Um processo de autoconstrução, ou não

Publicado em Íntegra, ÍNTEGRA

Desde 1960

jornalista_aricunha@outlook.com
MAMFIL
circecunha@outlook.com

Entra e sai ano, e aqueles que têm o ensinar como nobre ofício continuam sem aprender uma lição básica: greves, sejam por quais motivos forem, não contam com o apoio da população. Pelo contrário. Para a maioria dos cidadãos, que depende, fundamentalmente, dos serviços públicos, os movimentos paredistas, de qualquer natureza, prejudicam justamente os mais necessitados e sofridos segmentos da sociedade.

As classes médias altas nem sequer tomam conhecimento desses movimentos, já que há muito tempo abandonaram os serviços de educação e de saúde públicos. O que os professores ainda não se deram conta é de que os serviços públicos atendem hoje quase, exclusivamente, as populações mais carentes. Justamente aquelas que os sindicatos dizem representar e proteger.

Enquanto o professorado se deixar utilizar como massa de manobra por sindicatos pelegos, que nada mais fazem do que seguir as cegas orientações de partidos políticos, as condições de trabalho e de salários permanecerão inalteradas. A equação dos sindicatos é simples: enquanto permanecer a precária situação na prestação de serviços públicos, haverá trabalho para os agentes profissionais do caos. Os sindicatos não têm compromisso com a educação. O que interessa a essas instituições é a disputa política, sobretudo, aquela que conduz rápido à tomada do poder.

Corte de salários, prejuízos ao processo de ensino, suspensão da sequência natural dos conteúdos programáticos administrados pelos professores, desânimo dos alunos com a interrupção das aulas, desprestígios acarretados à imagem dos educadores, depredação das escolas, meio milhão de crianças sem aulas, soltas nas ruas e outros flagelos não interessam aos sindicatos. O que importa é agitar a manada, dando algum sentido à própria existência desses organismos.

O que a categoria ainda não assimilou é que os sindicatos não lutam pela melhoria da qualidade do ensino público e, sim, pela hegemonia das legendas que representam. No modelo obsoleto e injusto de sindicalismo que adotamos, as greves são realizadas apenas para gáudio dos partidos. Nada mais. O que tem resultado de mais palpável, das inúmeras greves, é a decadência progressiva do ensino público. O que prova isso é que, cada vez mais, ocupamos a rabeira nos rankings mundiais quando o assunto é qualidade do ensino.

É preciso notar ainda que esta greve tem início com menos de 10% de aprovação da categoria, já que a maioria dos professores, desiludidos, sequer se deu ao trabalho de comparecer à assembleia para votar.

>>A frase que foi pronunciada

“A tendência democrática de escola não pode consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que cada cidadão possa se tornar governante.”

Antônio Gramsci

Chance

>> Se estiver reclamando da água no DF, eis o convite. Virada do Cerrado 2017. A primeira reunião do Comitê Criativo vai ser amanhã, no Centro de Convenções na sala da Condetur, de 9h às 12h.

Enova

>> Val e a pena, ama nhã, quinta-feira, passar na feira de produtos autorais no Clandestino Café da 413 Norte, das 14h às 21 h. Oficina de turbantes, mercado Étnico. Artesãos, designers e estilistas de Brasília expõem bijuterias, semijoias e moda. As oficinas são gratuitas. Inscrições no Facebook enovafeiraderua. Procure pela Cíntia. Ela sabe tudo.

Regra básica

>> Enfim, uma autoridade traduz o que o cidadão pensa. A senadora Lúcia Vânia, tão logo ocupou a responsabilidade da Presidência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, propôs que o colegiado participe mais efetivamente no monitoramento da execução das despesas e da elaboração da proposta orçamentária da educação. O dinheiro vai, mas não há o mínimo de controle do que é feito com ele, já que não há rubrica que limite os fins do uso.

Desde 2000

>>Entra e sai ano, e os deputados não se dão conta de que o Brasil perde muito mais não brigando pelas suas patentes, mas pelejando contra piratas. Se o bina, criado por Nelio Nicolai, brasileiro, fosse cobrado no planeta pelo seu uso, imaginem o que o país lucraria. O Canadá reconheceu o inventor, o Brasil teima em subjugá-lo.

>>História de Brasília

»Mas quem não conhece bem o Brasil é a própria Ford, porque põe carnaubal no Maranhão, e babaçu no Piauí, quando todo o mundo sabe que é ao contrário. De fato, Maranhão produz carnaúba, e o Piauí, babaçu. Mas no inverso, os dois são os maiores produtores. Desculpem.

(Publicado em 23/9/1961)

A volta dos que não foram

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA
Desde 1960
Com Circe Cunha e MAMFIL

Ninguém até hoje consegue entender a razão que leva Brasília, cujo o desenho urbano foi concebido para livrar o homem moderno da praga dos congestionamentos de trânsito que geram tantos prejuízos à saúde e à economia, a não ser dotada de um moderno e eficiente meio de transporte urbano ou soluções mais avançadas de mobilidade urbana.
Enquanto a luz da razão não desce sobre as cabeças daqueles que poderiam permitir a implantação de um transporte de massa condizente com a importância da capital do país, os brasilienses continuam a sofrer dos mesmos males que o restante da população brasileira, quando o assunto é deslocamento.
Não fossem a construção do metrô e das canaletas exclusivas para algumas linhas de ônibus, o caos seria impensável. A cidade, literalmente, pararia nas horas de pico, aprisionando as pessoas comuns e as autoridades nacionais e estrangeiras em vários pontos da cidade. Cientes da falta de interesse e empenho para resolver, de uma vez, esse delicado problema, as empreiteiras, com a permissão do governo, vão avançando sobre as áreas verdes e outros espaços, abrindo pistas, alargando ruas, criando estacionamentos e outras facilidades para que apenas os carros particulares e outros modelos obsoletos de transporte possam circular com mais folga.
A cada remendo no sistema viário, um problema a mais que é lançado para o futuro resolver. Com os paliativos sem planejamento que vão sendo executados, a cidade corre o risco de virar um enorme labirinto, disforme e sem solução.

A frase que não foi pronunciada
“Doa a quem doar!”
Ditado na Lava-Jato

Cofres
» Cliente saiu cuspindo fogo da agência do Banco do Brasil na 316 Norte. Chegou lá às 17h e os caixas eletrônicos estavam inacessíveis. A explicação de uma funcionária que saía é que aquela região tem tido constantes assaltos. E arrematou. Não falta dinheiro para o Banco resolver o problema. O moço bravo arrematou. Falta é respeito pelos clientes.

Fundos
» Para amenizar a ira, falando em banco, Quintino Cunha, da nossa família, andava na praça quando um banco com três homens enormes arrebentou com o peso. Quintino, com seu humor de sempre, comentou: “É a primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos”.

Anônimos
» Grupos de diversos interesses se unem para fazer o bem em diferentes pontos da cidade. Um deles é o Scalp 21. Amigos de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e outros que pedalando fazem ações sociais em creches, asilos e hospitais.

Educação
» Qualquer um acha incrível a grade curricular das escolas na Suécia. Tarefas domésticas, lavar, passar, costurar , bordar, cozinhar desde os 11 anos é natural naquele país. As aulas se estendem para a economia doméstica e direito do consumidor. Nas séries mais adiantadas, aprendem carpintaria. Fazem mesas, bancos, cadeiras e armários. Aos 17 anos, a rapaziada alça voo com a independência real almejada.

Fica a dica
» Se você é daqueles leitores assíduos que gostam de contribuir com os jornalistas, segue um conselho. Procure enviar as mensagens sem anexos. Por apresentar perigo geralmente o material fora do corpo do email não é aberto.

Amigos
» Nosso abraço afetuoso à família Lindberg Aziz Cury.

História de Brasília
O carioca tem criticado muito o sr. Jânio Quadros, depois da sua renúncia. E o espírito gaiato do guanabarino não faltou ao episódio que transformou a vida do país. Aqui vão algumas dessas opiniões: o sr. Jânio Quadros é como leão da Metro. Três urros, e o resto é fita… (Publicado em 19/9/1961)