Saúde precária é o principal indicador do subdesenvolvimento

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Feliciano (vigilanciasaudefanor.blogspot.com)

 

Não restam dúvidas de que quando os indicadores de saúde pública apontam para uma série de deficiências crônicas, tanto na prevenção como no pronto atendimento de seus cidadãos, esse país pode facilmente ser classificado como subdesenvolvido. Nenhum outro indicador revela com tanta nitidez essa condição.

Saúde, em primeiro lugar, e depois educação estão entre os principais indicadores de desenvolvimento de um povo. Nesse sentido e apenas nesse quesito, é possível afirmar, sem medo de errar, que até a pequena ilha de Cuba no Caribe, considerada a Ilha prisão dos Irmãos Castros, é bem mais desenvolvida do que o gigante brasileiro. Obviamente que são situações diferentes e específicas, mas que, no fundo, falam muito sobre nosso subdesenvolvimento crônico.

Diante do impasse gerado pelo desnível existente entre a qualidade nos atendimentos dos planos de Saúde privados, versus atendimento em hospitais públicos e que acabam implicando entre a possibilidade de viver ou morrer, o que salta aos olhos em primeiro lugar é a desigualdade econômica possibilitada pela concentração de renda por parte de uma minoria da população. Claro que seguindo por esse caminho não é possível chegar a uma resolução do problema. A questão aqui é, simultaneamente, melhorar tanto a universalização nos planos privados como melhorar a qualidade de atendimento dos serviços públicos de saúde, dando oportunidade de escolha a todos.

Em comum, na contabilidade de problemas enfrentados tanto no setor privado, quanto no setor público, está o envelhecimento acelerado de nossa população. Para os empresários que operam no setor privado, a solução foi sobretaxar justamente os beneficiários mais idosos, não importando o nível de renda dessa população. Com isso, é comum encontrar pessoas na terceira idade que chegam a gastar o grosso de seus proventos com prestação de planos particulares e com a compra de remédios, criando uma situação em que qualquer outro gasto necessário é suspenso.

É comum verificar que milhões de aposentados, por todo o país, recebem e gastam seus salários apenas para se manterem vivos. A necessidade de mudar esses sistemas de saúde, tornando de um lado mais barato e de outro com melhor qualidade é premente.

Em uma década, em 2030, o número de beneficiários idosos crescerá 58% com as despesas saltando para algo em torno de R$ 384 bilhões, ou seja, um aumento de quase 160% no sistema de saúde suplementar.

Para alguns especialistas, é preciso antes de tudo mudar o sistema de saúde básica, focando mais num tipo de saúde onde a prevenção passe adiante de outros atendimentos. Embora discutível e pouco eficiente, dado o nível de problemas apresentado na saúde dos brasileiros, esse parece ser um caminho mais suave e com menos custos a longo prazo. Outros entendem que a própria Reforma da Previdência poderia, numa segunda etapa, contemplar direitos e seguridade aos idosos brasileiros, concedendo-lhes, além do salário aposentadoria, um acréscimo destinado à manutenção de saúde desses antigos contribuintes.

Muitos brasileiros, principalmente aqueles que possuem planos privados, são unânimes em reconhecer que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mesmo criando uma série infinita de regras, sempre prejudica os segurados, parecendo atender mais a iniciativa privada e as empresas do que os mais de 47 milhões de consumidores.

O poderoso lobby feito por essas empresas junto aos políticos no Congresso está muito acima de qualquer possível pressão feita pelas entidades que buscam proteger os segurados, principalmente os mais idosos. Com isso, as empresas deitam e rolam ajustando, abusivamente, as mensalidades de idosos e de todos aqueles com histórico familiar de doenças crônicas, justamente quando esses clientes mais precisam.

Questões como essa, dentro de uma perspectiva de amplo liberalismo econômico, conforme advoga o novo o governo, ganha dimensões dramáticas quando se sabe que boa parte desses segurados não são pessoas de alta renda. Há ideias ainda mais radicais que defendem que o governo arque, obrigatoriamente, com os custos de planos e hospitais privados para todo o brasileiro que não for atendido imediatamente e bem atendido pelo SUS, o que seria uma grande lição para os governantes e as elites administrativas do país, atendidas todas elas pelos melhores e mais caros do planeta às custas dos contribuintes, abandonados à própria sorte.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A publicidade é o princípio, que preserva a justiça de corromper-se”.

Ruy Barbosa, jurista brasileiro

Foto: academia.org.br

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O negócio do IAPI é muito pior do que se pensa. O ministro Tancredo Neves não referendou o decreto de reclassificação, porque “arranjaram” uma situação para os assessores do conselho, que seriam prejudicados. (Publicado em 26/11/1961)

Envelhecer num mundo hostil

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Foto: reprodução da internet (blog.stannah.pt)

 

Um flagrante captado em Nova Iorque, considerada por muitos como a metrópole do planeta, dá uma pequena dimensão do que está por vir, com relação a vida das pessoas idosas em um mundo, não só em rápida transformação, mas que assiste atônito e passivo o envelhecer da população. Para comemorar meio século de união, um casal de idosos do interior dos Estados Unidos hospedou-se no mesmo hotel em que estiveram em 1969 em lua de mel. Logo ao amanhecer do primeiro dia na cidade, foram tomar o café da manhã no saguão lotado do hotel. Sentados, um de frente para o outro, o marido pediu dois ovos fritos ao garçom próximo. Passados uns bons minutos o atendente traz o pedido. Examinando os ovos no prato, o homem voltou a chamar educadamente o garçom, mostrando a ele que a encomenda não tinha sido feita de acordo com o pedido. O garçom, um homem corpulento e com cara de poucos amigos, simplesmente enfiou o dedo indicador na gema dos ovos, agitou bem, e disse, em tom ríspido, que os ovos estavam de acordo. Depois depositou o prato sobre a mesa, virou as costas para o casal e se retirou de cena.

Incapaz de entender, num primeiro instante, o que havia se passado, o homem, um senhor na faixa de seus oitenta anos, talvez envergonhado com aquela situação inusitada, humilhado diante da companheira de décadas, olhava desolado e indignado através dela, incapaz pela idade avançada, de tomar quaisquer outras providências. Seguiu-se um longo silêncio e uma certeza de que os festejos das bodas de casamento tinham sofrido um abalo definitivo vindo da selva em que o mundo parece ter se transformado.

O desprezo e os maus tratos aos idosos são fenômenos que vêm ocorrendo não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Cada vez mais frequentes, os episódios e os relatos desses fatos tristes, mostram que a civilização, conforme entendemos o termo, vai, paradoxalmente, “involuindo”, adquirindo características primitivas e o que é pior, mais violenta e desumana.

O fato é que envelhecer num mundo cada vez mais hostil é uma tarefa árdua e perigosa. Em 2060, segundo projeções feitas pelo IBGE, o país terá mais de um quarto da população com mais de 65 anos. Com isso, é possível que o Brasil ultrapasse outros países em número de idosos, o que, em si, é mais um dado a ser levado em conta, quando se sabe que não estamos, de forma alguma, preparados para essa nova realidade.

Também dados fornecidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que nosso país, que é hoje o sétimo mais jovem desse grupo, passará a figurar, até 2050, como a nação com maior número de idosos. O número de idosos no Brasil vem aumentando muito mais rapidamente que em outros países. Especialistas dizem que o processo de envelhecimento dos países centrais demorou séculos. No nosso caso, esse fenômeno vem acontecendo no espaço de poucas décadas. Com isso, está passando da hora de o país implementar políticas verdadeiramente eficazes para preparar o terreno para uma nova realidade que já bate à porta.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres.”

Sêneca

Foto: reprodução da internet (tecnosenior.com)

 

Lamentável

Professora Emília Stenzil e o professor Galbinski criaram o curso de Arquitetura da UniCeub. Rompendo a diretriz educacional instaurada, parte do Núcleo Docente Estruturante, que desenhava os projetos educacionais há quase duas décadas para a universidade, foi dispensada. Perdem os alunos.

Foto: uniceub.br

 

Raridade

Senador Lasier Martins está bem de popularidade. Basta dizer que ele estava em um avião comercial dando uma entrevista para a JovemPan por um tempo considerável. Não foi abordado pela população com xingamentos ou desaforos. Fez o voo com absoluta tranquilidade.

Foto: senado.leg.br

 

Pioneiro

O professor Altair Sales Barbosa foi o primeiro a usar o termo racismo ambiental. Isso porque gente do agronegócio, que desconhece a importância do cerrado, não faz cerimônia em juntar dois tratores com correntes para colocar abaixo todas as árvores contorcidas.

Tirinha do cartunista Evandro Alves.

 

Exame de consciência

Na clínica Villas Boas, a televisão estava ligada e uma paciente comentou enquanto ouvia a notícia do desdobramento da operação Radioatividade: Por que será que eu sinto tanta vergonha quando vejo isso? E eu não fiz nada! Talvez algum psicanalista, psicólogo, jurista ou delegado possa responder.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As chuvas estão aí, e não se vê ninguém plantando um pé de grama. Está havendo uma inversão na ordem das coisas, desde que o sr. Jânio Quadros foi eleito presidente da República: na seca, planta-se grama; nas chuvas, faz-se asfalto… (Publicado em 15.11.1961)

Descaso nosso de cada dia

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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Foto: RICARDO MORAES/REUTERS (bbc.com)
Foto: RICARDO MORAES/REUTERS (bbc.com)

        Jornais de todo o mundo noticiam em suas primeiras páginas o trágico incêndio que consumiu por completo o Museu Nacional do Rio, transformando em cinzas, em pouco mais de seis horas, 200 anos da história do Brasil. O interesse demonstrado pela imprensa internacional sobre este triste fato se explica em razão da importância que a grande maioria desses países confere aos seus museus e a todas as instituições, privadas ou do Estado, que possuam a guarda de seu patrimônio histórico e cultural.

       A atenção e proteção que esses países dão às suas fontes históricas podem estar ligadas, em parte também, ao sucesso econômico, social, cultural e político desses povos. Somente nações que mantém presente seu passado, sabem, com certeza, o que querem para o futuro e não erram nas escolhas. É justamente esse falso entendimento que possuímos de que nosso passado é um caso encerrado e que deve ser esquecido em algum escaninho do arquivo morto que nos acorrenta aos erros e nos deixa às voltas, em círculos infinitos, sem sair do lugar.

        Somos o que somos pelo esquecimento fácil e cômodo do nosso passado. Nesse sentido, as perdas materiais com cerca de 20 milhões de peças históricas, fontes originais de pesquisa para estudantes e cientistas que deixaram de existir, são muito mais do que perdas materiais. São testemunhos vivos que autenticam nossa história, afastando dela tudo o que é fantasia e alucinação.

       Em mais esse triste episódio, há pouca serventia em buscar culpados diretos e indiretos. Se fosse esse o caso, e para ser rigoroso, acredito que todos temos nossa parcela de culpa. Obviamente que primeiro é preciso constatar que nenhuma autoridade do governo, principalmente seu ministro da cultura, se fez presente por ocasião das comemorações dos 200 anos do Museu Nacional, o que torna ainda mais sintomático esse descaso oficial.

        A questão aqui é porque não aprendemos com episódios semelhantes ocorridos recentemente e que feriram de morte parte de nossa cultura. Em dezembro de 2015 chamas gigantescas engoliriam também o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Em 2010 o fogo havia consumido o Instituto Butantã, também em São Paulo. Em 2007, 900 cédulas e moedas raras e outros itens históricos de grande valor foram furtados do Museu do Ipiranga, que permanece fechado desde 2013. Também o Liceu de Artes e ofício de São Paulo teve parte de seu acervo destruído em um incêndio em 2014. Outra tragédia foi a destruição, por incêndio também, do Teatro Cultura Artística em 2008. Em 2013, outro incêndio destruiu completamente o auditório Simón Bolívar no Memorial da América Latina, somente a reforma desse prédio custou R$ 41,5 milhões aos contribuintes. Aqui mesmo, na capital do país, o Teatro Nacional Cláudio Santoro e a sala Martins Penna, além do Museu de Arte Moderna, se encontram fechados há anos, aguardando por reformas que nunca iniciam.

         Para piorar uma situação que em si já é calamitosa, o candidato a presidente da República, Bolsonaro, anunciou agora em um comício sua intenção de acabar com o Ministério da Cultura. Dessa forma, vai se concretizando a previsão do antropólogo Claude Lévi-Strauss de que o Brasil passaria da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização. O desaparecimento desses vestígios de nossa história, fruto do descaso de todos, prenuncia esse vaticínio.

A frase que foi pronunciada:

“Sem o mito do amanhã não existiríamos. Não fora o amanhã e secaríamos à beira dos caminhos, esboroaríamos como um cascalho no deserto. O amanhã é que fermenta o hoje, que fermenta o ontem.”

Affonso Romano de Sant’Anna

Dívidas & Dúvidas

Em parceria com o Itaú, Bradesco, Net/Claro, Losango, Tricard, Porto Seguro Cartões e Ipanema Credit Management, foi lançado um aplicativo Serasa Limpa Nome. Pode ser acessado pelo celular ou computador. Consultado o CPF, gera-se um boleto para pagamento à vista ou a prazo. O total de inadimplentes ou devedores no Brasil chega a 61,6 milhões. Lucas Lopes, gerente de produtos do Serasa Consumidor, diz que os perfis dos consumidores são constantemente acompanhados, principalmente quando o assunto é negociação de dívidas.

Charge: Lane
Charge: Lane

Tabagismo

A Secretaria de Saúde do DF oferece gratuitamente, já há algum tempo, à população encontros com profissionais capazes de apresentar métodos de comportamento e conscientização que auxiliam no corte à dependência do tabaco. Veja o link no blog do Ari Cunha.

Link para mais informações: www.saude.df.gov.br/tabagismo

Charge de André Dahmer na F. de S. Paulo (13.11.2012)
Charge de André Dahmer na F. de S. Paulo (13.11.2012)

Projeto

Com o aumento do número de idosos no país, regras começam a se adaptar à nova realidade. Um projeto analisado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado sugere que empresas reservem vagas para pessoas com mais 55 anos de idade de forma proporcional ao número de funcionários. A ideia é do senador Cidinho Santos que vê a necessidade de o mercado valorizar a experiência.

Imagem: portalterceiraidade.org.br
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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Acobertar funcionários faltosos é tirar sua responsabilidade, jogando na administração central, é caso para o Conselho estudar, julgar e decidir. Mantenho tudo o que disse. (Publicado em 28.10.1961)