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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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O seriado transmitido pelas TVs nos anos setenta, intitulado Kung Fu, estrelado pelo ator David Carradine, mostrava, logo durante a abertura, que, dentre os desafios para a preparação de um jovem monge Shaolin, era preciso caminhar com leveza e destreza sobre finíssimas e delicadas folhas de papel de arroz sem danificá-las.
Guardadas as devidas diferenças entre ficção e realidade, essa parece ser também a faculdade principal que terá que ser desenvolvida pelo atual presidente da República, se quiser chegar incólume ao fim do mandato e com alguma chance de vir a disputar o próximo pleito ou fazer, quem sabe, um sucessor.
Pelo muito que se tem visto, lido e ouvido sobre o novo chefe do Executivo, Bolsonaro tem atraído a sua volta uma multiplicidade de forças e ações políticas que diuturnamente conspiram para seu fracasso, oposição ao Brasil sem privilégios. Das oposições dentro do Congresso, passando pelo Ordem dos Advogados do Brasil, UNE, parte do judiciário, universidades, movimentos de proteção ao meio ambiente, movimentos LGBT e outros, todos miram seus canhões contra o presidente, acusando-o, inclusive, pela derrocada nos índices da economia que herdou de outros governos.
Com tanta gente torcendo contra, e devido à fragilidade política do momento atual, com a reorganização das forças de uma contrarreforma, visando a manutenção do antigo status quo, é lícito afirmar que Bolsonaro caminha literalmente sobre finas folhas de papel de arroz. A aumentar ainda mais essa tensão, é sabido que o presidente, por diversas vezes parece colocar a língua na frente do cérebro, falando e afirmando certos desejos, que depois se vê obrigado a corrigi-los ou ajustá-los à realidade.
Num cenário como esse, a situação do atual mandatário pode ainda ser agravada se, por uma dessas tramas do destino, o ex-presidente Lula vier a ser solto. Tendo como demonstrativo uma entrevista dada na prisão que nada reverberou, pode ser que, nesse caso, ele comece a perceber que o tempo petista chegou ao fim. Ou pode acontecer que caia numa depressão, ou mesmo (Deus nos livre!) venha a falecer. Numa situação como essa, que não é nada impossível, dada a idade do ex-presidente e as condições de indivíduo com restrições, isolamento e outras fatores negativos, o caldo pode entornar de vez, com as forças do atraso criando uma nova narrativa de que Lula, doravante transformado em mártir, teria sido vítima dos fascistas ou outra versão qualquer.
O que pode à primeira vista parecer ficção, acaba de acontecer no Egito, agora com o falecimento de Mohamed Morsi, primeiro presidente democraticamente eleito, depois da Primavera Árabe de 2011, e preso dois anos depois. Morsi era um dos líderes da Irmandade Muçulmana, movimento com forte adesão dos clérigos daquele país. Sua morte num tribunal pode, segundo analistas, deflagrar novas ondas de protesto no país.
É necessário salientar que Bolsonaro herdou não só a recessão econômica legada pelos governos petistas. De quebra, herdou também a prisão de seu maior líder, colocado na cadeia por seu atual ministro da justiça. Todo o cuidado nesse caso parece ser pouco, até mesmo lavar as mãos para um fato que parece dizer respeito somente ao judiciário.
A frase que foi pronunciada:
“Um dia eu fui trotskista e um dia eu rompi com o trotskismo e com o marxismo, por imaginar, ou, por chegar à conclusão de que o marxismo se acredita dono do futuro. E a crença de que você tem a chave da história, de que você sabe o que vai acontecer e o que deve acontecer no futuro é uma crença fundamentalmente totalitária. Porque se você sabe, e os outros não, para onde se dirige a humanidade, então você tem a justificativa pra calar os outros.”
Demétrio Magnoli, jornalista e geógrafo
Tormento
Quantas vezes os consumidores brasileiros são surpreendidos pelo toque do celular onde, do outro lado, telemarketing ou mesmo robôs vendem produtos, insistem em novos pacotes. Muito desagradável e as reclamações não surtem efeitos. Isso começa a mudar pelo mundo.
Apoio
Nenhuma agência do governo protege ligações de marketing contra os consumidores. Pelo contrário, o governo dá os passos para que os consumidores se protejam. Desligar o telefone imediatamente, não tocar em nenhum número durante a gravação e compartilhar a experiência com o portal do Escritório de Proteção ao Consumidor, FTC. A gravação do áudio é feita por Kati Daffan e isso acontece nos Estados Unidos.
A vingança
Mesmo com esse apoio, parece que as empresas de telemarketing ultrapassam todos os limites, inclusive das leis. Está a caminho dos consumidores mundiais um contra robô. Uma nova máquina que responde às insistentes perguntas: Jolly Roger Telephone. Veja a seguir como a máquina faz o atendimento por você, para terror dos atendentes!
Acesso ao canal: Jolly Roger Telephone Co
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Como não podia deixar de ser, quem planejou não pensou na extensão da plataforma, e pôs alto falantes somente para os que estavam próximos ao palanque. (Publicado em 23/11/1961)
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Um dos fenômenos que vem chamando muito a atenção de sociólogos e outros estudiosos do comportamento das sociedades modernas, não só no Brasil, mas em todo o mundo ocidental nessas últimas décadas, é quanto ao processo acentuado de infantilização dos seres humanos. Por detrás desse acontecimento hodierno, se encontram razões que vão desde o prolongamento na expectativa de vida das pessoas, decorrentes dos avanços da medicina, novos hábitos alimentares, aumento das atividades físicas e recreacionais, indo até ao incentivo da indústria tanto de produtos como de ofertas, e oportunidades de lazer infinitos.
No nosso caso particular, entra nessa composição o fato de que, por nossa formação histórica, o Estado, esse demiurgo moderno, sempre foi encarado como uma espécie de pai, a quem cabe a missão de cuidar dos cidadãos, no bom e no mau sentido. Não seria de nada ruim se, nesse fenômeno que parece manter as pessoas presas na infância, fosse acompanhado também pelo sentido de pureza das crianças, num reino onde o mal não teria oportunidade de se manifestar.
Ocorre, no entanto, que esse evento extra temporal vem não apenas permeando toda a vida social e política da nação, como influenciando de forma bastante negativa no processo de desenvolvimento de nosso país. Ficamos presos ao atraso quando nosso sentido de direção nos aponta para o passado. Da mesma forma ficamos inertes quando, durante o processo eleitoral, ficamos no aguardo de um super-herói que emergirá das urnas para resolver todos os nossos problemas, desde um desentendimento com o vizinho do lado até problemas mais complicados como uma reforma do sistema de aposentadorias.
Com isso, vamos adquirindo cada vez mais um medo do que está por vir. Quem acompanha a atividade política diária, com os bate bocas entre as autoridades, a troca de mensagens desaforadas ou mesmo a atuação embirrenta das oposições, desconfia, logo de cara, de estarmos revendo uma briga entre crianças pela posse de um brinquedo.
Mesmo os discursos em plenário, por suas interjeições, pouco se diferenciam dos alaridos infantis. Elegemos políticos que na vida real são palhaços, animadores de auditório, atores de filmes pornô, estrelas do show business, campeões de Big Brother e outros personagens do mundo de animação, na ilusão de estender, para a vida pública, a pretensa alegria descontraída encontrada nesses personagens que povoam nossa fértil imaginação.
Diversos artigos e livros sérios têm sido escritos sobre esse fenômeno. O curioso é que, em todos eles, o resultado final que analisa esse evento sui generis de “homens-meninos” aponta para uma saída bastante preocupante para o futuro das sociedades atuais. A birra e a imaturidade intelectual de um líder, que tenha sob seu comando o botão nuclear, pode numa dessas hipóteses de infantilidade, pulverizar parte do globo. Do mesmo modo, a pouca maturidade de nossas lideranças políticas atuais, suas intrigas e mesmo as brigas físicas, comumente presenciadas em público, pode nos custar não apenas uma saída do atraso e do subdesenvolvimento, como retardar um futuro que necessitamos para amadurecer.
A frase que foi pronunciada:
“A vida intelectual é a busca pela infantilidade pela fuga às responsabilidades que temos ao viver a realidade.”
Aldous Huxley, autor do Admirável Mundo Novo
Passo a passo
Alguns leitores perguntam como acessar o blog do Ari Cunha. É só escrever “blog do Ari Cunha” no Google e clicar no título. Com mais detalhes das notas, ilustrações, links e todas as facilidades da navegação pela Internet.
Ajuda Atleta
Ser atleta nesse país não é fácil. Califa Filho recebeu total apoio da Pizzaria Primo Piato, a primeira a implementar o rodízio em Brasília. O atleta de Canoagem Oceânica, atual Campeão Sul-americano na modalidade realizada em novembro de 2018 em Punta Del Este, Uruguai, foi convocado para o Mundial Quiberon na França em setembro de 2019. Devido ao alto custo do evento e não haver recurso público, por não ser uma modalidade Olímpica, a pizzaria e você podem fazer juntos nosso campeão despontar na França. Veja as opções de ajuda a seguir.
–> Sou o Califa Filho, atleta de Canoagem Oceânica, atual Campeão Sul-americano na modalidade realizada em novembro de 2018 em Punta Del Este – Uruguai.?
Encontro Mundial
Alto Paraíso está se preparando para o grande encontro com gente de todo o mundo. Trata-se da 19ª edição do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. Quem nos envia a novidade é Helena Castelo Branco. A primeira etapa acontece na Aldeia Multiétnica, junto aos povos indígenas. A segunda etapa é realizada na Vila de São Jorge, junto a comunidades tradicionais, remanescentes quilombolas e artistas da cultura popular. De 12 de julho a 03 de agosto. Veja mais detalhes a seguir.
Link para perfil do evento no Facebook: Encontro de Culturas
Link para inscrições: XIX Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Se seu aparelho atende prontamente ao ruído de discar, fique sabendo que o senhor é um privilegiado. Não há um aparelho em Brasília que dê, imediatamente, o sinal para discar. A demora é imensa e, muitas vezes, mesmo com o fone fora do gancho, entra uma chamada estranha. (Publicado em 23/11/1961)
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Todo mundo sabia que qualquer candidato que viesse a ocupar a Presidência da República, depois de mais de treze anos seguidos da gestão desastrosa petista, não teria vida fácil. À exceção, é claro, do próprio pessoal de esquerda, caso viesse a vencer o pleito de 2018. Arruinado política, econômica e socialmente, o país passou a requerer dos novos gestores eleitos um esforço extra para desfazer as asneiras perpetradas por mais de uma década, desmontando armadilhas, afastando sabotadores, alocados em milhares de posições estratégicas dentro da máquina pública e com missões específicas determinadas diretamente pelo partido então no poder.
Com isso, restabelecer um mínimo de governança passou a consumir grande parte na agenda do governo. A abdução profunda das universidades públicas, de parte da imprensa interesseira e de nichos da população mais desinformada, assim como de outros setores do país, não poderia resultar em outra coisa que não fosse o que todos vemos agora. Receoso, titubeante e sem saber onde pisar, o atual governo vai consumindo seus dias entre avanços e recuos, temeroso de que o caldo entorne de vez.
Não seria exagero dizer que, nos próximos meses, o atual governo terá que continuar agindo para remontar, peça por peça e com um mínimo de eficiência, a máquina pública depauperada. O problema é que a nação tem pressa. No caso específico do setor educacional e mais propriamente nas universidades públicas irá requerer do atual governo uma atenção ainda mais redobrada.
Nessa altura dos acontecimentos todos já suspeitaram que o Ministério da Educação e principalmente seu titular no momento não possuem qualquer poder sobre as universidades, tornadas autônomas, são só pelo o que manda a lei, mas, principalmente, devido à forte influência exercida pelas ideologias de esquerda que dominam o campus e abominam tudo o que venha da parte desse governo. De fato, parece não existir, sequer, um canal de comunicação entre o MEC e as universidades públicas, descoladas das orientações do governo e ainda ligadas às pautas ditadas pelos partidos de esquerda. O pior é que o atual ocupante da pasta parece se esforçar para manter essa comunicação ainda mais precária.
A dança do ministro, com guarda-chuva, fazendo uma referência ao filme de 1952, “Dançando na Chuva”, reforçou as evidências de que o que existe entre o MEC e as universidades é uma animosidade que não irá resultar em boa coisa, principalmente para o cidadão contribuinte que tem que arcar com essa despesa e assistir cenas de completa decadência e falta de noção da responsabilidade do posto.
A ideia marqueteira, que fez o ministro “dançar” diante das câmeras, se enquadra no mesmo rol das infâmias públicas que fizeram o então senador Eduardo Suplicy vestir uma cueca vermelha em pleno Congresso, ou a dança da então deputada Ângela Guadagnin entre outras performances de igual bizarrice. Imagens como essas, ganham o mundo em instantes e mostram um país que insiste em se mostrar sem seriedade.
A frase que foi pronunciada:
“Por que os papas não envelhecem tão rápido como os políticos?”
Joãozinho, sempre filosofando.
Momento histórico
De graça, no dia 4 de junho, o IDP receberá os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, o ministro Gilmar Mendes, do STF, e Paulo Guedes, ministro da Economia. O tema da mesa redonda será a Agenda de Reformas e a Volta do Crescimento. Veja a seguir mais detalhes sobre a inscrição.
Link para mais informações: www.idp.edu.br
2,4D
Comprometida, a produção de vinho no Rio Grande do Sul sofre com o agrotóxico aplicado na soja. Pela terra, pela água e pelo ar, o veneno está matando as parreiras.
Boa música
Hamilton Ruggieri lembrou bem. Ontem o Cantus Firmus comemorou 27 anos desde a primeira apresentação sob a batuta de Isabela Sekeff. Próxima parada: Alemanha.
Sem fiscalização
Depois de buscar lotes vazios, casas abandonadas e moradores acumuladores, focos da dengue foram identificados e eliminados. O problema é que o hospital do Paranoá continua sem atender pacientes, inclusive com dengue. Um hospital que demora mais de 15 horas para atender na emergência, realmente deve estar desativado.
Inoperância
Leitora informa que os quiosques no aeroporto continuam. Está agora na área de embarque. Dizem que o consumidor irá ganhar uma maleta de bordo. Logo depois pedem para escolher duas revistas de sua preferência. Por fim, preenchem um formulário com dados do desavisado e número de cartão.
Desde 2006
Briga de grandes sobre a Quadra 500 do Sudoeste: de um lado o Ministério Público do DF, que quer suspender licença para construções no local. De outro, o setor imobiliário, que não para de crescer na capital.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O IAPI não funcionou ontem. Ou melhor, funcionou mal, porque os funcionários só foram trabalhar depois que souberam da aprovação do Plano de Reclassificação. (Publicado em 22/11/1961)
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Tradicionalmente, em nosso sistema de presidencialismo, o poder de governar, de fato, sempre esteve centrado no Executivo, com o presidente e sua equipe pautando inclusive a agenda e os trabalhos do Legislativo. Esse modelo de superposição de um poder sobre o outro sempre mereceu críticas por parte de alguns parlamentares que não aceitavam ser comandados de fora para dentro, falando em perda de prerrogativas.
Com ou sem reclamações, esse foi o modelo que sempre vigorou, obviamente com sua balança de pesos e contrapesos com o governo, ou prestigiando os políticos com cargos na administração pública ou simplesmente ignorando-os, como faziam os presidentes militares entre os anos de 1964 e 1985. Essa foi a tradição que mereceu, inclusive, o apoio da população que rejeitou, por meio de plebiscito, a ideia da adoção do parlamentarismo em 1993.
Dos 67 milhões de brasileiros que votaram naquela ocasião, 37,1 milhões escolheram o presidencialismo como sistema de governo para o Brasil, confirmando um modelo ao gosto da população e já conhecido e testado por décadas. Em nossa história republicana, o parlamentarismo só foi usado como medida de caráter urgente para sanar crises institucionais, como no caso da renúncia de Jânio Quadros em 1961, quando se instituiu esse sistema para tornar palatável, aos militares e aos setores conservadores, a posse de Jango Goulart, considerado um político por eles de esquerda e nacionalista. De crise em crise, prosseguimos sempre sob o predomínio do presidencialismo. Ainda bem, já que, graças a figura do vice-presidente, o Brasil, em diversas ocasiões, foi salvo de crises que poderiam, inclusive, levar a uma conflagração civil de proporções imprevisíveis.
De fato, o que se pode observar é que sempre que o ocupante do Executivo, por qualquer razão, demonstra pouca aptidão em comandar o país com determinação e autoridade, o legislativo passa a ocupar esses espaços e se tornar dono da situação, quer pressionando o governo a adotar medidas ao gosto dos políticos, quer, simplesmente, boicotando o próprio governo, não votando matérias de interesse do Executivo, desfigurando outras e até ameaçando o mandatário com a possibilidade de impeachment, caso venha a perder sua base política de sustentação dentro do Congresso. Tem sido assim desde a proclamação da República em 1889.
Não restam dúvidas de que o Congresso, ao longo de nossa história, tem sido, há um só tempo, a causa e a solução de nossas crises institucionais. Com o atual governo que assumiu esse ano, a história não tem sido diferente. Eleito na onda do descontentamento geral com os petistas, Bolsonaro, como uma espécie de anticandidato, chegou ao poder quase que de maneira improvisada, sem um projeto acabado de governo e com uma equipe montada às pressas e sem expertise comprovada em administração pública.
A essas deficiências, vieram se somar as declarações, corretas, feitas pelo presidente eleito de que a velha política, do toma lá, dá cá, não teria espaço em seu governo. Acostumados justamente ao jogo imposto pelo chamado presidencialismo de coalizão, no qual ninguém governa se não estiver em alta sintonia com o Congresso, os políticos passaram a sentir na pele os efeitos do novo modelo de governo e, obviamente, não gostaram do que viram.
A partir daí, uma série ininterrupta de acontecimentos vem abalando as relações entre o Palácio do Planalto e o Congresso. As seguidas derrotas sofridas na Câmara e no Senado das propostas do governo e, principalmente, a possibilidade de a reforma da previdência vir a ser desfigurada pela atual legislatura acendeu a luz vermelha no Executivo.
Os vacilos de lideranças políticas e a falta de coesão do próprio partido do presidente, o PSL, ajudaram a pôr mais lenha nessa fervura.
A frase que foi pronunciada:
“A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o povo venceremos, a serviço da Pátria, e o nome político da Pátria será uma Constituição que perpetue a unidade de sua Geografia, com a substância de sua História, a esperança de seu futuro e que exorcize a maldição da injustiça social.”
Ulisses Guimarães, ex-deputado federal
“Siesta”
Sair com um cadeirante não é tarefa simples. Na Internet estava a informação de que o Centro de Saúde UBS nº 1 da QI 21 do Lago Sul fecha às 12h e reabre às 13h. Na realidade, antes das 12h, uma senhora de 75 anos, cadeirante, com recomendação médica de repouso, foi, acompanhada da filha, ao local, mas não houve atendimento. Veja como tudo aconteceu a seguir. O vídeo foi gravado por Dib Franciss. Cidadão sempre atento às injustiças cotidianas.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Supermercado precisa receber, também, a produção dos granjeiros de Brasília. Dentro de 15 dias, Várzea Bonita poderá abarrotar a cidade de verdura e as providências de distribuição estão sendo tomadas, faltando, apenas, a colaboração do supermercado. (Publicado em 19.11.1961)
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Em História é comum encontrar expressões que definem, de maneira crua, sociedade, cultura, felicidades e outros temas e fatos relativos à espécie humana. Assim, é possível se deparar com definições do tipo: “povo é uma porção de ninguém”. Dita nesse sentido, sem uma explanação mais detalhada, a expressão fica parecendo se tratar de uma definição feita apenas por aqueles que ocupam o alto da pirâmide social.
Observada dentro do contexto histórico, a frase reforça a ideia de que o povo, ou seja, todas aquelas pessoas que formam o conjunto da sociedade e que se encontram na periferia do poder, ou que não ocupam cargos importantes dentro da estrutura do Estado, possuem parcos conhecimentos ou frequentaram, de forma precária, escolas ou outros centros de formação acadêmica, não influenciam e jamais conduzem o chamado processo histórico. Servem, como dizem os políticos, como massa de manobra, orientada à direita ou à esquerda, conforme o gosto do mandatário de plantão.
Não se iluda, o povo que sai às ruas para protestar contra isso ou aquilo é formado, na sua grande maioria, por pessoas que possuem algum grau de instrução e informação sobre os fatos do cotidiano. Sabedores dessa verdade fria, muitos governantes, desde o início do processo civilizatório, passaram a manobrar a população ao seu bel prazer, fazendo-a agir em seu favor, mesmo que isso custasse-lhes a liberdade e a própria vida.
Esse tem sido ao longo dos séculos o grande trunfo dos governantes que passaram a impor suas vontades pelo medo ou pela ignorância. Não era diferente no passado e não é diferente no presente. De posse desse fato histórico, é possível perceber que o que liberta o cidadão comum dos grilhões da escravidão imposta pelos governos, sejam eles democráticos ou não, é a educação. Essa, talvez seja uma das únicas alternativas para escapar da “vida de gado”, de “povo marcado”. Daí a importância que a educação e sua congênere, a informação, têm na vida das pessoas, mais precisamente, para a liberdade delas.
Nesse sentido, só é possível falar em liberdade quando se conhece o ambiente onde está. Obviamente que existem outros caminhos para tornar as pessoas livres de algozes e governos que é a alienação. De toda a forma, quando não se sabe para onde ir, qualquer caminho serve, mesmo aqueles repletos de espinhos. Analisando por esse ângulo, é possível entender porque seguidos exemplos de desmandos, privilégios, injustiças e outros males impostos ao povo não resultam, necessariamente, numa resposta ou contraofensiva à altura. Nesse quesito, é possível ainda deduzir, e a História tem incontáveis exemplos, que o povo só se move quando o problema passa a afetar seu estômago.
Um exemplo claro dessa observação é visto agora na Venezuela. Lá, a população, que tem saído às ruas, foi levada a essa posição impelida pela fome e pelo desespero e não por discordâncias nos conceitos do que seja o bolivarianismo. Noutras partes do mundo, ocorre o mesmo. Aqui mesmo no Brasil, com o empedernido debate entre as virtudes da esquerda e da direita, um fato chama a atenção: as pretensas virtudes ou vícios de Lula ou de Bolsonaro muito pouco interessam ao povo em geral.
O que derrubou o petismo foi a crise econômica brutal e não matizes ou cores ideológicas, digam o que quiser. Da mesma forma, o que pode vir a derrubar ou a impedir a reeleição de Bolsonaro é o desemprego resistente e crescente e não suas convicções políticas. Seja aqui ou em algures, o povo se move por necessidade e não por ideologias que é um aperitivo servido apenas em banquetes.
A frase que foi pronunciada:
“O patriotismo só apoia seu país por todo o tempo quando o governo merece.”
Mark Twain, Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido pelo pseudônimo Mark Twain, foi um escritor e humorista norte-americano.
Passo importante
Maurício de Sousa e toda a turma estão engajados em informar a criançada sobre os perigos das drogas. Há quase 20 anos, foi criada uma historinha ensinando as crianças a reconhecerem o aliciador e dizerem não às drogas. Veja o gibi, na íntegra, a seguir.
Leia em: Turma da Mônica – Uma história que precisa ter fim
Novidade
Brasília sediará a Copa Brasil de Tênis de Mesa. Trata-se de um evento nacional realizado pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa. Será entre os dias 23 e 26 de maio. Acontecem poucas edições da Copa Brasil no ano e normalmente em cidades de difícil acesso. Dessa vez Brasília deu sorte.
Canta Puebla
O Madrigal de Brasília convida Brasília para mais um concerto da temporada 2019. Canções Brasileiras assinadas por Camargo Guarnieri e Ernest Wildmer e compositores modernos de reconhecimento mundial como Dimitri Cervo, Liduino Pitombeira e Daniel Afonso. Dias 9 e 10 de maio, a partir das 20h30 no Teatro da Escola de Música de Brasília. A contribuição de R$15 será para levar o grupo ao Festival Mundial De Puebla – México.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Banco da Lavoura é o único banco de Brasília que não aceita cheques escritos com caneta esferográfica. Seria o caso de nosso Tonico tomar uma providência, para igualar seu banco aos demais. (Publicado em 19.10.1961)
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Assim no céu como na terra. Tal parece ser o enredo que vai se desenrolando há algumas décadas em nosso país tanto no combate à corrupção, como na luta contra o crime organizado. Os entraves, encontrados pelas autoridades judiciais para pôr termo às ações desses grupos, tanto dentro de palácios, como dentro de presídios, são imensos e só não foram ainda deixados de lado devido à grande pressão popular, sobretudo aquelas manifestadas nas ruas e nas redes sociais.
Batalhões dos mais caros escritórios de advocacia, ações de juízes, complacentes e com ligações com esses personagens, além de campanhas feitas por um tipo de imprensa e blogs muito suspeitos, tornam a tarefa de saneamento do país uma missão tão ou mais árdua quanto os doze trabalhos de Hércules. Mesmo que aparentemente não existam, ainda, fatos que liguem diretamente corruptos do colarinho branco e grupos e facções criminosas que agem nos presídios e em muitas cidades espalhadas pelo país, o fato é: tanto um como o outro são extremamente nocivos ao país, sendo que, em muitos casos, estão na raiz do nosso eterno subdesenvolvimento.
Combater crimes praticados por indivíduos de alto coturno, como pelos chamados pés de chinelo, deve, portanto, merecer igual e persistente esforço. Buscar semelhanças tanto nas ações delituosas praticadas por ambos, como nas consequências dessas atuações é tarefa fácil. De saída, é possível identificar que ambos grupos trabalham contra o Brasil e contra os brasileiros, a favor exclusivo de seus interesses ou de pessoas a eles ligadas. Para tanto, são capazes das mais reprováveis ações para alcançarem seus intentos. A rigor, não deveria existir diferenciação entre esses dois grupos, tanto na condenação, como no confinamento e tratamento desses delinquentes. Pelo poder financeiro que possuem, e que amealharam nesses anos todos, a capacidade de contornar os rigores da lei, subornando e ameaçando pessoas, é imensa e sem paralelo em nossa história. A diferença está no tipo de arma empregada para atingir seus feitos. Enquanto uns usam da caneta e do cargo para fazer o crime acontecer, outros recorrem aos fuzis e à violência explícita. Nesse caso é possível afirmar que uma canetada mata tanto ou mais que as próprias balas de fuzis.
Perigo real desses dois grupos que agem tanto dentro da máquina pública como na periferia de todas as nossas metrópoles deve merecer atenção redobrada, principalmente quanto ao endurecimento da legislação penal. Nesse sentido, bem faria o governo se empenhasse todos os esforços no sentido de fazer aprovar o conjunto de leis apresentado pelo ministro da justiça, Sérgio Moro, inclusive fortalecendo os mecanismos de combate às fraudes nesse sistema. Resta saber se os legisladores concordarão com os eleitores.
A notícia de que um poderoso chefão do crime organizado e mais alguns comparsas acabam de ser transferidos para o presídio de Brasília, enquanto outros presos seguem para o Rio de Janeiro ou permanecem em Curitiba, demonstra não só a periculosidade desses indivíduos, deslocados a todo instante pelo país por motivo de segurança, mas revelam a dificuldade que as autoridades enfrentam para manter esses grupos vigiados ou mesmo presos. De sandália havaiana ou de sapato italiano, esses indivíduos, ao fim, ao cabo, prejudicam o país na mesma medida.
A frase que foi pronunciada:
“Eis o âmago da questão suscitada por Radbruch: a consciência(…) não há consciência no homem que frauda, desvia, comete peculato, descaminho(…)”
Sérgio Cruz, membro do IBDFAM
Seletiva
Recebemos, da fonoaudióloga da Telex, uma solicitação de divulgação onde fundamenta a importância de o ser humano usar a tecnologia para poder ouvir, já que é um ser social. Com crianças e adolescentes pode ser diferente, mas quem convive com idosos sabe que, em 70% do dia, eles preferem o aparelho desligado. Por que será?
Encontro
Moradores do Lago Norte são convidados para uma reunião no dia 27 desse mês, no Colégio do Sol, às 19h30. Essa será a primeira reunião com o presidente da Novacap, Declimar Azevedo. Na ocasião, os moradores poderão reivindicar melhorias estruturais da região.
Responsabilidade civil
Crotalária é o nome da semente usada para adubar o solo. Estava misturada com a ração que matou dezenas de cavalos no DF e GO.
Para ontem
Com o Paranoá Parque e Itapuã Parque, é preciso considerar a ponte entre o Setor de Mansões do Lago e a UnB. Basta fazer uma projeção para compreender que as estradas da região não suportarão o fluxo de carros.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E há mais, quanto ao serviço telefônico: as telefonistas ficam discutindo, brigando e se xingando em código com as telefonistas do Rio, sem ter o cuidado, sequer, de tirar o assinante da linha. (Publicado em 15.11.1961)
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Tivesse vivo hoje, o saudoso escritor e dramaturgo Dias Gomes (1922-1999) por certo teria acompanhado de perto todo o desenrolar dos acontecimentos políticos, sobretudo os episódios iniciados com a eclosão dos escândalos do mensalão, trazidos pela CPI dos Correios.
Por certo, o famoso novelista ficaria surpreendido com a capacidade demonstrada pela realidade nacional em ultrapassar, em emoção, suspense e non sense, os mais inventivos textos da ficção mundial. Nem mesmo o realismo fantástico, mais inspirado, teria tamanha capacidade criativa para compor aquela imensa trama que passou a se desenrolar como um verdadeiro folhetim na frente de milhões de brasileiros.
A sucessão de fatos e denúncias, que iam surgindo em ritmo veloz, mostrava a realidade nua e crua da corrupção do Estado, elevada ao extremo e explicitada nos seus mais sórdidos detalhes. Dinheiro, malas, cuecas, amantes, festas, mortes, traições, volúpia, ganância e todo o rol das misérias humanas ia sendo ali exposto, as vezes com uma naturalidade só vista mesmo em tramas do teatro fantástico.
O quão surreal era esse Brasil que desconhecíamos. Para o autor de roteiros como O Bem-Amado, Pagador de Promessas, O Rei do Rio, Roque Santeiro, Saramandaia e outros grandes sucessos de bilheteria, crítica e público, o Brasil visto por dentro, a partir do ângulo de observação desses protagonistas políticos, era uma verdadeira mina de ideias, capaz de gerar um conjunto fabuloso e inesgotável de roteiros.
Quanta riqueza literária haveria na miséria de nossa política, no mau caratismo de nossas lideranças, na vileza daqueles que tinham como função administrar o bem público? Difícil saber. Mesmo que não tenha acompanhado em vida esse período fervilhante de nossa história, o Brasil desenhado anteriormente por Dias Gomes, em muitos de seus textos, já acenava para a possibilidade da existência desse país em algum lugar no tempo e espaço.
O que as investigações vêm mostrando em capítulos, que ainda não chegaram ao fim, é a existência de dois Brasis que convivem há séculos, de forma paralela e distinta. Visto por dentro, em suas entranhas, há o Brasil da ficção, a abrigar gerações de lideranças políticas desconectadas com o restante do país.
Observado por fora, longe dos muros oficiais, há o Brasil do neorrealismo, com sua crueza e desesperança histórica. Dois Brasis tão desiguais e tão impensáveis. Mesmo para o talento e a prosa de um Dias Gomes.
A frase que foi pronunciada:
“O homem de sucesso é o que viveu bem, riu muitas vezes e amou bastante; que conquistou o respeito dos homens inteligentes e o amor das crianças; que galgou uma posição respeitada e cumpriu suas tarefas; que deixou este mundo melhor do que encontrou, ao contribuir com uma flor mais bonita, um poema perfeito ou uma alma resgatada; que jamais deixou de apreciar a beleza do mundo ou falhou em expressá-la; que buscou o melhor nos outros e deu o melhor de si.”
Robert Louis Stevenson (1850-1894), autor de A Ilha do Tesouro e O Médico e o Monstro.
Escândalo
Prometi preservar as fontes e assim o farei. Acontece que no Executivo, Legislativo, Judiciário e autarquias, funcionários sofrem com roubo de pertences dentro do próprio trabalho. Até a comida guardada na geladeira, some. Nossa fonte, bem-humorada, disse que escreve na embalagem antes de resfriá-la: “órgão para doação”. Os superiores sabem que isso ocorre, muitos deles já receberam a comunicação sobre o assunto. Mas sempre há coisas mais importantes a fazer e os larápios profissionais continuam livres para aprontar na seção.
Sem conversa
Estacionamento do Venâncio 2000 não considerou a última segunda-feira, dia 04/03, feriado para cobrar menos. Alunos de cursos ficaram assustados tendo que pagar em torno de R$60 reais para deixar o carro enquanto estudavam.
Antigamente
Leitor conta que resolveu aproveitar o carnaval para jogar a papelada fora e encontrou várias contas pagas em caixa eletrônico onde o papel térmico já não comprova nada. O tempo levou os números.
Cuidado! Perigo.
Por falar nisso, é bom lembrar nossos leitores que o bisfenol é um químico presente nos papeis usados para recibos de cartão de crédito e débito. O mesmo BPA das embalagens e garrafas plásticas fazem mal à saúde. A pesquisa condenando o composto químico no contato humano foi publicada no The Journal of the American Medical Association (Jama), um dos mais importantes da área médica no mundo.
Aplicativos
10 softwares desenvolvidos, pelos alunos e professores da UnB, auxiliam pessoas autistas ou com qualquer problema de alfabetização e aprendizagem. São todos gratuitos.
Link para baixar os aplicativos: http://www.projetoparticipar.unb.br/
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Atendendo a uma denúncia nossa, o IAPFESP está publicando edital para concorrência pública dos gêneros que sobraram com o fechamento de sua cantina. (Publicado em 14.11.1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Por sua importância e dada a concentração de poderes, quase uma espécie de monarquia, ocupar o cargo de presidente da República em nosso país não é tarefa das mais fáceis. Pelo contrário, trata-se de uma missão que poucos, ao longo de nossa republicana, deram conta do recado por todo o período legal. As características próprias de nossa República, envoltas num chamado presidencialismo de coalizão, no qual a governabilidade só é possível a partir de certos afagos na base de sustentação política do governo, requer de um presidente eleito uma tão larga experiência política, que o ideal seria que a esse cargo só pudessem se candidatar e concorrer indivíduos que anteriormente tivessem sido governadores de grandes metrópoles, bem avaliados pela população.
Com isso, o número de candidatos plenamente capacitados a exercer a presidência seria reduzido, ao mesmo tempo em que melhoraria a qualidade dos postulantes, diminuindo sensivelmente também os riscos de crises cíclicas. Sem expertise nas intrincadas funções requeridas pelo Poder Executivo, as chances de insucesso e de prejuízos para nação são quase certas. Como o ideal é sempre um horizonte distante e inatingível, prosseguimos entre uma crise e outra, aprendendo, como se diz popularmente, “no tranco”.
O instituto da reeleição foi um desses mecanismos pensados justamente para permitir que um governante pudesse, em seu primeiro mandato de quatro anos, apenas aprender a governar e só num segundo período, de mais quatro anos, exercer plenamente e com sabedoria a administração do país.
Uma análise histórica isenta sobre a atuação de nossos chefes do Executivo desde a fundação da República em 1989, demonstra, de forma clara, que foi a flagrante inexperiência, aliada algumas vezes ao voluntarismo e a má-fé, que geraram todas as crises políticas que experimentamos desde Marechal Deodoro da Fonseca. Com exceção dos governos militares, eleitos de forma indireta pela população, somente Juscelino Kubitschek e talvez Fernando Henrique Cardoso lograram iniciar e concluir seus mandatos sem maiores traumas para o país.
Obviamente que não basta experiência administrativa para administrar um país complexo e continental como o Brasil. Além de conhecer o que é uma folha de pagamento ou questões de balanço, com ativos e passivos financeiros, um presidente deve possuir uma enorme vivência e tino político, para enfrentar com firmeza, poderosos grupos de pressão, que a toda hora batem à porta do governo em busca de vantagens de todo o tipo.
Diante de um cenário dessa natureza, não causa surpresa que o governo de Jair Bolsonaro, que agora se inicia, comece, ele também, a experimentar os primeiros sinais de desgaste interno.
A frase que foi pronunciada:
“Escolher o seu tempo é ganhar tempo.”
Francis Bacon, político, filósofo, cientista e ensaísta inglês.
Emoção
Entusiasmada como sempre, Giselle Santoro estava pronta para ensaiar as dançarinas na sala do teatro que leva o nome de seu marido. Mas, quando viu que Eldom Soares, regente do Ad Infinitum, estava com os seus cantores ensaiando o Choro Nº 10 de Villa-Lobos, deixou que a turma continuasse ali. Essa foi a primeira peça que Claudio Santoro regeu no Teatro Nacional, que hoje leva seu nome.
Já é hora
Por falar em Teatro Nacional, é uma tristeza ver que até hoje Brasília não teve um governador sensível às artes como merecia ter. Deixar um espaço desses sem uso é encarecer a reforma e distanciar o dia da reinauguração. Mas, para os artistas, otimistas por natureza, a esperança nunca morre.
SOLidários
Salve a Si é o nome da ONG com um trabalho importante para a cidade. Toda quinta-feira, à noite, no Setor Comercial Sul, dá assistência às pessoas que moram na rua. Além de uma sopa quentinha, são oferecidos cortes de cabelo, local para banho, roupas. O grupo convida corais da cidade a tomar parte da agenda, alegrando essas vidas. Contato com a Janúbia, pelo telefone: (61) 99189-4320.
Poeta inquieto
Pavarotti do Sertão. O Sindilegis lembra que foi Ariano Suassuna quem deu esse apelido a Oliveira das Panelas. A seguir, os detalhes da apresentação, franqueada ao público, que será no dia 21 de fevereiro, a partir das 19 horas, na sede do sindicato, na 610 Sul. A 3ª Noite do Cantador trará outros artistas que farão repentes, recitarão poesias e escritores de cordel darão autógrafos. O soldado por traz dessa missão de paz é Nonato Freitas.
3ª Noite do Cantador
Local: Salão do Sindilegis, 610 sul, bloco C, módulo 70. Asa Sul – L2.
Data: 21 de fevereiro (quinta-feira).
Horário: 19h às 22h
Entrada gratuita. Classificação: 16 anos
Mais informações em: Considerado o Pavarotti dos sertões, pernambucano Oliveira de Panelas é atração da 3ª Noite do Cantador
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Dentre a luta classista, há deslealdade. O que todos deviam fazer, seria lutar pela igualdade de condições, e não procurar retirar de uns, as vitórias que conseguiram em benefício da classe… (Publicado em 10.11.1961)
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Criada em 1991, dentro do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), a Lei 8.313/91, mais conhecida pelo nome de seu idealizador, o diplomata, filósofo e ensaísta Sérgio Paulo Rouanet, é, de todos os instrumentos legais pensados para o incentivo à cultura, aquele que parece ter sido desenhado com o verdadeiro intuito de promover as manifestações artísticas brasileiras por meio de uma parceria público – privada.
Prestes a completar três décadas de existência, a Lei Rouanet necessita, como tudo que é público nesse país, de uma profunda revisão, capaz de reinseri-la novamente dentro de sua proposta originária, afastando, para bem longe, as nefastas influências políticas, sobretudo aquelas que condicionavam suas exequibilidades às simpatias ideológicas aos últimos governos de plantão. Foi justamente a intenção de libertar das amarras do governo, tanto financeiras como ideológicas, que levou seu criador a optar pelo modelo inovador que transformava parte da sociedade civil em apoiadores formais da produção cultural nacional, concedendo, a todo aquele que investisse em projetos culturais, incentivos de tributos. Dessa forma, era concebida uma lei ideal que incentivava no meio social o renascimento do espírito do mecenato, chamando aqueles que possuíam recursos para contribuir efetivamente com a cultura nacional.
Nessas quase três décadas de existência, a Lei Rouanet passou de salvação para o setor cultural do país a alvo de suspeitas de toda a ordem, inclusive se transformando em alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que passou a investigar inúmeras denúncias de malversação desses incentivos, inclusive sua concessão a pessoas e grupos que, na realidade, não necessitavam desses recursos e que acabavam obtendo-os graças às ligações providenciais com a cúpula política do governo. Particularmente, nos últimos dez anos, a Lei Rouanet passou de instrumento ao incentivo à cultura em instrumento de ação política, sendo utilizado largamente e preferencialmente para projetos que, de alguma forma iam ao encontro do desejo de marketing do governo ou que eram confeccionados por pessoas com alguma ligação ideológica com o governo.
Com isso, perdeu-se o foco da Lei e os escândalos, tão abundantes nesse período, fizeram a sociedade perder o interesse pelo projeto. Uma simples conferência na relação dos maiores captadores de verba, em qualquer ano, é o suficiente para entender que a Lei 8.313/91 perdeu seu alcance popular, se transformando num projeto mais elitista, longe do alcance do grande público, principalmente aqueles de baixa renda.
A frase que foi pronunciada:
“Os países da América Latina não precisam criar uma civilização. Ela já foi criada pela Europa nos últimos quatro séculos. Cabe-nos assimilar essa civilização.”
Eugenio Gudin
Turismo
Essa matemática do comércio de Brasília é espantosa. Triplicar os preços da hospedagem em hotéis para a posse do novo presidente parece uma medida desesperada de quem passa o ano entregue às moscas, o que não é verdade. Mas os portais de aluguéis por temporada estão realmente derrubando esse tipo de negociação frente à demanda por estadia.
Acomodações
Segue a dica de diferentes portais, além do famoso Airbnb, para quem quiser tratamento vip, respeito nos preços e lugares bem aconchegantes. É só buscar na Internet. São eles: AlugueTemporada, Onefinestay, Oasis, Tripping, GuestToGuest, TrocaCasa, Misterb&b (especializado em casal gay) e Wimdu.
Passo a passo
Cauteloso, o presidente Bolsonaro ponderou sobre o novo pacote de medidas: “Não vamos apresentar nada sem conversar com os parlamentares. Para ter certeza que essas reformas serão aprovadas de forma racional pelo Parlamento.” Isso faz lembrar JK, quando conseguiu convencer o Congresso pela transferência da capital do país. Foi uma estratégia espetacular.
Inoperância
Continua insustentável a proliferação de carrapatos na orla do lago, oferecendo sérios riscos à saúde da população. Falta aos órgãos do governo agir como administradores da crise e não como coadjuvantes. A nota da Secretaria da Saúde sobre o assunto é uma afronta aos moradores da capital. Emitir diagnóstico e expedir recomendação não significa acabar com o problema, que é a função da Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival).
Afrouxaram
Por falar em aprovações de leis, o deputado Expedito Neto não teve força para impedir a aprovação da Lei 2960/15. Até o Ministério Público deu o seguinte parecer sobre a blindagem aos sonegadores: “A proposta vai na contramão dos anseios da sociedade e das medidas contra a corrupção e prevê uma janela de impunidade que poderá ser uma verdadeira blindagem a favor dos criminosos e investigados nas grandes operações contra a corrupção em andamento no Brasil”. A Lei foi aprovada e a pergunta sem resposta do deputado foi: “O Executivo planeja regularizar os recursos enviados por brasileiros ao exterior. Agora me diga, você cidadão de bem, se atrasar ou sonegar imposto, terá o perdão do governo?
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As superquadras não construídas estão sendo invadidas por uma nuvem de barracos que numa noite apenas, pousa secretamente numa área, que amanhece invadida. (Publicado em 07.11.1961)
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No que pese o excelente nível técnico do quadro ministerial que vem sendo montado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, persiste ainda uma lacuna sensível e preocupante quanto ao nome do futuro ministro que ocupara a pasta do Meio Ambiente. São inúmeras as razões para se preocupar hoje com a escolha desse nome, não só no plano interno, onde há muito a ser feito para combater o desmatamento e a depredação irracional de nossa flora, mas também com relação à imagem do Brasil perante um mundo que vai, aos poucos, percebendo que ninguém sairá lucrando com a destruição dos recursos naturais do planeta.
As provas de que o planeta começa a apresentar uma certa fadiga ambiental vêm sendo sentidas por toda a parte. Enchentes terríveis, secas devastadoras, tornados e furacões cada vez mais violentos, desgelo acelerado das calotas polares, poluição, sem precedentes do ar e dos mares e diversas outras alterações bruscas, provocadas claramente pelos seres humanos, mostram que nosso pequeno mundo entrou numa área cinzenta, o que necessariamente irá nos obrigar a mudar de rumos se quisermos que nossos descendentes continuem a habitar esse planeta.
Com relação ao Brasil, as preocupações na área ambiental precisam ser redobradas e vistas com um olhar puramente técnico e científico, distante, pois, de conjunturas políticas. De preferência, distantes dos anseios desmedidos e imediatistas da chamada bancada ruralista. A destruição de nossos recursos naturais, principalmente nas regiões Centro-Oeste e nas bordas da Amazônia, para a expansão de um agronegócio ganancioso e sem escrúpulos, trará prejuízos incalculáveis ao país, na forma de desertificação irreversível de enormes áreas rurais, com morte de rios, de animais e de espécies únicas de nossa flora.
As declarações desencontradas do futuro presidente ao longo desses últimos meses têm servido para aumentar o desassossego de todos aqueles que conhecem a importância da preservação do meio ambiente. As afirmações vão desde uma possível extinção do Ministério do Meio Ambiente, para dar maior espaço e liberdade às pretensões dos produtores rurais, até críticas ácidas à atividade, qualificada como “xiita”, dos fiscais do meio ambiente.
Discursos como esses não ajudam em nada a imagem do país, além de servir de incentivo para novas investidas daqueles que enxergam a questão de modo enviesado e com base apenas nos lucros rápidos. Mesmo quando o futuro presidente fala em acabar com o excesso de áreas sob proteção e de reservas indígenas, essas pretensões acabam encontrando um eco bastante negativo para o país, resultando inclusive num boicote aos nossos produtos, obtidos, segundo creem, às custas da destruição irracional da natureza.
A última afirmação de Bolsonaro nas redes sociais e que tem gerado mais inquietação é a de que o nome para o Ministério do Meio Ambiente irá sair de um consenso direto da bancada ruralista. Caso isso venha acontecer, de fato, o passivo da nova gestão nacional para a área ambiental só irá crescer a partir de 2019, fazendo de nosso país um caso único de um Estado em conflito direto com o resto do planeta, numa época em que ações desse tipo já não serão mais consentidas.
Caso o Brasil venha, de fato, a comprar briga com os ambientalistas do resto do mundo, por questões domésticas do tipo nacionalistas ou independentistas, o prejuízo, nem é preciso dizer, atingirá, além da nossa imagem, o que ainda resta de áreas naturais preservadas.
A frase que não foi pronunciada:
“Nós só queremos respeito. Tentamos sobreviver desde a chegada dos portugueses. Antes disso, sabíamos o que era paz.”
Joênia Wapichana, pensando em um discurso
Sem limites
Continua forte o lobby dos cartórios no parlamento brasileiro. Com preços bem acima da inflação, o assunto será discutido na CCJ do Senado. Só para se ter uma ideia a sugestão apresentada para o valor do reconhecimento de firma para transferência de carro, por exemplo, passaria de R3,90 para R$ 31,59. O registro de casamento seria R$245,70 e não mais R$ 164,75, que já é um absurdo. Não é possível que os representantes do povo comprem essa ideia.
EUA
Enquanto isso, há países que optaram pela dispensa de cartórios em relação a autenticação de documentos e reconhecimento de firma. Notários públicos fazem o serviço depois de serem certificados pelo Executivo dos estados com mandatos que podem durar até 10 anos. Trabalham por conta própria.
Com crise ou sem crise
Só para que os brasileiros tenham uma noção da força desse lobby, no ano passado, o faturamento desses estabelecimentos chegou a R$14 bilhões.
Expressão
Conta Rainer Gonçalves Sousa, no Brasil Escola, que a origem da expressão “Culpa no Cartório” vem do Tribunal da Santa Inquisição. Nesse momento da história, por volta do século XIII, a Igreja combatia os movimentos contra a doutrina católica. Os acusados sofriam um processo judicial que ia desde uma simples penitência até a morte na fogueira. O controle dos rebeldes era registrado em um cartório mantido pela própria Igreja. Daí a expressão muito usada também nos países ibéricos, para caçoar ex-condenados com “culpa no cartório”.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Como poder arrecadador, o governo precisa dar mais atenção aos seus funcionários e aos contribuintes. Queremos nos referir ao Departamento de Trânsito. (Publicado em 04.11.1961)