Povo solitário

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Andre Penner/ap

 

Ao longo do período de quarentena, que tudo indica que será esticado sine die, por conta do aumento significativo no número de mortes nesses últimos dias, tempo haverá para que os analistas sérios, que existem em grande quantidade nesse país, principalmente fora do governo, possam extrair desses acontecimentos um grande e precioso número de lições que serão de grande valia para o futuro dos brasileiros e, quiçá, dos próximos governos.

A lição fundamental e que, à primeira vista, parece até uma questão primária é que, independentemente da situação de bonança nas finanças públicas e de estabilidade econômica interna e externamente, o Brasil tem que estar equipado e pronto para quaisquer eventualidades, seja ela uma guerra, um cataclisma ou o que for. A afirmação mal agourenta de um famoso jogador, de que copas do mundo não se fazem com hospitais, deve ser, doravante, tomada como uma lição básica às avessas, de forma que todos entendam que a salvação de uma nação passa bem longe da construção desses estádios de futebol.

Seria um exercício deveras complexo contabilizar todo o dinheiro público que, apenas nas últimas duas décadas, escoou pelo ralo da corrupção e da malversação de recursos. Por certo, seriam na ordem de centenas de bilhões de reais. Mas raciocínios dessa natureza não contam na contabilidade fria de mais de cinco mil mortos, até esse instante.

O destino, esse ser excêntrico, prega suas peças de modo sinistro. Estádios milionários e vazios ou transformados em hospitais de campanha, miram hospitais à míngua de recursos e superlotados de moribundos. É dessa contradição cruel que vamos retirando os tijolos para construção de nosso dia a dia improvisado. Não é dos ricos a culpa da miséria. Mas dos governos que, com a corrupção e o desdém aos que empreendem, viram as costas aos que vivem à mingua.

Uma outra lição valiosa que pode ser aprendida com a atual crise e, quem sabe, deverá ser usada apenas num futuro próximo, quando os governantes encararem as adversidades com o olhar de estadistas, dotados apenas de humanismo e sinceridade, é que mais do que gestores do dinheiro dos contribuintes, o país e sua gente necessitam de gestores de vidas.

Com o alcance avassalador e ainda desconhecido do vírus, as vítimas vão sendo transformadas em números estatísticos que crescem sem piedade, obrigando brasileiros a serem enterrados, lado a lado, em valas comuns, sem ao menos as condolências familiares e os rituais cristãos, transformando celebrações fúnebres e solenes num semear de mortos em terra árida.

E daí, se nenhuma colheita resultar dessa faina macabra? Importa, como se prega hoje, a pátria acima de todos, como terra que vai cobrindo a sete palmos os soldados desconhecidos dessa batalha inglória. Essa talvez seja a maior e mais preciosa de todas as lições extraídas dessa pandemia: estamos sós, irremediavelmente sós.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nós os pobres, somos como o algarismo zero, que por si só nada vale e faz valer a cifra que a ele se junta – tanto mais quanto mais zeros lhe forem acrescentados.”

Mateo Alemán (1547-1614), escritor espanhol

Mateo Alemán (Imagem: reprodução da internet)

 

Sine

Parte da população que estava desempregada antes da chegada do coronavírus, está em situação delicada. O Sine que estava sempre cheio de esperança com a carteira de trabalho na mão, agora de portas fechadas, empurra uma classe, que prefere o trabalho a mesadas do governo, para a informalidade. Única forma de sobreviver, por enquanto.

Print: sine.com.br

 

Diga que fico

Ron DeSantis está de olho na população brasileira que mora em Miami. Com o descompasso do coronavírus lá e cá e a evolução do contágio, o conselho do governador é que quem não voltar agora fique pelo Brasil até a pandemia passar. Se for necessário, os voos do Brasil serão cancelados.

Ron DeSantis (Foto: clickorlando.com)

 

Fantoches

Mais uma da Organização Mundial da Saúde. Segundo a instituição, a imunidade conferida pela infecção ainda é questionável. Colocam dúvida até nos testes que estão sendo feitos. Aqui no Brasil, a bióloga da USP Natália Pasternak diz que o teste dar negativo não quer dizer nada. Fica difícil acreditar numa pandemia com tanta desinformação junta.

Foto: Christian Mang/Reuters

 

Fato grave

Muita calma nessa hora. Há algo de podre no reino da Dinamarca. A tentativa de assassinato ao presidente da República, Jair Bolsonaro, foi toda filmada. Movimentação em torno do alvo, depoimentos suspeitos anteriores ao fato, fuga para fora do Brasil de agentes suspeitos. A cortina do cenário está prestes a abrir depois do intervalo.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Antes mesmo de funcionar, a Creche Ana Paula já está sofrendo reformas. Eu bem que disse que aquele barraco não servia. (Publicado em 06/01/1962)

A Escola de Sagres, a Nasa e o Brasil

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Charge: humorpolitico.com.br

Quando se rema contra a correnteza, a única certeza é que precisamos remar duas vezes mais para empreender a viagem ou, sequer, saímos do lugar. Os navegantes portugueses, do século XV em diante, já sabiam dessa máxima e por isso mesmo aperfeiçoaram um sistema de velames e de quilhas móveis, além de outros apetrechos técnicos, para navegar até contra o vento. Na verdade, invenções dessa e de outras naturezas nascem sempre que algum obstáculo se interpõe entre aqueles que possuem um plano definido e seu destino final. As cartilhas e manuais foram escritas por aqueles que, por experiência ou sabedoria, anteviram, muito antes de nós, os obstáculos à frente. É fato que depois da Escola de Sagres, acidentes e outros imprevistos, mar adentro, foram sensivelmente diminuídos. Desconsiderar ensinamentos é não só correr riscos desnecessários como perder tempo e ir ao encontro de malefícios diversos.

Antes de se lançar ao mar infinito, as naus e seus comandantes eram preparados com esmero na Escola de Sagres, que, à semelhança da atual Nasa, agência espacial, ensinava os segredos da navegação, com base em uma ciência náutica e não em improvisos, quase sempre fatais.

Do mesmo modo, e dando um salto no tempo, constitucionalistas e outros doutos nas ciências do Direito redigiram, com a participação de representantes da sociedade, a atual Carta Magna, um documento que, entre outras muitas utilidades, serve para orientar governantes e outros dirigentes e responsáveis pela chamada coisa pública. Nela está delineado que rumos e providências adotar na condução da caravela do Estado.

Ao tentar interpretar esse conjunto de preceitos, de forma a adequá-lo a interesses pessoais ou de grupos, corre-se o risco de perder o rumo e levar a nau de encontro às rochas. Doutra feita, quem não segue o que orienta essa verdadeira carta náutica corre o risco maior de se ver devorado por monstros marinhos em fossas abissais.

De forma clara, quem não se apega a Carta Maior é presa fácil de grupelhos políticos e mesmo empresariais, que passam então a ditar que rotas o país deve seguir. Fora da Constituição, o que se tem é o motim a bordo. A captura e o sequestro do transatlântico Brasil por piratas. Antes de tudo, para o bom comandante, é preciso fazer ouvidos moucos a todos os cantos de sereia, venham eles de onde for.

Frente ao Estado, é sabido que presidente não possui amigos ou parentes. Principalmente parentes e outros consanguíneos. De nenhum grau. É por escolha própria, um solitário, a quem a carta náutica é sua única companhia. Para isso, deve se afastar de grupos de interesse, quase sempre formados por corsários e outros malfeitores. À semelhança do que fazia a Escola de Sagres e mesmo a atual agência espacial americana, o comando da frota só era confiado a aqueles pretendentes, sabidamente capazes e capacitados. A nenhum outro.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A mais perfeita razão foge de todo excesso.”

Montaigne, jurista, político, filósofo, escritor e humanista francês

Michel Eyquem de Montaigne. Crédito: Wikimedia Commons/Wikipedia

 

Público

Veja a seguir duas importantes iniciativas da Biblioteca do Senado. A primeira traz os Atos Normativos para o enfrentamento da pandemia numa pesquisa minuciosa, feita a partir dos portais dos governos estaduais, distrital e municipais. A segunda disponibiliza ao público livros digitais gratuitos.

 

Solidariedade

Doarti é um aplicativo para as pessoas que buscam doar para instituições sérias. Leia mais sobre em Iniciativa da UnB cria site e aplicativo para facilitar doações no Distrito Federal e baixe o aplicativo no link Doartipp.

Cartazes publicados no perfil oficial do aplicativo Doarti no Instagram

 

 

Looke

Embaixada da França convida Brasília a apreciar os filmes daquele país. Festival Varilux – Cinema francês em casa. São 50 filmes exibidos por 4 meses gratuitamente no link Festival Varilux Em Casa.

Postagem no perfil oficial do Cine Varilux no Instagram.

 

Estranho

Quem passa pelo QG do Exército não vê o pessoal usando máscara.

 

Quarentena

Será o vírus chinês? Na falta do que fazer, recomeça a discussão sobre crucifixos e imagens em prédios da União e Estados. A Procuradoria mede o estado laico por aí. O grande problema será destruir todas as notas de reais. Elas trazem a frase “Deus seja louvado”. Se com Deus já está difícil suportar tanta política, imaginem sem Ele!

Sérgio Lima/Poder360

 

Apoio da família

Por falar em Deus, uma cigana que pedia para ler a mão de uma senhora argumentou: Posso ver o seu futuro nas suas mãos. A senhora, escolada, respondeu. Meu futuro está nas mãos de Deus. Isso faz lembrar o golpe de uma senhora não tão descolada que caiu no conto da cartomante. Pagou com mais de um quilo de joias um trabalho que afastaria espíritos malignos. Pensando bem, deu certo. Depois de dar parte na Delegacia do Lago Sul, a cartomante foi obrigada a devolver tudo.

Tirinha do Orlandeli publicada no Grump

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Me disse a indústria, que eles cobram, por fora, uma diferença, que deixa o saco de farinha a Cr$ 2.695,00. E disse mais: as notas são pagas à vista, a dinheiro, não aceitando sequer um cheque. (Publicado em 05/01/1962)

Outra facada, não!

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Charge: Rocha Arts

 

Uma corporação, como o próprio nome diz, reúne indivíduos que possuem, em comum, os mesmos ideais profissionais e, de certa forma, acabam compondo um só corpo agindo em conjunto organicamente, de tal forma que o pleno funcionamento do todo depende, de forma vital, do funcionamento de cada uma das partes, como num relógio suíço, onde cada engrenagem possui sua função e importância específicas. O mal funcionamento de qualquer uma de suas partes compromete o todo de modo irreparável.

As Forças Armadas, são nesse sentido, um exemplo claro de uma corporação em que todos, do soldado ao general, possuem cada um, uma importância e uma função específica, sem a qual o organismo, como um todo, não pode, sequer, existir. Sobre esse ponto, qualquer falha ou deslize de um dos seus membros põe a perder o funcionamento do conjunto, comprometendo seu desempenho ideal.

Não estranha que, em suas fileiras, não cheguem a ser raros, episódio em que membros dessa corporação são desligados do organismo à bem do conjunto, o que, em si, é até uma medida necessária. Da mesma forma que uma parte gangrenada do corpo humano é amputada para a sobrevivência do todo, o afastamento de indivíduos que não coadunam com as diretrizes de uma corporação constitui-se numa ação profilática e vital ao organismo. Até aí não há dúvidas.

Colocada dessa forma, e visto em outro contexto a situação, trazida até aqui pelo presidente Jair Bolsonaro, pela insistência com que mantém um ambiente de permanente crise institucional, talvez até como uma espécie de estratégia política às avessas, tem, com relação às Forças Armadas, um efeito potente, diferente e também nefasto a essa instituição permanente. Não apenas pelo fato de o atual presidente ser um ex-militar de carreira, colocado à margem da corporação, por circunstâncias distantes aos ideais de Caxias ou ao regimento do Exército, de onde provém.

O fato de um ex-militar chamar, para compor seu gabinete de governo, membros das Forças Armadas criou, necessariamente, entre ele e esses membros fardados, um elo e uma associação, que como um nó, fica difícil de separar. Assim é que o destino de um é, em larga medida, o destino do conjunto, nesse caso específico, as Forças Armadas. Bolsonaro e os militares, por livre vontade, possuem, nos episódios que vão se desenrolando nesse governo, um destino e um futuro comum. Não há como dissociar o político que chegou à presidência, por obra e graça das circunstâncias de uma encruzilhada fatídica, do restante do seu gabinete, composto, em sua parte principal, pelo pessoal do alto escalão das Forças Armadas.

Uma possível descida do atual governo, ao fundo do poço, numa crise sem precedentes, fato que muitos apontam como uma grande possibilidade, mas nós, como brasileiros torcemos para que isso não aconteça,  arrastará, irreversivelmente, consigo, toda a corporação, numa espécie de abraço de afogados, transmitindo a essa zelosa corporação, o vírus da inépcia e lançando de volta seu prestígio atual aos tempos da ditadura, numa fase de nossa história que, a duras penas, tem sido deixada para trás, como página virada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A vida/Consumida/Em cuidados/Escusados,/ E sujeita a desconcertos da ventura,/Não é vida vital,/mas morte pura.”

Camões, poeta português.

Foto: wikipedia.org

 

Indo bem

Médicos têm elogiado as iniciativas do governador Ibaneis, que tem tomado as precauções contra o Coronavírus sempre colocando a vida da cidade em um lugar importante. A ideia agora é aumentar os exames por drive thru para mapear a cidade com a indicação de novas providências.

Os profissionais da saúde usaram câmeras térmicas para os exames
(Foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

 

Cultura

Mudar a cultura de um povo é tarefa hercúlea. Para uma população que até pouco tempo espirrava em direção às pessoas, sem a menor consideração, já é possível ver adolescentes que vendem pipoca no sinal, espirrar na dobra do braço. O uso de máscaras, também está aumentando visivelmente.

 

Ideia

Por falar em máscaras, o repúdio ao material médico chinês é grande. Inúmeras mensagens pelo WhatsApp pregam que ninguém use material chinês no rosto. Se há possibilidade de costurar sua máscara nos moldes de correta higiene, a ojeriza faz sentido. Seria bonito o governo brasileiro conclamar as costureiras de escolas de samba para fazer máscaras para os brasileiros. Veja orientações sobre o assunto no link Camadas de diferentes tecidos deixam máscara caseira 99% eficaz, diz estudo.

 

Imprensa

Criada para levar alimentos saudáveis e de qualidade às famílias e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, o programa Cesta Verde do Governo do Distrito Federal também contribui para o desenvolvimento e geração de renda entre milhares de produtores rurais no DF. Veja detalhes do assunto no link Cesta Verde garante renda a produtores rurais e leva alimento de qualidade às famílias.

Foto: Agência Brasília

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O dono de uma padaria me mostrou uma nota da “Indústria Mineira de Moagem S.A.”, de uma partida de farinha para Brasília. Cobrava por saco a importância de Cr$ 1.877,00. (Publicado em 05/01/1962)

Ciência nunca foi bem ao Brasil

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Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

 

Historicamente, o Brasil sempre teve problemas, e até conflitos com dezenas de mortos, por conta de questões envolvendo, de um lado, o que prega a ciência e o que acredita a população, de acordo com suas crenças e superstições. Nessas disputas, tanto as autoridades do governo como os políticos, de forma geral, sempre extraíram desses desentendimentos todo o tipo de proveito possível para seus interesses próprios e de seus grupos. Essa contenda tem, em sua origem, de um lado e de outro, a pouca ou quase nenhuma bagagem cultural e intelectual dos envolvidos.

Cento e dezesseis anos já se passaram, e a Revolta da Vacina em 1904, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro, é um exemplo desses desencontros entre os ditames da Ciência, as crendices populares e o oportunismo político, formando um amálgama que resultaria, naquela ocasião, em 30 mortos, quase mil presos, além de aproximadamente 500 indivíduos deportados para o Acre, o equivalente brasileiro ao Gulag.

No início daquele século, uma lei federal tornava compulsória a vacinação da população contra a varíola, ao mesmo tempo em que se iniciava um amplo movimento de reforma urbana que objetivava, entre outros pontos, sanear muitas áreas de cortiços e alagadiços, como forma de deter o avanço de doenças como a febre amarela e a peste bubônica, obras essas que tinham à frente o médico e cientista brasileiro Oswaldo Cruz.

Incitada por políticos e pelos próprios militares, a população se revoltou e, durante mais de uma semana, a antiga capital virou um palco de escaramuças que ameaçaram, inclusive, a República nascente. Vários escritores têm se dedicado ao estudo sobre os conflitos gerados no Brasil por conta de programas de vacinação e de outras questões que obrigavam a população a se render aos argumentos científicos.

Livros como a Poliomielite no Brasil de João Baptista Júnior; A Vacina Antivariólica, de Tania Maria Fernandes; Vacinas, Soros e Imunizações no Brasil, de Paulo Buss, José Temporão e Rocha Carvalheiro, além de muitos outros como a Virologia no Estado do Rio de janeiro, de Hermann e Mauroli. Passadas décadas desses episódios sangrentos no Rio de Janeiro, outro acontecimento, também surpreendente, opôs ciência e política, ou mais precisamente, ciência versus ditadura militar.

Em 1980, em pleno regime militar, outro fato deixaria clara nossas pendengas mal resolvidas com a Ciência. Desta vez envolvendo o médico e cientista Albert Sabin (1906-1993). Cientista renomado em todo mundo por seus trabalhos sobre pneumonia, câncer, dengue e encefalite, foi também o responsável pelo desenvolvimento da vacina da Pólio, doença altamente infecciosa aguda que leva à chamada paralisia infantil e que, no pós-guerra, vinha causando uma verdadeira pandemia. Graças à vacina desenvolvida por Sabin, que leva inclusive seu nome, a poliomielite foi praticamente erradicada de todo o mundo. Sabin renunciou aos direitos de patente de sua descoberta, afim de que esse medicamento se espalhasse por todo o planeta com mais facilidade. Ganhou, por essa e outras pesquisas, inúmeros prêmios pelo mundo afora, sendo reconhecido até hoje como um dos grandes nomes da medicina e das ciências.

Toda essa fama merecida não livrou o cientista de confusões aqui no Brasil. Convidado a vir ao Brasil em 1980, durante o governo Geisel, na condição de consultor especial do Ministério da Saúde como parte de uma ampla campanha de vacinação, naquela ocasião, o cientista, que era casado com uma brasileira, acabou se desentendendo com as autoridades em virtude das discrepâncias existentes nas estatísticas do IBGE sobre o número de vacina. Sabin duvidou desses dados, que para ele estavam supervalorizados, indicando uma cobertura de 97,7 por cento das crianças até cinco anos.

O cientista para quem o Brasil era sua segunda pátria, se dizia triste e desapontado, quando qualquer problema ameaçava a continuidade dos programas de vacinação. “Daria tudo que tenho para construir um centro de recepção ambulatorial para atendimento de crianças pobres. Infelizmente não disponho dessa quantia para ajudar”, disse em visita a Pernambuco em certa ocasião. Algumas autoridades, tanto de saúde como do próprio governo, incluindo, nessa ópera bufa, agentes do SNI, acusaram o cientista por suas reclamações sobre os erros nas estatísticas de vacinação de “persona, non grata”, considerando suas observações uma intromissão em assuntos internos.

Essa gafe monumental passou a compor mais um capítulo da infâmia de nossa história recente. Por esse tratamento, o cientista Albert Sabin resolveu abandonar o cargo de consultor que ocupava, não sem antes deixar claro que o governo militar no período entre 1969 a 1973 tinha manipulado todos os dados de vacinação, acusando o então ministro da saúde, Waldir Arcoverde, de grosseria e negligência do dever funcional, enredado que estava “numa burocracia nada confiável”. Por esses desencontros, o renomado cientista declarou que nunca mais viria ao Brasil.

Recentemente foi o que voltamos a assistir com os desentendimentos entre o Governo Bolsonaro, contrário à quarentena e a opinião dos médicos e cientistas quanto a necessidade de isolamento social para conter o coronavírus, numa repetição que confirma o descompasso secular que ainda persiste entre a Ciência e um Brasil atrasado e comandado por uma elite supersticiosa e autoritária.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nenhum tônico é mais eficaz à saúde do espírito que a saúde do corpo. Uma enformatura de atleta tem de ordinário um rouxinol por alma.”

Fialho de Almeida, jornalista, escritor e tradutor pós-romântico português

Foto: facebook.com/acfialhodealmeida

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O pão em Brasília está caro, ruim e misturado, porque os proprietários de Padarias estão sendo vítimas dos seus fornecedores. (Publicado em 05/01/1962)

Início do fim

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Sexta-feira, dia 24 de abril de 2020, em pleno processo de pandemia e paralisação total do país e de boa parte do mundo, ficará marcado, também, como o primeiro dia do fim do governo do presidente Jair Bolsonaro. Tudo isso faltando ainda quase três anos de mandato, segundo o calendário oficial. Não se trata aqui de uma previsão mística, que tem como premissa a posição dos astros na abóbada celeste, nem de análise política feita pelos arautos do caos político, que como urubus, têm, na morte da presa, seu sustento e ânimo. Sobre esse assunto deveras, desalentador, o dramaturgo William Shakespeare (1526-1616) já se referia no seu tempo, quando observava ser uma infelicidade terrível toda a época em que os idiotas passam a guiar os cegos.

No nosso caso a situação alcança ainda níveis mais dramáticos quando se percebe que temos hoje na presidência da república, alguém que parece guiado por uma espécie de instinto sem racionalidade e que tem nos filhos histriônicos seus conselheiros para assuntos de Estado. Com a saída agora do ministro da Justiça , Sérgio Moro, por motivos graves e que ficaram mais do que esclarecidos ,na coletiva que concedeu, o presidente perdeu, não apenas mais um membro da equipe de ministros, como foi no caso da exoneração intempestiva de Henrique Mandetta da Saúde, mas o principal esteio do próprio governo, um personagem a quem o então candidato atraiu para sua campanha vitoriosa, seguindo a receita das cartilhas de marketing político, um verdadeiro herói nacional, um juiz que mudou os paradigmas da história política do país ao levar as barras dos tribunais membros de uma elite secularmente tida como intocável.

Com esse canto de sereia atraiu para seu grupo, uma personalidade ímpar, que numa outra situação normal de temperatura e pressão e sem o lulismo no horizonte próximo, seria inconcebível, para não dizer impossível. Sem Moro, o atual chefe do Executivo, a quem as pesquisas já apontam em franco e precoce decaimento, perde uma parte para lá de substancial de seu governo, justamente a parte que cuidava da ética no trato da coisa pública, além, é óbvio, de manietar a credibilidade no combate à corrupção.

Para a surpresa de todos, inclusive do próprio presidente, a saída de Sérgio Moro do governo, mesmo com toda a elegância e comedimento que são características da personalidade do antigo juiz, provocou, por sua explanação clara e sucinta dos acontecimentos que levaram ao seu pedido de demissão, um estrago profundo e possivelmente irreversível na imagem já desgastada do governo. Os desdobramentos desse acontecimento são imprevisíveis e, por certo, ditarão o futuro desse governo, se é que ainda lhes resta algum.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os filhos convertem-se para os pais, consoante a educação que recebem, numa recompensa ou num castigo.”

Petit-Senn, poeta suíço

Charge do Waldomiro Neto

 

Ainda

Desde 1960 que essa coluna publica notícia de carros oficiais passeando pela cidade. Dessa vez, numa padaria da Asa Sul, um motorista, uma acompanhante e um segurador de guarda-chuva chamavam a atenção no local.

 

 

Concurso

Prêmio “Contos da Quarentena” da Livraria Lello, portuguesa. As inscrições vão até dia 31 de maio, 23h59, hora de Portugal. Veja os detalhes da inscrição no link PRÉMIO CONTOS DA QUARENTENA LIVRARIA LELLO.

 

Patrimônio da Humanidade

Chega até nós uma foto de um letreiro que invade as redondezas do MCTIC e MINFRA desrespeitando as regras da cidade. Parece montagem. Impossível acreditar nisso.

Foto: diariodopoder.com

 

Sem fiscalização

Fica difícil compreender a razão do asfalto ser tão ordinário. Se o dinheiro do contribuinte é usado para o seu conforto, que se faça a obra do tamanho da cobrança. O que não dá é para empresas receberem muito e aplicarem pouco no serviço. Uma vergonha.

Foto: Vinícius de Melo / Agência Brasília

 

NUVAL

Durante a quarentena, o Núcleo de Vigilância Ambiental tem visitado casas do Lago Norte, mas muitos moradores impediram a entrada por falta de crachá. Os funcionários não tinham máscaras para entrar nas residências. É preciso um comunicado sério das autoridades sobre essas visitas, inclusive com número de telefone fixo para confirmação.

Foto: Geovana Albuquerque/Saúde-DF

 

Piscinão

Bares do piscinão estão fechados, mas, nos dias de sol, uma fila de muitos metros de carros ao longo da pista mostra que a quarentena está servindo de férias e alegria para muita gente.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O ministro da Guerra deferiu o pedido do sr. José Rômulo Ribeiro, que solicitou isenção do serviço militar, por ser membro da comunidade religiosa “Testemunhas de Jeová”. (Publicado em 05/01/1962)

Depois da primeira tormenta

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Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Política

 

Passada a crise de pandemia, em tempo ainda incerto no futuro, o  que se sabe é que todo esforço possível terá que ser realizado para que uma crise econômica, de proporções magníficas, não leve o país a um estado terminal, capaz de transformar as agruras de uma quarentena, em um saudoso sonho de verão.

Pelo o que se tem visto até agora, e pela afoiteza com que políticos de todas as matizes ideológicas têm se atirado sobre os recursos públicos, em nome de uma falsa salvação nacional, é óbvio que o esforço feito pela equipe econômica, desde a posse do presidente Bolsonaro até o final do primeiro trimestre desse ano, está sendo irremediavelmente escoado pelo ralo da incúria. Não só regressamos ao ponto de partida em janeiro de 2019, como podemos estar indo mais além, recuando a um passado de recessão e depressão econômica que acreditávamos ter deixado para trás em 2014.

Não que se descarte a importância de ações e de um conjunto de projetos voltados para o momento de urgência social. Todos os países, que estão experimentando essa crise de saúde pública, estão adotando as mesmas medidas emergenciais, garantindo renda e outros benefícios às suas populações. Nesses países, todos os esforços vêm sendo feito dentro de objetivos que visam assegurar não só a sobrevivência dos indivíduos nesses meses difíceis, mas, sobretudo, para garantir que dignidade e outros valores humanos de suas sociedades não sejam abalados pelos efeitos da pandemia de longa duração.

Por aqui, a falta de uma base política dentro do Congresso tem servido para que os políticos, contrariados com a pouca atenção dada pelo governo aos seus pleitos e interesses próprios, dificultem a adoção de medidas urgentes e razoáveis. Para essa turma, que faz oposição mesmo em meio a uma pandemia mortal, todo esforço vale para desmontar o que vinha sendo realizado pela equipe econômica até aqui para colocar em ordem as finanças públicas. Nesse intento niilista, o que uma parte das bancadas temáticas almeja é enfraquecer o governo e não resolver problemas sociais imediatos. Uma outra banda tem se empenhado em ampliar, ao máximo, a ajuda emergencial, não com objetivos puramente humanitários, mas com vistas a fortalecer suas bases políticas nos estados, repassando aos governadores e prefeitos os bilhões de reais restantes existentes ainda nos cofres públicos. Como o horizonte desses profetas do caos é sempre delimitado pelas próximas eleições, o passivo dessas montanhas de dinheiro que estão saindo do planalto central para todas as unidades da federação, deverá ser coberta pela população logo depois que a primeira tormenta passar.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Ao homem que ama a sua pátria, insensato na opinião de alguns filósofos, apraz mais, quando o Estado periga soçobrar até o último alento entre naufrágios e tempestades públicas, embora não o obrigue nenhuma lei, do que viver regaladamente no cúmulo da tranquilidade e do repouso.”

Cícero, 106–43 a.C. foi um advogado, político, escritor, orador e filósofo da República Romana

Escultura de Cícero por Karl Sterrer, no Parlamento Austríaco (wikipedia.org)

 

Brasileira

Um artigo da doutora Elanara Neve publicado no conceituado British Medical Jounal sugere a troca de protocolo no atendimento a pacientes com Covid-19. Verificando a trombose nos pulmões dos pacientes que não resistiram ao tratamento, teve a ideia de experimentar anticoagulantes. Deu certo! Dos 27 pacientes tratados nenhum faleceu, só dois permanecem hospitalizados; os outros estão completamente curados. A medicação é de baixo custo, podendo ser adotada pelo SUS. Não será necessário adquirir equipamentos caros para a cura do Covid-19

Foto: divulgação (em.com)

 

Economia

Câmara dos Deputados divulga erros da PEC 10//2020 que podem induzir deputados a erro. Veja, no link CÂMARA DIVULGA ERROS DA PEC 10/2020, detalhes desse orçamento de “guerra” esmiuçados por Maria Lucia Fattorelli.

Logo: auditoriacidada.org.br

 

Denúncia

Reclamações de consumidores enganados por empresas de empréstimos e financiamentos precisam ser monitoradas pelo sistema financeiro. O melhor seria um disque denúncia para que principalmente idosos tenham um canal para orientação e reclamação. Há de tudo nesse meio. Desde posse de mailing por amigos gerentes até orientação para atendentes omitirem dados do contrato. Basta ver no Reclame Aqui.

Foto: Getty

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um funcionário da Rede Ferroviária Federal, que ninguém sabe o nome, foi à França e os Estados Unidos, a serviço. Recebeu, entretanto, uma passagem com este itinerário: Rio –Lisboa, Madri, Paris, Bruxelas, Londres, Amsterdã, Hamburgo, Copenhague, Estocolmo, Helsink, Leningrado, Moscou, Varsóvia, Praga. Viena, Atenas, Roma, Milão, Zurique, Stutgart, Frankfurt, Dusseldorf, Berlim, Tóquio, Honolulu, Los Angeles, Denver, S. Paul, Nova York, Montreal, Otawa e Rio. (Publicado em 05/01/1962)

Recursos que poderiam salvar vidas continuam a desaparecer na ciranda da corrupção

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Imagem: infonet.com

Charge que circula nesses tempos de pandemia ilustra, de forma seca e direta, as diferenças de comportamento das autoridades do Brasil e do restante do planeta, frente aos problemas provocados pela quarentena prolongada. No primeiro desenho, é mostrado pessoas de mãos dadas formando um longo e uniforme cordão de solidariedade, que somam forças. No outro, surgem dois grupos que parecem disputar uma espécie de campeonato em um cabo de guerra, cada um puxando para si, num esforço inútil e desgastante para todos, onde a soma é sempre um número negativo. Esse último desenho é o retrato do Brasil desses tempos atuais e de outros tempos também. Um Brasil, onde à exceção da população, as autoridades, em todos os escalões da República, fazem questão, e disso não se avexam, de não se entenderem, mesmo diante de um desastre que parece eminente.

Para qualquer lado que o cidadão vire a cabeça, o que se avista são medidas e atitudes que, a toda hora, envergonha-nos a todos, pelo primitivismo e pela falta de patriotismo. No judiciário, os magistrados, por conta da pandemia, estão soltando presos de alta periculosidade, isso sem contar o grande número de indivíduos condenados pelas mais diversas modalidades dos hediondos crimes de corrupção, que estão sendo postos em liberdade, sob a falsa alegação de que estão entre os grupos de risco. No Legislativo, diversos grupos ou bancadas temáticas aproveitando o período de votações online, longe dos holofotes, estão garfando bilhões de reais dos preciosos recursos públicos, também sob a falsa alegação de que serão empregados no combate à virose.

A união interesseira e muito suspeita de governadores, nesse momento de grande aflição, é para trazer recursos, a fundo perdido para estados endividados e costumeiramente inadimplentes. Os escândalos de malversação desses recursos emergenciais, arrancados pelos governos estaduais, já começaram a aparecer nas manchetes dos jornais de forma tímida, mas, mesmo assim, demonstram a prática usual de desviar dinheiro público para outras finalidades ou mesmo em proveito próprio.

Em estados como o Amazonas, justamente onde os atendimentos médicos entraram em colapso total e onde cidadãos são enterrados como bichos, em valas comuns, feitas às pressas, desde o ano passado, a Polícia Federal vem investigando desvios de mais de R$ 142 milhões, justamente do SUS.

No Ceará, onde o caos também está instalado, mesmo antes do pico da doença, a deficiência no atendimento à população assustada com o covid-19 decorre dos mesmos males da malversação e dos desvios de recursos públicos e de lavagem de dinheiro. O mesmo se sucede no Rio de Janeiro, com os hospitais de campanha superfaturados. No Maranhão a situação se repete, com a Polícia Federal investigando, desde 2018, o desvio e lavagem de dinheiro da ordem de mais de R$ 92 milhões.

Esses são apenas alguns exemplos da atuação costumeira de políticas criminosas praticadas por agentes públicos e que, em horas como essa, faltam para salvar vidas e dar alguma dignidade à população, não só em vida, como na hora da doença e morte.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Em Roma tudo está à venda.”

Salústio (867aC). A Guerra de Jugurta – Palavras com que alguns aristocratas romanos pintavam a Jugurta, jovem príncipe númida, a corrupção reinante em sua pátria.

Imagem: imperivm.org

 

Brics

São 4 os elementos básicos para sobreviver, segundo a Ciência: ar, água, luz e alimento. Melhor que o Brasil reveja os contratos com o país asiático para manter a soberania nacional e não ter mais surpresas no futuro. Tenha acesso a algumas notícias sobre o assunto a seguir.

O apetite chinês por terras no Brasil

Brasil volta à rota de investimento dos chineses

China e Brasil vão tratar de certificados de produtos florestais em novembro

Hoje o estoque do investimento chinês no Brasil é de cerca de US$ 80 bilhões

 

Sensatez

Nenhum contrato escolar previa uma pandemia que fosse transformar aulas presenciais em aulas online. Adolescentes conseguem passar horas em frente a uma tela de computador sem problemas. Mas crianças de 4 a 13 ou 14 anos não deveriam. Impossível tentar comparar aulas presenciais com virtuais para a meninada dessa faixa etária. Escolas bem-conceituadas de Brasília se negam a negociar as mensalidades. Só há uma solução. Como se sabe, o ensino escolar é típico produto de consumo, isto é, trata-se de prestação de serviços regulada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Sem aulas, sem pagamento. Menos horas de aula, pagamento proporcional.

Foto: Arquivo Pessoal/Washington Luiz (correiobraziliense.com)

 

Homenagem

A equipe da coluna Visto, lido e ouvido, criada por Ari Cunha, agradece o texto de Jorge Guilherme Francisconi. Num ato de extrema simpatia, diz que a preocupação de Ari Cunha com o presente e futuro de Brasília é a mesma que orienta o trabalho do urbanista. Veja a coluna à que se refere Francisconi.

–> Veja o poema “Nunca vi igual”, da série de homenagens ao aniversário da capital do DF2: Nunca vi igual

 

Sucesso

Está sendo bem conduzido, pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o drive-thru para detectar novos casos de coronavírus. Informações do GDF apontam que 1,4% da população testada, no universo de 3.196 pessoas, deram positivo para a Covid-19. A Secretaria de Saúde orienta fazer o teste somente pessoas com sintomas da Covid-19 (febre, tosse seca, perda de olfato) há sete dias, para não haver risco de falsos negativos.

Os profissionais da saúde usaram câmeras térmicas para os exames
(Foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Durante os dias de crise, a Aeronáutica pediu emprestado à Novacap um lote de colchões da Divisão de Alojamento, que estava nos apartamentos da W-4. Até hoje, entretanto, esses colchões não foram devolvidos, e o alojamento da Novacap ainda não foi inaugurado por causa disto. (Publicado em 05/01/1962)

Vem aí a Covidão

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Parece que, entre nós, a história volta a insistir, repetindo-se como uma farsa grotesca. Como aconteceu em junho de 2005, no qual foi preciso um alerta vindo do ex-deputado e atual presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, para que o país acordasse para mais um crime de corrupção previamente anunciado e já com certidão de nascimento, nome dos pais e um nome de batismo bem apropriado: Covidão.

Em longa entrevista concedida nessa segunda-feira (20) aos jornalistas dos Pingos Nos Is, da Rádio Jovem Pan, o ex-parlamentar e peça chave no mega escândalo do mensalão e que, na oportunidade, quase levou o ex-presidente Lula ao impeachment, deflagrando uma das maiores crises políticas de todos os tempos, voltou a público para revelar novas armações em andamento.

São, de fato, informações bombásticas, colhidas nos bastidores por uma das mais descoladas raposas políticas e que acompanha de perto, e como protagonista, toda a cena nacional desde os primeiros anos da redemocratização do país. O que mais uma vez Roberto Jefferson tem a revelar, à semelhança do que ocorreu no passado, nenhum órgão de fiscalização e controle do Estado, mesmo a Polícia Federal, parecem ter percebido.

De novo o epicentro desse escândalo, segundo ele, está sendo detectado no seio do Congresso Nacional, envolvendo os mesmos personagens do passado ou seus atuais descendentes e representantes. Segundo o dirigente do PTB, dessa vez os desvios de dinheiro têm como fonte o projeto aprovado por 431 votos contra 70, em votação eletrônica e feita à distância, que autoriza, em nome do socorro emergencial para o combate ao coronavírus, que estados e municípios gastem, sem maiores burocracias, o equivalente a R$ 100 bilhões.

Para Jefferson, trata-se de mais um crime de corrupção que começou agora a ganhar seus primeiros contornos sob a coordenação direta do presidente da Câmara e do chamado Centrão. Para ele, essa montanha de dinheiro vai ser, em grande parte, desviada para as eleições municipais desse ano ou para as próximas.

Dessa vez, alerta, será o escândalo do Covidão-19. De fato, alguns indícios já vêm sendo revelados em algumas unidades da federação como no Rio de Janeiro, Ceará, Salvador e outros lugares, com a compra superfaturada de hospitais de campanha e outros insumos necessários para o combate ao coronavírus, repetindo o mesmo modelo de crime já conhecido há décadas e que, ao fim ao cabo, acabam em processos infindos, jogados para as últimas instâncias, onde se localiza o paraíso da impunidade geral e irrestrita.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não a ciência, mas a caridade transformou o mundo em algumas épocas; somente poucas pessoas passaram à história por causa da ciência; mas todos poderão ficar eternos, símbolo de eternidade da vida, em que a morte é só uma etapa, uma metamorfose para uma ascensão maior, se dedicarem-se ao bem.”

Giuseppe Moscati, médico, canonizado pelo papa João Paulo II.

Giuseppe Moscati (santosebeatoscatolicos.com)

 

Novidade

Santa Catarina é o primeiro Estado da Federação a adotar homeopatia como ferramenta na luta contra a pandemia. Por meio da Associação Médica Homeopática de Santa Catarina, em parceria com a ABFH (com a representante, Karen Denez), o documento de Diretrizes Clínicas para Uso da Homeopatia na Prevenção e Tratamento da COVID-19 foi concluído. O projeto foi iniciado no Estado, para dar suporte ao desejo do Governo catarinense em adotar homeopatia, em caráter complementar, no enfrentamento da pandemia da COVID-19.

Leia mais em: A Homeopatia e o COVID 19

 

Mais ou menos

Tanto tempo para a reforma nas passagens das quadras 100 para 200 e o asfalto sem nenhuma qualidade. Por outro lado, vamos torcer para em dias de chuva forte haver escoamento pluvial.

(Vídeo publicado em 20 de março de 2019, no canal da TV Entorno, no Youtube)

 

Sem fome

Veja no link o resultado do Movimento Maria Claudia pela Paz, que entregou para a Ascap (Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua).

Entre integrantes da Ascap, Roosevelt, do Movimento Maria Cláudia pela Paz, entregou 20 cestas de alimentos para doação

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A diferença do Distrito Federal para Goiânia é um estímulo ao comércio da capital de Goiás. Para que possamos recomendar a todos que façam suas compras em Brasília, é preciso, também, que o comércio entenda que está explorando. Os casos que reúnem maiores reclamações são os das farmácias e casas de utilidades doméstica. (Publicado em 05/01/1962)

Sessenta anos

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No dia em que a capital de todos os brasileiros comemora seis décadas de sua inauguração, o mais sensato é deixar um pouco de lado os muitos problemas e descaminhos acumulados ao longo desse tempo e que fizeram com que a cidade, que muitos duvidaram que viesse a vingar, como um bebê prematuro que era, seja homenageada pelos poetas que entenderam o gesto simbólico daqueles que assinalaram um lugar e dele logo tomaram posse.

Para esses primeiros idealistas, cruzar dois eixos em ângulos retos, como o próprio sinal da cruz, foi o início da epopeia. Graças à essas linhas imaginárias, fundaram, no ermo do Planalto Central, uma capital hipotética e que por muito tempo era crível apenas no papel branco, como um poema escrito na forma de desenhos rápidos e rabiscados com versos ligeiros ou hieróglifos de um novo tempo. À semelhança do Livro do Gêneses, no princípio era verbo. E o verbo era sonhar como os poetas.

No princípio, para Vinícius de Moraes, “era o ermo/eram antigas solidões sem mágoa/o altiplano, o infinito descampado/no princípio era o agreste: o céu azul, a terra vermelho-pungente/e o verde do cerrado/eram antigas solidões banhadas/de mansos rios inocentes/por entre as matas recortadas/não havia ninguém. Os urbanistas que à quem a sorte concedeu a ventura de pensar a nova cidade, ergueram nesse sertão histórico o que seria, na visão da escritora Clarice Lispector “o espanto deles”, um espanto que, em seu entendimento, ficaria inexplicado. Um dos mais conhecidos poetas da cidade, pertencente à geração do mimeógrafo, Nicolas Behr, tal como os índios à quem as terras são apossadas por forasteiros, pediu: “enterrem meu coração na areia do parquinho da 415 sul e deixem meu corpo boiando no Paranoá.”

Mesmo a ausência e saudades do mar, de uma civilização que já foi classificada como a de caranguejos, pelo medo que tinha de adentrar o país para além da Serra do Mar, foi deixada de lado, quando os poetas enxergaram no céu singular da cidade, uma espécie de mar aéreo, fluídico e etéreo, com todas as características e desenhos das areias marinhas, banhadas pelo sol poente. O céu de Brasília, “traço do arquiteto” nos versos de Djavan, amainava e servia de inspiração para uma multidão de brasileiros, principalmente aqueles oriundos das grandes metrópoles, onde a arquitetura ciclópica dos arranha céus escondeu o horizonte com edifícios que nada mais são do que gigantes de concreto.

Talvez tenha sido essa a própria intenção do urbanista que desejava misturar arquitetura com poesia, criando obras, em concreto armado que mais se pareciam com as flores do cerrado pela delicadeza e pela surpresa.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As qualidades das pessoas que participaram do projeto e da implantação de Brasília se refletem no projeto da Capital. É necessário registrar outras pessoas importantes nesse processo como Ernesto Silva, Joaquim Cardoso, Israel Pinheiro, Bernardo Sayão que, com muitos outros, colocaram seu talento e trabalho em prol da construção de um futuro que desejavam fecundo.”

Maria Celeste Macedo Dominici, arquiteta que mora em Brasília. Concluiu o pós-doutorado na École Polytechnique de l’Université de Tours.

Foto: Arquivo pessoal/divulgação

 

Véu

Enquanto a pauta Covid-19 fervilha, o Supremo Tribunal Federal pautou a despenalização do aborto para grávidas com o estranho fenômeno, mal explicado, causado pelo outro vírus: o Zika. A ADI 5581 está pautada para o dia 24 de abril, sexta-feira.

Cartaz que circulou pelas redes na semana passada. A ADI 5581 está pautada para o dia 24 de abril, na sexta-feira dessa semana.

 

Parabéns

Emocionante a homenagem da Escola de Música de Brasília à capital. Com a participação dos professores, interpretaram Suíte Brasília, de Renato Vasconcelos.

 

Interesses

A voz da Constituição continua rouca. O direito à vida é uma garantia fundamental prevista no artigo 5º, caput da Constituição Federal Brasileira. Ela garante proteção à vida. Esse direito é inviolável. A Carta Magna não deixa margem à interpretação. Longa vida, vida saudável, vida digna, vida até 3 meses. Trata do direito à vida e diz que é inviolável.

 

História

Tudo começou com uma mentira. Caso Roe versus Wade, onde a mulher disse que foi estuprada e depois confessou que não foi. Mas a tecnologia em 1973 não era capaz de mostrar as imagens de um ser humano em formação. Hoje, a ciência afirma que até dor o feto sente. As cenas são chocantes e essas sim, merecem uma interpretação científica e jurídica honesta da Suprema Corte do Brasil. Veja vídeos sobre o assunto no link The unborn child feels pain.

Foto: thelifeinstitute.net

 

No lixo

Em 2017, um relatório concluído da Controladoria-Geral da União (CGU) apontava 11 Estados e o Distrito Federal como os maiores desperdiçadores de verba pública. Juntos, jogaram remédios fora em 2014 e 2015, levando ao lixo a cifra de R$ 16 milhões. Os medicamentos de alto custo, armazenados pelo SUS, estavam com validade vencida ou foram conservados de forma inapropriada. Hoje, Lorena e Maitê dependem de uma campanha aberta por Cesar Filho, para sobreviverem. Veja a história a seguir.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A diferença do Distrito Federal para Goiânia é um estímulo ao comércio da capital de Goiás. Para que possamos recomendar a todos que façam suas compras em Brasília, é preciso, também, que o comércio entenda que está explorando. (Publicado em 05/01/1962)

A hora e vez do tele trabalho

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Foto: Shutterstock

 

Se antes existia alguma resistência e preconceito ao trabalho realizado em casa (home office), taxado erroneamente de ineficiente e improdutivo, hoje essa realidade parece estar mudando do dia para a noite, forçada pela situação crítica de uma pandemia que impôs a necessidade de todos permanecerem fechados em casa.

Na verdade, essa já era um sistema que vinha ganhando cada vez mais adeptos pelo mundo afora, mesmo antes da quarentena, se firmando como uma alternativa aos deslocamentos de horas, principalmente nas cidades com tráfego congestionado e transportes públicos deficientes. Também a economia com gastos em edifícios, equipamentos, contas de luz e água entre outros infinitos encargos, vem fazendo do teletrabalho a grande aposta de modelo laboral para o século XXI.

Pesquisas realizadas ainda em 2019, em 34 países pelo Estudo Global de Tendências e Talentos 2020, da Mercer, indicou que essa é a modalidade de prestação de serviço que mais ganhará fôlego a partir desse ano em diante. As novas tecnologias somadas à uma metodologia de trabalho mais dinâmica e enxuta, necessariamente teria que revolucionar a maneira como muitos serviços são rotineiramente realizados. A introdução da informática e da Internet nas mais variadas formas de trabalho, acabaria por criar um novo e radical fenômeno, chamado de “não lugar”.

Ficou demonstrado, na prática, que a interação virtual e instantânea entre os indivíduos, independe do ambiente e do lugar físico onde se realiza determinada tarefa, pode ser feita sem prejuízo algum para a qualidade do trabalho. Se por um lado as novas tecnologias irão eliminar algumas modalidades de serviço, por outro, criarão outras mais adequadas às novas aos tempos atuais, sem prejuízos maiores.

Interessante notar que no serviço público, e as resistências, que por anos dificultava e atrasavam a implantação definitiva da modalidade de trabalho à distância, foi vencida em questões de dias por conta da quarentena obrigatória. O prolongamento do confinamento, poderá também acelerar a implantação definitiva dessa nova forma de trabalho em grande parte da cadeia dos serviços públicos, acentuando também conceitos até aqui rejeitados como a produtividade e principalmente os aspectos da chamada meritocracia, aferida agora pelo desempenho de cada um dos servidores envolvidos nesse processo.

Obviamente que nesse contexto haverá a necessidade de investimentos no aperfeiçoamento educacional desses profissionais, sujeitos à um novo ambiente de trabalho, que, ao contrário do que muita imagina, exigirá muito mais dedicação e empenho de cada um. A Câmara e o Senado virtuais, deram a partida, em grande estilo nessa nova modalidade de trabalho à distância no Poder Legislativo. O poder judiciário também já desafogou o trânsito de inúmeros processos.

No início dessa nova experiência, ficou patente que muitos aperfeiçoamentos na questão das votações, terão que ser efetuados para impedir que a democracia e pluralidade de opiniões e votos não venham a ser prejudicadas pelo controle daqueles que estão presentes em plenário, comandando todo o processo. Mas esse parece ser o começo de um novo tempo e uma novidade ainda para nós todos.

Outro fator interessante que será trazido pelo trabalho à distância, diz respeito à um maior acompanhamento individual de cada uma das pessoas envolvidas no processo, sua satisfação, suas contrariedades e outros elementos necessário a abastecer de dados o departamento de recursos humanos, permitindo que essa importante seção encontre as melhores formas de relação entre o trabalhador e seu serviço ou função.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade.”

Voltaire, escritor, ensaísta deísta e filósofo iluminista francês (1694-1778)

Foto: reprodução da internet

 

Emprego

Está garantido o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda. Em sessão por videoconferência, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal votou pela preservação da MP e pela validade dos acordos individuais firmados entre empregados e empregadores durante o enfrentamento da Covid-19.

Foto: Nélson Jr. (SCO/STF)

 

Livro

Cidadão honorário de Brasília, membro do Instituto Casa de Autores e professor PhD em Educação, Simão de Miranda é autor de diversas obras infantis. Simão é fonte especialista sobre a importância da leitura no meio educacional. “Para ser ainda mais feliz todo o dia”.

 

Ativa

IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família segue promovendo transmissões ao vivo, por meio das redes sociais, abordando assuntos relevantes para os operadores do Direito sobre os impactos da pandemia do coronavírus no Direito das Famílias. Ricardo Calderón, diretor nacional do IBDFAM, e Maria Rita de Holanda, presidente do IBDFAM seção Pernambuco, comandam o debate. Veja a programação no link http://www.ibdfam.org.br/eventos/1775/Live%3A+Humanizando+a+manuten%C3%A7%C3%A3o+dos+conflitos.

Cartaz: ibdfam.org

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Associação Comercial que está se formando tem uma grande responsabilidade. Fazer com que seus associados entendam que o comércio de Brasília, para se firmar melhor, terá que baixar seus preços. (Publicado em 05/01/1962)