Ter identidade histórica ou não. Eis a questão.

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Foto: Mré Gavião | Ascom MPI

 

A lista de ataques a nichos culturais, onde uma variedade de povos, ao longo dos séculos, armazenavam seus conhecimentos técnicos e culturais, sobretudo com o avanço da escrita, é extensa e tem contribuído a seu modo para apagar e tornar tênues muitos conhecimentos, pesquisas, e textos que seriam de enorme importância para todos e, quiçá, para um melhor conhecimento de nosso mundo atual. De lá para cá, a estratégia de destruir a cultura daqueles que são alvo de dominação nunca deixou de existir e, por um motivo simples: trata-se ainda de um método de grande eficácia e que rende resultados aos conquistadores.

Ao longo dos últimos cinco mil anos, desde que surgiram as primeiras civilizações conhecidas no Vale dos Rios Tigre e Eufrates, na chamada Mesopotâmia, a memória cultural, legada a outros povos, tem sido o fator preponderante para o lento e progressivo desenvolvimento da humanidade. Sem essa herança, por certo, estaríamos ainda praticando a caça e a coleta de alimentos e nos abrigando em cavernas naturais.

Há aqueles que acreditam ainda que sem a transmissão desses conhecimentos técnicos e culturais, feitos por nossos ancestrais, a raça humana poderia até ter desaparecido da face da Terra. Tal é a importância desse processo para a sobrevivência de nossa espécie. Desde cedo também, muitos povos aprenderam que a melhor tática para dominar uma nação, eleita como inimiga, era destruir-lhes primeiro seus traços culturais, tornando-os sem identidade histórica e, portanto, esvaziados de alma e à mercê dos conquistadores e de seus costumes.

A destruição da biblioteca de Alexandria em aproximadamente 48 a.C, consumida por um gigantesco incêndio, durante a guerra civil romana, se constitui, por suas características simbólicas, um marco e um exemplo histórico que dá início a essa estratégia de guerra que visa conquistar outros povos pela destruição de suas bases culturais, varrendo do mapa quaisquer traços que possam ligá-los ao passado e as suas memórias.

Do processo de aculturação, quando a cultura de um povo é modificada pela aproximação de outra mais forte, até o chamado etnocídio ou genocídio cultural, quando a destruição de qualquer traço remanescente de cultura passa a ser o método empregado em larga escala. Ao longo do tempo essa tem sido a medida empregada pelos tiranos em toda parte e lugar. O Brasil, por se estabelecer, desde o século XVI, como o país, por excelência, onde três culturas, de três continentes distintos, vieram a se amalgamar para o surgimento do que seria uma nova civilização, é um bom exemplo desse processo que vai da aculturação ao etnocídio.

Embora a expressão etnocídio seja recente, surgida por volta de 1943, o processo de aniquilamento de outra cultura tem sido usado com muita frequência, à luz do dia e bem debaixo dos olhos de todos. Não se enganem, até mesmo o desleixo proposital das autoridades públicas, a quem é atribuído, inclusive a obrigação de cuidar dos diversos centros culturais, podem, muito bem, ser enquadrado como crime.

Só que estamos no Brasil, um país surreal, onde o que menos as autoridades possuem, é responsabilidades com o patrimônio público, ainda mais quando esse patrimônio é formado pela memória cultural. Em país algum desenvolvido, a sequência, quase ininterrupta de sinistros de toda a ordem que vêm consumindo nosso patrimônio artístico e cultural, seria aceita como normal e sem a punição exemplar dos responsáveis, diretos e indiretos. Há muito se sabe que um povo sem cultura, é um povo sem um futuro decente pela frente. A não ser que esse futuro seja formado por escombros e cinzas do passado.

Quando na noite de 10 de maio de 1933 os nazistas e seus simpatizantes promoveram uma grande queima de livros em diversas praças públicas espalhadas por várias cidades alemães e simultaneamente, sabiam muito bem o que estavam fazendo e com que propósito final. Essa limpeza dos bancos de memória, através da destruição da literatura, incitada até pelos diretórios acadêmicos de estudantes, visavam a “purificação radical” do espírito, libertando-os da alienação.

Onde se queimam livros e a cultura, de certo são queimados também os homens, sobretudo os livres, diria o filósofo de Mondubim. Quando se verifica entre nós a quantidade de prédios históricos, que abrigavam inestimáveis tesouros de nossa cultura e que foram totalmente consumidos pelo fogo e pelo descaso, dá para pensar que alguma força maligna possa estar por detrás dessas tragédias.

A lista é imensa e vergonhosa. Do Museu Nacional, na zona Norte do Rio de Janeiro, que veio à baixo junto com mais de 20 milhões de itens da nossa história, passando pelo o Teatro de Cultura Artística de São Paulo, pelo Instituto Butantã, Memorial da América Latina, Museu de Ciências Naturais da PUC de Minas Gerais, Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios, Museu da Língua Portuguesa, a Cinemateca Brasileira em 2016 e agora, em 2021, depois de sofrer com alagamentos severos, compõem essa triste relação do descaso e da desmemória .

Pior é que para todos esses acontecimentos trágicos para os brasileiros, não se ouviu nem uma palavra ou explicação plausível. A esses destroços se juntam as dezenas de galerias de arte, de teatros e outros espaços públicos de cultura, fechados e abandonados. Todo esse acervo e edifícios, tornado sucatas, formam o retrato acabado de uma nação, cujo os governantes, na melhor das hipóteses, não ligam para aspectos da cultura, isso quando não tramam para simplesmente destruí-la, sob os mais inconfessáveis pretextos.

 

A frase que foi pronunciada:

“A arte é o mel armazenado da alma humana.”

Theodore Dreiser

Fotografia de Bettmann / Getty

História de Brasília

O que houve, deputado, e o senhor sabe mais do que ninguém. Foi o sabor dado à água pelo material de impermeabilização que por sinal é inofensivo. (Publicada em 15.04.1962)

Ele vive, Ele reina

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Foto: Reprodução / @Olympics

 

Uma das questões prostradas diante de todos nós nesses tumultuados tempos atuais nos conduz a buscar razões que nos leve a entender o porquê tem reacendido em todo o mundo, inclusive no Brasil, a velha e odiosa perseguição aos cristãos. Que fatores teriam levado ao retorno dessa verdadeira cristofobia em pleno século 21? Estaríamos voltando no tempo, até ao Império Romano do século 27 a.C, quando muitos césares fizeram dos cristãos inimigos públicos declarados?

De certa forma, elencando as possíveis razões para esse renascimento xenófobo aos cristãos, verificamos que, tanto no Império Romano quanto na atualidade, os cristãos são, novamente, tomados como uma espécie de “bode expiatório” conveniente, justamente pela universalidade de uma doutrina que foi capaz, como nenhuma outra, de unir a ética humana à espiritualidade e à luz divina, libertando os homens de uma caverna em que se encontram acorrentados à sombra da ignorância e do medo.

Tomando a doutrina em seu estado puro e sem as limitações e os tabus impostos pelas religiões que se seguiram após a crucificação de Jesus Cristo, observamos que, passados os 20 séculos daqueles episódios, o discurso do profeta não foi corroído pelo tempo e se encontra tão vivo quanto sempre foi.

Se esse discurso incomodava em eras passadas, a ponto de levar milhões de seus seguidores à morte, incomoda muito mais hoje em dia, quando se verifica que boa parte da humanidade atual continua imersa em um processo involutivo, entorpecida por um materialismo, indo em marcha à ré rumo à autodestruição da espécie e do planeta.

Entre 2021 e 2022, 5.621 cristãos foram mortos em todo o mundo, 4.542 foram presos e 5.259, sequestrados, segundo Relatório da World Watch List. Hoje, um em cada sete cristãos sofre perseguição e discriminação. Trata-se de um morticínio que é ignorado pela grande mídia. Praticamente uma igreja é vilipendiada, queimada ou profanada por dia em diversas partes do mundo.

Nas últimas três décadas, tem aumentado sensivelmente a violência contra cristãos. Razões e motivos dessas perseguições podem estar na intolerância religiosa, que cresce a cada dia; e nos conflitos políticos e sociais, com a busca implacável aos membros da igreja, como ocorre abertamente na Nicarágua e em Cuba. Também fatores como o fanatismo e o radicalismo contribuem para a perseguição aos cristãos.

Na realidade, aqueles que buscam destruir os cristãos querem, antes de mais nada, destruir Deus e a sua obra. No Brasil e nos países em que a esquerda governa, os cristãos são equiparados a grupos conservadores, e, portanto, tachados de direitistas, pois se mostram contra práticas como o aborto, a legalização de drogas, a sexualização de crianças e adolescentes, a corrupção, a destruição das famílias, o materialismo e tudo o que distancia os homens da ética humana.

Desde sempre, o cristianismo foi visto como uma ameaça ao status quo e a toda a ideia que visa alienar os homens, transformando-os em marionetes nas mãos de poderosos. Não por outro motivo, os tiranos em toda a parte e em todo o lugar ao longo da história humana buscaram calar os cristãos, pois sempre os viram como elementos subversivos e revolucionários, capazes de se oporem corajosamente às opressões políticas e sociais do momento. É como diz em Coríntios 1:27-29: “Deus escolheu as coisas loucas para confundir os sábios, e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir os fortes”.

Nesse ponto, uma reflexão se faz necessária: seguindo o que acreditava Tertuliano (160-220 d.C), o sangue dos mártires é a semente dos cristãos — ou seja, quanto mais perseguem a igreja e os cristãos, mais eles crescem por toda a parte. “O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé, designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza. “Deixai-me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus” (Santo Inácio de Antioquia, Epístola ad Romanos, 4, 1: SC 10bis).

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que vosso fruto permaneça…” (Jo 15 16).
Jesus Cristo

A Última Ceia – Leonardo Da Vinci

 

Bronze
Foi a pesquisa Cirium, consultoria internacional, que deu, ao Aeroporto de Brasília, o título de terceiro aeroporto mais pontual do mundo. Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Osaka, no Japão, ocuparam, respectivamente, o primeiro e o segundo lugares.

Píer Sul do Aeroporto Internacional de Brasília. Foto: bsb.aero

 

História de Brasília
Demonstrando visível má-fé para com Brasília e má vontade para com o trabalho dos técnicos, o sr. Maurício Jopert, apesar dos desmentidos, foi à tribuna da Câmara falar sobre o cadáver no reservatório d’água de Brasília. (Publicada em 15/4/1962)

Olimpíadas: retrato do Brasil nos esportes

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Foto por Naomi Baker/Getty Images

 

Depois de uma semana de competições nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 e contando com uma delegação de 274 atletas, o Brasil contabiliza quatro medalhas no total, sendo uma de prata e três de bronze. É pouco para um país como o nosso. Talvez, até muito se consideradas as agruras a que estão submetidos os atletas e o pouco caso com que os esportes amadores são tratados. Isso tudo sem falar das seguidas confusões administrativas apresentadas pelo comitê nacional que trata dessas modalidades de esportes.

Os resultados do Brasil, até agora, nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 podem ser equiparados aos certames internacionais em que são aferidas as qualidades do ensino em nosso país vis-à-vis outros países. Estamos sempre na rabeira do mundo. Esporte e educação nas escolas, sobretudo naquelas de responsabilidade do poder público, oscilam nos níveis entre o medíocre e o mediano, sendo a média aferida com base no que temos de acordo com nossa realidade, que é de desolação completa.

Não há um incentivo aos esportes, como não há também incentivos às artes. Por isso, nossas escolas não se tornam uma porta aberta para o surgimento de esportistas ou de artistas, iniciativa mais barata de retirar pessoas vulneráveis do crime. Ao contrário de outros países em que os governos investem pesado nesses dois caminhos, no Brasil esse ainda é um sonho distante.

Educação deve ser sempre integral — ou seja, abranger o oferecimento de um universo de disciplinas capaz de favorecer também uma formação integral. Se a universalização do ensino é uma meta a ser cumprida, também a oferta de um ensino integral é necessária. Quanto mais esporte for oferecido nas escolas, mais e mais teremos atletas com performances que atinjam o nível nacional e internacional do esporte.

Da mesma forma, quanto mais disciplinas de artes ofertadas no ensino público, mais e mais artistas surgirão para decifrar e chamar a atenção para a nossa realidade. O pobre quadro de medalhas conquistado pelo Brasil em mais essa Olimpíadas deixa patente nosso pouco empenho na formação de novos atletas e atesta a falência dos esportes como disciplina séria em nossas escolas.

Quem anda pelas cidades deste país verifica que as poucas quadras de esporte existentes encontram-se, na sua grande maioria, destruídas ou mal cuidadas. A educação pelo esporte e pelas artes, que seria uma solução factível para atender às classes menos favorecidas, não é posta em prática por desleixo e puro desinteresse de seguidos governos.

A educação só é levada a sério quando se trata de recorrer a essa pasta para salvar as finanças públicas, como o que ocorre neste momento, em que o governo, por conta de um ajuste fiscal emergencial, cortou R$ 1,3 bilhão do Ministério da Educação. Também o Ministério do Esporte sofreu um congelamento de mais de R$ 135 milhões, em cima de uma verba total de pouco mais de R$ 2 bilhões. Nem mesmo a Lei de Incentivo ao Esporte, existente desde 2007, consegue desenvolver, na prática, a formação de atletas promissores para representar o Brasil nos torneios internacionais.

De nada adiantam as estatísticas superlativas apresentadas pelo governo quando o que se verifica, na prática e na vida real, como é o caso agora nas Olimpíadas, que o nosso país vai mal no quadro de medalhas. Também o Bolsa Atleta, criado em 2005, que deveria dar maior impulso aos esportes no país, paga, em torno de R$ 400 mensais a maioria dos atletas, sendo que aqueles que têm nível mais alto de desempenho chegam a receber R$ 16 mil, mas, para isso, têm de estar entre os 20 melhores do planeta em sua modalidade, o que é uma enorme barreira para a maioria.

É certo que os países que se destacam no quadro de medalhas geralmente têm um investimento muito mais elevado do que o nosso, desde a base até o alto rendimento. Qualquer investimento que o Brasil faça sem o objetivo final de performances perfeitas em competições ainda estará muito aquém de países como os Estados Unidos, China e outros.

 

A frase que foi pronunciada:
“Eu me preocupo mais em ser uma pessoa boa do que ser o melhor jogador do mundo.”
Messi

Messi. Foto: Divulgação/ Selección Argentina

 

História de Brasília
O DVO começou ontem a limpeza da superquadra 305, do Iapi. As firmas empreiteiras entregarão os blocos dentro de duas semanas, podendo ser habitados, provavelmente, em princípios de maio. Ainda não foram providenciadas, entretanto, as ligações de luz, água e telefone, que já deveriam estar prontas. (Publicada em 15/4/1962)

População versus os painéis de led

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Foto: freepik.es

 

          Desde os primórdios da humanidade, é sabido que a pressa é má conselheira, pois resulta sempre em situações prejudiciais e contrárias ao bom senso. Esse entendimento é válido para tudo, sobretudo quando estão em discussão os efeitos desse açodamento para a qualidade de vida da população e para o futuro de uma cidade inteira. É o caso da rapidez com que foi aprovado o Plano Diretor de Publicidade para o Distrito Federal, na Câmara Distrital. Depois da polêmica feitura do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) pela classe política local, decisão que essa Coluna vem criticando desde o início, por seus vieses absolutamente contrários à concepção original da capital, suas excelências deram seguimento a uma segunda e doidivana inciativa, aprovando à toque de caixa.

         Trata-se da lei que autoriza a instalação de grandes painéis publicitários de led por toda a cidade, inclusive nas áreas tombadas. Soa extraordinariamente surpreendente que um projeto, no caso aqui, o PPCUB, que em seu bojo deveria tratar de modo prioritário e urgente da preservação de Brasília, traga, quase que exclusivamente, em suas milhares de linhas, medidas que alteram e aleijam o projeto primordial da capital.

         Há, nesse caso, além de uma incompreensão sobre a proposta do urbanista Lúcio Costa de intercalar, entre as diversas escalas, elementos cheios e vazios, uma seguida e temerosa tentativa de alterar esses espaços, não em benefício da comunidade e da arquitetura da cidade, mas em atendimento a pleitos vindos dos que, nos espaços vazios ou bucólicos, vêm uma forma de lucrar a qualquer custo.

         Depois de alertado por diversos órgãos e entidades que lutam pela preservação de Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) vetou integralmente a lei distrital que autorizava a instalação, imediata, desses grandes painéis publicitários por toda a capital, inclusive na área tombada. As seguidas tentativas de alterações na área tombada de Brasília, todas elas partidas originalmente da Câmara Distrital, deixam patente que esta instituição, que, a princípio, deveria proteger os interesses da população, é uma fonte de insegurança quanto ao futuro urbanístico da cidade.

         A instituição de um grupo de trabalho, designada pelo governador, para estudar o caso dos painéis publicitários, deveria partir seu parecer pelo óbvio: a inconstitucionalidade dessa lei, engavetando mais essa tentativa de desvirtuamento do projeto original de Brasília. Uma coisa é certa: caso a Unesco venha, por qualquer motivo, a desconsiderar o tombamento da área central da capital, pelo desrespeito às normas acordas naquele diploma, nenhuma dessas valorosas pessoas responsáveis por essa façanha se apresentarão para assumir as devidas responsabilidades, ficando os prejuízos apenas para a população e a cidade.

         As mais de três centenas de painéis publicitários de led, que hoje poluem visualmente a capital e que tantos prejuízos geram para os motoristas, deveriam ser simplesmente banidas da paisagem para o bem da população e da cidade. Em mais essa tentativa de desfigurar a cidade, houve, por bem, que o Ministério Público finalmente saísse de sua passividade e, por meio de um questionamento ao Departamento de Estradas e Rodovias (DER), cobrou, desse órgão, a justificativa para a multiplicação desses painéis nas vias do DF.

         Diante do vazio das respostas e ante a constatação de que o DER jamais possuiu um plano de ocupação de publicidade dessas áreas, a Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) solicitou, ao Tribunal de Justiça do DF, o desligamento desses painéis, no que foi prontamente atendida. Para aqueles empresários que utilizam desses painéis para fazer reclame de seus negócios, é bom que sejam informados que é a própria população, ou seja, os consumidores, que vem reiteradamente fazendo reclamações ao Ministério Público para que retirem essas propagandas. Caso a população venha a fazer uma campanha para que ninguém consuma mais produtos anunciados nesses painéis, a situação dessas empresas pode piorar ainda mais.

A frase que foi pronunciada:

“Acho que nunca verei um outdoor tão lindo quanto uma árvore. Talvez, a menos que os outdoors caiam, nunca mais verei uma árvore.”

Ogden Nash

Ogden Nash. Foto: Divulgação

 

Conferência

Pesos e Contrapesos-Pessoal da Ciência e Tecnologia aproveitam a presença do presidente Lula em evento para protestar contra o salário. Até que os altos preços de produtos e serviços não têm despertado protestos da classe trabalhadora na mesma proporção.

História de Brasília

Amanheceu o dia, e o oficial voltou ao seu apartamento, quando teve a surpresa de encontrar outro residindo. O lusitano nega-se a entregar a casa, e a situação piora a cada instante. (Publicada em 11.04.1962)

Lições das urnas

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Presidente da Venezuela Nicolás Maduro em discurso após eleições, nesta segunda-feira, 29 de julho de 2024. — Foto: REUTERS/Fausto Torrealba

        Um fato incomum está ocorrendo agora na Venezuela, às vésperas da eleição para presidente. Para começar, uma grande leva de venezuelanos resolveu cruzar as fronteiras do país, fugindo do que acredita ser o prenúncio de um banho de sangue, conforme ameaças feitas pelo atual mandatário. Pelo sim, pelo não, melhor é ficar longe. O estado de Roraima voltou a ficar lotado de pessoas fugindo de mais essas ameaças.

         Nícolas Maduro conta com uma espécie de guarda pretoriana, disposta a tudo para assegurar que ele saia vitorioso das urnas, mesmo que as pesquisas apontem o oposto. A situação interna é tensa. Por outro lado, muitos observadores que iriam acompanhar o pleito de perto foram impedidos de entrar no país. O exército brasileiro montou um acampamento fortificado na região fronteiriça com aquele país. As poucas notícias que chegam de Caracas dão conta de que o país está sob intenso estado de sítio, com as forças de segurança de prontidão para agir a qualquer momento.

         Neste instante, as escolhas do ditador Maduro se resumem a comandar um golpe de Estado, sob pretextos quaisquer ou perder as eleições e deixar imediatamente o país, fugindo para algum outro que não possua tratado de extradição para os Estados Unidos. Com relação ao Grande Irmão do Norte, é preciso salientar que, caso Donald Trump vença as próximas eleições, haverá uma caça a Maduro onde quer que ele se encontre.

         A questão é tão grave na Venezuela que já se sabe que uma possível vitória da oposição obrigará todo o atual governo, incluindo os principais líderes dos três Poderes e das Forças Armadas, a deixar, imediatamente, o local, buscando refúgio em outro país. Pelo o que se tem ouvido, poucos escolherão pedir asilo em Cuba, mesmo com toda a interação havida entre Havana e Caracas nesses últimos anos. Na verdade, Cuba, que nesses últimos anos tem se beneficiado do governo Maduro, torce para que o governo vire a mesa e cancele as eleições, sob argumentos quaisquer, pois sabe que uma vitória da oposição irá interromper o fluxo de recursos para Havana.

         Nesse momento, os serviços secretos venezuelanos estão com toda a estratégia montada para sabotar as eleições. As ameaças aos candidatos da oposição e aos grupos que querem o fim do regime ditatorial são constantes e será um milagre se muitos deles não vierem a perder a vida de maneira suspeita nas próximas horas.

         Sabedor dessa situação delicada, o governo brasileiro faz cara de paisagem sobre as eleições, pois pressente que, em quaisquer das hipóteses, a situação é ruim para o Brasil. Em caso de golpe, é previsto que mais algumas centenas de milhares de venezuelanos irão se juntar aos mais de sete milhões de compatriotas que deixaram o país nesses últimos anos. Do ponto de vista político, não há saída honrosa para Maduro, nem para o grupo que o apoia, dentro e fora do país. A questão aqui é saber que importância possuem as eleições na Venezuela para o Brasil. A resposta é que tudo o que se passa nesse momento histórico naquele país, diz respeito diretamente ao Brasil e, sobretudo, ao atual governo. As eleições agora na Venezuela são um retrato político do que vive hoje parte da América do Sul. Querer fingir que esse é um assunto distante e que não diz respeito ao Brasil, não parece ser a melhor estratégia.

         Não seria surpresa se, nesse momento, o governo brasileiro não se arrependa de ter estendido o tapete vermelho para Maduro, com todas as honras de Estado e com direito a discursos elogiosos, inclusive a lições sobre a construção de narrativas. Maduro é um companheiro que deveria ser sempre mantido a distância. Seu histórico é ruim. As eleições na Venezuela, caso elas ocorram livremente, deveriam ser acompanhadas da máxima atenção, pois elas encerram todas as contradições de uma democracia de fachada e podem servir de lição para outros países do continente.

A frase que foi pronunciada:

“Eu fiquei assustado (…) Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue. Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”.

 Lula

Lula e Nícolas Maduro. Foto: Reprodução

 

Sem cerrado

Quando a chuva chegar e a Asa Norte submergir, pode ser que o cerrado destruído em frente ao Forte Marechal Rondon tenha participação nos estragos. A vista pela Estrada Parque Contorno é devastadora.

 

 

História de Brasília

No bloco 62 da Asa Norte aconteceu uma notável. As paredes começaram a rachar, e a família de um oficial do Exército teve que se mudar apavorada. Ontem de madrugada, um português invadiu o referido apartamento, dizendo que tinha ordem do GTB, o que não era verdade. (Publicada em 11.04.1962)

Pequenos tiranos

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Charge: reprodução da internet

Caso você tenha filhos pequenos e nunca tenha ouvido falar em infantolatria ou pedocracia é bom, de agora em diante, passar a prestar muita atenção nesses termos. Esse é o primeiro passo caso não deseje passar por grandes aflições, desapontamentos ou outros tipos de problemas mais sérios. Os termos referem-se a um novo e recorrente fenômeno que vem afetando a vida em família.

A infantolatria é um neologismo para definir a ditadura de crianças, que não suportam ser contrariadas em seus desejos. Do mesmo modo, a pedocracia se refere ao poder e ao controle que esses pequenos passaram a exercer sobre os pais, transformando-se em verdadeiros déspotas dentro de casa.

Alguns psicólogos afirmam que a pedocracia nasceu da excessiva idealização da maternidade, com mães abandonando a vida e os projetos pessoais em prol de uma dedicação exclusiva a seus filhos. Em muitos desses casos, elas passam a se repreender, evitando demonstrar cansaço, raiva ou frustração, apenas para não desagradar a seus filhos. De certo modo, essas mães e esses pais desenvolvem um sentimento exagerado de culpa caso quaisquer contrariedades venham a arruinar a suprema e sacrossanta felicidade de suas crianças.

Não chega a ser exagero que muitos desses pais modernos passem a desenvolver um certo sentimento de idolatria pelos filhos, colocados-os no altar como verdadeiros deuses do Olimpo, a quem todos os sacrifícios são feitos. Trata-se, como se vê, de uma reviravolta na autoridade. São as crianças que mandam, e temos os pais lançados ao papel de crianças investidas de uma falsa autoridade adulta.

Nesse tipo de relação, as chantagens emocionais do tipo “eu não amo vocês”, “eu odeio vocês” ou “vocês são os piores pais do mundo” são constantes e fazem efeito, com os pais se sentindo cada vez mais culpados. O problema a que muitos pais não se atentaram é que esse tipo de educação submissa e medrosa é muito danoso para a própria criança. Os pais acham que elas sabem o que querem, e as crianças acham que os pais não querem educá-las. Ficam sem norte.

O mundo fora de casa não terá tanta complacência com esse tipo voluntarioso. Na verdade, tão logo essas crianças passem a conviver com outras pessoas, as frustrações e os desapontamentos serão uma constante e, não raro, trarão problemas muito sérios para o seu desenvolvimento.

Por outro lado, é sabido, e muitos pais admitem sem rodeios, que educar dá muito trabalho e exige um esforço sobrehumano, que muitos não estão dispostos a enfrentar. Há, ainda, outros problemas que apontam para o fato de que muitos dos adultos atuais não estão nem de longe preparados para o exercício de serem pais e mães. Nesse caso, para muitos, fica mais fácil deixar indefinido nessas relações quem são os pais e quem são os filhos. O que se tem são adultos infantilizados, submetidos a crianças exigentes e sem limites.

Fatos como esses não teriam importância maior caso essas disfunções na educação ficassem restritas ao lar. Mas, como a sociedade é composta pelo conjunto de famílias, o que temos como problema é que esses futuros cidadãos poderão criar investidas, algumas com sérias consequências para o meio social em que estarão inseridos. Nenhuma instituição — no caso aqui, a família — pode dar certo ou gerar bons frutos quando os pais passam a desempenhar um papel de súditos de seus filhos.

Esse tipo de (des)educação retira da criança todo e qualquer senso de responsabilidade por seus atos e comportamentos. Muitos delinquentes juvenis, alguns responsáveis por crimes hediondos, vindos da classe média e alta, tiveram uma infância em que imperava o regime da pedocracia ou da infantolatria, em que todas as vontades e os desejos eram aceitos e atendidos. O filósofo de Mondubim costumava dizer que, quando a família se exime de educar, esse papel passa a ser exercido pela polícia.

Outra consequência muito observada hoje sobre esse tipo desestruturado de educar os pequenos pode ser conferida nas escolas, em que professores são desafiados, desrespeitados e, muitas vezes, agredidos por menores que não aceitam o papel de autoridade, venha de onde vier. A cada ano, centenas, senão milhares, de casos de agressão de professores são registrados, sendo que, em muitas dessas ocorrências, a culpa dos fatos acaba maldosamente sendo imputada aos professores, apenas para proteger esses pequenos tiranos.

 

A frase que foi pronunciada:
“’Cala boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu!’ E é com essa frase de ordem que o encantamento do silêncio se desfaz, os habitantes do reino voltam a falar, o reizinho chato some da história.”
O Reizinho mandão, de Ruth Rocha

 

História de Brasília
Leve seus filhos para vacinar contra a poliomielite. Use o pôsto mais próximo de sua residência e defenda sua família contra um dos piores males. (Publicada em 11/4/1962)

A grande família

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Foto: vaticannews.va

 

Tomando a família como célula-mater da sociedade, como definido corretamente pela maioria dos sociólogos, é de se presumir que quaisquer alterações comportamentais nesse importante núcleo consanguíneo vão provocar mudanças drásticas também na coletividade. Assim como são as famílias, assim também é a sociedade. Fugir dessa máxima é impossível, já que o corpo social é formado de pessoas que, por sua vez, têm origem no seio familiar. Assim, temos que a sociedade é composta pela união de famílias diversas, com origens diversas, interesses próprios e comuns, todas reunidas de acordo com padrões preestabelecidos, segundo normas de convivência que miram hipoteticamente a paz e a harmonia entre todos. Pelo menos, do ponto de vista teórico é assim.

De acordo com esse conceito, é possível buscar as raízes da desestruturação da sociedade na própria família. É lá que estão as causas primeiras a justificar o sucesso ou o fracasso dos grupos sociais. Por esse modelo, é possível inferir ainda que aqueles que, por algum motivo, geralmente político-ideológico, desejam o aniquilamento da sociedade, a primeira ação a ser posta em prática é o desfazimento das famílias, quer usurpando suas funções primárias, quer tomando a formação de seus membros uma tarefa a ser realizada exclusivamente pelo Estado. E é aí que a coisa toda desanda.

O Estado é uma entidade fictícia, orientando-se de acordo com os interesses específicos de grupos no poder. A família, por sua vez, é algo real e onipresente. Por isso é que tomar a educação do indivíduo com base apenas nos interesses do Estado é algo capaz de conduzir e apressar o colapso de uma sociedade. Os regimes nazistas e comunistas tentaram, ao longo do tempo, adotar o modelo de formação dos indivíduos com base, unicamente, nos interesses do Estado. Deu no que deu.

O discurso do costume, da família e do patriotismo não deve ser combatido, enfrentado, mas acolhido com coragem na sua manutenção, onde a pretensão continue ao poder que emana do povo. O contrário disso é algo sempre presente nas estratégias de controle da sociedade e algo fundamental para aqueles que buscam a hegemonia totalitária do Estado sobre o indivíduo.

No sentido oposto, vemos que aqueles países que investiram na segurança e no bem-estar das famílias, proporcionando amparo real do Estado a esses grupos, são também aqueles que apresentam os melhores e mais duradouros Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Segurança alimentar, boa educação e atendimento de saúde pública de qualidade formam o tripé a sustentar as nações do chamado primeiro mundo.

Se a independência das famílias em relação ao poder do Estado é fundamental para o pleno e natural desenvolvimento desse núcleo, também é importante salientar que, sem o apoio institucional do Estado no amparo às famílias mais carentes, todo e qualquer esforço para a constituição de uma sociedade sadia é vão.

Há aqui uma fronteira muito delicada que jamais deve ser ultrapassada, mas que a falsa modernidade que caracteriza os Estados centralistas insiste em levar adiante. O que ocorre em nações como o Brasil, em que a pobreza e o assistencialismo político andam sempre de mãos dadas, é que o Estado insiste em formatar os indivíduos de acordo com os projetos ideológicos em andamento. Nesse sentido, a educação pública levada a cabo pelo Estado na atualidade tem tido um papel prá lá de questionável ao querer introduzir nas escolas conceitos e formulações pseudoeducativas que contrariam e até se chocam frontalmente com a educação típica e histórica das famílias brasileiras.

Não vale a pena aqui entrar nessas questões em pormenores, o que se constata, no entanto, é que, nos certames internacionais, que avaliam a qualidade da educação de cada país, o Brasil se coloca normalmente nas últimas posições. O fato é que, nessa grande família chamada nação brasileira, há o que preconizam aqueles que estão no poder momentaneamente, e há o que, de fato, realizam as famílias, ao buscar proteger seus membros das investidas inconvenientes e interesseiras do Estado.

 

A frase que foi pronunciada:
“Nossos filhos devem aprender a estrutura geral de seu governo e, então, devem saber onde entram em contato com o governo, onde isso toca suas vidas diárias e onde sua influência é exercida sobre o governo. Não deve ser algo distante, assunto de outra pessoa, mas eles devem ver como cada engrenagem na roda de uma democracia é importante e carrega sua parcela de responsabilidade pelo bom funcionamento de toda a máquina.”
Eleanor Roosevelt

Portrait of American diplomat and former First Lady Eleanor Roosevelt (1884 – 1962), early to mid 1940s. (Photo by Stock Montage/Getty Images)

 

Pauta
Publicada no DODF, a regulamentação do processo eleitoral para escolha de conselheiros escolares, diretores e vice diretores das unidades escolares da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal.

Foto: Mary Leal/ SEE-DF

 

História de Brasília
Não dê cheques sem fundos. Não aceite cheques sem fundos. Amigos não dão cheques sem fundos. Respeite as instituições bancárias. (Publicada em 11/4/1962)

Evitamos buzinar

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          Brasília vai parar. Pelo menos é o que acreditam todos a queles que entendem minimamente de trânsito. A quantidade de carros circulando hoje nas ruas do Distrito Federal indica que, a qualquer momento, as vias públicas irão literalmente colapsar devido ao intenso tráfego de mais de dois milhões de veículos. Pior é que esse número não para de crescer, com o acréscimo de milhares de automóveis entrando em circulação a cada ano. Há um limite racional, estimado pelos engenheiros, que traçam essas vias, para que o trânsito flua normalmente sem incidentes. Rompida essa margem, o que se tem são congestionamentos frequentes, acidentes recorrentes, vias intransitáveis e um enorme prejuízo para a cidade e seus cidadãos.

          É sabido que cidades onde o trânsito é caótico, todos os serviços básicos e emergenciais de atendimento entram em pane. Tal fenômeno provoca uma queda sensível não só na qualidade de vida de seus habitantes como também geram prejuízos econômicos irremediáveis. Todos saem perdendo. As autoridades e, principalmente, a classe política local deve, de uma vez por todas, entender que o planejamento urbano é o ponto mais sensível de uma cidade. Qualquer falha ou remendo no delicado ordenamento urbano pode ser causa de prejuízo a todos igualmente, levando a inviabilidade da cidade. O trânsito é um desses delicados planejamentos urbanos que deve ser elaborado, nos mínimos detalhes, bem antes da implantação de bairros ou comunidades em áreas dentro e no entorno da cidade.

         O colapso verificado na mobilidade dos brasilienses decorre do mal planejamento e da açodada política de assentamentos, feitas, unicamente, por motivações políticas eleitoreiras. Colocar as causas dos atuais congestionamentos das ruas da cidade de lado, significa, entre outros prejuízos, declarar que esses problemas irão não só continuar como poderão ser agravados num curto período de tempo, levando a situações irreversíveis.

         A prosseguir nessa tendência de estímulo ao superpovoamento, a construção de novos bairros, de alteração dos gabaritos dos prédios e outras medidas, é certo que o colapso definitivo nas vias públicas virá em seguida. Não será surpresa, se, em continuidade com essa política equivocada, logo teremos o rodízio de carros na cidade, com incremento ainda maior para a indústria de multas. Também não será surpresa se todos os estacionamentos públicos, que hoje favorecem o comércio e outras atividades, virem a ser privatizados. Outra previsão é de que os estacionamentos residenciais irão ser fechados pelos moradores locais. As áreas verdes da cidade, que cada dia que passa vão virando estacionamento, irão desaparecer pouco a pouco, destruindo uma das mais importantes escalas da cidade: a bucólica.

         Não há solução possível para o colapso no trânsito que não passe antes pelo respeito às escalas urbanas, pelo planejamento urbano, e pelo respeito aos compromissos firmados. Caso se chegue a essa fase de descontrole, o que também é uma possibilidade real, dada a sequência de ataques ao planejamento urbano, o resultado será o fim de Brasília como a conhecemos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Dizem que o universo está se expandindo. Isso deve ajudar com o trânsito.”

Steven Wright

Steven Wright. Foto: Jorge Rios

 

Tinta

O momento de reforçar a tinta das faixas de pedestres está passando. Nas entrequadras, N2, S2 estão todas quase apagadas, trazendo mais perigo na travessia.

Foto: samambaiaempauta.com

 

Direito

Dad Squarisi reagiria, com certeza, à palavra stalking, que poderia muito bem ser substituída por perseguição. Não há razão de usar palavra estrangeira para identificar o que a Língua Portuguesa é capaz de fazer.

Dad Squarisi. Foto: correiobraziliense.com.br/dad

 

Ao redor do mundo

Comprovado o impacto negativo do celular em sala de aula. O Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Programme for International Student Assessment – PISA) indica a correlação negativa entre o aparelho e a aprendizagem. ‘A simples proximidade de um aparelho celular é capaz de distrair o estudante’.

História de Brasília

Não fui bem interpretado numa nota sobre a merenda escolar na escola da superquadra 107. Na minha opinião, ninguém merece mais elogios que o pessoal do plano Escolar o Plano Hospitalar. São dois planos que todo mundo quer alterar para pior, e a luta dos que o sustentam já tem custado muitos sacrifícios, mas um dia será reconhecida. (Publicada em 11.04.1962)

Viver nas nuvens

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Terminal 1 do Aeroporto Internacional Don Mueang em Bangcoc durante apagão 19/7/2024 REUTERS/Chalinee Thirasupa

 

Com a modernidade, vieram novas terminologias da língua a indicar que estamos cada vez mais enredados nos labirintos virtuais da tecnologia. Ao que parece, dado o recente apagão global cibernético, não há vida possível ou concreta fora do mundo dos logaritmos. Prova disso é que boa parte do Ocidente se viu paralisado devido a falhas ocorridas nos serviços de nuvens, atingindo, mais precisamente, o sensor de segurança CrowdStrike Falcon, que é utilizado para detectar possíveis invasões hackers ao sistema.

Nada que a ilusão científica não tenha mencionado anteriormente, mas que, até então, estava restrita ao mundo ficcional. Quem diria que, há pouco mais de três décadas, todo esse acontecimento capaz de gerar um caos mundial em aeroportos, hospitais, bancos e toda uma gama de serviços essenciais à vida moderna seria interrompido apenas por fatores vindos do além. Talvez, tenha sido o primeiro de uma série de sinais a indicar que estamos literalmente nas mãos das máquinas, reféns da tecnologia, vivendo nas nuvens.

Quem diria que o homem, até há pouco tempo o deus absoluto das máquinas, iria se render à sua criação. Quem sabe não terá sido também a primeira rebelião vinda dessas criaturas sem alma. Nada é certo ou palpável no mundo virtual. Para todos aqueles que necessitam de certezas para prosseguir em suas ações, a não ação da tecnologia veio como um congelamento da humanidade. Para os peritos nesses assuntos, o atual apagão cibernético global inaugurou a possibilidade de que, no futuro, a espécie humana venha a se tornar uma presa da tecnologia, por mais que esse e outros serviços sejam aperfeiçoados.

O deus ex machina, que vai emergindo das máquinas, parece que vai ganhando vida própria, como em uma peça de ficção surrealista, adquirindo vontade própria e, a partir daí, passando a apresentar soluções inesperadas e mesmo contrárias à vontade humana. Se a vida, como sugeriu certa vez o dramaturgo William Shakespeare, é sonho, vivemos um desses momentos ímpares em que o sonho, ou o pesadelo, parece vivo.

Há quem já aposte que, em um futuro breve, todo aquele enciclopédico conhecimento humano condensado e digitalizado nos computadores será, de alguma forma, apagado por falha humana ou por ação própria da inteligência artificial, incomodada com a mania de grandeza dos homens. As possibilidades são muitas, e todas elas, factíveis. Caso a IA deseje destruir seu criador, como já foi confessado recentemente por robôs, o primeiro passo seria a destruição de todos os arquivos humanos guardados nas memórias dos computadores. O apagar das memórias humanas, guardadas pelas máquinas, seria, assim, como o princípio do fim.

Se a Revolução Industrial do século 18 trouxe a substituição da mão de obra humana pela força das máquinas a vapor, seu desdobramento, a partir do século 21, poderá ser feito pela substituição da capacidade cognitiva de nossa espécie por uma tecnologia autônoma e desvinculada de qualquer traço espiritual ou emotivo. Talvez, esteja nessa encruzilhada humana a possibilidade de repetição da história, quando as máquinas experimentarão o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, o que, para a tecnologia, não seria mais do que a opção binária entre o um ou o zero. E pensarbque toda a rica, vasta e milenar história humana seria decidida e resumida entre o um e o zero.

Por outro lado, com o apagão cibernético, pode acontecer o mesmo que se sucedia com o apagão da eletricidade, muito comum no passado, quando a cidade toda ficava às escuras depois de uma tempestade. Nessas ocasiões, sem ter o que fazer, as pessoas se reuniam para exercitar uma faculdade desenvolvida desde os tempos das cavernas: conversar. Nesses instantes, ouvíamos histórias ou as narrativas orais que, desde tempos imemoriais, sempre nos identificaram como humanos. Curioso notar que o conforto propiciado pela modernidade é o mesmo que pode, a qualquer instante, retirar-nos o chão sob os pés.

 

A frase que foi pronunciada:

“Da próxima vez que você tiver um apagão, console-se olhando para o céu. Você não o reconhecerá.”
Nassim Nicholas Taleb

Matemático, ensaísta, estatístico, analista de risco Nassim Nicholas Taleb nasceu no Líbano. Foto: poder360.com.

 

416 Norte
Instalada no gramado da quadra, a Feira de Orgânicos que chamam de MST tem muita coisa boa. Entre elas, a arte em camisetas de dona Norma, os legumes e as frutas fresquinhos da Débora e uma tapioca de Marguerita. Vale conhecer! Assista no link: Feira da Ponta Norte.

Foto publicada por Hugo da Luz no Google

 

História de Brasília

Ainda não foram providenciadas, entretanto, as ligações de água, luz e telefone, que já deveriam estar prontas. (Publicada em 14/4/1962)

Frente Parlamentar em Defesa do Idoso

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Foto: br.freepik.com/Direitos reservados

 

           Em boa hora, o presidente do senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aceitou a criação de uma Frente Parlamentar Mista em Defesa da Pessoa Idosa, conforme proposta pela senadora Damares Alves (Republicano-DF). Essa Frente, formada por senadores e deputados, irá sugerir medidas para promover o bem-estar da população idosa em nosso país.

          De acordo com dados fornecidos pelo governo no Censo Demográfico de 2010, o Brasil, já naquela ocasião, somava mais de 20 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais. Mais recentemente, o Censo de 2022 apontava que a população idosa em nosso país era de mais de 31 milhões, havendo, pois, um crescimento de mais de 39% no período. Com esse novo perfil da sociedade brasileira, novos desafios se abrem para os governos federal, estadual e municipal.

         É sabido que, com o envelhecimento da população, surge também um aumento na prevalência de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas e oculares. Isso irá exigir um sistema de saúde pública bem mais robusto e especializado para atender às necessidades dos idosos. Esse é o ponto nevrálgico no governo com o crescimento da população idosa que irá pressionar fortemente o sistema previdenciário do país, aumentando não só a necessidade de reformas para garantir a sustentabilidade das aposentadorias e pensões como buscar novas equações que resolvam, satisfatoriamente, o constante déficit apresentado por esse importante órgão público.

         Quaisquer dessas novas medidas exigirão um grande volume de recursos, não sendo descartado, inclusive, a criação de uma nova pasta tipo Ministério do Idoso, voltada exclusivamente para essa questão. É preciso destacar que, diante dessa nova realidade, presente tanto em nosso país como em boa parte do planeta, os países que almejarem ser apontados com bons Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) terão, doravante, que possuir políticas realistas e bem implementadas em favor das populações idosas.

         Há questões de acessibilidade que se farão necessárias, tanto para a adaptação da infraestrutura urbana para esses cidadãos específicos, quanto no transporte público como um todo, conferindo segurança e confiabilidade a esse sistema de locomoção. Nossas cidades terão que ser repensadas. Tudo isso sem falar dos cuidados de longa duração, já que essa nova demanda por serviços específicos exigirá: mais asilos e cuidadores domiciliares, aumentando e exigindo políticas públicas que irão requerer altos investimentos para atender adequadamente essas novas necessidades.

        Há ainda que ser repensados os sistemas para incentivar a inclusão social, combatendo o isolamento desse público, ao mesmo tempo em que deverão ser adotadas medidas para garantir o bem-estar emocional e mental dos idosos. Essa história de que o envelhecimento é um pacto silencioso com a solidão precisa ser rompida. Um dos meios possíveis pode ser através da educação e da capacitação dos idosos, oferecendo oportunidades de novos ciclos de formação e educação, capaz de manter esse público ativo, engajado e motivado para novos desafios, como um verdadeiro Conselho de Notáveis.

         Para aqueles empresários que estão sempre alertas para novas oportunidades de negócio, um bom empreendimento seria a construção de shoppings voltados exclusivamente para o atendimento integral dos idosos. A qualidade de vida dessa parcela da população deve ser mantida a todo o custo. Para isso se faz necessário um planejamento antecipado e muito bem detalhado, pois a complexidade dessa questão irá exigir mais do que esforços do governo. Será preciso ainda a colaboração intensa de toda a população como a educação dos pequenos em relação aos mais velhos. Segundo a senadora Damares, autora da proposta: “A Frente Parlamentar que propomos pretende, entre outras coisas, evidenciar, à sociedade brasileira, que ela está envelhecendo e que precisa agir conforme a isso. Costumamos nos orgulhar da juventude de nossa população, no que estamos certos, mas também é certo não se enganar tomando a parte pelo todo e não caracterizar toda a sociedade por um segmento dela, apenas.”

          De acordo com essa proposta, a Frente Parlamentar irá “ouvir constantemente a sociedade e propor medidas, além de apresentar proposições legislativas para promover a vida das pessoas idosas, sempre considerando o progressivo aumento dessa população.” Além disso, está previsto que essa frente irá realizar eventos para debater formas de promoção da vida da pessoa idosa.

         Quem sabe se, com medidas como essa, não venham a reforçar também a ideia, dentro do parlamento, de criar uma bancada do idoso, à semelhança do que já ocorre hoje com as bancadas rurais, evangélicas, de segurança entre outras. Essa sim, seria uma bancada de suma importância para o futuro do país e para todos aqueles que ainda creem que a velhice é um fenômeno que acorre apenas com os outros.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Uma sociedade cresce quando os velhos plantam árvores cuja sombra eles sabem que nunca se sentarão.”

 Provérbio grego

História de Brasília

Quem mora no Do-Re-Mi reclama contra a falta de luz nas alamedas que dão de um bloco a outro. Quanto a falta de roupa de cama, ninguém reclama mais. Já se acostumou. (Publicada em 11.04.1962)