuir para maior enfraquecimento do Ibama. Também é esperado que, caso a Petrobras venha, de fato, explorar óleo na Foz do Amazônia, a ministra Marina pegue, mais uma vez, seu boné e deixe o governo.

 

O que Lula disse sobre a Amazônia?

“Não quero transformar a Amazônia em um santuário da humanidade”

Lula, em abril 2023

Presidente Lula. Foto: REUTERS/Adriano Machado

 

Mais cimento

Animado, Marcelo Vaz, do Desenvolvimento Urbano e Habitação, comemora novo parcelamento do solo no Jardim Botânico. Quando a ocupação é regular, os empreendimentos nascem com infraestrutura, pontuou o Secretário.

Marcelo Vaz. Foto: Agência Brasília

 

Lástima

Pelos impostos pagos pela população, não é justificativa plausível piorar o sistema de saúde por cortes de verbas. Queda da receita é uma resposta completamente absurda. Deputados e senadores que destinaram verbas à saúde de Brasília devem cobrar o destino das altas cifras. O desrespeito com os pacientes da rede pública hospitalar vão desde a falta de leitos até anos de espera por cirurgia.

Foto: Raquel Morais/G1

 

In memoriam

Nossos sentimentos à família de Gervásio Cardoso, pioneiro na construção da cidade e parceiro de Oscar Niemeyer. Foi arquiteto, urbanista, paisagista e artista plástico, com graduação na primeira turma de Arquitetura da Universidade de Brasília, em 1968.

Foto: Reprodução

História de Brasília

Comerciantes sem escrúpulos continuam se abastecendo no supermercado, em prejuízo das donas de casa. A retratação de quantidade para certas mercadorias seria uma medida honesta e justa dos supermercados. Generos mais disputados: azeite estrangeiro, arroz e carne. (Publicada em 20.03.1962)

Futuro do pretérito

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Deltan Dallagnol. Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

 

Tem razão o ex-procurador e agora deputado cassado pelo TSE, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), quando afirma que o que estamos assistindo, com esse episódio, é nitidamente “a transposição da força do Direito para o direito da força, para o arbítrio e para o uso da vontade pessoal.” Não tem como não acreditar que estamos vivendo um período rico em material para análise histórica posterior, mas de grande aflição e incertezas para a nação, pois a justiça, no entendimento médio da população, passou a ser apenas aquilo que entende e sai da cabeça dos magistrados.

É a justiça subjetiva, apoiada por cacos do Direito. O mais curioso nessa cassação relâmpago, preventivamente ensaiada pela corte eleitoral, foi que o relator do processo de cassação, Benedito Gonçalves, aquele da frase famosa: “Missão dada é missão cumprida”, fez uma espécie de catada geral de todos os documentos onde aparece o nome o ex-procurador, para formular e dar maior volume a seu parecer esdrúxulo. A começar por afirmar que “em decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal. Vide, exemplificativamente, o acórdão proferido no HC nº 164.493/PR julgado pela 2ª Turma do STF em 23/03/2021, que reconheceu a suspeição do ex-Juiz Sérgio Moro em razão, dentre outros motivos, de mensagens que indicavam ‘cooperação espúria’ do então chefe da força-tarefa Deltan Dallagnol com Sérgio Fernando Moro na condução dos processos visando a construção de um ‘projeto de poder'”.

Falou ainda da rejeição de contas do procurador feita ao TCU, sob a fraca alegação de que o profissional teria feito pagamentos irregulares de diárias, passagens e gratificações a membros do MPF, durante a Operação Lava Jato. Operação, aliás, que recuperou bilhões de reais aos cofres da União. Esqueceu-se de dizer que, nessa ação, o TCU foi instado a agir contra o procurador por políticos que estiveram na mira dessas investigações, inclusive parlamentares que queriam controlar o Congresso e foram prejudicados com revelações feitas por Dallagnol.

Mais um relato dizia ainda que o procurador teria cometido várias ilegalidades no âmbito da Lava Jato, o que é verdade apenas na cabeça de alguns ministros do Supremo, incomodados com o grande apoio público recebido pelo procurador nessa ocasião. O mais surpreendente, e que talvez possa provocar uma reviravolta nesse processo teatral de cassação, é que o relator chegou a inaugurar uma espécie de novíssimo Direito, ou Direito calcado no tempo verbal do futuro do pretérito, em que o réu passa a ser condenado a partir de pressuposições futuras, do tipo, “Há de se cogitar a factível tese de que o Recorrido teria se exonerado ainda em novembro de 2021 porque tinha plena ciência do risco da punição disciplinar que poderia levá-lo à pena de demissão do Ministério Público Federal.”

Ao longo de todo o voto do relator, a figura do futuro do pretérito aparece, demonstrando, assim, não só a inegável capacidade de imaginação jurídica do ministro, mas a apontando que ele já sabia, de antemão e por uma bola de cristal, o que o acusado iria fazer, mesmo sem ter feito. A situação lembra muito o chefe da Polícia Secreta da antiga União Soviética, durante o Governo de Stalin, Laurentti Beria, que costumava bradar aos quatro ventos: “Mostre-me um homem e eu lhe mostrarei o crime.” Como o futuro do pretérito expressa sempre uma incerteza, uma surpresa ou mesmo indignação de algo que poderia ter ocorrido, a emboscada aqui fica por conta dessa cassação, que, sem dúvida alguma, entrará para a história do judiciário como uma peça infame a provar que os tempos trevosos podem retornar ajudados sempre pelo silêncio da maioria.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“São 3 as espécies de brasileiros no atual momento: os mártires, os déspotas e os covardes.”

Maghda Désia

 

Professores

Foi em entrevista com o jornalista Orlando José Pontes que o então candidato Ibaneis prometeu aumentar o salário dos professores. Com as imagens resgatadas, os mestres cobram o cumprimento da promessa.

Governador Ibaneis Rocha. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

 

Desamparo

Cães violentos que os donos teimam em não colocar focinheira atacam crianças, adultos e outros cachorros. A situação em Brasília não é vistoriada e, apesar do imediatismo das mídias sociais, não há canais para a comunicação em tempo real com as autoridades para as devidas providências.

Foto: Divulgação/Brasília Ambiental

 

Dor

Cada vez mais presente nos consultórios e clínicas de fisioterapia, a síndrome do pescoço de texto passa a ser a deformação mais recorrente da coluna vertebral pelo tempo em que o pescoço precisa suportar a cabeça baixa para acompanhar as informações trazidas pelo celular. Veja o artigo de Kenio Almeida Magalhães, no link: VOCÊ CONHECE A SÍNDROME DO PESCOÇO DE TEXTO?.

 

História de Brasília

Na superquadra 305, então, o problema é muito mais sério, e bem que cabia ao presidente do IAPI um estudo a respeito. Aliás, quando de sua última viagem a Brasília, estava programada uma visita à 305, que não sabemos por que, foi cancelada. (Publicada em 20.03.1962)

Canção de ninar

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Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

 

         Das muitas questões a serem resolvidas pela equipe do atual governo, a mais urgente e que tem tirado o sono de seus auxiliares parece ser a que permitirá, ao mandatário, gastar o máximo possível dos recursos públicos, a fim de garantir que as velhas políticas assistencialistas mantenham sua base fiel de apoiadores, mesmo que isto leve, a médio prazo, ao retorno de uma recessão econômica.

         Todo o plano e metas do atual governo se resumem na busca por brechas que facilitem ações populistas imediatas, de modo a reverter os baixíssimos índices de aprovação de sua gestão. Não há plano de governo para o desenvolvimento do país. O plano é “ele”. Dito dessa forma seca e sem “arrodeios”, o que se busca tornar oficial e com chancela do Congresso é a ordem para gastar. A chancela do Congresso é importante nessa estratégia porque dilui a responsabilidade pela má gestão dos cofres públicos entre Executivo e Legislativo, retirando, da figura do mandatário, maiores ônus.

         Em caso de sucesso dessa fórmula, o que parece quase impossível, os louros são apenas ‘dele’. Em caso de fracasso, a responsabilidade por engenhosidades fiscais será de todos. É o tal do risco zero. Caso toda a manobra desabe, recorre-se à troca da equipe ministerial, dentro da tradicional mudança ministerial, e tudo seguirá sua marcha. É um Déjà-vu tremendo, mas que, por conta da pouca ou nenhuma memória das elites no poder, será realizado mais uma vez. Alertar para os riscos dessas medidas, já testadas e ruinosas, de nada adianta. Trata-se de um script que não permite alternativas racionais. É esse o modus operandi e quem não aderir tem que pegar o boné e partir.

         Para os brasilienses, esse conjunto de ações, descritos no tal arcabouço fiscal, poderá ser prejudicial, pois irá retirar recursos preciosos do Fundo Constitucional do Distrito Federal, prejudicando os setores da educação, saúde e segurança. Na realidade, todas as áreas, dentro do imenso organograma do país, e que dependem dos recursos do Tesouro, terão que dar sua contribuição para ajudar o governo a gastar politicamente. Cortes terão que ser realizados. Impostos, taxas e outras contribuições serão elevadas.

          A transferência de recursos de umas áreas para outras se fará de modo automático e sem contestações. Com esse aspirador gigante, o governo irá sugar recursos onde quer que eles estejam. A questão toda se resume em encontrar, dentro da matemática e dos números da economia, os meneios que possibilitem demonstrar, racionalmente, como toda essa mágica será realizada.

         Alheio à essas questões e de olho em seus próprios interesses internos, o Congresso aprova a urgência da matéria, sem submetê-la ao escrutínio das Comissões e sem a peneira das discussões públicas. Tudo feito à toque de caixa. Vai que alguém descobre inconsistências sérias no arcabouço e todo o conjunto desabe?

         Numa análise mais tranquila, nada disso requer medida de urgência. Urgência é a apresentação de um conjunto de medidas, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, e que foi esfrangalhada para atender imediatismos injustificáveis. Urgente é o estabelecimento de programas e leis econômicas que sirvam não apenas a esse ou aquele governo, mas que valha para o futuro da nação. O resto é canção de ninar para a boiada dormir.

A frase que foi pronunciada:

“Hoje, a voz da política infantil populista é amplificada pelas mídias sociais, permitindo que os ignorantes reivindiquem igualdade com os informados.”

Ece Temelkuran, Como Perder um País: Os 7 Passos da Democracia à Ditadura

Foto: Divulgação

 

Bom passeio

Bastante elogiada a administração do Parque Olhos d’Água, criado graças à mobilização dos moradores da Asa Norte. Bem organizado, com seguranças, iluminado, com atividades diversas.

Parque Olhos D’água. Foto: Divulgação

 

Solução big techs

Em relação à responsabilidade das publicações na Internet, parece um problema bastante simples para manter a democracia. O direito à opinião é garantido, mas deve ser de responsabilidade do emissor. Para fazer parte da Internet, a identificação similar à abertura de contas em bancos virtuais resolveria a questão da autoria. Foto segurando a identidade. Toda opinião tem que ser assinada.

Foto: urbe.me

 

Filé

Apesar de a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação já prever as aulas de música, as escolas públicas preferem ignorar. Enquanto isso, a Cia de Cantores Líricos de Brasília leva o projeto Ópera Nas Escolas para regiões administrativas e do entorno. O grupo está aberto a agendamentos para apresentações em centros de ensino. As apresentações são gratuitas.

História de Brasília

As firmas que estão construindo as superquadras 305 e 306 não querem entregar os apartamentos agora, porque estão pedindo reajustamento. (Publicada em 20.03.1962)

Melhor nem pensar

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Foto: ©Lula Marques/ Agência Brasil

 

          Pensar no futuro do país tornou-se hoje um exercício impossível. Muito mais difícil ainda é pensar nas próximas gerações, quando nos vemos diante de uma realidade atual que muda tão depressa, que mal temos tempo de refletir sobre suas causas e efeitos. O homem é o único animal sobre o planeta que evoluiu ao ponto de se tornar capaz de, mentalmente, projetar-se no futuro. Prever novas condições, antever obstáculos e traçar estratégias de sobrevivência. Foi essa característica especial que deu, à nossa espécie, a capacidade de enfrentar as hostilidades de um mundo agressivo, prevendo cada passo à medida que se transportava para o por vir.

         Com essa ferramenta da mente é que o homem encontrou o caminho certo para sua perpetuação na face da Terra. Quando essa capacidade de previsão é interrompida ou cessada, por qualquer motivo que seja, a sobrevivência da espécie passa a correr séria ameaça. Quando deixamos de pensar no futuro do país, ele simplesmente deixa de existir a passa a obedecer às forças da inércia e do acaso, transformando-se, na maioria das vezes, naquilo que não queríamos e nem desejamos para as próximas gerações.

         A questão é simples e se resume à pergunta: que futuro estará reservado para o país, quando assistimos a atuação ruinosa que está perpetrando? Se formos tomar o Brasil do futuro pelo que temos diante de nossos olhos, a coisa será feia.

         Nesta semana, nossos representantes com assento no Congresso promoveram uma anistia geral e surpreendente para os partidos, unindo, fraternalmente, legendas antagônicas, apenas para decretar o perdão, na prestação de contas dos bilhões desviados e mal explicados, oriundos dos fundos partidários e eleitorais. As vozes roucas das leis. Para aquela pequena minoria que ousa caminhar na estrada da ética, opondo-se aos desmandos, o que resta são ameaças e cassações. Quando as salvaguardas legais se transformam em armas e são usadas, sem disfarces, por vingadores, o respeito cede lugar ao medo e as leis perdem sua alma.

         Que futuro pretendemos desfrutar, quando se assiste ao CNJ decretar o fim dos manicômios judiciários, colocando, de uma só vez nas ruas, milhares dos mais temidos e psicóticos criminosos? Que futuro é esse que nos espera, quando sentenças pesadas de crimes são revistas e anuladas? Quando os saidões de presos aumentam a insegurança e a impunidade? As interrogações são muitas e fazem, de nosso futuro, um tempo incerto e um lugar que, com certeza, não desejamos vir a estar.

         Para aqueles que temiam com a possibilidade de o país vir a assistir a um novo fechamento político, semelhante ao acorrido em 1964, com a intervenção dos militares, decreto de sítio e outros instrumentos de força, pondo em suspenso a ordem institucional, a boa notícia é que nada disso ocorreu e o Brasil segue como sempre: deitado eternamente em berço esplêndido.

         Quem esperava que as forças revolucionárias viriam, pela terra, pelo céu e pelo ar, armadas de fuzis e canhões, esperou em vão. Não se faz mais revolução como antigamente. Soldados armados não são mais necessários, quando revoluções podem ser facilmente detonadas a partir de gabinetes refrigerados, sem a violência das armas e sem os incômodos estampidos de pólvora. Os canhões foram substituídos por canetas modestas, mas com infinito poder de fogo, capazes de aniquilar os inimigos do sistema com um simples traço no papel. As revoluções armadas cederam lugar à revolução burocrática dos papeis. Obuses, granadas e minas terrestres perderam a validade. Quem comanda agora essa nova revolução são decisões, despachos, leis, decretos, portarias e outros variados instrumentos de escritório, todos devidamente assentados em papel com selo d’água e chancelados por dezenas de carimbos oficiais.

         A má notícia é que o Brasil do presente já está imerso numa espécie de 64 com os sinais ideológicos trocados.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Vamos compreender melhor o que diz respeito à equidade, pois se a liberdade é o cume, a equidade é a base; (…) civilmente, ela é todas as aptidões tendo iguais oportunidades; politicamente, todos os votos tendo o mesmo peso; religiosamente, todas as consciências tendo direitos iguais.”

Victor Hugo, Os Miseráveis

Victor Hugo. Foto: wikipedia.org

 

Incrível

Estranhamente, o brasileiro pode ter 27 carteiras de identidade, cada uma com um número diferente e cada uma feita em um estado brasileiro. Se buscar o setor de identificação para confeccioná-la em seu estado, os outros estados não se comunicam.

Foto: Evandro Leal/Enquadrar/Estadão Conteúdo

 

Roteiro

Hoje estreia o filme As Órfãs da Rainha, no Cine Brasília, às 20h. Fica em cartaz por mais alguns dias.

 

História de Brasília

Candango de um bom gôsto foi aquele que armou um barraco em frente à superquadra Rio de Janeiro, da Graça Couto. É o único barraco localizado no Eixo Rodoviário, e o bom gôsto fêz com que os fundos ficassem para as superquadras, e a frente para a pista de alta velocidade… (Publicada em 20.03.1962)

A pantomima do esqueleto

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Charge do Clayton (O Povo)

 

          Arcabouço, que os dicionários definem como estrutura óssea para dar sustentação aos animais vertebrados, seria, na nova versão apresentada agora pelo relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), o esqueleto econômico da tão esperada atual política econômica no Brasil. Seria porque é certo que ele será modificado no Congresso. Prestes a completar seis meses de governo e em meio às turbulências políticas e institucionais que o país atravessa, por conta, justamente, da falta de projetos e de previsões mínimas de gestão, o que se tem, de fato, nesse momento, são ainda promessas de cumprimento de metas, colocadas num papel para dar algum sentido à atual gestão.

          Para aqueles que observam de longe toda essa cena, a apresentação do esqueleto econômico do governo se dá nesse momento, porque se deveria, até por experiência própria, ter apresentado um plano coerente para o país, mas o partido não cuidou desse “detalhe”, confiando apenas no tino político do chefe do Executivo, de que tudo seria ajeitado no devido momento.

         Uma vez mais, reinstalados no Palácio do Planalto, descobriram que a realidade era bem mais complexa e mais difícil do que supunham e que a solução para esses problemas distava milhares de quilômetros de qualquer avaliação precipitada. Para o chefe do Executivo, esse era um desafio que deveria ser cumprido por seus auxiliares, ocupado que estava e está com sua agenda internacional, que a oposição já identificou como um prolongamento de sua lua de mel, bancada pelos cofres públicos.

         O que parece que realmente interessa é que esse esqueleto erguido agora permita que sejam tirados nacos de carne do corpo da União, sem que isso provoque a morte do escalpelado. Preocupa, sobretudo ao presidente, que essas novas regras tragam, em suas linhas gerais, normas que impeçam que ele seja punido com um impeachment, como aconteceu com a ex-presidente Dilma, em caso de novas pedaladas fiscais.

         A responsabilidade fiscal, regra básica para a administração dos recursos públicos e que anteriormente punia com exatidão os maus gestores, foi, e não poderia ser diferente, deixada de lado. Em caso de a gastança, ir além das metas previstas, os punidos, dessa vez, não serão os políticos perdulários, mas os servidores públicos e os aposentados que poderão ficar sem a correção de seus rendimentos frente à inflação. Mesmo que afirme que o Bolsa Família e o salário mínimo ficarão protegidos, não há segurança efetiva de que essa intenção será mantida até ao final do governo.

         Até mesmo o pedido de votação de urgência, feito por lideranças governistas, indica a possibilidade de que o PLP 93/2023 passará pelo Congresso como um trem bala carregado de intenções de gastos e indiferente à sustentabilidade fiscal e à desaceleração econômica do país prevista para o próximo ano. Os economistas mais realistas estão prevendo é que a proposta terá, como resultado final, uma soma igual a zero, com efeitos praticamente nulos nas contas do país. Para um governo que começou mal, sem planos ou projetos de gestão, a implosão do teto de gastos, em mais de R$ 200 bilhões, apenas para fazer cumprir promessas de campanha, o arcabouço atende tão somente à pressão imediata da realidade, contornando o problema dos gastos, mas não resolvendo a questão econômica do Estado.

         Nesse ponto, a questão toda se resume à volta da responsabilidade nos gastos públicos, para evitar que o mal, que assola hoje países como a Argentina, não se repita também no Brasil. Houvesse apenas a intenção de cumprir regras já estabelecidas e que deram certo no passado, toda essa pantomina aflitiva perderia razão de ser.

 

A frase que foi pronunciada:

“O teto de gastos sociais está sendo mantido no ‘arcabouço fiscal ’para privilegiar o pagamento de uma chamada dívida pública nunca auditada.”

Maria Lucia Fattorelli

Maria Lucia Fattorelli. Foto: Sindicontas/PR

 

Ritmo

Interminável, a obra da W3 tem causado transtorno todos os dias em horário de pico. Não se veem os homens trabalhando sábado, domingo ou feriados para adiantar o final dessa obra.

Fotos: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

 

Frei João Benedito

Extremamente ativo, o reitor e responsável pela Basílica Santuário São Francisco de Assis deixou o coração dos fiéis entre o susto e a devoção. Foi uma separação repentina, o que traz mais dor. Mas basta pensar na agitação do frei João Benedito, seus planos e concretizações, sermões e aulas, que os que têm fé logo ficam aliviados da tristeza, por saber que uma pessoa tão querida certamente está em um lugar especial.

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

 

Pesquisas científicas

Há vários trabalhos arquivados bastante interessantes, na Universidade de Pernambuco, sobre vacinação e anencefalias. Foi mais ou menos em 2011 que o STF autorizou o aborto nesses casos.

Foto: STF/Divulgação

 

História de Brasília

Candango de um bom gôsto foi aquele que armou um barraco em frente à superquadra Rio de Janeiro, da Graça Couto. É o único barraco localizado no Eixo Rodoviário, e o bom gôsto fêz com que os fundos ficassem para as superquadras, e a frente para a pista de alta velocidade… (Publicada em 20.03.1962)