Tag: política
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Nenhum outro ato criminoso possui maior poder de atentar contra a segurança nacional, a ordem política e social do que a corrupção em todas as suas modalidades. Esse enunciado bem que poderia ser inscrito logo no artigo primeiro de toda e qualquer Lei de Segurança Nacional que venha a ser promulgada com o intuito de proteger o Estado Democrático. A princípio, não deveria existir nenhum instrumento jurídico intitulado Lei de Segurança Nacional, pois tal instrumento, ao colocar o indivíduo sob a alça de mira do poderoso aparato do Estado, explicita, de forma flagrante, a desigualdade entre um e outro, tolhendo, logo de saída, toda e quaisquer chances de direito à liberdade de expressão e mesmo ao exercício da cidadania plena.
Nada é mais afrontoso e danoso para a segurança do Estado Democrático de Direito do que os privilégios e outras prerrogativas de foro e outras mil vantagens que gozam os indivíduos e grupos instalados no topo dos Três Poderes. Esses sim, por suas seguidas más ações, têm atentado contra o Estado Democrático de Direito, a cidadania e o futuro de muitas gerações de brasileiros.
Usar e abusar da LSN, como têm feito costumeiramente agora os Poderes do Estado, para perseguirem e prenderem aqueles que ousam criticar os desmandos e a onipotência dessa elite, nem de longe obedece o que orienta a Constituição de 1988, em seu Art. 5º. Se for para dar continuidade, numa versão repaginada, como querem alguns políticos amedrontados com o crescimento da insatisfação geral da população, que se torne então uma lei a ser posta exclusivamente a serviço da sociedade contra os desmandos de muitos personagens instalados nos altos postos do Estado.
Para ser uma legítima LSN é preciso inverter a ordem dos sujeitos, colocando a nação como vítima direta desses atentados e não áulicos vaidosos e emplumados. Esses atos atentatórios contra a segurança nacional são sentidos, de fato, quando se assiste ao conluio orquestrado pelos Poderes para manter o status quo de proteção somente das elites. Não se pode falar em segurança nacional, quando a nação assiste, aturdia, as repetidas ações de ministros das altas cortes protegendo atos comprovados de corrupção praticados por políticos poderosos, gerando assim o que todos já reconhecem como sendo a maior inversão de valores éticos que se tem notícia nos dias atuais.
A simples menção a uma LSN em meio à insegurança jurídica total provocada pela suprema corte, ao anular prisão em segunda instância, anular os julgamentos do ex-presidente Lula e ainda colocar sob suspeição os juízes que condenaram a maior quadrilha já surgida no Ocidente, chega a ser uma ironia fina ao estilo das melhores novelas de realidade fantástica.
Em entrevista recente, o jurista Ives Gandra Martins reconheceu essa realidade ao afirmar: “Esse Supremo, infelizmente, perante o povo, está completamente desfigurado, apesar de ter grandes figuras dentro da Corte. É isso que me entristece e me constrange. É isso que me traz desconforto porque, para pessoas que admiro, sou obrigado a criticar aquilo que eles ministros estão agindo, da forma como estão agindo”.
Do mesmo modo, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o Parlamento insiste em desfigurar leis anticorrupção, mesmo aquelas de iniciativa popular. O parlamento insiste em manter os privilégios já por demais condenados pela população. O mesmo ocorre no Executivo, onde o presidente usa das prerrogativas que possui para blindar sua família contra as bisbilhotices das investigações feitas por agentes da lei, interferir em investigações incômodas para seu governo, além de buscar controlar outros órgãos do Estado como a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Investigação e outras. São essas e outras muitas ações que verdadeiramente atentam contra a segurança nacional e não críticas de quem quer que seja.
A frase que foi pronunciada:
“Não há nada tão absurdo que ainda não tenha sido dito por um filósofo.”
Cícero
Ciência
Manual de Libras para Ciência amplamente divulgado pelas Mídias Sociais. Trata-se de um Ebook produzido pela Universidade Federal do Piauí, com o apoio do reitor José Arimatéia Dantas Lopes e de Ricardo Alaggio Ribeiro, presidente do Conselho Editorial e equipe. Leia a seguir a mensagem que tem sido compartilhada nas redes sociais.
–> Pessoal, venho pedir encarecidamente pra vocês um favorzinho. Um grupo de professores montou um manual de Libras pras disciplinas de Ciências e Biologia nas escolas. Esse tipo de manual não existia antes e vai ajudar um monte de professores e alunos surdos, assim como a comunidade surda em geral. Meu pedido é só pra vocês, se puderem, divulgarem nas suas redes sociais pra que o máximo de pessoas interessadas tenham acesso a esse material. Ele é 100% gratuito! Agradeço desde já!!
Se for possível, divulga nos grupos.
É importante para os alunos surdos 👆🏻
Trumbica
Quando, em um acidente, derrubaram um poste no Taquari, imediatamente a nova CEB (Neoenergia) substituiu. Em compensação, a lâmpada que é de responsabilidade da CEB-IPES, depois de um mês, o local permanece escuro. Ou se faz a comunicação entre as duas instâncias, ou não vai dar certo para atender a população a contento. Veja as fotos a seguir.
No mínimo
Pais começam a se preocupar com a respiração dos filhos. Na escola, passar muito tempo com a mesma máscara incomoda e o ar que chega ao pulmão já não é mais puro. Respirar em máscara molhada não é saudável. Mesmo levando 4 máscaras, não é suficiente para o conforto. É hora de obrigar as escolas caras a fornecer máscara descartável para os pequenos. Sem a possibilidade de subir o preço da mensalidade, que há quem cobre mais de R$3 mil.
Parceiros do povo
Numa pandemia, o que a população espera é que os preços diminuam, já que foi permitido às empresas diminuir o salário dos empregados e o aumento de trabalhadores que perderam o emprego é inevitável. Em vez disso, sobe gasolina, o kg do arroz já chegou a R$ 6,00, feijão, carne, frutas, legumes… tudo mais caro! E os pacotes diminuindo cada vez mais, inversamente ao preço cobrado. O segredo não é boicotar os mais caros, mas enaltecer os mais baratos.
História de Brasília
Todo mundo sabe que nem o dr. Juscelino nem o dr. Israel determinou economia no equipamento telefônico das repartições públicas. Os blocos dos Ministérios, principalmente o da Prefeitura e do Ministério da Educação, estão com um péssimo serviço telefônico. (Publicada em 01.02.1962)
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Possivelmente, estamos assistindo o parto dolorido de um novo mundo, mas, para isso, será preciso que o velho ceda lugar ao que vem pela frente. Para os historiadores, não há surpresas nesse fenômeno, o mundo existe entre uma sístole e uma diástole e isso não pode ser alterado; faz parte da roda gigantesca que move todos. Para alguns gurus da economia, estamos no preâmbulo final do que seria o capitalismo tradicional, com a instalação de uma nova ordem, talvez mais centrada em aspectos como a igualdade, o compartilhamento, a reciclagem, o reaproveitamento, a redução do consumo e outras formas de produção que, ao menos, minore o processo de esgotamento dos recursos naturais.
Nesse processo de mudanças gerais, até mesmo as grandes cidades sentirão os efeitos de uma nova época, sendo esvaziadas, com a possibilidade de um retorno das pessoas aos campos e a uma vida mais comunitária. Não se trata aqui de previsões feitas numa bola de cristal, anunciando um novo e regerado mundo. O que parece vir pela frente não deixa alternativas. Para alguns cientistas políticos, nessas mudanças, até mesmo o grande leviatã, representado pelo Estado onipresente e opressor, perderá muito de seu antigo prestígio, assim como boa parte da classe política e dirigente atual que, aliás, já vinha tendo muito de seu prestígio posto por terra, em muitas partes do mundo ocidental.
A descrença no Estado, na classe política e no capitalismo talvez seja a mudança que mais se fará sentir doravante, com reflexos ainda incertos para todos. Vivemos o que filósofos como o italiano Franco Berardi chama de “epidemia de solidão”. É na solidão que o homem é capaz de refletir plenamente sobre si. Para Bernardi, o vírus produziu, no corpo estressado da humanidade, uma espécie de fixação psicótica, que foi capaz de deter o funcionamento abstrato da economia. Para esse filósofo e professor da Academia Brera, em Milão, autor de livros como “Futurabilidade”, “Fenomenologia do Fim”, “Fábrica da Infelicidade” e outros, o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 forçou, como há milhares de anos vem acontecendo, a humanidade, na figura dos filósofos, a compreender, conceber e organizar o pensamento coletivo.
Esse é, para os que pensam o mundo, uma grande possibilidade de transformar esses fenômenos em conceitos que iluminarão novos caminhos. Na sua avaliação, é preciso, antes de tudo, acreditar que existe uma saída ética, política e científica da atual crise, que poderá ser gerada pela própria imaginação filosófica. Ou é isso, ou será a barbárie e a extinção, como muitos pregam por aí. Talvez, o imprevisto subverta os planos do inevitável. Para ele, a missão da filosofia é imaginar o imprevisível, produzi-lo, provocá-lo e organizá-lo. Mas é no campo econômico onde o filósofo enxerga as mudanças mais profundas, com um possível colapso do que chama de “nós estruturais”, com consequências sérias para a demanda, para o consumo, e com um período de deflação pela frente de longo prazo, o que, por sua vez, provocará uma crise também na produção, com reflexos diretos no desemprego.
Segundo acredita, mais do que uma simples depressão, poderá haver o fim do modelo capitalista, com a implosão de uma série de conceitos e estruturas que mantêm as sociedades unidas. Isso não quer dizer que haverá ainda, por um certo período, um grande fortalecimento das empresas digitais, o que poderá estimular um certo controle tecno-totalitário por partes de alguns governos. Há no horizonte, segundo pensa Berardi, uma bolha econômica no sistema financeiro que pode vir a estourar também. Todas essas mudanças, a seu ver, provocarão um caos jamais visto, virando o mundo de cabeça para baixo.
Mas é no caos que o filósofo enxerga a proliferação de comunidades autônomas, com experimentos igualitários de sobrevivência. O próprio planeta, por seu estágio de deterioração, não permite mais o prolongamento do atual modelo capitalista de consumo. “O crescimento, diz, não retornará amanhã ou nunca.” As consequências do vírus não se faz sentir apenas no seu âmbito de saúde da economia, mas se transformou numa espécie de doença psicológica e mental, que afeta, principalmente, a esperança no futuro. E isso, pondera, nos obrigará a imaginar novas formas de vida pós-economia, mais autônoma, centrada na autoprodução do necessário, na autodefesa, inclusive armada.
A rapidez e complexidade dos eventos atuais são, na sua concepção, fortes demais para que haja uma elaboração emocional e consciente de tudo que se forma à nossa volta. O vírus, acredita ele, é uma entidade invisível e ingovernável e o mundo parece se desfazer debaixo de nossos pés, sem que possamos fazer nada a respeito de forma imediata e definitiva. O mais sério parece ser a possibilidade de a vacina não decretar o fim da pandemia. Na impossibilidade de determos, a contento, as sérias consequências de um mundo pós-pandemia, o que parece ser mais efetivo é a criação de redes comunitárias autônomas que não se firmem em conceitos como o lucro e a acumulação, mas baseada em hábitos de sobrevivência mais frugais.
Nesse ponto, o filósofo diz não acreditar em soluções de longo prazo. Não há tempo para isso. O mais sintomático é que as elites políticas, todas elas, não possuem capacidade de apresentar soluções mínimas para o problema. A política, como um todo, tornou-se impotente diante de um colapso de tal magnitude. Sentencia. Nesse instante a política tornou-se um jogo sem razão, sem conhecimento. As soluções que podem apresentar, nesse momento, são, em sua visão, derivadas da raiva pela constatação da impotência diante da realidade. Ainda assim, a pandemia, diz, marca uma ruptura antropológica de profundidade abissal, justamente pela proibição de contatos mais íntimos. Trata-se aqui de uma epidemia de solidão que parece decretar a morte até da solidariedade. É uma verdadeira bomba atômica sobre nossas cabeças, acredita Franco Berardi.
O mais afetado será, sem dúvida, o consciente coletivo, através do que chama de sensibilização fóbica, com o inconsciente de todos, capturado de forma abrupta.
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É possível encontrar, no imenso mundo virtual, verdades concretas? Essa e outras questões hodiernas não deixam de inquietar os pensadores atuais por suas contradições e bizarrices. Dentre essas questões que navegam por entre essas redes etéreas, como cardumes de peixes luminosos, têm destaque as chamadas teorias da conspiração, um universo infinito de histórias que, mais e mais, vem despertado uma imensa onda de curiosidades em todo o mundo. Não apenas por seu conteúdo fantástico, mas pelo que concentra em possibilidades reais de vir a ser. E não é para menos!
Em meio a um oceano de informações de todo o tipo, há que extrair, aqui e ali, alguns fatos que contém em si elementos verdadeiros da mais pura realidade objetiva, mas que, pelo teor falsamente ficcional, são prontamente afastados e rotulados de teorias da conspiração. Quiçá são marcados com essa tarjeta, justamente para afastar aqueles que desejam pesquisar mais a fundo esses temas.
Há, entre esses inúmeros temas, um que, embora marcado como Teoria da Conspiração, merece ser melhor analisado, mesmo em pinceladas rápidas, por trazer, em seu enredo, alguns elementos que vão, aos poucos, encaixando-se na realidade cotidiana de todos. Esse é o caso específico da denominada Nova Ordem Mundial. Pelo sim, pelo não, algumas redes vêm abertamente censurando esse tema, assim como outro termo derivado da palavra globalização, que é o globalismo.
De saída, é preciso notar que tanto o globalismo como a Nova Ordem Mundial formam, praticamente, um único elemento desse conjunto que pode designar o que seria o nascimento de um mundo distópico, regido por um comando central que a tudo e todos controlaria com uma espécie de mão de ferro invisível. Por sua definição, globalismo vai muito além de uma simples interligação de redes de comunicação, como querem fazer crer, mas abrangeria, em seus meandros, uma visão de mundo e uma ideologia em que o poder central, e o governo de fato, não estaria mais centrado em cada país, mas, ao contrário, obedeceria a um comando único que controlaria todas as nações e decretaria o fim da soberania nacional.
O globalismo, segundo seus teoristas, visaria a abolição de quaisquer traços de tradições culturais, substituindo-as por uma espécie de governança transnacional. Um exemplo dessa nova visão integrativa de mundo e que possui, por sua capacidade de centralidade de decisões, prejudicar aspectos internos da cultura e das tradições de cada país, num processo global de aculturação, pode ser verificado na própria União Europeia e no processo do Brexit.
Por esse mecanismo, a Inglaterra pôs fim ao excessivo controle exercido pelo parlamento europeu em Bruxelas, em seu território, abandonando o bloco e todas as pretensas benesses desse grupo, em nome da soberania nacional, livrando-se, segundo afirmou um de seus defensores, de uma espécie de controle neomarxista existente naquele parlamento. A pandemia, segundo alguns desses teóricos da conspiração, seria apenas um ensaio para o advento do que viria a ser novas ondas globais e contínuas de viroses, cada vez mais letais, propositalmente operadas para arruinar política, econômica e socialmente as nações, deixando-as inertes e em busca de uma solução que viria por meio de um governo mundial, formado pelas grandes corporações e outras forças ocultas.
Para os nacionalistas, o globalismo é algo que deve ser combatido em sua origem, pois visa diminuir a população mundial e com isso aliviar o planeta da sobrecarga demográfica que exauri, aceleradamente, os recursos naturais cada vez mais escassos do planeta.
A frase que foi pronunciada:
“Democracia é, literalmente, Educação.”
Anísio Teixeira
T-Bone
São muitas as paradas de ônibus que ainda acondicionam livros organizados por Luiz Amorim. Essa iniciativa já é marca nesta cidade.
Crescendo
Detran está facilitando a vida de motoqueiros imprudentes. Desde rachas pelas estradas até guiar pelas calçadas livremente. São atitudes que colocam vidas inocentes e responsáveis em risco. Vale uma blitz.
Ampliação
Quem comemora a ampliação do atendimento no Hospital da Criança é Renilson Rehem, superintendente executivo do HCB. A instituição atende mais de 700 crianças e adolescentes. Rehem, em seu discurso, agradeceu um a um que tornou possível essa conquista.
Ceará
Como dizia o filósofo de Mondubim, “feito pato nadando!”. É que a eleição para a presidência da Câmara parece tão calma, mas debaixo d’água a movimentação é grande. Os parlamentares cearenses Capitão Wagner (Pros), Domingos Neto (PSD), AJ Albuquerque (PP), Dr. Jaziel (PL) e Pedro Bezerra (PTB) estiveram em Brasília.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Ney Braga não utilizou o apartamento, porque não residia na cidade onde está a sede o Poder que ele representava. Veio daí o engano, e o deputado Neiva Moreira, da Comissão de Transferência, passou-lhe um telegrama pedindo a devolução das chaves do dito apartamento. (Publicado em 24/01/1962)
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Fosse colocado na balança das experimentações da humanidade, o ano de 2020 teria o mesmo peso e o significado de outros períodos de extrema aflição, experimentados pela humanidade, como aqueles que marcaram as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, ou mesmo os atentados terroristas às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em novembro de 2001.
Na realidade, o século XXI foi descortinado com a mau augúrio dos atentados terroristas em todo o mundo, sinalizando, a todos, que esse seria um tempo que não passaria em branco. Vivemos essas primeiras duas décadas em sobressaltos. Tratam-se aqui de tempos para serem varridos da memória pelo simples fato de que nos recordam, a todo o instante, a extrema fragilidade e fluidez de nossas vidas.
Para os filósofos e os pensadores da condição humana, são tempos férteis e cheios de aprendizados e, quem sabe, de novas perspectivas, aceleradas pela imposição de um isolamento social que tornou até as mais febris e movimentadas cidades do planeta, em lugares fantasmas, habitados apenas pela memória. Neste exato instante, em muitos cantos do planeta, pessoas das mais diversas especializações estão debruçadas, refletindo sobre mais essa encruzilhada em que se depara a espécie humana, buscando compreender que alternativas seriam viáveis e seguras para uma mudança de rumo.
Por certo, para o bem ou para o mal, todos aqueles, que buscam respostas para o acontecido em 2020, concordam num ponto: nada será como antes. De antemão, temos como prioridade não morrermos acometidos pela virose traiçoeira. No contexto em que nos encontramos, temos algumas esperanças de que a espécie humana possa reavaliar seu papel sobre o planeta. Aos olhos de alguns economistas, alguns sistemas que vínhamos experimentando terão suas rotas alteradas. A começar pelo sistema capitalista e sua variante: a globalização.
Não é certo, ainda, pensar a pandemia como resultado extremo do próprio capitalismo. Tampouco é sabido se a pandemia virá para enterrar esse sistema e inaugurar outro, com a face mais humana. O que se sabe é que depois da peste negra ou peste bubônica, entre os anos 1347 e 1351, quando 200 milhões de pessoas, na Europa e Ásia, pereceram, o sistema feudal, predominante naquelas regiões, deixou de existir, cedendo lugar ao capitalismo comercial.
Também naquela ocasião, acredita-se, a peste teria viajado através da rota da seda, desde o Oriente, atingindo a Europa, a partir também da Itália, tal qual ocorreu com a Covid-19. Qualquer sistema, por maior e mais sofisticados que sejam seus mecanismos, tem seu ciclo. Com o capitalismo parece não ser diferente. No plano íntimo de cada um de nós, há ainda mudanças que se anunciam necessárias, mas que ainda não vislumbramos bem. As pessoas e as famílias estão sendo postas a provas duríssimas e isso, de certo, provocará reflexões, o que, por sua vez, abrirá portas para transformações.
Temos claro que é impossível pensar em mudanças do sistema, seja ele qual for, sem mudanças nos indivíduos. Os sistemas refletem quem somos, gostemos ou não da premissa. Pouco antes da eclosão da pandemia, vivíamos o dilema do aquecimento global e ele ainda está ocorrendo. Esse fator externo também contribuirá para mudanças tanto no comportamento íntimo de cada um, quanto terá seus reflexos no sistema capitalista, principalmente em quesitos como o consumo e a distribuição de renda.
Um fator vinculado à pandemia, e que não pode ser ignorado, é o aumento sensível da pobreza e de pessoas em situação de risco. O ultra liberalismo e o hiper capitalismo, seus princípios éticos, parecem estar com os dias contados. Coube à China comunista, controlada por uma ditadura burocrática e insensível, mostrar ao mundo os horrores do capitalismo levado ao extremo.
A pandemia serviu, entre outras mil lições, para demonstrar o quanto pode ser nocivo à humanidade aparelhar, politicamente, órgãos das Nações Unidas, como a OMS. Aqui no Brasil, também as lições trazidas pela crise são inúmeras e deverão ser adotadas. A começar por uma mudança de rumos no próprio governo. O capitalismo industrial e poluidor terá que ceder espaço, cada vez maior, a um tipo de construção de riqueza que não agrida o meio ambiente e, sobretudo, o próprio homem. São lições de casa que, entre outras mil, haveremos de fazer, literalmente, em casa.
A frase que foi pronunciada:
“Pode-se morrer mais do que uma vez. A sepultura é que é só uma, para cada homem.”
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. (Wikipedia)
Solidariedade
Pelo Instagram, Ivan Mattos convida a comunidade de Brasília a conhecer seu trabalho em parceria com outros fotógrafos. Veja, na página Fotografias Solidárias, como você poderá ajudar a Casa de Ismael, que está precisando demais do apoio de todos.
Humano
Uma mensagem simpática do ex-governador Rodrigo Rollemberg, aos amigos, pelo WhatsApp. Coisa de quem cresceu na cidade e cativou muita gente. Veja no blog do Ari Cunha.
Leitor
Não é à toa que o Lago Norte tem tido aumento expressivo nos casos de dengue. A última casa da QL2, conjunto 8, acumula resto de obras no local, deixando os vizinhos em polvorosa. Isso há anos. Mas, até agora, nada foi feito, apesar das inúmeras reclamações.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As firmas instaladas ali são obrigadas a um sacrifício enorme, porque ficam completamente isoladas do resto da cidade. E um telefonema interurbano para ser completado, tem que ser no posto da W-3. (Publicado em 12/01/1962)
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Com a expansão das mídias pelas redes sociais, a sensação é de que esses casos passaram a se repetir de hora em hora, incentivados pela leniência de parte dos órgãos fiscalizadores, com apoio também de parcela do próprio judiciário, afoito em conceder habeas corpus aos convivas do mesmo andar social. Para os muitos brasileiros de bem, essa rotina malsã não tem sido capaz ainda de entorpecer a capacidade de se indignar e de manter alguma esperança de que, em algum momento, a rapinagem irá cessar, quer pela exaustão das riquezas, seja pela revolta popular ou pela tomada de consciência da parte sadia da justiça.
Enquanto isso não ocorre, furtam, como dizia Padre Antônio Vieira já em 1655, “pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre aqui deixam raízes, em que se vão continuando os furtos.” São tantos casos seguidos que um canal de televisão até já criou uma espécie de logomarca padrão, que aparece sempre ao fim do noticiário policial, bem no rodapé da TV, em que se lê entre parênteses: “O que dizem os citados”.
Começa então o desenrolar das ladainhas das mais estapafúrdias justificativas de cada um desses envolvidos no que parece ser o maior cipoal de ladravazes já reunidos, de uma só vez num mesmo Estado.
A vingança que muitos enxergam para esses gatunos é que o produto de suas rapinagens acabará, ao fim de um longo processo, na algibeira de seus obsequiosos advogados, em forma de honoráveis honorários, transformados em mansões, carros de luxo, relógios sofisticados, vinhos finíssimos e outros itens tão ao agrado dessa gente que forma uma casta aparte da nação e que, ao fim, ao cabo, é tudo farinha do mesmo saco.
Quem assiste, lê ou ouve nas rádios os principais noticiários de nosso cotidiano, geralmente ao fim do dia, depois de uma longa e exaustiva jornada de trabalho, vai para a cama cada vez mais convencido de que esse é realmente um país sui generis e de riquezas inesgotáveis. De outra forma, como seria possível ao Brasil não ter ainda desaparecido do mapa mundi e resistido a mais de quinhentos anos de pilhagem contínua?
Esse, sem dúvida, é um mistério que parece caber bem nos contos ao estilo realismo fantástico. A sequência ininterrupta com que desfilam impávidos e, na nossa cara, os mais inusitados e escabrosos casos de desvios de dinheiro público, praticados, na sua maioria, pelas principais lideranças políticas do país, é tamanha que, para caber na nossa realidade, se transforma numa espécie de rotina, em que a banalização do mal é vista sem maiores sustos.
A frase que foi pronunciada:
“Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos atenciosos e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que já houve.”
Margaret Mead, antropóloga cultural norte-americana.
Paciência
Regina Ivete Lopes simplesmente não conseguia mais fazer Pilates com as músicas que a academia adotava. Diplomaticamente, sugeriu ao professor, que acabara de se formar, a ouvir uma coletânea de Mozart como contraponto. O rapaz nunca ouviu falar no compositor austríaco.
Essa não
Contando o ocorrido para as amigas veio outra bomba. Num curso de línguas, o assunto foi Beethoven. Alguém disse de imediato que conhecia. Era aquele cão São Bernardo protagonista de um filme. Fazer o quê?
Fim de linha
Outro dia, em uma universidade particular, o professor quis saber se alguém identificaria Napoleão Bonaparte em uma gravura. O único que arriscou disse que era São Jorge.
Chega de funk
Como dizia Ariano Suassuna, o fato de só darem osso não significa que o povo só gosta de osso. Experimente dar filé. São vários os projetos para crianças vulneráveis que levam a música erudita, esportes, ballet e tudo é muito bem recebido.
Segredo
Pela primeira vez em Brasília, será o encontro de uma das classes profissionais mais importantes do país, os práticos. Tudo organizado pelo Conselho Nacional de Praticagem. O evento será no dia 6 de fevereiro no Clube Naval.
Erro de cálculo
São muitos os pensionatos de moças em Brasília. Mas os preços estão bem fora da realidade. Enquanto se é possível alugar uma quitinete por R$700, um quarto para duas pessoas custa R$ 600.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Quem construiu a Escola Classe da superquadra 108, que vá ver a belezinha de impermeabilização do prédio. Ontem, a entrega das notas dos alunos foi feita dentro de uma sala de aula, com água pingando do teto, e dois candangos com um rodo evitando o empoçamento. (Publicado em 15/12/1961)
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Não é novidade para ninguém, principalmente para aqueles que transitam nos bastidores do poder aqui na capital, que, a cada dia que passa, mais e mais a Operação Lava Jato vai caminhando para seu final. Não por conta das investigações, que segundo os próprios procuradores ainda deveriam prosseguir por mais dois anos, no mínimo. A questão é que para todos aqueles que direta ou indiretamente estão, de alguma forma, enredados nessa operação exitosa, “a Lava Jato foi longe demais”. Por essa avaliação, entende-se que essa operação, por conta naturalmente das pistas que seguiu, chegou muito perto daquelas autoridades do alto escalão tidas como intocáveis ou forçosamente acima de qualquer suspeita. Todos aqueles envolvidos na tarefa de seguir a trilha deixada sabiam que, mais cedo ou mais tarde, a Lava Jato chegaria a uma encruzilhada que bifurcaria por apenas dois caminhos: o da legalidade total, custe o que custar, ou o da trilha nevoenta, onde os personagens principais desapareceriam de cena, deixando em suspense o prosseguimento da operação, tal qual se sucedeu com as investigações Mãos Limpas, na Itália.
O fato, e ninguém desmente isso categoricamente, é que deixada seguir, por inércia, a Operação Lava Jato iria provocar um tal esvaziamento de importantes personagens dessa República que talvez houvesse a necessidade de convocar novas eleições. O problema maior, nessa fase avançada da operação, é que ela se aproximou demais de pessoas e fatos que se abrigam não apenas no Legislativo e Executivo, mas dentro do próprio poder Judiciário. Nesse ponto foi operado um conjunto de acordos e acertos de bastidores, todos devidamente registrados pela mídia, visando a elaboração de uma estratégia em comum, envolvendo os Três Poderes para um esvaziamento paulatino e discreto de toda a força-tarefa da Lava Jato.
O “mecanismo”, se assim pode ser apelidado, consistiria numa desaceleração suave e sem estardalhaço em investigações, retirando à conta-gotas todo e qualquer suporte necessário aos procuradores de Curitiba. Esse “mecanismo” deveria funcionar de forma sincronizada e silenciosa como um relógio suíço, de modo a não despertar a atenção e a ira da população que, em sua maioria, apoia a operação Lava Jato e seu prosseguimento.
Na realidade, o que pretendem todos aqueles envolvidos nessa trama poderosa é cobrir a operação com o véu do esquecimento, apagando delicadamente cada possibilidade de pista; afastando as investigações do olho da mídia; tornando secretas muitas investigações; removendo personagens de pontos estratégicos; apagando a memória da operação; desacreditando qualquer avanço; tornando legais escutas criminosas que flagraram conversações entre os procuradores e o juiz Sérgio Moro.
Para tanto, as infinitas filigranas da lei serviriam como uma espécie de Labirinto do Minotauro, onde os investigadores ficariam aprisionados até a decretação da morte cerebral da operação. Para aqueles que acompanham no dia a dia o desenrolar desse ardil, o “mecanismo” segue em pleno desenvolvimento, colhendo de cada Poder a pequena porção de pólvora, capaz de fazer explodir pelos ares aquela que foi a mais popular das operações, esperança de muitos, desde que Cabral por essas bandas veio ter.
A frase que foi pronunciada:
“A corrupção não tem cores partidárias. Não é monopólio de agremiações políticas ou governos específicos. Combatê-la deve ser bandeira da esquerda e da direita.”
Sergio Moro, quando ocupava o cargo de Juiz Federal.
Sem aviso
Nosso leitor Renato Prestes informa que o medicamento Moduretic, para pressão alta, original e genérico, some da praça, prejudicando a saúde de pacientes que têm uso diário.
Mérito
É realmente um sucesso a visitação no Congresso. As duas casas se unem para receber os brasileiros. No domingo não há a necessidade de agendamento. Os grupos começam a se organizar para a primeira visita às 9h. De meia em meia hora, novos grupos são formados. Os últimos saem às 17h. A cada primeiro domingo do mês, há também a participação do Congresso na troca das bandeiras. A responsável no Senado é Marília Serra, na Câmara, Maria José Garcia. Os elogios dos visitantes foram para Adriana Araújo. Toda a equipe é bem preparada e tudo bem organizado.
Altruísmo
Uma homenagem da Azul no Outubro Rosa. É que Cleonice Antunes, agente de cargas da companhia, venceu o câncer e agora inspira os passageiros com sua história de superação. Ela entra em alguns aviões antes do embarque finalizar para passar a mensagem do autoexame e exames preventivos. Segundo o Ministério da Saúde, por ano, surgem 60 mil novos casos de câncer de mama no país.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Ninguém vai querer comparar o dr. Juscelino com o Padre Cícero, mas quando o homem chega, até a chuva chega também… (Publicado em 01/12/1961)
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Criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Muitos concordam que, depois da economia, a pasta que seguramente terá a maior relevância no governo Bolsonaro será o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Isso não quer dizer que os outros ministérios venham a ter menor protagonismo até 2022, mas de todos os problemas nacionais, a questão da segurança pública é a que atualmente mais preocupa os brasileiros.
Por outro lado, é preciso destacar que tanto o combate ao crime organizado, que age em todo o território nacional e em alguns países da América Latina, como o combate à corrupção dentro dos limites do Estado, são prioridades que, se não debeladas a curto prazo, colocarão a perder quaisquer outras iniciativas em outras áreas. Ou seja, primeiro é preciso limpar do caminho os malfeitores para que o país possa seguir em frente com tranquilidade.
O combate à corrupção e ao crime organizado tem hoje tanto ou maior relevância para a segurança nacional do que as insurreições protagonizadas pelos chamados subversivos de orientação comunista durante os anos sessenta. Não por outra razão, a posse do novo titular da pasta, Sérgio Moro, só perdeu em importância e público para as posses do próprio presidente e do ministro da economia.
Tempos bons e tranquilos eram aqueles em que o maior inimigo do Brasil era a saúva, que ameaçava acabar com o Brasil. Não há uma única unidade da federação que não sofra as consequências da violência e do crime. Trata-se de uma calamidade pública que tem levado, inclusive, à intervenção pelas Forças Armadas.
No discurso de posse, o ministro Sérgio Moro lembrou que apesar dos imensos esforços obtidos por investigações feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, como é o caso da Lava Jato, o Brasil ainda permanece em uma posição muito ruim nos índices de percepção da corrupção da Transparência Internacional.
O novo ministro reconheceu que o combate à corrupção não se faz apenas com investigações e condenações eficazes. Para Moro, uma espécie de Eliot Ness dos tempos atuais, é preciso ir mais além. Na sua avaliação, “São necessárias políticas mais gerais contra a corrupção, com leis que tornem o sistema de Justiça mais eficaz e uma legislação que diminua incentivos e oportunidades contra a corrupção.”
Moro destacou ser necessário enfrentar o crime com leis mais eficazes, com inteligência e operações coordenadas para o crime organizado, sobretudo os 3 maiores que dominam as principais penitenciárias do país. Para esses bandos de criminosos o ministro sugeriu enfrentá-los com o remédio universal, ou seja, prisão dos membros, isolamento carcerário das lideranças, identificação da estrutura e confisco de seus bens.
Outro objetivo traçado para o Ministério da Justiça nessa nova gestão será contra a violência urbana, as altas taxas de homicídios, os elevados números de roubos armados, estupros e outros crimes violentos que vêm infestando o país. Para Sérgio Moro, as diversas formas de criminalidades que assustam o país, além de gerarem uma atmosfera de insegurança geral, prejudicam o ambiente de negócios e o desenvolvimento do país. “Pior do que isso, afirma Moro, geram desconfiança e medo, afetando a credibilidade das instituições e, em certo nível, a própria qualidade da democracia e da vida cotidiana.” Essas mazelas, segundo disse, acabam por afetar ainda a credibilidade das instituições e a própria qualidade da democracia e da vida cotidiana.
A frase que foi pronunciada:
“Eu nunca considerei uma diferença de opinião na política, na religião, na filosofia, como causa de afastamento de um amigo.”
Thomas Jefferson
Avanço
Câmara e Senado vêm, paulatinamente, desde 2015, estabelecendo normas, critérios e fazendo a publicidade necessária para que todos os servidores das Casas tenham as informações corretas sobre assédio sexual e moral. Já são dezenas de encontros com grupos de trabalho sobre a prevenção e combate do assédio na administração pública.
Improbidade
A Comissão de Legislação Participativa acatou a proposta da Federação Nacional dos Policiais Federais que define o assédio moral praticado por agente público como um ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Para a Procuradoria Geral, que está despejando apartamentos ocupados por estranhos: todos os oficiais de Justiça de Brasília conhecem pelo menos um deputado e um senador, que alugam os apartamentos, e quando vêm à Brasília “ficam num quarto de um amigo”. (Publicado em 08.11.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
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Para um país cuja parcela expressiva da população ainda ronda os limites do mapa da fome soa um tanto quanto surrealista que os diversos grupos que ora se engalfinham em disputas políticas recorram justamente aos nomes de alguns alimentos típicos para dirigir ofensas e impropérios uns aos outros. Na batalha que antepõe pretensos grupos de esquerda e de direita, como se isso contivesse algum sentido claro para esses grupos e para a maioria dos brasileiros, coxinhas e mortadelas se reúnem em seus exércitos distintos e, ao chamado de suas lideranças fantoches, dão início as batalhas campais pelo país afora.
Nessas refregas sobra bordoada até para a bandeira nacional, tornada, não se sabe exatamente por que, um símbolo que demarca e identifica os pelotões dos coxinhas. Os mortadelas exibem estandartes rubros, bem condizentes com a iguaria feita de embutidos de carne de boi e de porco. Observando na segurança bem armada dos palanques, os generais que comandam esses motins a distância não escondem sua aversão a ambas iguarias, preferindo o canapés fino servido em lautos banquetes e restaurantes requintados.
Nessa nossa revolução às avessas, os novos sans-culottes, à falta de brioches, vão de sanduíches de mortadela regado a tubaína. Curioso e sintomático também que essa guerra de baixa culinária tenha justamente como chamamento as panelas que retumbavam uníssonas nos centros urbanos sempre que Dilma, a “generala” que rendia saudações à mandioca, aparecia na televisão.
Aliás, nesse nosso “master chefe” político, as predileções culinárias e etílicas sempre serviram como fronteiras a demarcar territórios e personagens, identificando cada comandante pelo gosto a um acepipe próprio. Mas não se iludam! O consumo de bebidas e guloseimas para esses marechais da política só se realizam diante das luzes das TVs e em meio ao grande público.
Essa lição foi dada por Jânio Quadros numa época em que o marketing era ficção científica. Naquela ocasião, o candidato histriônico desfilava pelos palanques, carregando, vistosamente, um sanduíche no bolso do paletó, para mostrar sua identificação com o populacho. Engana-se também quem crê que Lula seja um consumidor de cachaça barata. Quem conviveu com o ex-presidente e conhece a variedade de sua polêmica adega sabe que os preços e as marcas de sua coleção etílica é coisa só para grã-fino.
Enquanto a população perde a cabeça e o estômago numa batalha vã em favor de um e de outro desses glutões políticos, na retaguarda, outros representantes da nação não se acanham nem um pouco em desviar recursos públicos, duramente destinados pelos pagadores de impostos para a compra de merenda escolar. O mais extraordinário nessas pelejas de coxinhas contra mortadelas é que essas batalhas culinárias podem vir a ter um desfecho melancólico com a prisão, que vai se consumando, da maioria desses maestros ou maîtres do atraso.
Mais curioso ainda é observar que no catre, onde muitos foram e vão parar, as quentinhas servidas aos presos foram também superfaturadas e, portanto, são de baixíssima qualidade. Lição aprendida.
A frase que foi pronunciada:
“Eleições 2018. Cardápio sem suculência.”
Dona Dita
SOS
Está instituído o selo MOLA, pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. O Selo MOLA se apresenta como reconhecimento formal concedido às entidades sociais, empresas, entidades governamentais e outras instituições que atuarem em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo-DF no desenvolvimento de ações que agreguem forças à sua revitalização, impulsionando a melhoria da oferta de assistência em Saúde Mental do Distrito Federal.
Memória
Talvez ninguém lembre do PL transformado na Lei 8.985, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em fevereiro de 1995, concedendo anistia aos 16 parlamentares, candidatos às eleições gerais, condenados por terem usado a gráfica do Senado ilicitamente com fins eleitorais. Houve a anistia e o mais importante: o ressarcimento aos cofres públicos.
Vale a leitura
Sivirino Com “I” e o Deus da Pedra do Navio, da Editora Chiado. Novela do paraibano-brasiliense que põe o personagem principal discorrendo, nordestinamente, os ensinamentos de deuses, profetas e mestres. Mangar do nome estranho nunca baixou a auto estima. É a fortaleza comum do Nordeste.
Intocáveis
Talvez seja o encontro do Mercosul, mas o fato é que carros pretos, com placas normais e alguns com luz circular no capô voam pela cidade sem respeitar qualquer pardal. Na quinta-feira, por volta das 18h40, foram vários correndo e cortando os outros carros na L4. Na sexta-feira, por volta das 11h55, outro descia a W3 em direção à Bragueto. A velocidade perto do pardal da parte inferior da ponte não foi respeitada. Veja a foto no blog do Ari Cunha.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Agora se sabe porque os moradores do IAPFESP (104 e 304) nunca terão suas superquadras urbanizadas. O Delegado dr. Aracaty foi quem autorizou a construção de casas de alvenaria no canteiro de obras. (Publicado em 20.10.1961)
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Com Mamfil e Circe Cunha
Fosse analisado apenas à luz da psicanálise, o parecer apresentado agora pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, para deferir, num voto de minerva, o pedido de habeas corpus, apresentado por José Dirceu, revelaria, por trás das falsas filigranas jurídicas, um juiz , cujo narcisismo e o ego gigante, o faz crer estar no mais alto das colinas, de onde contempla a humanidade que vaga no escuro da ignorância.
Ninguém deve se atrever a desprezar o impecável currículo do magistrado. Mas há algo no meio jurídico onde os responsáveis não são os mestres.
Ao se referir ao trabalho dos Procuradores da República como “brincadeira juvenil”, feita por “jovens que não tiveram a vivência institucional” ,Gilmar Mendes criticou, num discurso de fundo moralista, a insistência a com que o procurador Deltan Dallangnol vem atuando para manter no cárcere criminosos contumazes . “Se cedêssemos a esse tipo de pressão, deixaríamos de ser o STF”, disse o ministro, para quem “ o Supremo deu uma lição ao Brasil”.
A pressão ao qual o ministro se refere é, no mínimo, a mais legítima e legal das pressões, já que emana também de um braço da Justiça. Justamente aquele que mais a fundo , conhece por dever de ofício investigativo , as atividades criminosas e as ardilesas de José Dirceu, o verdadeiro cérebro por trás do lulopetismo.
Causa estranheza para muitos que às vésperas de fechar as negociações para um possível acordo de deleção premiada, o ex-homem forte do governo Lula, tenha conseguido um relaxamento de sua prisão. O que não causa surpresa alguma é a atitude adotada pelos ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli a não se declararem impedidos de votarem no processo por suas ligações históricas e mesmo subalternas ao Partido dos Trabalhadores.
O que fica evidenciado neste julgamento, mesmo para os mais leigos dos cidadãos, é que já não é mais possível aceitar pacificamente que os membros do STF sejam escolhidos diretamente pelo Presidente da República. Este modelo, pelo que se tem visto desde os julgamentos do mensalão, e pelo que vai se anunciando nos escândalos em curso do petrolão, tem, insistentemente, se mostrado parciais e tendenciosos. Justificativas jurídicas para este ou outras decisões e comportamentos polêmicos, sempre se acharão no oceano das leis. O que nunca haverá de se achar é a sintonia do que pensa e acreditam os cidadãos e as discutíveis decisões de muitos juízes, aprisionados entre o que desejam os brasileiros que lhes garante os proventos e aqueles políticos que lhes franquearam o alto cargo.
A frase que não foi pronunciada:
“ Caráter é adquirido com experiência no STF?
Pergunta da senhora Democracia
Cuidados
O que alguns síndicos não sabem é que reformas na fachada faixa deve ser comunicada ao arquiteto autor da obra. Se em Brasília alguém se interessar por esse tema, terá material farto. O Código Civil dita no artigo 1336: “São deveres do condômino: III – não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas”
Alfinetada
Novamente denúncia de assédio sexual no metrô. Lembro da Júlia ensinando a filha Rosana a espetar com alfinete de fralda qualquer tarado que se atrevesse a encostar nela. Deu certo. O intento era bruscamente interrompido com uma literal alfinetada.
Registros
Brotam a todo momento comentários na Internet sobre o STF . Homer Itaquy observa: Realmente os “meninos”de Curitiba não têm a experiência que um membro do STF tem.
Em boa hora
Empresas em débito tributário terão chance de regularização. Uma Medida Provisória foi aprovada no Senado criando o Programa de Regularização Tributária para empresas em débito.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Ademais, o edifício para onde se mudaria o Ministério, é de propriedade da Comissão do Vale do Rio Doce, que é subordinada ao Ministério das Minas e Energia. Não tem água, luz, esgotos nem telefones. Como está, a própria Prefeitura não poderá dar o “habite-se”. (Publicado em 27/09/1961)
DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
Circe Cunha e MAMFIL
No fim do ano passado, quando o diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), Paulo Salles, declarou que a população precisava rezar para chover, estavam aparentemente lançadas, segundo seu entendimento técnico, todas as condições necessárias para que os reservatórios que abastecem a capital com água tratada voltassem aos níveis normais, evitando, assim, que o racionamento rigoroso fosse decretado pelas autoridades.
Fosse simples assim, bastaria entregar a pasta a algum padre ou pastor, que a situação estava resolvida. Bastaria a população sair em procissão pelas ruas, com velas, entoando cantos religiosos ou quem sabe por meio da convocação de povos indígenas para a realização de antigos rituais invocando as águas do céu.
Não querendo entrar no mérito da eficácia desses métodos, que têm explicação no plano da metafísica, o problema diz respeito à confluência de um complexo conjunto de causas, muito humanas, que remontam à história recente de Brasília e do Entorno. Anteriormente, as desculpas se resumiam a atribuir aos imponderáveis caprichos da natureza pela falta de água. Rezar é bom e alivia a alma, que não necessita desse tipo de água para viver. A fonte da vida é outra.
Obviamente, não cabem à Adasa, da qual a população desconhece a existência, todas as responsabilidades pela escassez de água. A parte que lhe diz respeito diretamente vem exatamente do aparelhamento político imposto pelos governos passados, das agências reguladoras, com a substituição de técnicos especializados e renomados, por apadrinhados políticos, sem qualificação específica para a função. Numa escala de responsabilidades, cabe, primeiramente, à classe política os infortúnios vividos pela população. A transformação das terras do DF em moeda de troca política permitiu que imensas áreas, muitas, comprovadamente de proteção ambiental, com importantes nascentes, está em uma das raízes do problema.
Com a farra dos loteamentos irregulares, construídos da noite para o dia, veio o inchaço populacional desordenado. Uma vez estabelecidas, as invasões eram imediatamente equipadas com redes de água e luz, mesmo antes de qualquer planejamento urbano técnico , consolidando o problema e empurrando a solução para um futuro que, agora vemos, chegou com a conta nas mãos.
A falta de planejamento de longo prazo e de uma política permanente de educação sobre o uso correto desses recursos finitos vem em seguida. A transformação do cerrado em extensas áreas de monocultura para a exportação, com a destruição da vegetação nativa, ao destruir o ecossistema da região, considerado o berço das águas, fez o resto.
É importante observar que, ao longo da história da humanidade, nenhuma civilização foi capaz de prosperar e mesmo sobreviver sem os recursos hídricos necessários e essenciais. Muitas cidades importantes na antiguidade simplesmente foram deixadas para trás, quando a água secou. O exemplo permanece. Portanto, debitar nas contas, já volumosas de Deus e da administração celeste, as causas pelo esgotamento hídrico, não convence, mesmo aos mais crédulos.
A frase que foi pronunciada:
“Esse estádio monstrengo é a prova de que nunca faltou dinheiro para atender pacientes com dignidade nos hospitais públicos. Faltou mesmo foi sensibilidade e humanismo.”
Paciente na emergência do Hran
Notas
» Sob o argumento de superlotação, o Hospital do Paranoá suspendeu, temporariamente, o atendimento a todos os pacientes que procuram a unidade. Essa situação inusitada revela e expõe a falência da estrutura de saúde no DF. Já o Hran, na madrugada de ontem, tinha enfermeiras e médicos de plantão. Só que o atendimento na emergência só começou na troca de turno.
SOS nojo
» Por falar em Hran, no orelhão do PS perto da chefia de enfermagem, havia uma cadeira onde alguém com diarreia sentou. Com a espuma alta, cada um que sentava ali, para amenizar a exaustão da espera, levantava com a surpresa desagradável.
Vermelho
» Não é de hoje que pacientes que necessitam de atendimento de urgência, em todo o DF, só têm acesso ao interior dos hospitais e, portanto, aos cuidados médicos, se derem entrada nos estabelecimentos, deitados em macas e transportados pelas unidades dos Bombeiros e das ambulâncias, de preferência prontos para morrer.
Ver para crer
» E mesmo quem dá entrada é atendido de forma precária. Sem limpeza, sem lençóis, sem a menor dignidade. E justiça seja feita: falta dignidade para os pacientes e para os que optam por trabalhar sem o mínimo básico necessário para exercer a profissão. Os médicos enfermeiras, técnicos, que batem ponto e trabalham, merecem todo o respeito da população. O governador Rollemberg poderia ir a qualquer hospital público de madrugada disfarçado, sem estafe. Alguma coisa mudaria.
Realidade
» Devido a carências no setor, as brigadas do Corpo de Bombeiros foram transformadas em serviço de atendimento de emergência de saúde, transportando pacientes de todo o DF para os hospitais depois de um atendimento preliminar. São heróis que também lutam com condições que poderiam ser melhores.
História de Brasília
Como não há exceção, caiu o decreto das corridas de cavalo, e as determinações sobre o uso de carros oficiais foram desrespeitadas, mas nessa mesma edição há uma carta do chefe da Casa Militar da Presidência, general Amaury Kruel, a respeito. (Publicado em 21/9/1961)