O Santo Graal

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Platão e Sócrates. Imagem: reprodução da internet

          A linguagem é um poderoso instrumento de construção de significados, de interação entre os humanos e de construção de ideias. Sem ela, o desenvolvimento da sociedade e todo o progresso que conhecemos na história da humanidade seria outro, talvez menos brilhante e bem mais lento. Educação, cultura de toda uma diversidade de saberes nascem e fluem por intermédio da linguagem. Sócrates foi o mestre da linguagem e da palavra. Toda a sua obra se baseia no uso da palavra, pois enxergava que, por meio da linguagem, era possível alcançar a verdade. Dizia ele: “fala para que eu te veja”. Pelo uso e prática da maiêutica, questionava incansavelmente seu interlocutor na longa estrada em busca do conhecimento que leva a verdade. Parir a verdade, eis a técnica do grande filósofo. Também a psicanálise se baseia na maiêutica, pois busca trazer à tona o que está guardado no inconsciente, buscando aqui a cura pela fala. Desde cedo, ficou patente o poder de conduzir os homens pela força da linguagem e da palavra.

          Os políticos, os clérigos e todos aqueles que estavam acima e à frente das populações souberam usá-las para seus propósitos. Com isso, a linguagem foi usada tanto para iniciar guerras como para proclamar a paz, para trazer o progresso e para deixar ruínas. Se, portanto, a palavra nasce das ideias, é nesse campo que todos aqueles que buscam dominar o homem querem influir. Ao tornar o homem um ser desprovido de ideias próprias, estamos conduzindo-o para um lugar onde podemos melhor controlá-lo. A linguagem liberta e aprisiona. Nos regimes totalitários, caçar o direito a voz e a linguagem tem sido a primeira medida dos tiranos. Garcia Lorca (1898-1936), o mais importante poeta espanhol durante a guerra civil, dizia: “o mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida”, pois, para ele “ há coisas encerradas dentro dos muros que, se saíssem de repente para a rua e gritassem, encheriam o mundo”. Apenas por utilizar o poder da linguagem, acabou fuzilado pelas forças de fascistas de Franco, sendo os seus restos mortais escondidos até hoje.

         O perigo que o poder da linguagem possui quando gestada por uma mente desse calibre, tornara-o uma arma letal contra o regime e a opressão. O lado das sombras também sabia do poder da linguagem e usava-a sem cerimônias por meio de uma propaganda massiva a incutir o medo e a renúncia à fala. Neste contexto, nada mais velho e também mais eficaz do que fiscalizar o que é dito verbalmente ou por escrito. Por isso, antes de aprisionar o homem, é preciso aprisionar suas ideias.

         A liberdade de expressão, que na maioria das constituições de países do Ocidente é um dos temas principais, vai, nessa primeira metade do século XXI, sendo, pouco a pouco, limitada e restringida, pois contraria o pensamento daqueles que se acham, erroneamente, donos do poder ou de uma situação momentânea de poder. Talvez, esteja aí o tão repetido sentido de censura, denominado nesses tempos de novilíngua ou mais precisamente de wokismo. A esse tipo de anti-linguagem, somam-se confusões propositais ao idioma, de forma a corrompe-lo desde a raiz. Sem a linguagem, aprisionada em proposições que busca eufemisticamente “regular as mídias sociais”, o ser humano capitula de forma mais ligeira. Ao caçar o direito à palavra, a crítica ou a defesa, como temos visto nestes tempos surreais, os seres humanos são reduzidos à condição de um enorme formigueiro, silencioso e sem sentido. Assim temos que cortar a palavra ou a linguagem é cortar também uma das poucas maneiras de se aproximar da verdade. Notem que a verdade aqui, nesse caso, não é só o que é certo e aceitável, mas o que é belo e ético ao mesmo tempo, ou seja: sem a liberdade da linguagem, não há caminho possível rumo à tão desejada felicidade humana, que, afinal, é o Santo Graal de todo o propósito humano.

 

A frase que foi pronunciada:

“Sentimo-nos livres porque nos falta a linguagem para articular a nossa falta de liberdade.”

Slavoj Žižek

Slavoj Zizek. Foto: Antonio Olmos / Eyevine / Contacto

 

Vírgula

Solução simples para as ardilosas armadilhas contra os idosos. Realizar um empréstimo consignado sem a autorização do titular isenta o cliente do banco ou do INSS a pagar a conta. Simples assim.

Foto: Divulgação/ALEMS

 

Ponto final

Esse assunto recebeu espaço no legislativo, que agora cria uma lei para multar o banco. Melhor que a multa, seria a isenção do pagamento do empréstimo não autorizado. Mal cortado pela raiz.

Charge: bancariosirece.com.br

 

Exclamação

É preciso um apelo dos produtores para que o governo reconheça a importância do cacau brasileiro. Mais cacau puro nos chocolates vendidos no país é o que a classe pede. O que parece óbvio precisa ser gritante!

Cacau no Extremo Sul da Bahia. Foto: Arquivo/Ceplac

 

Aspas

“Nesse plano geral do mundo para exterminar os idosos, poderiam começar pelos corruptos”! Disse Eliana de Siqueira Alves.

Foto: Getty

 

Em cerrado

Como sempre Nicolas Behr, canta Brasília em poesia contagiando a todos que amam essa cidade. “Nem tudo o que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores do cerrado.”

Nicolas Behr. Foto: Ailton de Freitas

 

História de Brasília

O caso do BNDE era um abuso porque mantinha fechadas as casas, mas o movimento grevista, inclusive insuflando alunos foi recebido com reserva pelo povo. Êste é o fato. (Publicada em 02.05.1962)

Um breve olhar ao passado

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Foto: Prefeitura de Araraquara. Araraquara fechou todas as atividades por quase uma semana, na pandemia do Covid-19. Só serviços de saúde permaneceram abertos.

 

Diferença fundamental entre o fanatismo político e a ciência é que, enquanto um se baseia na autoridade, a outra se baseia na observação e razão. O objetivo final da ciência é a verdade. O da política, é o poder. Passados anos da pandemia, vale observar as consequências desse debate que vão muito além das discussões entre paralisação e quarentena. No campo político, as oposições se manifestaram com união e sintonia para desacreditar todas as teses que tentavam segurar a crise. Pessoas foram presas porque nadavam na praia, restaurantes não recebiam clientes enquanto preparavam a comida para entrega em domicílio, desemprego, economia estagnada. Crianças respirando o ar abafado por máscaras durante horas, idosos sofriam com a solidão onde abraços plastificados, inventados por famílias criativas, amenizavam essa dor. O mundo entrava em agonia.

Diante desse cenário, um lado da sociedade apostava em provocar e disseminar a desesperança, medo, pavor, insegurança entre a população vulnerável. Obviamente que esse não era o caminho. A pandemia serviu de pano de fundo para uma disputa política que já vinha se arrastando há muito tempo e que, com essa crise, ganhou novos ingredientes. Criou-se assim uma situação esdrúxula em que a própria doença e o futuro da economia parecem ter ficado em segundo plano.

O mais preocupante é ver que, enquanto a população era distraída com uma com uma disputa que só interessava, de fato, aos políticos, principalmente aqueles cujo horizonte se estende apenas até às próximas eleições, os brasileiros, como fonte de onde todo o poder emana e em cujo nome é exercido, fica deixado de lado, numa peleja onde ele é o mais atingido.

Cria-se assim uma excentricidade em que o Estado delega, a outros planos, a sua função precípua de proteger o cidadão e se concentra numa disputa envolvendo apenas seus entes políticos e seus interesses imediatos e de curto prazo.

Para um país continental como o nosso, o tamanho do problema exigia coordenação de esforços e não disputas paroquiais. Deixando de lado razões políticas e razões científicas, até pela dimensão do problema, o caminho do meio entre a experiência sensorial dos políticos e a afirmação da razão como base da ciência médica, era preciso. A colaboração da própria imprensa e de toda a população, sem a qual, não poderia haver, nem expressão numérica para contornar uma crise desse tamanho, foi destaque.

Dessa forma, a responsabilidade de cada um e de todos conjuntamente pode fazer a diferença. Essa união de esforços parece ser a fórmula universal e que, em outras épocas, rendia frutos positivos. Cada cidadão se empenhou pelo bem da coletividade. Muitos têm dito que é nas crises profundas que a civilidade, sobretudo a empatia social, adquirem mais potência para o aprimoramento da sociedade.

Nessas horas, como não seria diferente, muitos passaram a torcer para que os bancos, o sistema financeiro e todos aqueles que sempre lucraram com o capitalismo selvagem, que fez de nosso país uma das sociedades mais desiguais do planeta, adiantassem-se e oferecessem, voluntariamente, suas contribuições para minorar os efeitos da crise. Utopia ou não, nesse rol de favorecidos e sempre superavitários, de quem se espera ajuda, incluem-se ainda as igrejas e outras instituições que sempre lucraram com isenções de impostos e o pouco controle pelos órgãos do Estado e que vem fazendo a fortuna de uma minoria por décadas.

As iniciativas que chegaram ao conhecimento do público vieram, em sua maioria, por livre vontade. Médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem foram os grandes heróis da pandemia. Arriscaram a própria vida para salvar muitas pessoas. Pequenos e médios empresários correram para transformar suas empresas em organizações voltadas para a produção de bens e insumos de primeira necessidade para a área de saúde. Pequenos ateliês de costura passaram a fabricar máscaras caseiras. Outros microempresários passaram a produzir máscaras de acetato e outros itens, assim como pequenos comerciantes que doaram parte de seus estoques para hospitais. Restaurantes doavam comida para os moradores de rua abandonados à própria sorte.

Paradoxalmente, o isolamento social contribuiu de uma forma ou de outra para que a sociedade conhecesse melhor quem são nossos políticos, banqueiros, donos de laboratórios, cientistas. Também pode ser visto a olho nu a gestão da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A modalidade de trabalho home office, que antes era mal vista por algumas empresas e por grande parte dos governos, não apenas ganhou um novo impulso, como tem contribuído para frear os gráficos de contaminação, desafogando o trânsito, diminuído a poluição e os gastos com deslocamento e com consumo de outros bens e serviços, indicando a força dessa nova forma de trabalho.

Iniciativas de todas as partes surgiram a cada dia, demonstrando o potencial adormecido da população em poder servir, inclusive, mostrando a capacidade de crescer com a crise. As ações espontâneas vão desde doações de bens e outros serviços, como outras que propõem a formulação de listas para o conhecimento público, com a relação daquelas empresas que contribuíram, de fato, com recursos para combater os efeitos da crise de saúde.

Dessa forma, o papel social desempenhado tanto por pessoas físicas, como por pessoas jurídicas foi destacado e, por certo, a população há de lembrar quem esteve ao seu lado nesse momento de agonia.

 

 

A frase que foi pronunciada: 

“Todos os países devem ativar imediatamente seus planos de preparação para pandemia. Os países devem permanecer em alerta máximo para surtos incomuns de doenças semelhantes à gripe e pneumonia grave.”

Margaret Chan

Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde. (Foto: OMS/Divulgação)

 

História de Brasília

A censura no Distrito Federal passará a ser de segunda-feira em diante, trabalho do jornalista José Madeira. Termina, assim, a discutida gestão de Egberto Assunção. (Publicada em 29.04.1962)

Anna, armada de palavras

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Foto: bbc.com (Getty)

 

Durante muito tempo, acreditou-se que o jornalismo, principalmente o de caráter investigativo, representava a última trincheira avançada em defesa da liberdade de expressão, servindo como uma espécie de farol de resistência contra a tirania e a favor da verdade. Houve um tempo, inclusive, em que o jornalismo era tido, por sua capacidade de arregimentação das massas, como um quarto poder. Exemplos desse modelo de jornalismo combativo são abundantes por todo o mundo e dele emergem figuras que, por sua atuação corajosa, entraram para a história como verdadeiros combatentes, munidos apenas com as armas da palavra e da escrita.

O advento das mídias sociais, mesmo impulsionando as informações como nunca, ajudaram a retirar muito desse poder atribuído ao jornalismo tradicional fazendo com que, hoje, tanto a imprensa como a chamada busca pela verdade ficassem espalhadas e dissolvidas por todos os lugares, aumentando a impressão geral de que ninguém, em nossos dias, por mais poderoso que seja, pode ser considerado o dono da verdade.

Mas ainda assim e em meio as adversidades de um mundo em crise de identidade, é possível encontrar jornalistas com coragem suficiente para abalar as estruturas do status quo, sobretudo, quando um sistema político favorece as injustiças e privilegiam as camarilhas, os tiranos e a corrupção. É nesse sentido que o jornalismo favorece a sociedade, brindando-a com a verdade dos fatos. Por causa desse poder de transmitir a verdade, muitos profissionais do jornalismo pelo mundo, ontem e hoje, pagaram com vida por essa ousadia e coragem. A eles, muitas democracias pelo mundo são devedoras desse tipo de luta.

Nesse sentido, merece destaque aqui, neste espaço, a lembrança do nome da jornalista americana Anna Politikovskaya, nascida na América, mas criada na União Soviética. Profissional respeitada dentro e fora da Rússia, Anna era um modelo de repórter investigativa. Não precisa nem dizer que, tendo escolhido o lado investigativo da imprensa e, além disso, disposta a levar a verdade dos fatos aos leitores, Anna, desde sempre, correu sério risco de morrer, ainda mais dentro de uma Rússia, comandada, há mais de duas décadas, com mãos de ferros por Vladimir Putin. Putin é hoje conhecido em todo planeta pelas acusações de crimes de guerra, genocídios de civis e pela forma brutal como trata toda e qualquer dissidência ou oposição. A lista com os nomes daqueles que ousaram desafiá-lo é imensa, assim como sua sede de poder e seu sonho megalomaníaco de reconstituir a antiga União Soviética, com toda a sua glória passada.

Trabalhar numa situação de perpétuo confronto como essa, onde a morte espreita em cada canto, não é para qualquer um. Ainda mais sendo uma jornalista atuante, focada em direitos humanos e que via, na guerra da Chechênia, violações indescritíveis praticadas pelo exército de Putin. Por sua atuação incansável, ela acabaria se tornando uma figura emblemática dentro e fora das fronteiras da Rússia. Poucos profissionais da imprensa tiveram a coragem que Anna demonstrava ao cobrir uma série de conflitos e de guerras sangrentas comandadas por esse pequeno e ganancioso Napoleão de hospício sovietista.

Anna, em seu trabalho, sempre demonstrava a preocupação em se posicionar contrária a toda e qualquer neutralidade, sobretudo aquela que faz cara de paisagem diante das brutalidades e desrespeitos à vida. Durante o tempo em que atuou nos principais veículos de comunicação da Rússia, o medo e a repressão eram uma constante. Os assassinatos de opositores e críticos do regime russo eram comuns. Da noite para o dia, esses críticos e adversários do regime desapareciam ou eram simplesmente encontrados mortos. Putin mandava eliminar, como moscas, não só políticos ou empresários contrários ao sistema, como encomendava, também o silenciamento de jornalistas que mostravam uma ameaça aos seus desmandos.

A morte anunciada e dada como certa de Anna ocorreria em 7 de outubro de 2006, quando foi  assassinada a tiros no elevador do prédio onde morava, por um desses milhares de sicários que agem para apagar os rastros de crimes desse regime brutal, o mesmo que hoje ameaça a Europa e o mundo com armas de destruição em massa. De toda a forma, a sua morte não foi em vão, tendo servido de inspiração para outros profissionais que ainda lutam dentro daquele país contra a centralização do poder e a falta de liberdade de expressão.

 

A frase que foi pronunciada:

“Esta linha política é totalmente neo-soviética: os seres humanos não têm existências independentes, são engrenagens na máquina cuja função é implementar sem questionamentos quaisquer escapadas políticas que aqueles no poder inventam. As engrenagens não têm direitos. Nem mesmo à dignidade na morte.”

Anna Politkovskaya

Anna Politkovskaya. Foto: gettyimages.com

 

História de Brasília

Estão querendo fazer sensação em torno do julgamento do delegado João Peles. A história de ameaça de morte não é motivo para ausência de testemunha. Assunto desta classe não deve atrasar julgamento. (Publicada em 29.04.1962)

Fake felicidade

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Bertrand Russell. Foto: en.wikipedia.org

Muito deve o mundo e as populações a figuras luminares que, na história humana, sempre colocaram sua sabedoria e ilustração a serviço de conduzir as massas em momentos de incertezas e crises. Não fosse pela atuação intelectual desses sábios e filósofos, considerados verdadeiros faróis vivos, há muito a civilização teria naufragado, entre tormentas e guerras sangrentas. Um desses indivíduos que merecem ser revisitados é o filósofo, ensaísta, historiador e matemático Bertrand Russell (1872-1970). Tendo experienciado momentos liberal, socialista e pacifista, Russell soube não se apegar a nenhuma dessas ideologias, como bem cabe a quem entende a filosofia como a única estrada a seguir.

Russell foi um filósofo muito respeitado no seu tempo, a tal ponto que muitos o viam como uma espécie de profeta ou guru. Por sua atuação enérgica contra as injustiças, chegou a ser preso durante a Primeira Grande Guerra (1914-1918). Foi também um crítico ferrenho de déspotas como Hitler e Stalin. Sua inteligência e clarividência podem ter sido adquiridas milagrosamente pela água de batismo, uma vez que seu padrinho era ninguém menos do que John Stuart Mill. Outro filósofo de ponta, adepto da lógica e das ciências econômicas.

Como pacifista que era, Bertrand escreveu, com Albert Einstein, o Manifesto Russell-Einstein de 1955, no qual alertava para as catástrofes que as armas de destruição em massa poderiam causar à humanidade. Foi ele também um dos responsáveis pela mediação no caso do conflito dos mísseis de Cuba, evitando assim que o mundo viesse a sofrer os horrores de uma guerra nuclear sem vencidos nem vencedores. Foi também um crítico duro contra a Guerra do Vietnã.

Mas foi contra Karl Marx (1818-1883) que Russell mais encontrou motivos para críticas. Para ele, uma filosofia deve ser sempre inspirada por sentimentos gentis e nunca hostis. Marx, em sua opinião, não apresentava em seu manifesto e em suas propostas filosóficas nenhuma inspiração movida por sentimentos nobres e gentis. Ao contrário, para Russell, Marx fingia pretender a felicidade do proletariado. O que ele queria, segundo Bertrand Russell, era a infelicidade tanto dos trabalhadores quanto da própria burguesia, a quem dizia desprezar, mas da qual vivia de todos os tipos de favores.

Marx, segundo Russell, queria usar o proletariado como instrumento de vingança contra a burguesia. Foi justamente por esse sentimento negativo, que misturava vingança e elementos de hostilidade, que Marx conseguiu incentivar em sua filosofia, todo um sentimento de ódio contra a burguesia. Com tantos elementos ruins sintetizados num só manifesto, o que Marx conseguiu produzir foi, na visão de Russell, um verdadeiro desastre. “Três paixões simples, porém intensas, têm governado minha vida: a ânsia pelo amor, a busca do conhecimento e uma insuportável piedade pelo sofrimento da humanidade”, disse Russell

As doutrinas, como a história humana tem demonstrado, não são nem verdadeiras nem falsas, mas apenas complemento e instrumento de predições. Russell acreditava que Marx focava muito, em seus escritos, na questão econômica para decifrar os movimentos da história. Dessa forma, o novo materialismo científico, apresentado por Marx. encerrava seus objetivos e tinha como motor propulsor da história apenas a prática e as relações econômicas, e não uma série de outras variáveis de igual importância, como a relação dos homens entre si, independentemente da produção ou de algo ligado a bens.

Observem, finalmente, que, para Marx, a filosofia era, assim como as religiões, uma forma de alienação que entorpece a razão, não havendo que perder tempo com coisas dessa natureza, principalmente se elas não lidam com coisas concretas. Marx sustentava que o ser humano é todo dotado de ação transformadora, trabalho, e não de passividade e contemplação de ideias. Mesmo negando a filosofia como um ato passivo, Marx, na visão de Bertrand Russel, não foi capaz de ver na prática a materialização de seu pensamento, pelo menos com relação à tão pretendida felicidade humana, uma vez que, em todos os lugares onde tentaram implantar suas ideias ou parte delas, o que os homens acabaram encontrando foi uma sucessão de fracassos, em que a classe proletária passou a sofrer todo o tipo de repressão e empobrecimento ao se ver escravizada pela elite dirigente do partido socialista. Eis aí uma verdade incontestável.

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“O toma lá dá cá não começa entre empresários e políticos, começa com os eleitores. É preciso cortar o mal pela raiz.”
Dona Dita

 

Erro médico?
O caso chama a atenção do leitor acostumado a acompanhar a página de óbitos no jornal. O número de mortes de crianças com menos de um ano começa a acender a luz de alerta.

Foto: Kelly Sikkema / Unsplash

 

História de Brasília

A reunião foi na Câmara. Logo depois, mais de 300 “reservas” eram efetivadas sem concurso, enquanto os que haviam prestado essa exigência ainda aguardam nomeação. (Publicada em 29/4/1962)

Apoptose política

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Charge do Cazo

 

Não tenham tanta pressa em saber quem será o próximo presidente do nosso país ou o governo deste ou doutro estado da Federação. Muito menos que bancada virá com mais força dentro do Congresso. Talvez nenhuma dessas forças, amparadas por modelos políticos desenhados nos séculos passados, terão maior protagonismo num futuro próximo. Isso, caso estejamos mesmo indo na direção do que os pesquisadores denominam de hiper-história, com uma nova filosofia da natureza, uma nova antropologia filosófica ou uma nova filosofia da política. Junto com esse novo tempo que desponta, virá sobretudo uma nova filosofia da informação e, com ela, novos atores da política.

Quando essas mudanças acontecerem, nem mesmo o Estado terá papel principal na vida das pessoas, justamente porque ele corre o risco de perder também o poder informacional sobre os diversos grupos de cidadãos. O que se acredita é que, talvez, estejamos prestes a assistir ao advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) — ou seja, um conjunto diversificado de práticas, saberes e ferramentas, ligadas diretamente ao consumo e à transmissão de informação, todas elas desenvolvidas a partir da revolução, como a internet e as redes sociais. Vamos, de fato, ao encontro da sociedade da informação, com todas as mudanças de paradigmas que isso representa. A forma como consumimos agora essa massa de informação sem precedentes mudou em relação ao passado, e isso determinará mudanças, quer queiram ou não os políticos do passado.

O que de mais extraordinário pode acontecer com essas mudanças é que o Estado, como o conhecemos até aqui, está vivendo o que podem ser seus últimos momentos. Estamos imersos no que os cientistas políticos chamam de apoptose política. Ou seja, instituições de porte global estão assumindo o protagonismo da informação. Todo esse processo é ainda potencializado pelas chamadas inteligências artificiais (IAs). Não é por outra razão que as maiores potências do planeta estão numa corrida alucinada para o desenvolvimento de novas e poderosas IAs. De fato, a informação neste século 21 vai se constituindo, cada vez mais, numa referência de riqueza ou numa espécie de capital, capaz de determinar não apenas trocas, mas até mesmo soberanias.

Toda essa nova revolução parece ir contra o modelo padrão de Estado, justamente porque as próprias fronteiras parecem ter perdido o sentido em abrigar a soberania. O que valerá daqui para frente será a infocracia. Antes que isso possa acontecer, porém, poderemos assistir a múltiplas tensões no campo da geopolítica. Assim como nas células, que são programadas para deixar de existir num dado momento, a apoptose política (a apoptose é um processo de morte celular programada, que é fundamental para o desenvolvimento e a manutenção dos seres vivos) está sendo gerida com o intuito de acabar não só com o Estado, mas de substituir a democracia por uma sociedade da informação extraterritorial.

A infocracia irá acabar com o sentido das soberanias e das fronteiras. Nesse mundo que se anuncia, o poder passa para as mãos de empresas de informação, que passarão a determinar quem tem ou não o poder de fato. Nesse novo ambiente, o Estado passará de protagonista a figurante, uma vez que passa a perder sua centralidade. Poderes como o Legislativo, fazendo leis, o Judiciário, aplicando-as, e o Executivo, pondo o Estado para rodar, por total incapacidade de deter a informação e usá-la como querem, perderão progressivamente sua importância.

O que as seguidas crises políticas vividas pelo Brasil ao longo desses últimos séculos apontam é que há no horizonte um conjunto de mudanças a decretar o declínio, ou mesmo a eliminação de figuras do mundo político. Com eles, terá fim também um conjunto de ideologias, de movimentos políticos, com os partidos perdendo relevância, ou mesmo deixando de existir. Essa apoptose política virá ainda favorecida pela falta de apoio popular, por mudanças no seio da sociedade e por diversos outros fatores de ordem econômica.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nosso desejo é o da nação: que este plenário não abrigue outra Assembleia Nacional Constituinte. Porque, antes da Constituinte, a ditadura já teria trancado as portas desta Casa. Autoridades, constituintes, senhoras e senhores, a sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou antagonismo do Estado.”
Ulysses Guimarães

Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

Haja paciência
Pacientes do Hospital do Paranoá pedem socorro. São horas de espera tanto para crianças quanto para adultos. Um deputado distrital poderia fazer a experiência de se passar por um paciente normal para sentir o drama. Certamente, alguma coisa iria mudar.

Foto: blogdoguilhermepontes.com.br

 

Referência
Enquanto isso, o Hospital de Apoio de Brasília recebe equipe técnica da Finlândia que veio conhecer a triagem neonatal. O hospital é referência internacional.

Hospital de Apoio de Brasília. Foto: Karinne Viana/Agência Saúde-DF

 

História de Brasília

O primeiro-ministro reuniu-se com os líderes de todos os partidos para estudar diversos assuntos e ficou resolvido inclusive, combater o empreguismo. (Publicada em 29/4/1962)

Inferno na terra

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Print de trecho da transmissão ao Vivo durante a Quaresma

 

Não é de hoje que as relações entre política e religião andam de mãos dadas, para o contentamento de uns e contrariedade de muitos.  Em todo o tempo e lugar sempre houve uma certa confluência entre o pensamento religioso e as ideologias políticas de plantão. Mesmo no campo da práxis, existem aqueles que chegam a apontar a religião como um braço de certos credos políticos. No entanto, essa questão passa a ganhar um ponto final quando se estabelece que para a religião importa a fé e o mundo do espírito. Na política a fé se transforma em fanatismo do tipo puramente materialista e utilitarista.

Há aqueles que acreditam que a prática da boa política, isto é, a política que se interessa pelo bem comum e que tem o próximo e suas necessidades como meta, é também uma forma humanizada de religião. Para os puristas, a religião é a política de Deus, ou seja, aquela expressada em seus ensinamentos. O que é de Cézar, é de Cézar. O que é de Deus é de Deus. Jesus, quando num ato de firmeza, expulsou os vendilhões do Templo, de uma certa forma teria expulsado também, todos que ali estavam movidos por outros propósitos.

De uma forma geral não se pode negar certas e enganosas semelhanças entre a pregação política e a pregação religiosa. Sobretudo quando candidatos a cargos eletivos se colocam como merecedores dessa posição por vontade divina. Mesmo antes do aparecimento da Teologia da Libertação, na década de 1960, já havia em outras épocas, aproximações entre o mundo secular e o mundo espiritual e eclesiástico. Houve tempo em que a religião forçou a práxis política a seguir os dogmas religiosos. Ainda hoje é assim nas chamada teocracias, como é o caso do Irã, da Arábia e outros países do Oriente. Houve e ainda existe pelo mundo, religiões que são submetidas obrigatoriamente aos dogmas políticos, ou simplesmente banidas para longe, como é o caso da Nicarágua e outros países.

Pode-se também jogar um balde de água fria sobre todo esse tema, dizendo que tanto a política como as religiões são criações humanas e, portanto, exprimem desejos humanos. Há também aqueles que confundem e enxergam semelhanças entre santos e mártires com líderes políticos. Para os socialistas, Marx seria uma espécie de santo. Da mesma forma há os que vêm em líderes como Padre Cícero ou Antônio Conselheiro, mistos entre santos e políticos.

Nos países da América Latina, o advento da Teologia da Libertação foi capaz de balançar os pilares da Igreja Católica, pois, ao pregar a combinação entre fé cristã e luta pela justiça social e libertação dos oprimidos, forçaria, de certa maneira, a Igreja de Roma a rever seus caminhos, orientando sua pregação para a realidade vivida pelos povos, sobretudo os mais pobres.

Na realidade, não há como dissociar completamente a prática política dos ensinamentos do cristianismo, pois a melhora nos Índices de Desenvolvimento Humano é também uma missão que segue o que aconselham os evangelhos. Não se pode negar também que, em países comandados com mãos de ferro, os religiosos formam o primeiro grupo a ser perseguido. Estudiosos da história das religiões são unânimes na crença de que, mesmo num futuro distante, religião e política ainda encontrarão pontos de convergência, pois o dia em que uma desaparecer do horizonte humano, a outra seguirá o mesmo destino. Mas o fato que chama a atenção nesse momento para o embate entre religião e política, mostrando que ambas ainda permanecem no mesmo ringue de disputas, vem agora do interior de São Paulo por ocasião da live da Quaresma em preparação para a Páscoa, comandada pelo Frei Gilson e que tem reunido, nas madrugadas, mais de 1 milhão de fiéis por todo o país (isso, considerando apenas os números da transmissão pelo seu canal Frei Gilson/Som do Monte, no Youtube; o rosário da madruga também é transmitido pelos seus canais oficiais no Instagram e na rede X, e pela TV Canção Nova, lembrando ainda que, facilmente, mais de uma pessoa pode estar usando o mesmo aparelho, se formos pensar nas orações em família).

Surgida durante a pandemia essas transmissões ao vivo, têm provocado acaloradas discussões tanto no mundo cristão como o mundo político. Para os ateus, trata-se um sacerdote anticomunista, pois prega, “contra tudo aquilo que historicamente os comunistas sempre lutaram”. Em tempos de incertezas, como agora, a defesa da família, das tradições, da religião, da vida e da propriedade ganharam uma espécie de maldição na boca dessa gente. O Frei ao afirmar em uma das suas pregações que os erros da Rússia não venham se repetir em nosso país, conquistou nas redes sociais um séquito de seguidores e de detratores. A coisa toda ganhou uma dimensão que nem mesmo o Frei e seus opositores esperavam. Pudera, nas redes sociais os números são contados aos milhões. Frases como : “livra-nos Deus do flagelo do comunismo”, acendem o rastilho de pólvora. Obviamente não para aqueles que experimentaram na pele o tal flagelo e suas consequências.

Os embates entre esquerda e direita ganharam um novo combustível. Em outras afirmações do tipo: “Para curar a solidão do homem, Deus fez a mulher”, despertou também a ira de um outro puxadinho da esquerda, representado pelas feministas e grupos homoafetivos. Não tardou para que as esquerdas o vinculassem ao grupo bolsonarista. Nada mais falso. Nas redes sociais os xingamentos só são ofuscados pelos dizeres de apoio. O fato é que a cada ataque, mais e mais aumentam os seguidores de Frei Gilson. Não é apenas um milagre, mas a certeza de que muitos vivos sabem que um outro nome para o inferno na terra é comunismo.

 

A frase que foi pronunciada: 

“O problema com o comunismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

História de Brasília

O empreiteiro que está plantando grama na 105 está sendo sabotado. Agora, recebeu ordens para parar o serviço por falta de irrigação. Isto representará um prejuízo, porque haverá dispensa de pessoal, e, depois, um novo fichamento irá provocar mais demora. (Publicada em 27.04.1962)

Jovens longe da política

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

Embora alguns possam ver no distanciamento dos jovens da política partidária um sinal de alienação dessas novas gerações em relação a um mundo rodeado de problemas, o fato é que esse afastamento tem como seu fator de origem o próprio comportamento da classe política, que parece agir, em sua maioria, movida apenas por interesses pessoais.

Os escândalos, sobretudo aqueles revelados pela Operação Lava-Jato, mostraram que o mundo da política, pelo menos aquele
que vemos em atuação no Brasil, pode não ser o lugar mais recomendado para pessoas de boa família e boa índole, educadas segundo a ética cristã.

Os jovens estão se afastando da política partidária tradicional e buscando outras formas de participação cívica e engajamento político, não necessariamente por meio de uma filiação oficial às dezenas de legendas que orbitam o universo político nacional. De fato, os jovens estão perdendo interesse ou confiança na política institucionalizada, exclusivamente em decorrência do que veem, leem ou ouvem diariamente.

Filiar-se a um partido político não é o mesmo que escolher um time de futebol para torcer. Enquanto escolher um time, muitas vezes, é uma questão de preferência pessoal e entretenimento, a filiação a um partido político envolve compromissos mais profundos, como participar de atividades políticas da legenda e votar em questões internas, além de outras atribuições.

O desgaste da política desde 2014 é um fator significativo que tem afetado o interesse das novas gerações. A Operação Lava-Jato, ao revelar uma extensa rede de corrupção que abalou a confiança dos cidadãos nas instituições políticas, envolvendo políticos, empresas e órgãos públicos, contribuiu para que muitos jovens perdessem o interesse pela vida partidária.

Para muitos que assistiram assustados àqueles espetáculos que mostravam longas filas de políticos indo algemados em direção à prisão, aquelas cenas revelavam os verdadeiros bastidores de um tipo de política que não interessa e está mais próxima de um caso de polícia. Outro fator a espantar os jovens da vida político-partidária tem sido dada pela intensa polarização que tomou conta de nosso país, antepondo pessoas e açulando separações e brigas.

Entrar para a vida política e ser mais um a contribuir para a divisão profunda na sociedade é tudo o que os jovens não desejam para si. Ainda mais quando se sabe que a polarização extremada leva muitos indivíduos a se sentirem alienados e não representados pelos partidos políticos tradicionais, especialmente quando nenhum dos dois lados parece corresponder aos seus valores e às suas visões políticas. Esse sentimento de descrença e desconexão com os partidos políticos atuais, embora contribua para o afastamento das novas gerações da participação política ativa, pode servir como um alerta de que é chegado o momento de uma reforma partidária séria e profunda.

Enquanto não forem revistos mecanismos como a Lei da Ficha Limpa, a fidelidade partidária, o fim da multiplicidade de legendas que não passam de empresas caça-níqueis controladas por caciques que enxergam na política um meio de multiplicar patrimônio, a filiação das novas gerações não será um remédio para o envelhecimento precoce de nossos partidos, tampouco trará sangue novo para essas legendas

O problema é que, sem a filiação de jovens e seu engajamento na vida política do país, corremos o risco de descambar para uma espécie de gerontocracia desnutrida de ânimo e ética.

 

A frase que foi pronunciada:
“Você pode queimar bibliotecas, proibir livros, boicotar acadêmicos e colocar intelectuais na lista negra, mas não pode apagar ideias.”
Matshona Dhliwayo

Matshona Dhliwayo. Foto: divulgação

 

Patrimônio da cidade
Outra banca de Brasília que merece todo o apoio do GDF é a Banca Fortaleza. Centro Cultural do pioneiro Antônio Ferreira de Araújo. Num barraquinho, começou a vender revistas na W3 Sul. Ponto de encontro da criançada às madames, a banca fica perto da Pioneira da Borracha e o Roma, amigos pioneiros também. Hoje, o filho Carlos Araújo é quem mantém o local.

 

Mais cuidado
Dados do Disque Denúncia apontam para 47 mil denúncias de violência contra idosos apenas nos cinco primeiros meses de 2023. Na Câmara dos Deputados, a Comissão dos Direitos dos Idosos começa a discutir a obrigatoriedade de certidão negativa criminal para quem quiser ser cuidador de idosos.

Foto: HayDmitriy/DepositPhotos

 

Na pele
Rogério Marinho e Davi Alcolumbre discutiam sobre a volta do DPVAT. Marinho lembrou que os brasileiros não têm uma lembrança agradável em relação a esse imposto, que foi criado em 1974. “Talvez, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça não era nascido nesse ano, não é?” Ao que Alcolumbre confirmou. “Nasci em 1977.”

Imagem: reprodução da internet

 

História de Brasília

Isto não quer dizer que o povo esteja com medo do despejo. Deseja, isto sim, uma quadra organizada, onde possua viver uma comunidade sem os incômodos tão usuais como no IAPC. (Publicada em 7/4/1962)

Compre um mundo de ficção

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Imagem: reprodução da internet

 

De modo simples, é possível afirmar que o termo ideologia se refere a um conjunto de ideias e opiniões, que uma determinada sociedade expressa para decifrar a realidade e, desse modo, entender as consequências que ela exerce sobre as relações interpessoais. Para aqueles que enxergam a ideologia de uma distância segura, esse termo se refere apenas a um conjunto codificado de dogmas, que é imposto à mente das pessoas e que visa, em última análise, retirar-lhes a autonomia.

De toda forma, a ideologia é construída dentro de um paradigma ou modelo pré-existente, sendo, assim, um protótipo da realidade. Interessante notar que, nos Estados Unidos, a expressão ideologia tem um caráter pejorativo, no sentido de dizer que a pessoa, abduzida por ela, pensa dentro de uma caixinha, uma vez que parece sucumbir a essas ideias.

Temos que ideologia é um sistema de crenças políticas, que, de alguma forma, desafia e até contradiz a própria realidade e, por que não dizer, o bom senso. No mundo atual, as principais correntes ideológicas que merecem ser citadas são: liberalismo, conservadorismo, republicanismo cívico, supremacia branca, progressismo, socialismo, comunismo, fascismo, nacionalismo, feminismo, multiculturalismo, ecologismo, neoliberalismo e, mais recentemente, wokismo.

É preciso notar que, ao longo do tempo, alguns sistemas ideológicos exerceram influências sobre outra ideologia, modificando-a ou mesmo alterando seu sentido original. O importante nessa visão sumária sobre ideologia é notar que quando adaptada, de modo radical, aos governos, ou, mais precisamente, ao funcionamento da máquina pública, não raro produz desastres de grande monta. Os exemplos dessa adaptação funesta podem ser conferidos na Venezuela.

Outrora, um país rico e próspero, graças à abundância de jazidas de petróleo e à sua posição geográfica, próxima de grandes países consumidores, a Venezuela hoje é um país completamente arrasado pelas consequências trazidas por um tal “socialismo do século 21”, uma ideologia responsável pelo êxodo forçado de mais de 7 milhões de cidadãos, fora a quantidade de outros mortos ou assassinados pela ditadura que se instalou naquele país.

Alguns teóricos costumam considerar as ideologias como sendo “política em excesso”. Para alguns filósofos, quando se perde a confiança em si mesmo, os indivíduos buscam se apoiar mais facilmente em ideologias. No popular, diz-se que os marxistas convictos são aqueles que leram as obras de Marx. Os antimarxistas, ou capitalistas, ou simplesmente liberais são aqueles indivíduos que não só leram, como entenderam as obras de Marx.

O divertido nessa incursão pelo mundo das ideologias é notar que quanto mais um indivíduo se familiariza com diversas ideologias, menos propenso fica a ser influenciado por quaisquer uma delas. No outro lado da moeda, a ideologia é, na maioria das vezes, instrumento de dominação, agindo quer por persuasão ou mesmo dissuasão, alienando o indivíduo de suas possibilidades reais, ofertando-lhe, em troca um mundo de ficção, onde a realidade passa a ser aquilo que prega o mandatário.

 

Frase que foi pronunciada:

“Onde quer que uma ideologia reivindique supremacia, aí ela gera terrorismo.”
Abhijit Naskar, Mucize Misafir Merhaba: O Testamento da Paz

Capa: amazon.com

 

Clima
Em discussão, na Câmara dos Deputados, o presidente Arthur Lira dá a palavra chamando o cabo Gilberto Silva de capitão. O militar, para descontrair o ambiente, não perde a chance da brincadeira: “Muito obrigado pelo aumento da patente, mas pode baixá-la e aumentar o salário, presidente.”

Cabo Gilberto Silva. Foto: camara.leg

 

SOS
Por falar em Câmara, começa a instalação de uma comissão para análise da Proposta de Emenda à Constituição que reserva emendas para o combate a desastres naturais. Acontece que, raramente, os desastres naturais são previsíveis, por isso nem sempre é possível combatê-los. No caso, a reserva de emendas seria na realidade para socorrer as vítimas dos desastres naturais.

Foto: Arquivo pessoal/Divulgação/agenciabrasil.ebc

 

Sempre assim
Não surpreende que as reformas políticas acabem sempre servindo unicamente aos propósitos de grupos políticos e nunca em benefício e proveito para os eleitores. Em matemática, seria a representação de um conjunto vazio, ou, em outras palavras, a união de várias nulidades, cujo propósito é aquele que já conhecemos de antemão.

 

História de Brasília

Mas, já que o PTB pôs na quota esses apartamentos da 106 e 306, o dr. Helano Maia de Souza poderia assumir a defesa dos funcionários e distribuir apartamentos. No dia em que nós demos, aqui, uma nota sobre o que aconteceria aos que estão em atraso de aluguel, o IAPC arrecadou num dia o que não vinha arrecadando em um mês, nestes últimos tempos. (Publicada em 7/4/1962)

A bola e a tribuna

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Foto: JEWEL SAMAD / AFP

 

         Enquanto a bola, que animava os brasileiros, para de rolar nos estádios do Qatar, o Brasil continua a viver as surpresas do dia seguinte. Nem as últimas votações no parlamento, nem o recital de promessas dos postulantes para 2023 têm despertado a confiança da nação. O futebol insosso do escrete, “com chapéus” nos mais ingênuos, parece só ter valor quando brasileiros jogam noutros times no exterior. As caras manjadas em todos os espectros deixaram de empolgar os brasileiros.

         A decepção, desde a última Copa do Mundo no Brasil, com os seguidos casos de malversação de recursos, construção superfaturada de estádios e outras falcatruas, tanto na CBF como na própria FIFA, além de jogos similares que já estimularam até a criação de uma CPI do Apito vão retraindo e constrangendo o torcedor e matando, aos poucos, a esperança de um hexa.

         Do mesmo modo, os escândalos, em sequência contínua, praticamente reduziram a pó a imagem que a população faz hoje de alguns jogadores e também de alguns políticos. O desencanto geral vem também da encenação e das mentiras, quer dos jogadores que se jogam ao chão procurando vantagens e faltas inexistentes, quer da atuação dos políticos, obrigados a desmentir seus discursos descolados da prática.

         A perda de credibilidade e o malabarismo nos pés e na retórica vêm afastando fãs e eleitores. Ainda assim, para o bem do esporte e da democracia, futebol e política devem prosseguir. Quem sabe, ali na frente, as coisas se arrumem e tudo passe a ser novo, limpo, honesto. No caso da política, a coisa é mais complicada. Os representantes do povo não gostam das vozes roucas das ruas. Nem as gigantescas manifestações de rua acendem o sinal de alerta para todos aqueles que ainda apostam no velho modo de fazer política.

          Mesmo no futebol, já foi introduzido um segundo árbitro, chamado de VAR (Vídeo Assistant Referee), que auxilia o juiz em campo a tomar decisão em lances que geram dúvidas. Uma equipe de juízes e ex-juízes de futebol se postam numa central de vídeo, acompanhando a partida por diversos monitores desde o início. Um reforço na equipe é dado por técnicos em vídeos que destrincham as dúvidas, escolhendo o ângulo perfeito, em câmera lenta e repetição da jogada. Assim, por comunicação via fone, o veredito é dado ao árbitro, que decide.

          Interessante é que, mesmo tendo tecnologia de ponta, revisão das imagens, transmissão das imagens para todo o estádio, os jogadores continuam a fingir, simular faltas e dissimular dores. No futebol, como na política, é preciso regras claras, honestas e precisas. Tanto nos campos, como nos palanques. Jogador que tomou cartão vermelho deve sair de campo. Sem possibilidade de busca de blindagem por foro de prerrogativa. O fato é que o mal desempenho, nos campos e na tribuna, tem desanimado os brasileiros, mesmo aqueles que não gostam de futebol e nem de política. Reverter essa situação extrema é que é a jogada mais importante a ser feita agora.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“No futebol, a cabeça é o terceiro pé.”

Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta. Foto: reprodução

 

Surpresa

Para chegar à Secretaria de Economia, o estacionamento é bem concorrido. Lavadores de carro sempre a postos, gentis, comércio improvisado atende às necessidades dos trabalhadores ao redor. Veja as cenas que assustaram os frequentadores daquele local, com um acontecimento inesperado, a seguir.

 

Acredite se quiser

Acesse no link German euthanasia clinics refusing unvaccinated customers, a matéria original publicada no Expectator, sobre uma das exigências de uma clínica alemã para realizar a morte assistida. É requisito para a operação que o paciente apresente comprovante de vacinação contra o Coronavírus.

Foto: Tim Boyle/Getty Images

 

ABC Prodein

Projeto Social Contraturno Escolar, que oferece, gratuitamente para a comunidade de baixa renda, aulas de informática, música, esportes, jogos lúdicos, recreação, reforço escolar e alimentação precisa de doações. O endereço é na Área Especial 22 da Estrutural. Pix 982123736.

 

ET

Resolveram colocar, no estacionamento do Sams, um balanço para crianças. O lugar inédito, completo pelo gás carbônico, deve ter sido estabelecido por alguém que não conhece crianças.

Foto: Divulgação

 

Vai entender

Um passo gigantesco para a humanidade a Embaixada de Portugal disponibilizar atendimento pela Internet. Acontece que, depois de preencher todos os campos, conferindo números e datas de documentos, a resposta vem como uma espada: Não há vagas!

Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)

De costas para a Copa

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Foto: Divulgação/Catar 2022

 

Ao contrário do que se via em edições passadas, a Copa do Mundo de Futebol, patrocinada por uma entidade (Federação Internacional de Associações de Futebol/FIFA) pra lá de enrolada com escândalos de corrupção, não tem merecido, ao menos por parte dos brasileiros despertos para as agruras atuais do país, a atenção e o apoio que possuía em tempos idos.

Hoje, a impressão que fica, em muitos, é que essa Copa no Catar se transformou num evento “prá lá de Marrakech “, distante e perdido no tempo. Hoje, a maioria dos torcedores que ainda dedicam seu tempo a assistir as disputas do ludopédio internacional, observam esses jogos com um misto de desconfiança e de saudosismo. Desconfiança porque sabem, através das redes sociais, como foi construído todo esse palco fake para hospedar os jogos. Segundo consta, mais de cinco mil trabalhadores, vindos de países pobres da Ásia e de outras partes da África, mão de obra que muito bem poderia ser classificada como escravos modernos, perderam a vida durante a construção das obras para sediar essa Copa. Trata-se aqui de trabalhadores anônimos e sem importância maior para o evento mundial.

Também chegam notícias de que os Árabes encheram as malas dos cartolas com milhões de dólares e muitos quilos de ouro para assegurar certas facilidades para esse espetáculo. Investigar as movimentações suspeitas em mais essa Copa, no país anfitrião, que é reconhecidamente uma ditadura fechada e retrógrada, não irá avançar um milímetro sequer. No Brasil, até hoje, os processos envolvendo a Copa de 2014, que abarrotam os tribunais de todo o país, também não resultaram em nada. Onde quer se ande pelas cidades do Brasil, ainda é possível ver os gigantescos e abandonados estádios de futebol, construídos com sobrepreço e desvios de toda a ordem, verdadeiros elefantes brancos ou monumentos à corrupção e à impunidade.

São, por fatos como esse, que o torcedor, que antigamente vestia a camisa do clube, hoje, vendo o que ocorre nos bastidores desse esporte, ficou desiludido com o futebol. Felizmente hoje, parte da antiga torcida acordou para as manobras e mutretas que escondem esse esporte. Usado como estratégia ufanista de muitos ditadores, que recorriam ao futebol como meio de iludir e distrair o povão das agruras e da violência dia a dia, o futebol perdeu seu colorido.

Agora, em dias de jogos da seleção brasileira, mais do que observar a partida, é preciso ficar de olho no que ocorre, ao mesmo tempo, nos bastidores da política. Alguns entendidos nessas manobras alertam para a possibilidade de a final dessa Copa coincidir com votações de projetos importantes para o país, como aquele que coloca um ponto final na possibilidade de abrir-se processos de impeachment contra autoridades togadas e outros próceres da República. Olho vivo é preciso! Nesta Copa, a melhor posição diante da TV é ficar de costas para os jogos e com a atenção voltada para dentro do campo político, onde ocorrem os jogos de Estado que nos interessam e que trazem consequências na vida cotidiana de todos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os caras roubam os clubes, acabam com o dinheiro, e vêm botar a culpa na Lei Pelé.”

Pelé

Foto: FRANCK FIFE

 

Invasão

De repente, o telefone toca. O Bina aponta para o (61) 2102-9522. Uma gravação avisa que um novo cartão está disponível e começa a arrancar alguns dados de quem tem paciência e ingenuidade para ouvir.

Foto: Divulgação/ALEMS

 

Manutenção

Na 706 Norte, uma pessoa caiu de uma escada em um buraco de dois metros. Com as chuvas, o GDF deve criar um canal com a comunidade para saber o estado de conservação das obras que empreende. Todos sairiam ganhando, menos quem não prestou o serviço a contento.

Foto: comerciobrasilia.com

 

Arte

Autêntico Flamenco pela Ópera Real de Madri&Fever. Programação interessante para quem aprecia música e dança espanhola. Veja os detalhes no link https://feverup.com/m/121927, antes que os ingressos acabem.

 

Rapidez e resultado

Petróleo que vale é o Petróleo fora das reservas. A riqueza de Dubai vem da rapidez com que é extraído. Se o preço internacional sobe, a Arábia Saudita produz mais e baixa o preço. O Petróleo é nosso e não vai valer mais nada em algumas décadas. Agora é a hora de extrair para investir em saúde e educação. A sugestão é do ministro Paulo Guedes.

Imagem: REUTERS/Diego Vara

 

História de Brasília

É lamentável que o plano educacional de Brasília, em tôda a sua plenitude, não seja seguido, mas já que está assim, ninguém pode deixar ir tudo por água abaixo. É preciso haver uma solução, e esta, pelo menos, foi a apresentada. (Publicada em 13.03.1962)