O verbo no passado

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: Jean Galvão
Charge: Jean Galvão
          Se considerarmos que a educação, em todas as vertentes do conhecimento, constitui a base mais importante do capital de um país, capaz de livrá-lo, de forma segura, das amarras do subdesenvolvimento, teremos que constatar, forçosamente, que o Brasil, pelas imensas precariedades presentes em todo o ensino público, tem pela frente um imenso e árduo caminho a percorrer.
          As disparidades na qualidade entre as escolas públicas brasileiras comparadas a de outros países, inclusive, boa parte das instaladas no continente, não param de crescer. Dessa forma, se o Brasil almeja realmente se libertar do passado de atraso e pobreza pela via da educação, como fizeram países, como a Coreia do Sul, China e outros, necessita pôr em prática, pelo menos nas próximas quatro ou cinco décadas, um intenso e sistemático processo de melhoria do ensino. Isso apenas para iniciar a arrancada que poderá elevar o país à condição de nação de primeiro mundo ainda neste século.
      Curiosamente, nosso país vivenciou, entre a primeira e a segunda metade do século passado, experiências exitosas com as reformas e propostas apresentadas por educadores do porte de Anísio Teixeira, com a Escola Nova, em que o ensino era encarado como necessidade básica de aperfeiçoamento de toda a sociedade.
     Em 1932, ou há quase nove décadas, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e o próprio Anísio Teixeira promulgaram o Manifesto dos Pioneiros, no qual apareciam traçadas as linhas do escolanovismo, no qual creditavam que, somente com uma profunda renovação do ensino no país, seria possível a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, em que as diversidades e a individualidades seriam plenamente respeitadas. Nesse sentido, a escola seria, não apenas uma preparação para a vida, mas a própria vida, com igualdade de direitos e oportunidades. Outros educadores revolucionários seguiram por esse mesmo caminho, como Paulo Freire e Darcy Ribeiro, todos conscientes de que só pela educação de qualidade seria possível pensar em desenvolvimento.
A frase que não foi pronunciada
“O analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.”
Alvin Toffler, escritor
Charge: Galhardo
Charge: Galhardo
Exemplo
Seis anos atrás, a escola Maple Bear deu um exemplo de disciplina que, certamente, marcou a capital como uma iniciativa de grande valor. Durante um incêndio, diretores, professores, funcionários e alunos sabiam perfeitamente o que fazer. Nada de pânico, nenhum ferido. Hoje, brigadistas se revezam no estabelecimento como prevenção.
Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
No mínimo
Por falar em escola, é uma vergonha que os estudantes não conheçam o Hino de Brasília, de Neusa França. Há certos rituais que despertam o carinho pela cidade e deveriam fazer parte da rotina educacional.
Imagem: virtualscores.com.br
Imagem: virtualscores.com.br
Ir e vir
Pelo interesse público, o DF recebeu 200 novas autorizações, para prestação de serviço de táxi adaptado. O carro onde cabe uma cadeira de rodas é mais caro. Mas a corrida continua com o mesmo valor.
Foto: taxinforme.com.br
Foto: taxinforme.com.br
Estilo
Hoje é dia de Agnaldo Timóteo, no Sesc Seresta, a partir das 19h30, no Pontão do Lago Sul, com a iluminação natural lunar e com entrada franca.
Cartaz: facebook.com/CANTOR.AGNALDOTIMOTEO
Cartaz: facebook.com/CANTOR.AGNALDOTIMOTEO
Outra dica
Começa hoje o evento Movida Literária. Trata-se de um encontro em sete bares: Beirute (Asa Sul e Asa Norte), Pardim, Sebinho, Ernesto, Objeto Encontrado e Martinica. Segundo Jéfferson Assumpção, um dos idealizadores do evento, a ideia é conviver em momentos prazerosos em ambiente de leitura e cultura, onde reúnam-se pessoas para as quais a leitura é interpretada como um exercício harmonioso de atividades. Segue até o próximo dia 7.
Foto: Movida Literária/Divulgação (g1.globo.com)
Foto: Movida Literária/Divulgação (g1.globo.com)
História de Brasília
Quando me perguntaram por que não publiquei a íntegra da carta recebida do dr. Aracaty, delegado do Iapfesp, respondi que é porque ela contém inverdades. Estou investigando nomes, para dar nomes aos bois, o que farei proximamente. (Publicado em 28/10/1961)

Democracia oficial

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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Charge: claudiakfouriblog.blogspot.com
Charge: claudiakfouriblog.blogspot.com

   Com o aprofundamento da maior crise já experimentada pelo país em toda a sua história, pelo menos um dado positivo vai ficando evidente para todos os brasileiros: o da necessidade premente de se fazer uma reforma profunda em todo o arcabouço legal do Estado, a começar pela própria Constituição.

        Como primeiro passo, nessa longa jornada que se exige para a construção de um conjunto de leis verdadeiramente cidadãs e que coloque todos os brasileiros na mesma planície, acabando com privilégios de todo o tipo, é necessário por um fim definitivo no instituto da reeleição para todos os cargos públicos, bem como nos cargos vitalícios, na blindagem e proteção de autoridades, e em muitas outras regalias frontalmente contrárias ao espírito republicano.

         A utilização da máquina do Estado para promover atuais ocupantes de cargos tanto no Executivo, como no Legislativo, tem sido uma prática corrente, mesmo de modo enviesado, desde a fundação da República, vindo a se tornar uma verdadeira afronta à cidadania com a aprovação desse modelo há duas décadas. Essa norma tem feito com que, mesmo aqueles políticos impedidos de se candidatarem à reeleição, usassem a máquina do Estado para promover seus prepostos e assim dar continuidade a seus mandatos de forma oblíqua.

         Aqui mesmo na capital, desde a emancipação política, tem sido prática comum, com a proximidade das eleições, a realização de seguidas reuniões, após o fim do expediente, de todos os detentores de cargos de chefia, para traçar estratégias com vistas à campanha eleitoral do chefe do Executivo e de sua bancada de apoio. Nesses encontros, os ocupantes da máquina pública indicados pelo governante são instados a “colaborar” ao máximo com as campanhas, inclusive convocando subordinados seus para essas tarefas.

          Fatos desse tipo ocorrem com mais frequência ainda nas Administrações Regionais, onde os todos os ocupantes de cargos de confiança são obrigatoriamente recrutados para trabalhar “discretamente” nas campanhas de seus padrinhos. Com promessas de vir a continuar nesses postos, em caso de eleição de seus protetores, muitos desses servidores passam a trabalhar como cabos eleitorais, na esperança de permanecer na folha de pagamento do GDF. Chama atenção ainda, a tremenda distorção no ordenamento jurídico da Administração do estado, a exagerada influência exercida por políticos na máquina pública. Nesse sentido, o episódio flagrado e disponível nas redes sociais mostra um servidor público, usando um carro oficial, fazendo panfletagem em plena luz do dia, para o deputado do DEM, candidato ao Palácio do Buriti.

        Esse é apenas um pequeno flagrante capturado, por acaso, por um cidadão. Outros milhares ocorrem todos os dias, de forma discreta, contrariando mesmo os mais básicos sentidos de ética pública. É assim que caminha nossa democracia, feita ao arrepio das leis e contra a vontade dos homens de bem.

A frase que foi pronunciada:

“Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.”

Martin Luther King

Foto: brasil.elpais.com
Foto: brasil.elpais.com

Decreto

Uma campanha subliminar nos últimos meses. Basta acompanhar a iniciativa do governo em passar todo o trabalho pesado para as Forças Armadas. Desde a invasão dos Venezuelanos aos morros do Rio de Janeiro passando pela escolta dos combustíveis durante a greve dos caminhoneiros.

Foto: sicnoticias.sapo.pt
Foto: sicnoticias.sapo.pt

Vacina

Mesmo com a vacinação contra a poliomielite e sarampo terminando hoje, 12 estados não alcançaram a média. Mais de 3 milhões de crianças ainda não foram imunizadas. O DF ocupa o segundo lugar com o menor índice de cobertura. Na frente, o Rio de Janeiro e em terceiro lugar, Roraima.

Cartaz: diasdavila.ba.gov.br
Cartaz: diasdavila.ba.gov.br

Eleições

Mesários são convocados para as instruções durante o processo eleitoral. Se você já trabalhou em outros anos e não recebeu correspondência é bom procurar informações para evitar aborrecimentos futuros. E se quiser se inscrever como voluntário para trabalhar no processo eleitoral de outubro veja o link no blog do Ari Cunha.

Link: Mesário Voluntário 2018

Ilustração: tre-rj.jus.br
Ilustração: tre-rj.jus.br

Terceirizados

Depois que o STF decide que é constitucional emprego de terceirizados na atividade-fim das empresas, o comentário no cafezinho da Câmara era: “Culpa do eleitor que colocou no Congresso centenas de deputados e senadores empresários.” Mas houve quem apoiasse complementando com a necessidade de privatizações.

Charge: Tacho
Charge: Tacho

Correios

Acontece no museu é um projeto de ocupação cultural no espaço do auditório do Museu Correios em Brasília que, durante o ano de 2018 trará uma programação com shows musicais, peças de teatro, noites de autógrafo, cursos, palestras, debates, painéis e oficinas culturais. O objetivo deste projeto é trazer mais uma opção de entretenimento, capacitação e educação para a cultura com ações diferenciadas a preços populares, num espaço central de fácil acesso.

Cartaz: facebook.com/acontecenomuseu
Cartaz: facebook.com/acontecenomuseu
  • CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DE SETEMBRO NO ACONTECE NO MUSEU:

DIA 15 DE SETEMBRO – SÁBADO ÀS 20 HORAS!
AS MELHORES CANÇÕES ROMÂNTICAS INTERNACIONAIS DE TODOS OS TEMPOS!
Setembro inicia a programação num clima romântico e adorável, com o Casal Yara Gambirasio (voz) e Alberto Gambirasio (guitarra) convidando o baterista André Braz! O trio traz um show diferente, numa roupagem cool jazz com as melhores músicas internacionais românticas que todos gostamos de cantar! Imperdível!!!! Um show para lavar a alma cantar junto e dançar!

DIA 15 DE SETEMBRO/20 HORAS
MEIA   ENTRADA: R$ 15,00 NA DOAÇÃO DE ALIMENTO
INTEIRA: R$ 30,00

DIA 17 DE SETEMBRO – SEGUNDA – DAS 19:30 ÀS 22 HORAS
CURSO MUSICALIZAR ADULTOS MÓDULO 01 COM FELIPE BARÃO.

Curso já com um grande sucesso, promovido no Brasil e em Portugal, Musicalizar Adultos promovido pelo multi-instrumentista, compositor e Maestro de Coral Felipe Barão traz para o Acontece no Museu, atendendo a pedidos, novamente o módulo 01 deste curso onde traz para as pessoas que querem entender um pouco mais do mundo da música, como se tornar um bom ouvinte, ou até mesmo para músicos em geral, uma maneira muito interessante de entrar no mundo da música numa forma descomplicada e divertida. O módulo 01 é a primeira aula deste curso, dividido em 03 aulas.

DIA 17 DE SETEMBRO/DAS 19:30 ÀS 22 HORAS
INVESTIMENTO: R$ 20,00 NA DOAÇÃO DE ALIMENTO
R$ 30,00 VALOR NORMAL DO CURSO SEM A DOAÇÃO

DIA 19/09 – QUARTA – DAS 19:30 ÀS 22 HORAS- CURSO MUSICALIZAR ADULTOS MÓDULO    02 – COM FELIPE BARÃO
Dando sequência às aulas deste curso pra lá de interessante, o Maestro Felipe Barão junta a turma do dia 17 de setembro, com as turmas antigas deste curso, para juntos seguirem o aprendizado que se faz de uma maneira dinâmica, prática, divertida e com muita informação de qualidade, trazendo você ouvinte, musico, e pessoas interessadas para dentro do maravilhoso mundo da música!

DIA 19/09 DAS 19:30 ÀS 22 HORAS
INVESTIMENTO: R$ 20,00 NA DOAÇÃO DE ALIMENTO
R$ 30,00 VALOR NORMAL DO CURSO SEM A DOAÇÃO

DIA 22/09 – COMO DIZER EU TE AMO? PEÇA TEATRAL E NOITE DE AUTÓGRAFOS COM A             JORNALISTA E ESCRITORA ADRIANA CAITANO.
Noite muito especial no Acontece no Museu, com a primeira apresentação teatral do projeto e primeira noite de autógrafos! A peça é uma adaptação do livro de mesmo nome da jornalista e escritora Adriana Caitano. O espetáculo traz a união entre música e texto para retratar a busca pelo amor, comum a gente de qualquer idade, orientação sexual e gênero. Totalmente imperdível!

DIA 22/09 – 20 HORAS
ENTRADA: R$15,00 MEIA ENTRADA NA DOAÇÃO DE ALIMENTO
INTEIRA: R$ 30,00

DIA 29/09 – DIREÇÃO ARTÍSTICA E TEATRAL – MÓDULO 01 – COM TUKA VILLA-LOBOS  COMO OBTER UMA MELHOR COMUNICAÇÃO EM PÚBLICO  OU DESENVOLVER SEU LADO ARTÍSTICO
Tuka é uma das idealizadoras do projeto Acontece no Museu e de muitos outros projetos de sucesso na área da música e do teatro e da comunicação.
A teatróloga com mais de 25 anos de experiência na área, intérprete e produtora cultural traz um curso com 03 módulos de duração, que oferece capacitação, técnicas teatrais e de direção artística para profissionais de todas as áreas da música e pessoas interessadas em desenvolver sua performance em palco, falar bem em público, entre outras características importantes para quem quer desenvolver uma melhor comunicação ou então seu lado artístico!

DIA 29/09 – SÁBADO – MÓDULO 01 – das 10:30 às 13:30
INVESTIMENTO: R$ 10,00 NA DOAÇÃO DE ALIMENTO

R$20,00 VALOR NORMAL DO CURSO

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SERVIÇO:
Acontece o Museu Shows, cursos, palestras e oficinas culturais no auditório do Museu Correios em Brasília.
Setor Comercial Sul Quadra 04 bloco A número 256

Sobre a campanha de meia entrada:

Todas as ações do projeto Acontece no Museu, tem a sua meia entrada liberada para quem fizer a doação de qualquer tipo de alimento não perecível e enlatados. Não há necessidade de comprar, traga o que tiver de novo e fechado em casa e que possa ser doado! Estes alimentos são destinados pelo projeto às famílias com crianças em situação de vulnerabilidade social que moram nas ruas.

Realização: Villa-Lobos produções e André Trindade Produções
Apoio: Museu Correios de Brasília, Agenda Cultural Brasília e Território Comunicação.

Maiores informações: acontecenomuseu@gmail.com ou (61) 9 82233452 – WhatsApp
Confira no Facebook: www.facebook.com/acontecenomuseu e no Instagram @acontecenomuseu

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quando me perguntaram porque não publiquei a íntegra da carta recebida do dr. Aracaty, delegado do Iapfesp, respondi que é porque ela contém inverdades. Estou investigando nomes, para dar nomes aos bois, o que farei proximamente. (Publicado em 28.10.1961)

Debates nas eleições

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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com Circe Cunha e Mamfil;

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Charge: humorpolitico.com.br/amorim
Charge: humorpolitico.com.br/amorim

            Para melhor entender os debates eleitorais que passam a ocorrer em todo o país, inclusive os realizados aqui na capital, é preciso, antes de qualquer coisa, que o eleitor atento as essas discussões encare, de forma crítica, a grande massa de informações, vinda sobretudo das mídias sociais. É preciso concentrar a atenção basicamente naqueles informes que, ao seu ver, fazem uma análise isenta o objetiva sobre cada um desses personagens que ora passam a desfilar seus valores diante de todos.

         Na era da chamada pós-verdade, em que a indiferença acerca dos fatos reais passou a ser uma evidência corrente, capaz inclusive de não modificar a opinião de muitas pessoas, todo o cuidado é pouco. A confirmar esse momento histórico de relativização da verdade, estão os múltiplos exemplos de decepção colhida com a escolha de candidatos que, uma vez alçados ao poder, transformam-se naquilo que sempre foram, dão as costas aos seus eleitores e aos seus reclamos, passando a usufruir, sem remorsos, das possibilidades do cargo, apenas para proveito próprio.

           É sabido também que a arte da mentira, entre nós, sempre foi um meio muito empregado por políticos de todos os matizes ideológicos para sobreviver nesse ambiente e dele colher os melhores frutos. Não é por outra razão que, não só aqui, mas em muitas partes do planeta, verifica-se, por parte dos cidadãos, um forte desencanto com o atual modelo democrático de representação política. Essa situação ganha ainda mais gravidade quando se verifica que muitos candidatos estão envoltos em uma grossa embalagem construída pelo marketing, impossibilitando ao eleitor uma visualização real desse postulante.

         A pós-verdade veiculada até por robôs, acaba impondo, pela massificação de informações a favor de uns e contra outros, um oceano de dados desconexos que, mais do que esclarecer fatos, contribui para criar a confusão na cabeça do eleitor. Há pouco mais de um ano, a prestigiosa revista inglesa The Economist alertava para o que chamava de “fragmentação das fontes noticiosas” em que fofocas, mentiras e rumores, pela velocidade de propagação, acabam contaminando o ambiente e ganhando ares de verdade.

          Nesse sentido, o mais próximo que o cidadão pode chegar da verdade sobre os candidatos e suas propostas é quando acompanha de perto aos debates feitos ao vivo e em que todos estão presentes. Infelizmente nem todos foram convidados, estando atrelados à representatividade dos partidos. Justamente os que pregam mudanças, ou uma nova política.

           É nos debates, principalmente naqueles em que os ânimos estão acirrados e os dedos em riste, que a verdade se insinua. Discussões muito comportadas e demasiadamente respeitosas tendem a camuflar os fatos e iludir os eleitores.

           Sendo a verdade uma pérola rara, ela só pode aparecer no calor das discussões, quando os pretendentes estão quase partindo para as vias de fato. Quando o circo pega fogo, a pós-verdade é a primeira a desaparecer, restando apenas os fatos.

A frase que não foi pronunciada:

“Não trabalho com a miséria, mas com as pessoas mais pobres. Elas são muito ricas em dignidade e buscam, de forma criativa, uma vida melhor. Quero com isso provocar um debate. A nossa sociedade é muito mentirosa. Ela prega como sendo única a verdade de um pequeno grupo que detém o poder.” 

Fotógrafo Sebastião Salgado

Foto: revistaprosaversoearte.com
Foto: revistaprosaversoearte.com

Absurdo

Mortes em silos é uma tragédia facilmente resolvida pela arquitetura. É inaceitável que, com a tecnologia disponível, homens pereçam sufocados em grãos. Dados apresentados pela BBC indicam que os Estados que mais tiveram casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso (28), Paraná (20), Rio Grande do Sul (16) e Goiás (9). Em 2018, houve mortes em 13 Estados distintos, em todas as regiões do país.

Ilustração: VITOR FLYNN/BBC NEWS BRASIL
Ilustração: VITOR FLYNN/BBC NEWS BRASIL

Outra realidade

A Lei 13.714/2018 é uma ilusão completa. O atendimento pelo SUS é gratuito, qualquer pessoa tem acesso. Agora, criar uma lei onde indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social tenham preferência no atendimento feito pelo SUS foge totalmente à realidade. Isso porque há atendimentos que demoram até 24h para acontecer. A gravidade dos casos dita a ordem do atendimento. Vai continuar assim dentro da precariedade habitual.

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

Reciclar

Depois de receber material eletrônico como descarte o projeto Programando o Futuro cataloga e separa, por fabricante, peso e modelo. A partir daí os aparelhos são consertados e doados para instituições de inclusão digital de todo o Brasil. O coordenador-geral do projeto Programando o Futuro, Vilmar Simion Nascimento, ressaltou que a parceria com o Sesc superou as expectativas.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quanto ao fato de Jânio voltar, a minha opinião é esta: se isto acontecer, ele terá escrito a comédia, dirigirá a cena, aplaudirá como plateia, e nós, povo, ficaremos no picadeiro, com a cara pintada, nariz suposto, avermelhado, boca alargada com alvaiade, colarinho frouxo e sapato grande demais. Papel de palhaço, finalmente, terá desempenhado o povo e o Congresso. (Publicado em 28.10.1961)

Reforma do sistema eleitoral por plebiscito faz-se urgente

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ARI CUNHA

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Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

          Analistas, cientistas, até mesmo uma parcela da classe política e da própria população já firmaram a convicção de que as próximas eleições, pelo o que se tem visto dos candidatos e das vagas propostas apresentadas, não possuirão, nem de longe, o condão para modificar a situação de profunda crise experimentada pelo país desde 2013. Há ainda o risco que os eleitos para comandar o país a partir de 2019, além de não contribuírem para minorar o conjunto de problemas que foram se acumulando ao longo desse tempo, venha a agravar, ainda mais, essa situação, o que poderia facilmente empurrar o Brasil para o beco sem saída do caos generalizado e das aventuras irresponsáveis.

      O momento, todos concordam, é delicado e grave. A reforma política, que muito poderia contribuir para alavancar o país, foi reduzida em tamanho, importância e alcance, transmutando-se num conjunto de medidas canhestras, visando a atender apenas aos anseios da classe política, a manutenção e ampliação do status quo vigente. O mesmo fim foi dado às demais reformas necessárias e urgentes: todas foram abandonadas por terra e desidratadas até a morte. Com isso, problemas estruturais de um Estado que ameaça desabar foram empurrados com a barriga, na vã tentativa de deixar que o tempo encontrasse soluções naturais que os dirigentes não foram capazes de construir.

          Passamos assim do improviso à expectativa, aguardando a vinda do livrador. Obviamente que nessa altura dos acontecimentos, de nada adiantam reformas feitas em cima do laço. É preciso, no entanto, aplainar o terreno pelo menos para 2020 e mais adiante, quando se abrirão novas janelas de oportunidades eleitorais. Nesse sentido, a convocação de um oportuno plebiscito nacional sobre o sistema eleitoral, realizado simultaneamente com as eleições desse ano, abre uma boa perspectiva para a rearrumação política do Brasil.

          A proposta em análise, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, é de autoria do senador por Brasília, Antônio Reguffe e já conta com o apoio de 27 senadores. No questionário que será apresentado ao eleitor em outubro desse ano, caso a proposta seja aprovada, constarão quatro opções de respostas à seguinte questão: qual o melhor sistema eleitoral para o Brasil? Caberá ao cidadão escolher as respostas entre o atual sistema, o sistema distrital, o voto em lista fechada pré-definida pelos partidos ou o sistema misto (metade lista e metade distrital).

           Em sua justificativa, o senador Reguffe ressalta que “as pessoas, hoje, não acreditam mais em política. Para ele isso é culpa dos personagens por desvios éticos inaceitáveis, mas, sobretudo, do próprio sistema eleitoral, que coloca partidos e políticos em primeiro plano e não pensam, sequer, na sobrevivência do Brasil e dos brasileiros. Segundo o autor da proposta, o plebiscito é, nesse momento, a melhor solução, pela oportunidade e pelos custos zero ao contribuinte.

A frase que foi pronunciada:

“Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la.

Cícero

Charge: sponholz.arq.br
Charge: sponholz.arq.br

País sério

O panorama do que serão as eleições 2018 é mais ou menos esse: uma presidente que recebeu impeachment está na frente na intenção de votos para Senadora por seu estado, segundo pesquisas, e um ex-presidente acompanha as notícias sobre sua candidatura detrás das grades.

Charge: Nani
Charge: Nani

Economia

Projeto do senador Lasier Martins, que chegou na Comissão de Assuntos Econômicos, altera a legislação para incentivar a economia de água tratada, inclusive pelos prestadores de serviços públicos de saneamento básico e de abastecimento de água.

Foto: senado.leg.br
Foto: senado.leg.br

Novidade

Outra ideia legislativa é transformar facções criminosas em organizações terroristas.

Bons negócios

Macau, cidade chinesa dominada pelos portugueses entre 1557 e 1999 passa por uma fase onde a língua portuguesa é tratada com todo o respeito, principalmente nas universidades chinesas. O ensino do português está se expandindo já como clara estratégia para difusão do português na China.

Foto: camarachinesa.com.br
Foto: camarachinesa.com.br

Só assim

Em país onde a cultura é última preocupação, os professores da Escola de Música cansaram de esperar por apoio do governo. Arregaçaram as mangas e usam o próprio talento para resolver os problemas de infraestrutura do prédio da escola. O projeto Conserta Brasília trata de apresentações de alunos e professores que cobrando preço simbólico de ingressos usam a verba para melhorar as condições físicas da instituição.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Há, entretanto, um engano, quando diz que minha filha foi premiada com um cargo sem concurso. É que minha filha tem sete anos, e a mais nova, acaba de nascer. Não entendi aquele “Jânio Precisa Voltar”. (Publicado em 28.10.1961)

Instituições pouco públicas

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ARI CUNHA

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Quadrinho: Turma da Mônica
Quadrinho: Turma da Mônica

         Historicamente e por razões já delineadas no clássico “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, de 1936, o nosso arcabouço institucional, desde sempre, foi montado de forma a colocar, sempre em primeiríssimo plano, a figura do indivíduo e de seu entorno imediato, conferindo maior destaque e importância a estes, relegando à um plano secundário a própria instituição. Dessa forma nossas instituições e o próprio conceito de República acabaram perdidas num pano de fundo, exercendo um papel de coadjuvantes.

           Com uma estrutura assim, não surpreende que as seguidas crises políticas sejam motivadas, não por debilidade das instituições em si, mas por falhas provocadas pelos próprios sujeitos que estão à frente de cada um desses órgãos do Estado. Entram nessa confusão secular entre o público e o privado sentimentos e casos que são identificados como capazes de transformar as altas autoridades do país numa imensa e unida família, a quem os contribuintes são obrigados a ceder boa parte do que produzem ao longo do ano.

            Até em fatos comezinhos, como são os casos dos recorrentes processos de licitação para a aquisição de gêneros alimentícios finíssimos, elaborados por muitas instituições e que incluem vinhos famosos, lagostas e outros acepipes requintados, se confirmam essa dissintonia entre o brasileiro comum e as elites dirigentes do país. Exemplos desse comportamento atípico que configura mais um agrupamento familiar no poder do que um conjunto de profissionais e técnicos à serviço da nação, podem ser observados muito além do clássico nepotismo cruzado.

           Fatos dessa natureza são comuns em instituições que possuem por lei a capacidade de organizar livremente seu próprio orçamento. Nesses casos, as despesas são montadas não apenas com base nas necessidades do órgão, mas sobretudo em consonância com os interesses, muitas vezes pessoais de cada um de seus membros. Mais preocupante ainda é quando essas distorções passam a adquirir um amplo manto legal, dispostos em regimentos e outros ordenamentos legais, de forma a assegurar que possíveis contestações encontrem, nas barreiras da lei, qualquer impedimento para a perpetuação de regalias.

         Fossem contabilizados o valor de todas as mordomias cabidas por lei a cada um dos membros desse seleto grupo, o teto máximo do salário público atual facilmente seria multiplicado por dez.

       Esse familiarismo estendido aos altos escalões do serviço público e que perpassa praticamente todas as instituições do Estado e no qual as vontades particulares acabam sempre predominando sobre o coletivo, criando uma confusão propositada de interesses, necessitam urgentemente de um fim, sob pena de permanecermos atrelados ao mesmo ciclo de pensamento.

A frase que foi pronunciada:

“Quando nada é certo, tudo é possível.”

Margareth Drabble, escritora inglesa

Morango em cena

Brazlândia recebe a 23ª Festa do Morango- Um dos eventos mais tradicionais do setor rural está de volta: a 23ª Festa do Morango de Brasília acontece nos próximos dois fins de semana em Brazlândia. Degustação da fruta e derivados, mostra agrícola, concurso de receitas, oficinas, feira de floricultura e várias outras atrações vão mostrar ao público a força do agricultor e o potencial econômico da região. A festa começa na sexta-feira. Veja a programação completa no blog do Ari Cunha.

Link para mais informações: 23ª Festa do Morango de Brasília

Clipping

Campanha eleitoral do PT em foco no Der Spiegel. Também recebe destaque, na mídia alemã, a Operação Cronos de combate ao feminicídio e ao homicídio, que prendeu centenas de pessoas, na sexta-feira. SZ e TAZ analisam a crise de segurança no Brasil. TS e Deutschlandfunk Kultur noticiam a atribuição da Medalha Goethe à fotógrafa Claudia Andujar. HB relata a produção de caminhões elétricos no Brasil. FAZ repercute a proposta do líder do FDP, Christian Lindner, de uma mudança da política climática da Alemanha e da compra de terrenos de floresta tropical em vez da promoção de energias.

Viva!

Veja o link da estação tradicional Super Rádio FM Brasília,  no blog do Ari Cunha. A rádio permanece nos mesmos moldes pela Internet.

Link: Brasília Super Rádio FM

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um ofício do delegado do IAPFESP ao CORREIO BRAZILIENSE esclarece que foi a administração central, quem mandou construir casas de alvenaria dentro da superquadra. Esclarece, ainda, que a superquadra 304 “está toda asfaltada”, e que o gerador está sendo conservado para a construção dos 11 blocos restantes. (Publicado em 27.10.1961)

Fronteiras cegas e sem lei

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ARI CUNHA

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Charge: gauchazh.clicrbs.com.br
Charge: gauchazh.clicrbs.com.br

          Com quase 17 mil quilômetros de fronteira seca entre o Brasil e dez países da América do Sul, sendo que mais de 95% dessas áreas não possuam qualquer sistema de monitoramento eficaz, não surpreende que o nosso país venha, há tempos, experimentando problemas de toda a ordem, alguns inclusive de difícil solução, por envolver sérias questões humanitárias. De fato, desde a formação territorial do Brasil, com os diversos tratados que se seguiram, nosso país, em tempo algum, viveu num clima de total tranquilidade com seus vizinhos, principalmente por conta dos frequentes episódios de instabilidade política que esses países fronteiriços atravessaram ao longo da sua história.

          Sendo a nação a mais rica e desenvolvida da região, o Brasil é visto por nossos vizinhos sul americanos como uma espécie de país imperialista, responsável, inclusive por muitas mazelas que acometem essas nações de cultura hispânica. O fato é que o gigantismo do Brasil é também seu ponto fraco, principalmente quando se trata dessas distantes regiões de fronteiras, esquecidas durante muito tempo das autoridades e das benesses do progresso. Ocorre que, de uns tempos para cá, essa permeabilidade excessiva de nossas fronteiras começou a ameaçar, inclusive, a própria segurança nacional, dado o descontrole que se verifica na entrada contínua de pessoas e produtos sem qualquer conhecimento por parte dos órgãos de controle.

           Especialistas no assunto concordam que um dos elementos principais que tornam possível a soberania de um país é justamente o controle incisivo e permanente de suas fronteiras. Acontece que o que faz o estabelecimento desses limites, na prática, é a presença diuturna da autoridade fronteiriça. Sabedores da fragilidade do Brasil em suas fronteiras, criminosos que lidam com o contrabando e o tráfico de pessoas, armas e drogas passaram a agir nessas localidades, impondo e constituindo verdadeiros e extensos territórios sob seu controle, onde até mesmos magistrados são perseguidos e assassinados.

     A facilidade com que passaram a agir nesses territórios possibilitou, inclusive, a organização e a internacionalização de bandos de criminosos que passaram a agir de um lado e de outro das fronteiras, globalizando e fortalecendo essas organizações do crime que agem com desenvoltura, subornando autoridades, assassinado outras e impondo a lei da barbárie nesses distantes rincões.

         Há muito se sabe também que boa parte da economia de muitos desses países fronteiriços é feita graças a suspeito olhar displicente das autoridades locais, quando não incentivadas pelas mesmas, como meio de sobrevivência. O que se sucede agora, com o agonizante regime da Venezuela, tem gerado um enorme problema humanitário, põe a nu uma situação que era empurrada para debaixo do tapete dos interesses.

            Notícias dando conta de que o governo de Maduro teria escancarado as portas de seus presídios e empurrado o grosso da marginalidade rumo à fronteira com o Brasil é de conhecimento de muitos. Misturados a horda de refugiados que adentram nossas fronteiras todos os dias, esses criminosos, à semelhança do que ocorreu há algumas décadas entre Cuba e os Estados Unidos, chegaram para engrossar o caldo de violência que assola nosso país.

             Também chega ao conhecimento das autoridades que grupos criminosos têm aliciado pessoas, em situação de desespero, para serviços ilícitos de toda a ordem. Com isso, um problema que era grande e esquecido, como o das nossas fronteiras abandonadas, entrou para o radar das autoridades. E a população apavorada se preocupa, cada vez mais, com essa perigosa liberalidade que põe em risco a paz de todos e do nosso próprio futuro.

 

A frase que foi pronunciada:

“En Venezuela no hay comida. ¿Cómo se dice aquí en Brasil? ¿Obrigado? Obrigado, porque aquí en Brasil hay comida”.

Refugiada em Pacaraima, Roraima

Charge: Senna
Charge: Senna

Pardal

O TSE disponibilizou um aplicativo onde qualquer tipo de infração eleitoral pode ser denunciada. Não custa nada. O “Pardal” pode ser baixado em smartphones e tablets. O nome é infeliz, pelo menos para os brasilienses, que têm o “pardal” como um nome impopular. A iniciativa é válida se for acompanhada pelo tribunal.

Foto: tvsolcomunidade.com.br
Foto: tvsolcomunidade.com.br

Oposição & Situação

Aliás, é uma situação que chamou bastante atenção nas últimas eleições. Os fiscais de partido que dividiam espaço nas seções eram muito poucos.

Convite

Logo: auditoriacidada.org.br
Logo: auditoriacidada.org.br

Por falar em eleições, Maria Lucia Fattorelli é quem manda o convite para o dia 3 de setembro. Oficina presencial da auditoria cidadã da dívida. O mote é: O que você precisa cobrar de seus candidatos nas eleições de 2018. E pergunta: Seu candidato sabe que quase a metade do orçamento federal vai para pagar gastos com a dívida? Das 9h até as 17h, no auditório da FioCruz, na UnB. Basta enviar um email para a auditoriacidada@gmail.com.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os goianos tiveram muita sorte na eleição do suplente do sr. Juscelino, no Senado. Sendo o sr. José Feliciano, Goiás está muito melhor servido, do que se estivesse na cadeira o seu titular, sempre ausente. (Publicado em 27.10.1961)

Terceirização irrestrita

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

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Charge: Bruno Galvão
Charge: Bruno Galvão

         Por algum tempo, ainda as repercussões trazidas pela reforma trabalhista, aprovada pelo Congresso, irão perturbar, na prática, as relações entre capital e emprego, colocando questões controversas na pauta do dia, principalmente quando se conhece as enormes precariedades que pairam ainda sobre essas relações no Brasil.

         Nesse contexto, o Brasil experimenta contradições e disparidades nessas relações que precisam ser equacionadas para que o país adentre, de fato, o mundo globalizado. Nesse sentido, problemas como o trabalho escravo, que ainda hoje se verifica em diversas localidades do país, inclusive nas cidades, clamam por soluções urgentes.

         Mesmo temas como a excessiva precarização do trabalho, observadas em toda a parte e em todos os setores, ainda estão por ser resolvidos. Também entram, nessa imensa fila, temas como a grande quantidade de trabalho informal, isso sem falar na crescente legião de trabalhadores que vendem livremente produtos contrabandeados em todas as cidades do país, gerando enormes prejuízos para o Brasil e para eles próprios, que por sua atividade ilícita, se vêm descartados do sistema previdenciário.

         Não bastasse esse quadro precário, temas como a necessária e premente reforma da previdência, e as disparidades injustas entre trabalhadores da iniciativa privada e o funcionalismo público vão sendo empurradas para adiante, sem soluções à vista. Com isso, a reforma trabalhista, que visava encurtar as distâncias entre o Brasil e os demais países desenvolvidos, vão sendo atropelas por questões básicas já resolvidas há quase um século pelas nações do primeiro mundo.

         Vistas em suas debilidades, as relações trabalhistas no Brasil necessitam ser aperfeiçoadas e modernizadas, dentro da realidade e das possibilidades internas, antes de se pensar em aderir aos ventos de uma globalização de cunho internacionalista, sem freios e modelado para dar mais dinâmica e lucro apenas ao capital sem fronteiras e sem face.

         Com isso, e para muitos, as discussões sobre a liberalização da terceirização irrestrita de todas as atividades meio e fim das empresas, mais parecem assuntos fora da realidade nacional, envoltos ainda em problemas primários e muito mais básicos. Contudo, o que não se pode negar é que num mundo que caminha célere para uniformizar os processos de produção, padronizando, sobretudo, as relações trabalhistas, o Brasil não pode nem ficar à margem, nem abraçar, de peito aberto, mudanças que, os especialistas no tema, apontam como prejudiciais ao atual estágio de evolução em que o país se encontra.

         Como a roda do mundo não para, impulsionada, sobretudo, pela dinâmica própria do capital transnacional, não surpreende que a Suprema Corte se veja dividida sobre o tema terceirização irrestrita. Nesse ponto, a voz mais balizada para discutir o assunto naquele Tribunal, a ministra Rosa Weber, especialista em questões trabalhistas, apresentou um extenso e afirmativo parecer em que demonstra que a terceirização-fim, como muitos anseiam, “contraria o próprio conceito de terceirização”.

         Na avaliação da ministra Weber, além de não interferir positivamente na curva de emprego, a terceirização como quer o mercado, “tenderá a nivelar por baixo nosso mercado de trabalho, expandindo a condição de precariedade hoje presente nos 26,4% de postos de trabalho terceirizados para a totalidade dos empregos formais”.

         Apenas pelas análises apresentadas tanto pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) como pela Celulose Nipo Brasileira (Cenibra), que recorreram ao Supremo a favor da liberalização irrestrita da terceirização, é possível compreender uma pequena parte dos imensos interesses em jogo.

A frase que foi pronunciada:

“E lembre-se, cada dólar que gastamos em terceirização é gasto em bens dos EUA ou investido no mercado dos EUA. Isso é contabilidade.”

Arthur Laffer

Charge: Mifô
Charge: Mifô

Reforma

Nos próximos dias, 28 e 29 desse mês, o UniCEUB vai debater os impactos da Reforma Trabalhista nos direitos individual, coletivo e processual do trabalho, sancionada em novembro de 2017. O Ministro do TST, Douglas Alencar Rodrigues, e o Procurador Regional do Trabalho (MPT/MPU), Cristiano Otávio Paixão Araújo Pinto, participam das discussões com o corpo docente de Direito do UniCEUB.

UniCEUB discute impactos da Reforma Trabalhista 

Após quase um ano de vigência, especialistas comentam principais avanços e entraves da lei

Nas próximas terça (28) e quarta-feira (29), o UniCEUB vai debater os impactos da Reforma Trabalhista nos direitos individual, coletivo e processual do trabalho, sancionada em novembro de 2017. O Ministro do TST, Douglas Alencar Rodrigues, e o Procurador Regional do Trabalho (MPT/MPU), Cristiano Otávio Paixão Araújo Pinto, participam das discussões com o corpo docente de Direito do UniCEUB.

Credenciamento: Favor enviar nome do veículo e do jornalista que irá cobrir o evento até às 14h de segunda-feira (27) para uniceub@maquinacohnwolfe.com

Dia 28/08 – Terça-feira (manhã)

Tema da Palestra: Reforma trabalhista e os desafios para a concretização dos direitos sociais: análise dos principais impactos no mundo do trabalho

Palestrante: Profa. Dra. Noêmia Aparecida Garcia Porto (juíza do Trabalho)

Presidente de mesa: Prof. Me. Hélio José de Souza Filho (Professor do UniCEUB e Advogado Trabalhista)
Horário: 10h às 11h30min

 

Dia 28/08 – terça-feira (noite)

Tema da Palestra: Análise sobre a reforma trabalhista sob a perspectiva do direito coletivo: desafios e perspectivas

Palestrante: Ministro Douglas Alencar Rodrigues (Ministro do TST)

Presidente de Mesa: Prof. Dr. Cristiano Siqueira de Abreu e Lima (Professor do UniCEUB e Juiz do Trabalho)

Horário: 19h30 às 21h

Dia 29/08 – Quarta-feira (manhã)
Tema da Palestra: 30 anos da Constituição, direitos sociais e reforma trabalhista: desafios para o futuro

Palestrante: Prof. Dr. Cristiano Otávio Paixão Araújo Pinto (Procurador Regional do Trabalho MPT/MPU)

Presidente de mesa: Prof. Me. Rogério Alves Dias (Professor do UniCEUB e Advogado Trabalhista)

Horário: 10h às 11h30

 

Dia 29/08 – Quarta-feira (noite)
Tema: Reforma Trabalhista no Brasil: um balanço de um ano da promulgação da Lei n. 13.467/2017”

Palestrante: Dra. Gabriela Neves Delgado (professora da UnB)

Presidente de mesa: Prof. Wagner Pereira Dias (Professor do UniCEUB e Advogado Trabalhista)

Horário: 19h30 às 21h


Serviço:
 Reforma Trabalhista: impactos após quase um ano de vigência.
Quando: 28 e 29 de agosto.
Horário: 10h às 11h30 (manhã)
19h30 às 21h (noite)

Local: Auditório do Bloco 3 – Campus Asa Norte

Inscrições: até 27 de agosto neste link

Justificativa

Gente competente é assim. No DODF, uma exoneração veio com uma explicação que mostra a eficiência do contratado. “Exonerar Jean Toshiuki Mizuno, por estar sendo nomeado para outro cargo…”

Descompasso

Dói nos olhos o despreparo do Brasil para gerenciar crises. Enquanto a governadora de Roraima, Suely Campos, pede mais 184 milhões de reais para a Saúde do Estado, o governo federal rebate afirmando que os 70 milhões já repassados não foram gastos. E por aí segue o bate boca. Solução mesmo até agora, nada.

Foto: Governadora de Roraima, Suely Campos (g1.globo.com)
Foto: Governadora de Roraima, Suely Campos (g1.globo.com)

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Desde que foi eleito Primeiro-Ministro, o sr. Tancredo Neves tem, no aeroporto, um avião da Varig à sua disposição, com tripulação e tudo. É uma despesa alta demais, quando o Primeiro-Ministro devia fazer como seus companheiros de conselho, que utilizam aviões comerciais, ou como o Presidente, que usa aviões da FAB. (Publicado em 27.10.1961)

Políticas equivocadas induzem ao atraso

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ARI CUNHA

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Charge: Duke
Charge: Duke

         É consenso que as eleições, por seus processos próprios, possuem a capacidade de induzir uma certa agitação em todos os setores do país. A começar pela economia, que nesses períodos de disputas e incertezas, ao colocar em modo de espera as principais e mais urgentes decisões nessa área, acaba por criar um ambiente de fortes expectativas, o que, por sua vez, favorece especulações de todo tipo e ataques ao mercado.

       Nesse ambiente de incertezas, onde todo mundo passa a se precaver, é comum a retração de investimentos internos e externos, o que resulta em oscilações de Bolsas, fuga de capitais, aumento do dólar, inflação e outros aspectos econômicos negativos. Como a economia e o mercado necessitam de previsibilidade e calmaria para funcionarem, as eleições com seu potencial de dúvidas terminam por criar cenários de medo e de incertezas que, ao fim ao cabo, contaminam todo o país e necessariamente passam a atingir também a própria população.

       A paralisação de obras e de contratações, muitas vezes impostas pela legislação eleitoral, reforçam a instabilidade e passam a interferir ainda na estagnação da economia e na retomada do tímido crescimento. Para um país que permanece experimentando uma profunda crise econômica, resultado direto de um conjunto de más políticas que foram implementadas recentemente, um ambiente de incertezas possui um potencial de agravar ainda mais a situação atual.

       É nesse ambiente delicado e de medo que as campanhas eleitorais entram para embaralhar o ambiente. O divórcio entre o que pretende os candidatos em seus discursos e a realidade do país lança ainda mais gasolina na fogueira. Os pretensos salvadores da pátria, ao insistir em programas de governo irrealistas e inexequíveis, contribuem, ao seu modo, para piorar o que já está ruim.

          Mesmo os institutos de pesquisas eleitorais, com suas metodologias próprias e específicas, ao divulgarem o que chamam de retrato do momento, com previsões antecipadas, que, não raro, vão contra o senso comum, contribuem também para o aumento do ambiente de instabilidade. Nesse quesito, quando são feitas retrospectivas, até recentes, dessas pesquisas, o que se observa, em grande parte dos casos, são disparidades entre os prognósticos e o resultado efetivo das urnas. Destaca-se também que nessas eleições, especificamente, o número de eleitores indecisos é o maior já registrado desde a redemocratização.

         Se nem a população sabe que caminhos tomar diante da aproximação das urnas, muito menos o mercado e o ambiente econômico saberá para onde vai o Brasil. O pior é que com alguns desses candidatos que ora estão no páreo, nossa situação econômica, que já é preocupante, corre o risco de afundar de vez, o que mais uma vez comprova a teoria de que políticas e candidatos equivocados possuem sempre o condão de empurrar e manter o país para o beco sem saída do subdesenvolvimento.

A frase que foi pronunciada:

“Muitas vezes as pessoas enxergam mais com a imaginação do que com os olhos.” 

Richard Sennett, historiador e sociólogo

Goiás

Conta de energia mais cara 12%. O percentual está em discussão. A ANATEL abriu audiência pública para que a população participe da decisão.

Charge: Tacho
Charge: Tacho

Preto no branco

Temos que reconhecer que a Receita Federal do Brasil e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional não cumprem a legislação no que diz respeito às suas obrigações. São duas instituições muito sérias para cobrar o dever dos outros, mas que não aplicam seus próprios deveres. Palavras do juiz federal e representante da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Renato Lopes, sobre os grandes problemas da arrecadação tributária federal.

Ilustração: averdadequeamidianaomostra.blogspot.com
Ilustração: averdadequeamidianaomostra.blogspot.com

Cheiro de abuso

Uma TV ligada num estabelecimento comercial gera boleto cobrado pelo Ecad. O escritório explica que é assim que os artistas sobrevivem, da criação. Acontece que muitas músicas executadas são de domínio público, e as TVs já pagam uma pesada conta para o Ecad que vistoria toda a programação. As rádios também pagam altas taxas. Cobrar de quem ouve os programas parece demais.

Logo: toptalent.art.br
Logo: toptalent.art.br

Impensável

Técnicos da Caesb verificam que os dejetos do Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília passam pela galeria de águas pluviais da Asa Norte e caem direto no lago Paranoá.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Rádio Nacional de Brasília está usando dinheiro do governo para fazer campanha contra as demais estações de televisão de Brasília. Esta campanha, que está sendo muito cara, talvez não seja interessante para o próprio governo, que usando dinheiro do povo, procura sufocar as empresas particulares. (Publicado em 27.10.1961)

Preferência pelo Legislativo tem explicação prática

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ARI CUNHA

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Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

         Com a polarização das disputas para presidente da República centrada em apenas meia dúzia de candidatos com boas chances de conquistar o Palácio do Planalto, a grande maioria dos partidos passou a investir tudo, inclusive parte significativa dos recursos públicos disponibilizados pelas legendas, na tentativa de ocupar o maior número possível de cadeiras nos legislativos locais e federal. A estratégia agora, dada a abundância bilionária desses recursos para os partidos, é construir bancadas robustas, quer para fugir da degola das cláusulas de barreiras, quer para se inserir nas amplas vantagens advindas do modelo de presidencialismo de coalizão.

       Há muito os políticos experientes sabem que cargos de comando no Poder Executivo, seja presidente da República, governados ou prefeito, ao individualizar e expor a figura do gestor diretamente em contado com o cidadão e suas demandas, não raro, leva ao desgaste político desses líderes, transformando o mandato numa via crucis sem fim. Numa sociedade com tantas carências, gestor público acaba se transformando em verdadeiro “saco de pancada”, alvo de todo o tipo de impropérios e hostilidades.

      É nesse sentido que os cargos nos Legislativos passam a ser considerados como paraísos na terra. Não surpreende, pois, que a carga menor de responsabilidade individual, diluída nas bancadas, acaba por atrair muito mais pretendentes. Além disso, os três meses de férias por ano e outras mordomias que só são encontradas em nosso modelo de Estado, fazem dos legislativos alvo de cobiça de milhares de brasileiros.

            Com a emancipação política, Brasília passou a reproduzir exemplarmente esse modelo, fazendo do legislativo local um atraente posto a ser conquistado. Para próxima legislatura, 1,2 mil pretendentes fizeram suas inscrições junto à justiça eleitoral, ou mais de 40 candidatos para cada uma das 24 vagas na Câmara Legislativa. Em nosso sistema democrático, a função representativa se confunde muito, em benefícios, com os altos escalões funcionalismo público, com a diferença de que no Legislativo as vantagens são muito maiores para compromissos e resultados sempre menores.

      Assim, os candidatos, ao adentrarem para o parlamento, passam a compor integralmente a estrutura administrativa da máquina de um Estado, que, por si só, é o maior responsável pela grande concentração de renda e pela promoção e perpetuação das desigualdades sociais.

          Levantamento feito esse ano pelo Observatório Social de Brasília e pelo Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) mostrou que os deputados distritais chegam a custar quase um terço a mais que um integrante da Câmara Federal. Ademais, é corrente verificar, ao longo do ano, o adiamento de votações importantes para a comunidade, pelos seguidos casos de falta ao trabalho e que sempre acabam sendo abonados, contrariamente ao que ocorre com os trabalhadores comuns.

             Disparidade de renda, excesso de benefícios, corporativismo, imunidades e outras vantagens atraem cada vez mais postulantes a esses postos, ao mesmo tempo em que ajudam a aumentar, em léguas as distâncias entre representantes e representados, fazendo, dessa função, alvo constante de reclamações e fonte abundante de todo o tipo de escândalo.

A frase que foi pronunciada:

“O gratuito significa sempre uma forma de dominação”

Richard Sennett

Turismo

Rafael Felismino, assessor de Gestão Estratégica da Embratur, e Vinícius Lummertz, do Ministério do Turismo, estudam o modelo de gestão de turismo da Dinamarca. Copenhague, por exemplo, tem uma população de 1.213.822 habitantes e recebe anualmente cerca de 8 milhões de turistas estrangeiros e 4 milhões de nacionais. O segredo do sucesso é a parceria entre o poder público e privado.

Detalhes

Do outro lado do balcão, o dinamarquês que estiver planejando vir ao Brasil, recebe um verdadeiro manual de conduta. Desde os dados detalhados da cidade que escolher até uma atualização das últimas notícias. Dentro dessas manifestações, a que mais chamou a atenção foi o seguinte comentário registrado: O Brasil tem sido progressivo em termos de direitos das minorias sexuais. “No entanto, muitos brasileiros são muito conservadores e há incidentes de assédio às minorias sexuais, principalmente fora das grandes cidades.”

Charge: Nani
Charge: Nani

Prontas para a volta

Oficinas de trabalho, biblioteca, atendimento médico, aulas da alfabetização ao ensino médio, sala especial para gestantes que permanecem com o bebê até pelo menos 6 meses, assistência médica inclusive psicológica, psiquiátrica, odontológica, ginecológica e pediátrica. Trata-se da Penitenciária Feminina do DF, dirigida pela Dra. Deuselita Pereira Martins.

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Dignidade

Outra preocupação da direção da Penitenciária Feminina é a humanização da identificação dos visitantes. Sem a rotina humilhante da nudez, agora as máquinas instaladas são suficientes para detectar qualquer indício de objeto escondido por visitantes.

Foto: Pedro Ventura / Divulgação
Foto: Pedro Ventura / Divulgação

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Rádio Nacional de Brasília está usando dinheiro do governo para fazer campanha contra as demais estações de televisão de Brasília. Assim é, que vem contratando, a preços que o mercado não permite, artistas para enfrentar a concorrência leal das emissoras particulares. (Publicado em 27.10.1961)

“Postos estão, frente a frente”

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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Imagem: g1.globo.com

Imagem: g1.globo.com
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            Num país como o nosso, onde os fatos da História muitas vezes têm tomado ares de pura ficção, ultrapassando essa em imaginação, e onde o realismo fantástico dos acontecimentos ganha tonalidades reais, não chegam a surpreender as notícias de que um prisioneiro incomum, encarcerado por crime comum, apareça na dianteira das pesquisas para o cargo de presidente da República.

      Com as manobras urdidas a partir da própria cela, transformada, sob a complacência da Justiça, em sede de movimentadíssima campanha, o ex-presidente Lula vai lentamente conduzindo seu partido e seu nome rumo às urnas, há pouco mais de 1 mês para as eleições e sob os olhares perplexos de um país inteiro.

          A essa altura dos acontecimentos, muitos passaram a torcer para que a estratégia de esconder o candidato para que ele ressurja vitorioso como uma fênix de dentro da urna seja consumada com sucesso, apenas para dar mais tempero e sabor a essa história surreal. Caso tenha os caminhos desimpedidos pela justiça eleitoral e venha a ser sagrado, mais uma vez, presidente do país, o realismo fantástico dessa façanha possível terá ultrapassado léguas de qualquer ficção, mesmo as mais imaginativas. É justamente essa ausência física, consubstanciada em presença irreal que mais fascina seus eleitores, conferindo, ao pleito insosso, sabores de um conto mágico, bem ao estilo de um Gabriel Garcia Márquez. Para uma nação colonizada com amor e ódio por portugueses, a odisseia do ex-presidente parece nos remeter diretamente à metrópole no ano da graça do Senhor de 1578, quando na Batalha de Alcácer-Quibir, no Norte da África, o rei de Portugal, D. Sebastião, desapareceu sem deixar vestígios, possivelmente morto pelos mouros daquela região.

         O sumiço misterioso do rei e de boa parte de sua tropa criou entre a nação portuguesa um sentimento místico de que esse monarca mártir iria retornar, no momento certo, à terra natal para salvar seu reino das mãos dos espanhóis, que entre 1580 e 1640 uniram as duas coroas sob um mesmo reino. Com isso, foi criada a expectativa de cunho messiânico do retorno de D. Sebastião, conhecido naquela ocasião como Sebastianismo, que pode ser interpretado como um movimento de inconformismo com a situação política vivida por Portugal naquele período.

          Naquela ocasião, muitos prepostos apareceram se fazendo passar pelo rei desaparecido. A maioria encontrou a força como resposta. Essa crença no chamado “rei encoberto”, que viria para redimir o povo português, guardadas as devidas proporções, nos faz lembrar a saga vivida agora por Lula, o candidato encoberto, que promete retornar ao seu palácio, com todas as honras e glórias.

         Ainda hoje, passados muitos séculos, muitos místicos portugueses ainda acreditam no retorno do rei e de seu exército. O mesmo parece ocorrer com os lulistas que ainda acreditam no retorno de seu salvador, perdido no Magrebe de uma cela em Curitiba.

A frase que foi pronunciada:

“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.”  

Winston Churchill

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

Boas Novas

Satisfeito com a estação experimental de plantios de mandioca, o professor Nagib Nassar convidou autoridades internacionais para conferir, no local, a produção. Causou surpresa ver que apenas uma raiz pesava 30kg. Com essa pesquisa, o fim da fome no mundo está próximo. Veja as fotos no Blog do Ari Cunha.

Grande mulher

Se existe cabo eleitoral familiar forte, pode-se dizer que Rogério Rosso está bem servido. Karina Rosso é anfitriã de primeira linha, sabe defender o marido mais ouvindo do que falando.

Foto: primeirasdamas.blogspot.com
Foto: primeirasdamas.blogspot.com

Faixas

É chegada a hora de reforçar as faixas de pedestres pelo Plano Piloto e demais regiões administrativas. Durante a noite, está bastante perigoso, principalmente com a chegada da chuva.

Foto: mobilize.org.br
Foto: mobilize.org.br

Novidade

Foram criadas, recentemente, duzentas novas autorizações para prestação de serviço de táxi adaptado no DF.

Foto: taxinforme.com.br
Foto: taxinforme.com.br

“Eu sou confiável?”

Em tempos de eleições e escolhas individuais e coletivas, de norte a sul do país, é o tema do livro do psicólogo e palestrante Fauzi Mansur, em parceria com a, também psicóloga e escritora, Adriana Kortlandt. Está feito o convite para uma reflexão profunda sobre o tema da autocorrupção. Lançamento em Brasília, na segunda-feira, dia 27, das 18h30 às 22h, no Carpe Diem Restaurante (104 sul).

Imagem: fazeraqui.com.br
Imagem: fazeraqui.com.br

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Há blocos na Asa Norte, onde não há água há vinte dias. O Departamento de Águas e Esgotos, entretanto, não deu a público nenhuma nota explicativa, principalmente sabendo-se que os reservatórios de Brasília têm capacidade para reserva de 90 milhões de litros. (Publicado em 27.10.1961)