A vez dos idosos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: reprodução

 

Não é segredo para ninguém que, por sua qualidade de vida, Brasília ocupa hoje um lugar de destaque entre as capitais do país com maior número de indivíduos com mais de 65 anos. Fica evidente que o Distrito Federal vem envelhecendo a um ritmo acelerado. Segundo estudos elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas idosas subiu de aproximadamente 129 mil para 249 mil entre 2010 e 2022, representando quase 9% da população total. O aumento de 94% de idosos foi o maior do país.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), antes de 2040, a participação da população idosa será mais significativa do que a população menor de 15 anos. Nesse período, a população idosa saltará dos 7,6% para mais de 16,6% do total de habitantes da capital. A questão aqui ganha relevância, quando se discute como tornar mais digna a vida desses idosos, que já deram sua contribuição laboral para a formação do Produto Interno Bruto (PIB).

Engana-se quem pensa que essa parcela significativa da população do Distrito Federal não contribua ainda para o crescimento da economia como um todo. Esse contingente consome como nenhum outro. Paga igualmente impostos e taxas como todo mundo. Muitos ostentam, inclusive, uma qualidade de vida superior à da massa dos trabalhadores ainda na ativa. É claro que, para essa parcela da população que cresce a cada dia, serão precisas novas estratégias e modelos de gestão pública, capazes de permitir qualidade de vida e, sobretudo, dignidade para esses brasilienses.

Para desestimular que esses idosos e aposentados migrem para as cidades litorâneas é preciso que o Governo do Distrito Federal providencie, o quanto antes, um conjunto de políticas para propiciar não só atendimento às necessidades imediatas dessa parcela da população, como também a introdução de serviços especializados no atendimento dos idosos.

É óbvio que caberá também, à iniciativa privada, providenciar espaços de acolhimento e lazer exclusivos para os brasilienses da terceira idade. Importante que ainda há espaços em Brasília a ser desbravados para atrair e absorver esse potencial representado pelos idosos. Uma das ideias, já ventiladas anteriormente neste espaço, diz respeito à colocação de transporte público exclusivo e gratuito para idosos nos fins de semana e feriados, permitindo que eles circulem livremente pela capital.

Outra ideia, aqui para os empresários, é a construção de shoppings exclusivos para os idosos, com variedade de serviços e lojas próprias para essa parcela de consumidores. Assim, esses novos espaços poderiam oferecer, além de área de alimentação adequada para essa faixa etária, lojas com produtos apropriados e ao gosto dessa nova freguesia. Além disso, esses novos espaços poderiam contratar apenas idosos para o atendimento do público, possuir bibliotecas, salas de jogos, livrarias, teatros, cinemas, galerias de arte e outras atrações. Haveria, ainda nesses locais, a oferta de clínicas médicas nas várias modalidades de saúde, piscinas, atendimento de geriatras, academias, espaços de encontros e descanso, serviços de transporte exclusivos para os clientes e toda uma gama de serviços adequados para essa faixa etária. Obviamente não esquecendo de estacionamento gratuito e vigiado, como era no Shopping Iguatemi.

Em Brasília, a incansável psicóloga Juliana Seidl posta, pelo Instagram, Facebook, Youtube, Linkedin todas as oportunidades da cidade para os mais vividos. Desde empregos (Carreira Longevas), empreendedorismo, como combater o etarismo, sugestões de leitura, entre outras tantas atividades e informações.

Há todo um universo de serviço a ser oferecido para essa parcela da população e um potencial enorme a ser posto em prática, capaz de transformar a capital do país num exemplo a ser seguido.

 

A frase que foi pronunciada:

“A representação do mundo, como o próprio mundo, é obra dos homens; eles descrevem isso do seu próprio ponto de vista, que confundem com a verdade absoluta”.
Simone de Beauvoir

Foto: Simone de Beauvoir em Paris em 1945. Denise Bellon (Álbum) – (brasil.elpais.com)

 

Jardinagem
Ainda bem que não sacaram fora a figueira plantada por Edgardo Eriksen, na 503 Norte. Só deixaram o tronco. A árvore deve ter mais de 40 anos. Por isso é valiosa.

 

Verdade
Lendo nos jornais, em tempos de eleições, que os candidatos vão atrás dos eleitores, veio à lembrança uma história que se passou na Inglaterra. Turistas numa cidadezinha conhecida pelos rebanhos de carneiros repararam um pastor que não andava na frente dos animais. Curiosa, uma senhora perguntou a razão. O guia sabia a resposta. Aquele não era o pastor, era o açougueiro! Estava escolhendo o melhor corte.

 

Vistoria
Faz-se urgente uma revisão nos bueiros da cidade. É de total responsabilidade do governo quando uma qualquer pessoa cai dentro da tubulação mal protegida. Nesta semana aconteceu uma ocorrência na Asa Norte com uma criança.

 

História de Brasília

Muito embora nada exista de positivo a respeito, há, entretanto, receio de parte dos concorrentes do concurso da Câmara. (Publicado em 04.04.1962)

Bem vindos ao futuro

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Foto: tjdft.jus

          À medida em que a população idosa aumenta, aumentam também os casos de violência, numa correlação de fatos que tem assustado muito todos aqueles que conhecem de perto o assunto. “Em medida considerável, o tempo do idoso do DF tem sido preenchido por violência, uma violência tão cruel quanto endêmica, que deixa a céu aberto a debilidade de seus amores e os fins de vida mais funestos do que se poderia esperar”, diz o estudo intitulado Mapa da Violência Contra a Pessoa Idosa no DF, que reúne pesquisas realizadas ao longo de dez anos de existência da Central Judicial do Idoso (CJI), organizado pelo TJDFT, MPDFT e DPDF.

         Considerada um projeto pioneiro nessa área, a Central Judicial do Idoso (CJI) tem buscado acolher a pessoa idosa em toda a sua complexidade, estimulando sua participação na defesa de seus próprios interesses. De acordo com seus criadores, a CJI trabalha subsidiando as autoridades do sistema judiciário, orientando e prevenindo situações de violência e violação da pessoa idosa e promovendo a análise multidisciplinar das situações de negligência, abandono, exploração ou outros tipos de violência, buscando soluções de consenso para conflitos e encaminhando a demanda aos órgãos competentes. Para tanto, como ressaltam seus coordenadores a CJI tem investido no fortalecimento dessa rede de proteção social, por meio da interlocução e integração entre as diversas instituições públicas.

         Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência contra a pessoa idosa é caracterizada pelo “uso intencional da força ou do poder real, podendo resultar em lesão, morte ou dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.

         O Estatuto do Idoso, instituído em 2003 (Lei 10741/03), define, em seu art. 19, parágrafo primeiro, a violência contra o idoso como qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.

         Segundo os dados do Disque 100 – Módulo Idoso, fornecidos pela Secretaria de Direitos Humanos, o DF que sempre havia figurado nas primeiras posições pelo número de registros de denúncias, apareceu em 2016, na décima posição, com 419,50 casos. Já na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. mais de 65 mil denúncias foram feitas no primeiro semestre de 2023; segundo especialistas, as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar.

         Estudos comprovam que a violência contra os idosos não está relacionada diretamente a questões econômicas ou a pobreza, mas a múltiplos outros fatores como a violência estrutural, a violência da discriminação e a violência da negligência que negam, aos mais pobres, o acesso a serviços de saúde e à assistência de qualidade.

         O fato é que a pobreza na idade avançada tende a aumentar a dependência produzida por condições físicas e psicológicas, como atesta Cecília Minayo, da Fiocruz. Temos assim que a violência contra os idosos de baixa renda podem ser do tipo estrutural, interpessoal e institucional.

         O que explica, em parte, o aumento da violência contra os idosos é, segundo Ladya Maio, em sua obra Desafios da Implementação de Políticas Públicas de Cuidados Intermediários no Brasil, “que a família brasileira não tem mais condições de ser a única protagonista, nem de exercer sozinha a tarefa pela complexidade dos cuidados demandados pelos idosos, seja pela falta de condição financeira, seja pela ausência de parentes que possam compartilhar esse mister, pela necessidade de trabalho externo, principalmente em razão da mudança do papel social exercido pelas mulheres, ou de problemas derivados da violência intrafamiliar.”

         Trata-se de um problema de grandes proporções se formos avaliar as verdadeiras condições oferecidas hoje pelo Estado às populações idosas e de baixa renda.

         A verdade é que, diferentemente do que ocorre no Distrito Federal, onde já existe uma superestrutura para, pelo menos, avaliar esse problema previamente, o atendimento adequado aos idosos no Brasil ainda tem muito que progredir.

         A renda da população idosa é considerada alta, com mais de cinco salários mínimos. Esse fato explica, em parte, porque muitos idosos ainda assumem o papel de chefes e provedores de família. A ideologia da velhice como decadência, doença ou problema, no caso brasileiro, está repleta de contradições e não corresponde ao imenso e crescente espaço ocupado pelas pessoas idosas na família, na economia e em outras instâncias, ainda que isso não fique claro no reconhecimento que a sociedade lhes deve.

A frase que foi pronunciada:

“Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres.”

Sêneca

Imagem: reprodução da internet

 

História de Brasília

Nossa solidariedade ao colunista Ibrahin Sued, do “O Globo”, pela campanha contra os chantagistas da imprensa do Rio. Desassombrado e vigoroso, o colunista está reagindo violentamente contra as publicações imorais editadas para fazer chantagem. (Publicada em 27.03.1962)

Praças do Brasil

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Foto: Rubens Cavallari / Folhapress

 

         Nas muitas praças públicas, espalhadas por todo esse imenso país, rodeadas por muitas árvores e sombras, é comum, quando a tarde se aproxima, notar a presença de muitos idosos, que se reúnem em pequenos grupos, matando o tempo com conversas saudosas ou, simplesmente, envolvidos em jogos como dama, xadrez, carteado e outras modalidades de disputa.

         Nesses lugares, como ocorre em toda a vida, há aqueles que se destacam nesse ou em outros jogos, ganhando com isso certa fama no local. Não raro, alguns desses jogos inocentes são turbinados por apostas, feitas por debaixo do pano, em dinheiro vivo, talvez para conferir maior suspense às disputas. Não é muito dinheiro, pois os aposentados, neste nosso país, vivem, ou melhor, sobrevivem no limbo, entre as necessidades vitais e algum pequeno prazer momentâneo, nem que seja a conquista de cinco ou dez reais a mais, suficiente para a compra de alguns pães ou uma lata de cerveja; mas que, no íntimo, produz aquela sensação prazerosa de vitória, numa fase da vida em que as derrotas se avolumam sem cessar.

          Aqueles que cruzam esses espaços, apressados e envolvidos nos afazeres infindáveis do dia, sequer notam que, por todo lado, nessas praças reais, ali estão, como num holograma gigante projetado no espaço, a imagem exata do que serão ou estarão fazendo num futuro breve. A convivência com os semelhantes, nessa fase da vida, em que a solidão vem cobrar seu alto preço pela decrepitude, ajuda a dissipar as dores e os maus presságios.

         É preciso repartir tanto o longo passado como o futuro breve. Ainda mais num país como o nosso, em eterno e turbulento processo de vir a ser desenvolvido, essa aproximação sorrateira da terceira ou quarta idade é sempre um tempo de apreensões. É de notar que o avanço da medicina, mesmo apesar das carências existentes na saúde pública de nosso país, tem ajudado a aumentar o número de idosos; com isso os jogos e as disputas ganham até plateias e torcedores. O problema é que essas praças, muitas delas, construídas num passado longínquo, quando a cidade era menor e com menos carências, já não oferecem espaços suficientes para essas novas levas de idosos que chegam.

         Curioso é notar que, nessa parte urbana e específica em cada canto de nosso país, estão concentradas amostras reais de cidadãos que, por sorte ou azar, chegaram à velhice. A questão aqui é o que fazer com essa massa específica de brasileiros, que cresce a cada dia, de modo a tornar essa fase da vida, para todos eles, a mais prazerosa possível ou, quem sabe, a menos sofrida. A verdade é que a sociedade, no geral, não possui olhos adequados para essa realidade que é de cada um e de todos.

         Dessa forma, é comum que praças como essas, que existem aos milhares em nosso país, tornem-se espaços invisíveis à população e ao próprio governo. As praças são apenas um ponto geográfico e material, que servem de cenário ou pano de fundo para o que interessa realmente: que é a massa humana que nela se encontra.

          É essa paisagem humana que importa. São pessoas tornadas, com o tempo, árvores frondosas, de profundas raízes e que merecem ser cuidadas. São, portanto, nossos jardins, plenos de vida.

 

A frase que  foi pronunciada:

“Desejo que toda vida humana seja pura liberdade transparente.”

Simone de Beauvoir

Foto: Simone de Beauvoir em Paris em 1945. Denise Bellon (Álbum) – (brasil.elpais.com)

 

Transição

Frei Benedito, do Santuário São Francisco de Assis, explicava, durante a missa, que o poder não nos pertence. O poder é a oportunidade que se tem de prestar serviço ao semelhante.

Santuário São Francisco de Assis. Foto: divulgação.

 

Na linha

Por falar em poder, os seguranças dos órgãos públicos de Brasília são os que mais penam. Apesar de a capital federal ser criticada por ter moradores arrogantes, geralmente estes, vêm de outros estados. Agora mesmo, no burburinho de equipe de transição, seguranças são orientados para uma prática, mas, depois de reclamações dos poderosos, são desautorizados e orientados à mais flexibilidade. Bem diferente daquele oficial norte americano, interpelado por um diplomata brasileiro, que queria passar pela barreira instalada no trânsito. Nosso compatriota perguntou ao funcionário do estado americano se ele sabia com quem estava falando. A resposta foi curta e grossa: “Não sei quem é o senhor, mas eu sou a lei!”

Assefaz

O Plano de Saúde da Assefaz tem um projeto que funciona como grupo de apoio aos familiares de pacientes hospitalizados. A intenção é fortalecer a família para poder cuidar bem do doente. São reuniões presenciais, onde as experiências são compartilhadas e os familiares acolhidos.

Foto: divulgação

Social

Saiu o resultado da campanha “Leia com uma criança”, que alcançou, nesta edição, 1 milhão de crianças em 659 municípios, sendo que 74% deles (487) estão entre os mais vulneráveis do país. No total, 2 milhões de livros foram distribuídos por meio de Secretarias Municipais de Educação e organizações da sociedade civil (bibliotecas comunitárias, associações de bairro, dentre outras). Destes, 8.964 são em formato acessível ou braile.

Print: itausocial.org

 

História de Brasília

Em tudo, registre-se a atitude apática do sr. Willy, que de braços cruzados, assistiu à demolição de sua casa, à evacuação de seus móveis, qual o samba de Adoniram Barbosa, relembrando “Maloca Querida”. (Publicada em 14.03.1962)

Bem vindos à selva

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Foto: lanyy.jusbrasil.com (getty images)

 

Se formos tomar, como pilar do desenvolvimento humano, a relação que uma sociedade mantém com suas crianças e seus idosos, especificamente, estamos bem mal na fotografia, aquém, inclusive, do que seria o mínimo possível para sermos classificados como uma civilização moderna. E não se trata aqui de uma constatação retórica, sem embasamento. As estatísticas e todos os dados disponíveis no momento presente apontam, afirmativamente, para uma situação absolutamente caótica e, pior, sem perspectiva à vista. Nesse caso, infelizmente, o futuro, tão almejado por muitos, é, tanto para crianças quanto, e principalmente, para os idosos nesse país, uma expectativa, para dizer o mínimo, sombria e cheia de maus presságios.

Diariamente, uma média de seis internações emergenciais para abortos legais são feitas, apenas para o atendimento de meninas, numa faixa etária entre 10 e 14 anos. Em outras faixas de idade, até inferiores, esses casos se repetem a cada dia. Pelos registros do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, ou seja, dados apenas oficiais, a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas ou violentadas em nosso país.

As autoridades chegam a falar numa espécie de “naturalização” desse tipo de crime. Nossa sociedade, principalmente em lugares perdidos nesse imenso território, como é o caso do Amazonas, Pará, Acre e de outras regiões tradicionalmente esquecidas no tempo e na distância, a população já nem presta muita atenção em meninas, na faixa de 14 anos, com a barriga de gravidez. Nesse ano, somente de janeiro para cá, mais de 640 internações para aborto foram feitas para acudir meninas recém-entradas na adolescência, interrompendo qualquer possibilidade de um futuro minimamente digno para essas pequenas brasileiras.

Trata-se de uma calamidade que nem mesmo o tão comemorado Estatuto da Criança e do Adolescente tem conseguido minorar. Além dessas interrupções abruptas de gestações, o nosso país registra ainda, a cada ano, mais de 26 mil partos de mães com idade oscilando entre 10 e 14 anos.

Bem-vindos à selva, dirá o resto do mundo civilizado sobre nós. No ano de 2018, nada menos do que 32 mil abortos foram realizados em meninas nessa mesma faixa etária. O mais triste é que essa realidade cruel no trato humano começa em tenra idade, prolonga-se ao longo da vida adulta e culmina na velhice, de forma também absolutamente trágica.

Para um Estado que não consegue, minimamente, cuidar de sua população infantil e adolescente, não chega a ser surpresa o que também acontece com seus cidadãos idosos. No Brasil, onde aproximadamente 15% da população já é composta por pessoas idosas, o problema que nos lança à barbárie é outro, mas igualmente brutal. Nossos idosos são maltratados, espoliados e, em muitos casos, simplesmente abandonados à própria sorte, mesmo aqueles que possuem algum tipo de renda.

Pensar que em 2030, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil terá a quinta população mais idosa do planeta, assusta. Essa mudança no perfil demográfico, a exemplo do que ocorre no ECA, com relação às nossas crianças, também não é abrandado pelo Estatuto do Idoso. Tanto um documento quanto o outro, fundamentais para um mínimo de garantias à dignidade humana, são, em parte, letra morta, pela incapacidade e mesmo vontade do Estado e das autoridades em lidar com problemas sociais dessa magnitude.

Em 2019, o número de emergência Disque 100, que é o canal de denúncias do governo federal específico também para maus tratos aos idosos, registrou o alarmante número de 37.500 denúncias de violações contra pessoas idosas em todo o país. Esses números vêm crescendo a cada ano, seguindo a tendência do próprio envelhecimento rápido da população.

Em média, isso representou mais de cem casos de violência contra nossos idosos a cada dia. É também um dado alarmante que nos remete ao fim da fila quando o assunto é cuidado com nossos pequenos e nossos cidadãos mais vividos e experientes. Não adianta, nesses dois extremos da faixa etária dos brasileiros, lançar números e estatísticas vergonhosas. Carecemos de políticas públicas. Os números depõem contra nós mesmos. Somos o que somos, quer por nossas atitudes ou por conta de nossa passividade, o que vem a dar no mesmo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A vida humana é uma trama tecida de bons e maus fios.”

Shakespeare, poeta, dramaturgo e ator inglês.

Imagem: reprodução da internet

 

Saga 1

Até o fim de dezembro, pode chegar a mil o total de lojas fechadas no Plano Piloto em razão da pandemia. Hoje, há 540 empresas sem funcionar na Asa Sul e perto de 360 na Asa Norte, avalia o Sindicato do Comércio Varejista. O presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, diz que os lojistas enfrentam excessiva burocracia na hora de buscar crédito em bancos oficiais e desistem. Há mais de 4 mil desempregados no comércio do DF.

Sebastião Abritta, vice-presidente do Sindivarejista, foi o entrevistado do CB Poder – (Foto: Credito: Ana Rayssa/CB/D.A. Press.)

 

Primeira pista

Ari Cunha nunca explicou como previa a chuva depois de longa estiagem em Brasília. Impressionava os amigos quando afirmava que ia chover. Só ele acertava. Nenhum instituto de meteorologia anunciava a previsão que ele garantia. O que registro aqui é que o sabiá cantou pela primeira vez no dia 17 de agosto.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já que o assunto é jardim, um dos grandes entusiastas é o almirante Ângelo Nolasco, ministro da Marinha. Mandou fazer em sua casa, à beira do lago, um dos mais belos jardins do Distrito Federal. (Publicado em 14/01/1962)

Quem sobreviverá?

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Foto: Ari Dias/Agência de Notícias do Paraná (camara.leg)

 

Não bastassem as agruras vividas por todos, por conta da Covid-19, mais um problema, esse também de enorme gravidade, paira no ar e, mais uma vez, aflige as pessoas idosas. Trata-se da questão da continuidade tanto dos seguros de vida e de sinistros, como dos planos de saúde, conforme estabelecidos nos atuais contratos. De saída, é preciso notar que a excepcionalidade do momento, no Brasil e no mundo como um todo, deverá impor, às empresas que administram esses negócios, um comportamento absolutamente profissional, isso é, muito mais o ponto de vista humanitário e urgente, do que pelo lado econômico. A questão é: como fazer esses seguros e planos de saúde funcionarem a contento diante da perspectiva de enormes perdas que se anunciam.

Nesse sentido, tão danoso como não ter condições de prestarem os serviços necessários à que se destinam é o fato dessas empresas perderem a capacidade de bancar financeiramente esses serviços, por conta da inadimplência e outros imprevistos que estão por vir. Exemplos históricos lembram que é justamente em tempos de grandes catástrofes que as empresas, que operam nesses ramos, demonstram não apenas a sua solidez e o seu profissionalismo, como o seu poder e a sua capacidade de honrar contratos.

Esse foi o caso específico do grupo segurador Lloyd’s os London, que no ano de 1906, quando praticamente toda a cidade de São Francisco, na Califórnia, foi destruída por um terremoto de 8,6 na escala Richter, seguido de enorme incêndio que reduziu a cinzas o que que restara, pagou, sem contestações todos os segurados pelo grandioso sinistro, raspando até os fundos dos cofres. Com essa atitude a seguradora ganhava respeito e se consolidaria, definitivamente, em terras americanas.

Para aqueles empresários que seguram suas empresas contra sinistros de toda a ordem, a questão só será resolvida com muita briga na justiça, mesmo que muitos contratos excluam os casos de pandemia, guerras e terremotos. Pela novidade da questão entre nós, essas coberturas terão os tribunais como o único meio possível. No caso dos planos de saúde privados, que contemplam mais de 47 milhões de beneficiários no Brasil, ou um quarto da população, existem ainda uma série de dúvidas a serem devidamente pacificadas.

Sabe-se que os planos de saúde devem, de modo geral, cobrir o atendimento para pacientes confirmados com o COVID-19. Tratamento esse, diga-se de passagem, que normalmente tem incluído ao menos duas semanas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), o que normalmente resulta em uma alta conta hospitalar. Do diagnóstico ao tratamento da doença, todo o atendimento deve ser prestado por essas operadoras. Pelo menos é o que rezam a maioria dos contratos.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) tem afirmado que vem acompanhando essa situação inusitada, recomendando que os planos de saúde prossigam atendendo os beneficiários durante todo o evento de pandemia, a fim de evitar que planos sejam suspensos ainda durante a crise de pandemia, o que seria um desastre tanto para o segurado como para as empresas e, de quebra, para o sistema público de saúde, já sobrecarregado. Como a situação é nova e surgiu como que de repente e sem aviso, por certo muitas pendências sobre esses problemas também irão acabar nos tribunais.

No entanto, para aquelas empresas que conseguirem, dentro do labirinto burocrático do Estado, sobrevier incólumes à pandemia, cumprindo todos seus contratos, o prêmio, por certo, será a consolidação de sua marca no Brasil. Para aquelas outras empresas, acostumadas ao tradicional protecionismo das autoridades e das agências reguladoras de saúde, a pandemia do Covid-19 prenuncia um fim de linha seguro e certo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se quer ir rápido, vá só; se quer ir longe, vá em grupo.”

Provérbio africano

Charge do Léo

 

Em falta

Pacientes com doença cardiovascular, usuários diários do medicamento Atorvastatina Cálcica 40 mg, não o estão encontrando nas drogarias há mais de 60 dias. Laboratórios, afirmam que não há desabastecimento do medicamento. No entanto, as drogarias enfatizam que não está sendo fornecido para o mercado de Brasília. A questão é levantada pelo leitor Renato Prestes.

Foto: portal.navarromed.com

 

Embrapa

Nada melhor para a mente do que trabalhar a terra. Com um curso especial para o confinamento, a Embrapa, via online, mostra como fazer horta em espaços pequenos. Veja as dicas em Embrapa abre inscrições para o primeiro curso on-line de Hortas em Pequenos Espaços.

Foto: Henrique Carvalho

 

TCU

Em resposta à coluna sobre a responsabilidade do TCU frente o controle das verbas em face da pandemia, a assessoria de imprensa nos enviou o planejamento da instituição sobre o assunto. Acompanhe a seguir.

–> Email enviado à coluna:

Sobre sua coluna “Em tempos de pandemia, olho vivo nos cofres públicos”, esclarecemos a atuação do TCU em relação aos indícios de corrupção apurados na operação Lava Jato neste link aqui.
 
Quanto à situação emergencial vivida em meio à pandemia do Covid-19, seguem dois arquivos. O primeiros trata-se de comunicação da presidência do TCU ao Plenário, na sessão do dia 8 de abril, sobre Plano Especial de acompanhamento das ações de combate à Covid-19 e às suas consequências. O segundo apresenta a lista de 27 acompanhamentos que serão realizados pelo Tribunal. 

Estamos à disposição em caso de dúvidas.

Acesse o Push de Processos e baixe o aplicativo.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A venda de apartamentos é uma medida condenável, principalmente no momento, há um ano distante do novo Congresso. Ademais, o dinheiro arrecadado pelos Institutos não iria nunca para novas construções, mesmo porque seria muito pouco, uma ninharia a mais, além dos aluguéis. (Publicado em 05/01/1962)

Idosos no espelho

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Segundo um censo de 2010, havia 200 mil pessoas idosas ou quase 8% da população total daquela época em Brasília. Em 2012, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), esse número já era de 326 mil idosos ou 12,8% da população. Neste contexto é possível observar que o crescimento da população idosa tem sido mais do que o dobro (9,8%) do restante do país (4,8%).

O Distrito Federal apresenta ainda a maior expectativa de vida de todo o país, algo em torno de 77, 57 anos de vida em média, com base em dados de 2014.  Para 2030, a previsão do IBGE é que se chegue a 80,92 anos para as mulheres e 77,30 para os homens. Dentro dos aspectos sociodemográficos do envelhecimento no DF, preparado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) em conjunto com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios MPDFT) e com a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), “As mulheres representam 57% da população idosa, chegando a 63% no grupo etário de 80 anos ou mais (IBGE, 2011), reforçando o perfil mundial de feminização da velhice, que é uma manifestação do processo de transição de gênero que acompanha o envelhecimento populacional em curso em todo o mundo.

Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o número de mulheres já supera o de homens em todo o mundo.” Num futuro bem próximo essa será também a realidade do Brasil. No DF a faixa etária com maior quantidade de idosos (31,9%) se situa entre 60 e 64 anos. Segundo a Codeplan, a escolaridade de 60,4% desses idosos é baixa. Apesar disso, a renda dessa população idosa é considerada alta, com mais de cinco salários mínimos. Este fato explica, em parte, porque muitos idosos ainda assumem o papel de chefes e provedores de família. A ideologia da velhice como decadência, doença ou problema, no caso brasileiro, está repleta de contradições e não corresponde ao imenso e crescente espaço ocupado pelas pessoas idosas na família, na economia e em outras instâncias, ainda que isso não fique claro no reconhecimento que a sociedade lhes deve.

Tanto é assim, que a contribuição da renda da população idosa na composição da renda nacional já constituía, em 2003, a expressiva cifra de 30%, tendo os homens aportado 65,2% para o rendimento das famílias e as mulheres, 59,6% “, afirma Maria Cecília Minayo, da Escola Nacional de Saúde Pública. Contribui também para essa realidade o fato de que a Previdência social cobre 77% da população idosa, formada, na sua maioria, por funcionários públicos federais e estaduais aposentados pelos regimes anteriores, que contavam com maiores vantagens do que o atual.

Em todo o Brasil, o número de pessoas idosas vivendo sozinhas era, em 2014, mais de 6,7 milhões, com 40% formado por mulheres. O envelhecimento da população do DF acompanha o fenômeno mundial com a diferença de que, nos países desenvolvidos, esse fato não é motivo para grandes preocupações do ponto de vista de assistência, muito mais organizada, racionalizada e eficaz.

No Brasil, envelhecer significa também enfrentar novos desafios e novos riscos, principalmente devido aos problemas sociais presentes na nossa realidade diária, o que acarreta ainda mais desigualdades com relação a outros grupos etários, a outras realidades sociais, demográficas e epidemiológicas. Chama a atenção dos pesquisadores o fato de que em todos os níveis de renda, de escolaridade dos idosos, tem se mostrado comum os casos de violência contra esses indivíduos, com o agravante de que esses casos só têm crescido ao longo tempo.

À medida em que a população idosa aumenta, aumentam também os casos de violência, numa correlação de fatos que tem assustado muito todos aqueles que conhecem de perto o assunto. “Em medida considerável, o tempo do idoso do DF tem sido preenchido por violência, uma violência tão cruel quanto endêmica, que deixa a céu aberto a debilidade de seus amores e os fins de vida mais funestos do que se poderia esperar”, diz o estudo intitulado Mapa da Violência Contra a Pessoa Idosa no DF que reúne pesquisas realizadas ao longo de dez anos de existência da Central Judicial do Idoso (CJI), organizado pelo TJDFT, MPDFT e DPDF.

Considerado um projeto pioneiro nessa área, a Central Judicial do Idoso (CJI) tem buscado acolher a pessoa idosa, em toda a sua complexidade, estimulando a participação na defesa de seus próprios interesses. De acordo com seus criadores, a CJI trabalha subsidiando as autoridades do sistema judiciário, orientando e prevenindo situações de violência e violação da pessoa idosa e promovendo a análise multidisciplinar das situações de negligência, abandono, exploração ou outros tipos de violência, buscando soluções de consenso para conflitos e encaminhando a demanda aos órgãos competentes.

Como ressaltam seus coordenadores a CJI tem investido no fortalecimento dessa rede de proteção social por meio da interlocução e integração entre as diversas instituições públicas. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência contra a pessoa idosa é caracterizada pelo “uso intencional da força ou do poder real, podendo resultar em lesão, morte ou dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.

O Estatuto do Idoso, instituído em 2003, (Lei 10741/03), define em seu Art. 19, parágrafo primeiro, a violência contra o idoso como qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. Segundo os dados do Disque 100 – Módulo Idoso, fornecidos pela Secretaria de Direitos Humanos, o DF, que sempre havia figurado nas primeiras posições pelo número de registros de denúncias, apareceu em 2016 na décima posição com 419,50 casos. Houve, segundo os especialistas, uma redução entre os anos 2015 e 2016. Em 2013 foram 1.188 registros de denúncias apenas no serviço Disque 100, sendo 417 na CJI.

Foto: Marcelo Camargo/ABr (valor.globo.com)

Por região administrativa, Ceilândia aparece com 16,47% dos casos, seguido de Taguatinga com 10,92% e Brasília com 10,35%. É preciso notar que Ceilândia é a cidade com maior número de idosos (166.000) em relação a população total, que era em 2015/16 de aproximadamente 980.000 habitantes. Estudos comprovam que a violência contra os idosos não está relacionada diretamente a questões econômicas ou à pobreza, mas a múltiplos outros fatores como a violência estrutural, a violência da discriminação e a violência da negligência, que negam aos mais pobres o aceso a serviços de saúde e assistência de qualidade. A pobreza na idade avançada tende a aumentar a dependência produzida por condições físicas e psicológicas, como atesta Cecília Minayo.

A violência contra os idosos de baixa renda pode ser do tipo estrutural, interpessoal e institucional. O que explica, em parte, o aumento da violência contra os idosos é, segundo Ladya Maio em sua obra Desafios da Implementação de Políticas Públicas de Cuidados Intermediários no Brasil, “que a família brasileira não tem mais condições de ser a única protagonista nem de exercer sozinha a tarefa pela complexidade dos cuidados demandados pelos idosos, seja pela falta de condição financeira, seja pela ausência de parentes que possam compartilhar esse mister, pela necessidade de trabalho externo, principalmente em razão da mudança do papel social exercido pelas mulheres, ou de problemas derivados da violência intrafamiliar.” Esse é um problema de grandes proporções se formos avaliar as verdadeiras condições oferecidas hoje pelo Estado às populações idosas e de baixa renda. Diferentemente do que ocorre no Distrito Federal, onde já existe uma superestrutura para pelo menos avaliar esse problema previamente, o atendimento adequado aos idosos no Brasil ainda tem muito que progredir. A Central Judicial do Idoso já é um bom caminho.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Termina hoje o prazo de apresentação dos reservistas em todo o país. Em Brasília houve mais ou menos o pitoresco. O reservista ao se apresentar receberá um cartão numerado, que dará direito a um sorteio no dia 21 de dezembro, pela Loteria de Goiás. (Publicado em 16/12/1961)

Vilezas perpetradas pelo Estado

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Foto: Edição do Brasil

Idosos e aposentados desse país, não é segredo para ninguém, principalmente para aqueles de renda baixa e média, as variações constantes nos preços dos gêneros de primeira necessidade, incluindo alimentos e medicamentos, impostos, taxas e outras contribuições, para ficar apenas nesses custos básicos, que transformam a vida desses brasileiros, que muito já contribuíram para o Estado, num tormento que parece só terminar com a entrada derradeira no necrotério da cidade.

Obviamente que, para o pequeno grupo de privilegiados encastelado, desde a chegada de Cabral, nos altos escalões do poder e que poderiam decretar o fim desse pesadelo, esse é um problema distante e que não lhes diz respeito direto. As flagrantes injustiças cometidas contra os cidadãos, que fazem com que membros destacados dos Três Poderes recebam de aposentadoria até cem vezes mais do que um trabalhador comum, demonstram que esse é um país que ainda possui uma estrada quase infinita a percorrer até que todos os cidadãos sejam tratados com igualdade e com o mesmo cuidado pelo Estado.

Ficassem apenas nesses proventos escandalosos pós laboro, já seria uma indecência inominável. Acontece que, para essa casta de diferenciados, ainda ficam reservados os mais espetaculares planos de saúde, estendidos a esses sortudos e à toda a família, com médicos, exames e medicamentos, tudo de graça.

Para ficar ainda mais difícil de engolir tão medonha desigualdade, é sabido que todo esse mimo é possibilitado graças aos recursos que são literalmente arrancados compulsoriamente dos contribuintes, sobretudo daqueles que menos têm e mais necessitam quando a velhice chega. Vivessem todos os brasileiros igualmente esse abandono por parte do Estado, essas e outras injustiças não chamariam tanto a atenção, pois serias distribuídas de forma equitativa a todos.

Essa dimensão toda vem à tona quando se verifica o tamanho do fosso a separar brasileiros que, pela teoria inscrita na embaçada Carta Magna, todos são iguais em direitos. Para um País que envelhece a passos de gigante e que nas próximas décadas abrigará um número de idosos igual ou maior até do que os países desenvolvidos, a permanência de uma situação de flagrante desigualdade por parte do Estado não só aumentará ainda mais, como poderá alcançar níveis incontroláveis e de difícil reparação.

Dados a aprovar leis em benefício próprio com agilidade, os ditos representantes do povo bateram todos os cronômetros no caso escandaloso do fundo eleitoral de R$ 2 bilhões que contrasta com a morosidade como tratam de assuntos, até corriqueiros, como é o caso da isenção, para maiores de 60 anos, na renovação da CNH. Exemplos desses contrastes de tratamento dado ao cidadão comum e aos assim chamados áulicos, são abundantes e caberiam numa grande e volumosa enciclopédia, talvez intitulada: “Das vilezas perpetradas pelas elites dirigentes do Estado contra seus cidadãos ao longo dos séculos.”

 

A frase que foi pronunciada:

“A virtude não iria longe se a vaidade não lhe fizesse companhia.”

La Rochefoucauld, memorialista, escritor, militar francês.

 

Demais

É comum ver ambulâncias até da Bahia trazendo pacientes para os hospitais de Brasília. Seria desumano não atender. Mas o serviço já é desumano com os que moram na capital da República e entorno.

Foto: congressoemfoco

 

Absurdo

Com 4 anos é preciso tomar vacina de reforço. A criançada com a carteira de vacinação em dia, mas que não têm CPF nem inscrição no SUS estão sendo impedidas pelos  postos de Saúde de receberem as doses. Mesmo que já tenham sido vacinadas no mesmo posto. Recusar a imunidade não parece o mais sensato a ser feito. O Estatuto da Criança assegura. Os documentos não são mais importantes que a proteção da meninada. Bom senso.

Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Novidade

Veganos descobrem a jaca. De estrogonofe a assado, oficina da Emater-DF ensina receitas com jaca. As receitas podem ser visualizadas no link De estrogonofe a assado.

Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

 

Cuidados

Gente honesta e distraída é a mais prejudicada pela ação dos hackers. Com a posse de e-mails divulgados na internet, vírus são instalados nos computadores por mensagens com anexos. Boletos de pagamento são os mais rápidos, abertos principalmente por idosos. Abriu, perdeu o computador.

Foto: ICMC

Atenção

Vicentinos que trabalham ajudando a criançada vulnerável do entorno pedem material escolar para distribuição imediata. Contato no Santuário São Francisco na Asa Norte, telefone 3447-7039.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 

E concluem: pelo contrato, o serviço será finalizado por um funcionário da prefeitura, que ainda não apareceu na quadra 41 da Fundação. (Publicado em 15/12/1961)

O que será dos bons velhinhos?

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Com mais pessoas idosas do que jovens, a reestruturação total de todos os serviços públicos, incluindo mudanças na infraestrutura das cidades oferecidas à população, será uma necessidade. Pelas estimativas do IBGE, a razão de dependência da população atualmente é de 44%, o que equivale a dizer que 44 indivíduos com menos de 15 anos e com mais de 64 anos dependem de cada grupo de 100 em idade de trabalhar.

Nas próximas três décadas, a população brasileira continuará a crescer, atingindo, ao final do ano 2047, 233,2 milhões de pessoas. Daí para frente o número de brasileiros cairá gradualmente, chegando a se estabilizar em 228,3 milhões de pessoas no ano de 2060. Pelo menos é o que apontam os estudos contidos na revisão 2018 da Projeção de População elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por essas projeções, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos em 2060 e é aí que o país terá pela frente que enfrentar novas realidades e novos desafios. Nesse caso tudo dependerá das medidas que vier a adotar desde agora, para não vir a ter surpresas desagradáveis e até trágicas quando esse futuro chegar. Além da queda média na taxa de fecundidade, haverá paralelamente um aumento na expectativa de vida dos brasileiros, passando dos atuais 72 anos para os homens e 79 anos para as mulheres, para 77 para os homens e 84,5 para as mulheres em 2060. O envelhecimento da população será um fato, com a população com mais de 65 anos chegando a 25,5% da população em 2060.

Em 2039 essa razão será de 51,5%, aumentando para 67,2% em 2060. Apenas com base nesses dados, ficam patentes que reformas no sistema de previdência e de seguridade social, que até o momento não foram realizadas por questões políticas e eleitoreiras, terão que retornar à pauta, sob pena de simplesmente colapsar todo o sistema, empurrando uma imensa legião brasileiros para a miséria. É preciso notar que o envelhecimento da população brasileira poderá acarretar uma redução sensível no Produto Interno Bruto potencial. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), parte do crescimento potencial do país, nas últimas décadas, derivou da força de trabalho que ainda crescia.

Com a mudança acentuada desse cenário daqui para a frente, a situação deve se inverter, com o crescimento econômico encolhendo, assim como a força de trabalho e de contribuintes. Especialistas no assunto recomendam a busca e a exploração por novas fontes de crescimento, como é o caso de mais investimentos e de uma forte poupança externa. Questões simples como a requalificação dessa mão-de-obra mais idosa terão que ser pensadas, de modo a reinseri-las no sistema. Fora das variáveis econômicas, que são fundamentais, também questões mais simples e que dizem respeito ao dia a dia dessa população mais idosa deverão ser repensadas com urgência, como saúde, mobilidade, segurança, moradia, adaptação das cidades às necessidades específicas desse público entre outros problemas.

O século XXI, pelo que já deu para observar, trará desafios ainda maiores para os brasileiros e sobretudo para os próximos governos. É possível mensurar a importância crescente no instituto do voto. Votar agora, de forma esclarecida, em candidatos sérios, é mais do que necessário, é uma questão vital e irá dizer muito sobre nosso próprio futuro.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Ergui um monumento mais duradouro que o bronze, mais elevado que as pirâmides dos reis. Nem a chuva cortante nem o vento devastador; nem a sequência inumerável dos anos nem a passagem das eras conseguirão destruí-lo. Não morrerei de todo, pois de Libitina (deusa da morte) grande parte de mim escapará.”

Horácio, poeta e filósofo. séc. I a.C., da Roma antiga.

Imagem: oexplorador.com

 

 

Nunca

Outra reclamação chega sobre o cartão para transitar no metrô. Apenas uma pessoa para atender a massa de passageiros. Ainda sobre transporte, o pessoal que mora na Asa Norte reclama demais da demora do ônibus que vai para Taguatinga. Infelizmente o portal que dá essa informação com os horários está sempre desatualizado.

Foto: Pedro Ventura / Arquivo

 

 

Descriminação

Conversando com uma atendente no shopping, vislumbramos todas as possíveis razões para que um funcionário não tenha a permissão de concorrer a prêmios divulgados no local de trabalho. Conclusões absurdas! O fato é que a comunicação resolve tudo. Eles estão fazendo dobradinhas com os colegas que trabalham em outros shoppings. Resolveram o problema.

Exemplo de uma das promoções de fim de ano. Cartaz: conjuntonacional.com

 

 

Desrespeito

De extremo mau gosto o humor do grupo Porta dos Fundos sobre a fé cristã. Sem mais comentários, para não dar cartaz, conclui-se que o nome do grupo diz tudo. Pela porta da frente, jamais irão conseguir entrar.

Postagem na página oficial do ator Carlos Vereza no Facebook

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As passagens estão caríssimas, para que os passageiros tenham o tratamento que recebem. E fiquem sabendo, que tratamento não é aeromoça sorridente, uísque em viagem de meia hora. Tratamento é respeito pelo direito do passageiro, é avião em hora certa, é equipamento equivalente ao da passagem, é consideração ao passageiro nas ocasiões excepcionais. (Publicado em 12/12/1961)

 

Atenção família e escolas: é preciso ensinar o respeito ao idoso.

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Foto: santamonicace.com

 

Chama a atenção dos pesquisadores o fato de que em todos os níveis de renda, de escolaridade dos idosos tem se mostrado comum os casos de violência contra esses indivíduos, com o agravante de que esses casos só têm crescido ao longo tempo. Considerado um projeto pioneiro nessa área a Central Judicial do Idoso (CJI) tem buscado acolher a pessoa idosa, em toda a sua complexidade, estimulando sua participação na defesa de seus próprios interesses. De acordo com seus criadores a CJI trabalha subsidiando as autoridades do sistema judiciário, orientando e prevenindo situações de violência e violação da pessoa idosa e promovendo a análise multidisciplinar das situações de negligência, abandono, exploração ou outros tipos de violência, buscando soluções de consenso para conflitos e encaminhando a demanda aos órgãos competentes. Para tanto, como ressaltam seus coordenadores a CJI tem investido no fortalecimento dessa rede de proteção social, através da interlocução e integração entre as diversas instituições públicas.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a violência contra a pessoa idosa é caracterizada pelo “uso intencional da força ou do poder real, podendo resultar em lesão, morte ou dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”. O Estatuto do Idoso, instituído em 2003, (Lei 10741/03), define em seu Art. 19, parágrafo primeiro, a violência contra o idoso como qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. Segundo os dados do Disque 100 – Módulo Idoso, fornecidos pela Secretaria de Direitos Humanos, o DF que sempre havia figurado nas primeiras posições pelo número de registros de denúncias, apareceu em 2016 na décima posição com 419,50 casos.

Houve, segundo os especialistas, uma redução entre os anos 2015 e 2016. Em 2013 foram 1.188 registros de denúncias apenas no serviço Disque 100, sendo 417 na CJI. Por região administrativa Ceilândia aparece com 16,47% dos casos, seguido de Taguatinga com 10,92% e Brasília com 10,35%. è preciso notar que Ceilândia é a cidade com maior número de idosos (166.000) em relação a população total que era em 2015/16 de aproximadamente 980. 000 habitantes. Estudos comprovam que a violência contra os idosos não está relacionada diretamente a questões econômicas ou a pobreza, mas a múltiplos outros fatores como a violência estrutural, a violência da discriminação e a violência da negligência que negam aos mais pobres o aceso a serviços de saúde e assistência de qualidade.

O fato é que a pobreza na idade avançada tende a aumentar a dependência produzida por condições físicas e psicológicas, como atesta Cecília Minayo. Temos assim que a violência contra os idosos de baixa renda pode ser do tipo estrutural, interpessoal e institucional. O que explica, em parte, o aumento da violência contra os idosos é, segundo Ladya Maio em sua obra Desafios da Implementação de Políticas Públicas de Cuidados Intermediários no Brasil, “que a família brasileira não tem mais condições de ser a única protagonista nem de exercer sozinha a tarefa pela complexidade dos cuidados demandados pelos idosos, seja pela falta de condição financeira, seja pela ausência de parentes que possam compartilhar esse mister, pela necessidade de trabalho externo, principalmente em razão da mudança do papel social exercido pelas mulheres, ou de problemas derivados da violência intrafamiliar.” Trata-se de um problema de grandes proporções se formos avaliar as verdadeiras condições oferecidas hoje pelo Estado às populações idosas e de baixa renda. A verdade é que, diferentemente do que ocorre no Distrito Federal onde já existe uma superestrutura para, pelo menos avaliar esse problema previamente, o atendimento adequado aos idosos no Brasil ainda tem muito que progredir. A Central Judicial do Idoso já é bom caminho.

Em alguns endereços da capital do país a presença constante de grupos de enfermeiras e cuidadoras transitando pelo local é rotina. Trata-se de uma categoria que até poucos anos atrás só se via em hospitais e casas de repouso, mas que, de uns tempos para cá passaram a se tornar mais visíveis e constantes. De fato, já é possível constatar que a velhice, chegou enfim para muitos candangos e pioneiros que por aqui desembarcaram na época da construção de Brasília. Alguns apartamentos foram transformados inclusive em mini hospitais com todo o aparato médico para conforto dessa turma. Nas áreas externas rampas de acesso e corrimões já aparecem instalados estrategicamente em variados pontos, para facilitar a movimentação e segurança desses moradores.

Obviamente essa é uma realidade para poucos, mas que já se instalou no cotidiano do Plano Piloto. Nas regiões administrativas e nas áreas do entorno, a realidade não difere do restante do país e é muito mais cruel. Com ou sem conforto, a realidade é que o Distrito Federal caminha a passos largos para se, nos próximos 16 anos, segundo a Codeplan, para se tornar uma cidade com as mesmas características típicas de países envelhecidos. Pelo Censo de 2010 existia na cidade aproximadamente 200 mil pessoas idosas ou quase 8% da população total daquela época. Em 2012, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), esse número já era de 326 mil idosos ou 12,8% da população. Neste contexto é possível observar que o crescimento da população idosa tem sido mais do que o dobro (9,8%) do restante do país (4,8%). Por outro lado, se verifica também que o Distrito Federal apresenta ainda a maior expectativa de via de todo o país, algo em torno de 77, 57 anos de vida em média, isso lá em 2014. Para 2030 a previsão do IBGE é que se chegue a 80,92 anos para as mulheres e 77,30 para os homens. Dentro dos aspectos sociodemográficos do envelhecimento no DF, preparado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) em conjunto com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios MPDFT) e com a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), “As mulheres representam 57% da população idosa, chegando a 63% no grupo etário de 80 anos ou mais (IBGE, 2011), reforçando o perfil mundial de feminização da velhice, que é uma manifestação do processo de transição de gênero que acompanha o envelhecimento populacional em curso em todo o mundo.

Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o número de mulheres já supera o de homens em todo o mundo.” Num futuro bem próximo essa será também a realidade do Brasil. No DF a faixa etária com maior quantidade de idosos (31,9%) se situa entre 60 a 64 anos. A Codeplan atesta ainda que a escolaridade de 60,4% desses idosos é baixa. Apesar disso a renda dessa população idosa é considerada alta, com mais de cinco salários mínimos. Este fato explica, em parte porque muitos idosos ainda assumem o papel de chefes e provedores de família. “a ideologia da velhice como decadência, doença ou problema, no caso brasileiro, está repleta de contradições e não corresponde ao imenso e crescente espaço ocupado pelas pessoas idosas na família, na economia e em outras instâncias, ainda que isso não fique claro no reconhecimento que a sociedade lhes deve.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O homem não se justifica por sua simples presença no mundo. O homem só é homem por sua recusa em permanecer passivo, pelo vigor com que se projeta do presente para o futuro e se orienta para as coisas, a fim de dominá-las e dar-lhes forma. Para o homem, existir é refazer a existência. Viver é a vontade de viver”.

Simone de Beauvoir, escritora francesa

Foto: Simone de Beauvoir em Paris em 1945. Denise Bellon (Álbum) – (brasil.elpais.com)

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A volta do dr. Jânio Quadros está sendo anunciada para o carnaval. Nova máscara, nova cantiga, e Deus salve o nosso povo. (Publicado em 03/12/1961)

Idosos de 2030: um desafio a encarar

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Autor — Foto: Marcelo Camargo/ABr (valor.globo.com)

 

No último dado apresentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2018, até 2050, o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará próximo de 2 bilhões, o que equivalerá à aproximadamente um quinto da humanidade.

Dentro desse quadro, é preciso destacar que, há exatos três anos, o Brasil já possuía a quinta maior população idosa do mundo, o que não é pouca coisa. Entre 2012 e 2018, o número de brasileiros com mais de 65 anos cresceu 26%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com uma população de 207,8 milhões, 10,5% desse total é formado hoje por indivíduos com idade superior a 65 anos, o que equivale a 21,872 milhões de pessoas.

Pelas projeções dos estatísticos, daqui a uma década, nosso país terá um número de idosos superior ao de crianças na faixa de zero a 14 anos. Isso significa que a população brasileira está envelhecendo numa velocidade muito superior a qualquer outra do planeta.

Ocorre que nos países desenvolvidos tem havido tempo, disposição e recursos para preparar a mudança no perfil etário de suas populações. No Brasil, apesar de todos os alertas dados por especialistas no assunto, não parece haver qualquer movimento por parte das autoridades para preparar nosso país para essa nova e séria realidade.

De fato, o Estado e a própria sociedade não estão preparados para essa mudança, não se observa políticas públicas nesse sentido. Enquanto no Legislativo se observa a formação de poderosas bancadas políticas, com grande poder de pressão e lobby sobre o governo, como é o caso das bancadas do agronegócio, da bíblia, da segurança e outras, não há resquícios sequer de uma bancada dos idosos, capaz de levar os governantes e parlamentares à formulação de leis e políticas públicas próprias para enfrentar esse futuro anunciado.

Como a maioria das ações adotadas pelo Estado, o que parece estar acontecendo é que, quando o problema se instalar de vez, de modo irreversível, as autoridades vão analisar as possíveis políticas para enfrentar essa questão e quem sabe adotar medidas de afogadilho. Nesse caso, como sempre acontece, serão atendidos em primeiro lugar as próprias elites políticas e todos aqueles do alto da pirâmide, o restante, ver-se-á.

Nem mesmo a tão propalada e difícil reforma da previdência, nos moldes como está sendo confeccionada agora, parece possuir os instrumentos para enfrentar a grave mudança no perfil demográfico de nosso país. Trata-se de um problema que, a exemplo de outros que parecem não render votos e visibilidade, está sendo empurrado para frente a cargo dos governantes que virão. Ocorre que, nesse caso, as políticas públicas com um olhar para a população idosa necessitam de tempo de elaboração, justamente pela complexidade do tema, que irá necessitar de um laborioso, metódico e paciente plano que adapte nosso país para os novos tempos. Em outras palavras, essa preparação irá requerer um trabalho minucioso de relojoeiro, ajustando cada pequena peça no seu lugar, de forma que o conjunto trabalhe em harmonia.

Enquanto não for adotado um programa suprapartidário, contínuo e de longo prazo para começar a elaborar esse conjunto de medidas para o Brasil do futuro, os idosos têm que, por conta própria, ou se preparar para o pior, ou adotar providências para pressionar o Estado, acordando-o da letargia.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Mesmo com toda libertação feminina essa grande “paciência” que nos caracteriza não deve nunca acabar. É uma riqueza de infinitos alcances que aumenta os poderes de paz do Universo.”

Simone de Beauvoir, escritora

Foto: Simone de Beauvoir em Paris em 1945. Denise Bellon (Álbum) – (brasil.elpais.com)

 

 

Coletiva

Hoje o presidente da CAIXA, Pedro Guimarães, anunciará o funcionamento da opção pela sistemática de Saque Aniversário, a nova modalidade de saque do FGTS. A notícia será divulgada em breve.

 

Mais CVV

Centro de Valorização da Vida comemora 40 anos firmando parceria com a Fundação BB e mais voluntários. Nossa sociedade está caindo em depressão e consumindo cada vez mais medicamentos tarja preta, inclusive crianças. Os laboratórios faturam, suicídios aumentam e o CVV busca mais gente para poder atender a demanda que é bem maior que a estrutura existente.

Foto: O diretor da Fundação BB, Rogério Biruel (e), participou da inauguração da sede em Brasília, no dia 25 de setembro. (fbb.org.br)

 

 

Auditoria cidadã

Maria Lucia Fattorelli diz que o PLP 459/2017 representa autorização para pagamento por fora de controles orçamentários mediante desvio de arrecadação tributária durante o percurso dos recursos pela rede bancária, além de geração ilegal de dívida onerosíssima.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quem não vai bem é o Zé Paula Viana. Já está cansado de pedir equipamento para o DTUI, e desde o tempo do “professor”, não recebe nada. Mesmo assim faz o que pode. (Publicado em 30/11/1961)