Um pesadelo em sobressalto

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Amarildo

 

Caso se confirmem o que indicam alguns órgãos de pesquisa de opinião pública, sobre uma possível vitória de Lula da Silva na corrida presidencial deste ano, ficarão patentes, para essa geração e para as próximas lições que demonstram, que algumas das peculiaridades que concorreram, de forma enviesada, para a nossa formação histórica, desde 1500, continuam presentes em nosso modelo político, social e econômico atual, fazendo de nossa nação um caso a ser estudado no campo da psicologia e um modelo a ser evitado, a qualquer custo, por todo e qualquer país civilizado.

        Em primeiro lugar, o que salta aos olhos é a impossibilidade de concretização do que determinam as leis, quando o que está em julgamento são interesses e pessoas poderosas. Nesse caso, são as próprias cortes de justiça, em suas instâncias superiores, que cuidam para que nenhum processo contra as elites tenha chance de prosperar. Tal fato remete a confirmação de que nem todos são iguais perante às leis. Uns são sempre mais iguais que outros.

        Uma segunda conclusão, caso venham ser confirmadas as previsões afoitas divulgadas pelos órgãos de pesquisa, é que, o crime, apenas quando praticado por indivíduos e grupos do alto da pirâmide social, principalmente pela classe política, sempre vale a pena, porque nunca resulta em punição ou, ao menos, em arrependimento. A atuação política, conforme praticada no Brasil, pode ser classificada como amoral, ou seja, isenta de outros julgamentos e características de ordem ética.

        Em terceiro lugar, o que uma possível vitória de um ex-presidiário ao mais alto cargo da República pode evidenciar é que leis de improbidade, crimes de corrupção, assim como a própria Lei da Ficha Limpa, são instrumentos jurídicos que não atingem o andar de cima. Nesse ponto, vale, entre nós, a máxima de que corrupção política deve ser tratada e ficar restrita no âmbito dos tribunais eleitorais, considerada como delito eleitoral leve. Outra lição que poderá ser retirada de uma volta de Lula e de seu grupo ao poder é que, de fato, como já disse um famoso brasileiro, cada povo tem o governo que merece. Com isso, ficará patente a tão comentada falta de memória dos eleitores e o pouco cuidado que os brasileiros guardam com relação à importância do voto e da cidadania para a vida de todos. Essa possível vitória permitiria, ainda, observarmos, em tempo e lugar, o ditado que vaticina que a história, quando se repete, vem em forma de farsa ou de tragédia.

        Outra evidência que poderá ser retirada desse desfecho penoso das eleições é que a escolha política e ideológica para a composição do Supremo Tribunal Federal está no cerne de todos esses problemas. Mesmo com relação ao Congresso, poderá ficar confirmada sua inanição diante de descalabros que permitiram que alguém possa, de um átimo, sair da cadeia e subir a rampa do Palácio do Planalto, impávido e pronto para uma nova razia aos cofres da nação.

        Não se enganem: uma possível volta de Lula significa, antes de tudo, uma volta de seu grupo e de seus métodos. Doravante, mais sofisticados e feitos de acordo com as novas leis que, seguramente, serão elaboradas para deixar toda a atuação do “novo” governo dentro das novas balizes legais, escritas para proteger suas más ações.

        Para os brasileiros de bem, que assistem tudo calados e atônitos, a simples possibilidade de estarem vendo Lula em discursos para sua claque, atacando promotores e juízes que o julgaram e condenaram, parece um pesadelo a nos aprisionar num passado em que o subdesenvolvimento eterno é tudo que nos resta.

A frase que foi pronunciada:

Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.”

Marquês de Maricá

Marquês de Maricá. Foto: wikipedia.org

Sofrimento

Depois de analisar 13 milhões de casos, a Fundação Oswaldo Cruz publicou um estudo que mostra que, no SUS, mais da metade dos brasileiros em tratamento contra o câncer precisa se deslocar da própria cidade para tratamento especializado. Fadiga, falta de dinheiro, longos períodos de espera e alimentação inadequada são algumas das reclamações mais recorrentes.

Foto: Reprodução/ TV Brasil

Campus

Marcelo Ferreira, administrador do Lago Norte, esteve com Simone Benck, da UnDF, para acertar os detalhes do primeiro campus universitário localizado na região. No CA 02, as obras da reforma do prédio estão começando. Em março, tudo estará pronto.

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

História de Brasília

Já que estamos em Taguatinga, vamos reclamar contra a falta de serviço funerário. Os filhos dos candangos, quando nascem não são registrados. Os pais esperam Se a criança sobrevive, registra, senão, é preciso transportá-la para o Plano Pilôto. (Publicada em 17.02.1962)

Um primeiro passo tímido

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

 

        De novidade, o que essas próximas eleições vêm trazendo para os eleitores é a instituição oficial da chamada Federação Partidária. Aprovada pelo Congresso Nacional, durante a reforma eleitoral de 2021, essa modalidade de aglutinação das siglas deverá, além de possuir os mesmos direitos e deveres dos partidos políticos, apresentar estatuto próprio, conforme estabelece a Justiça Eleitoral.

        Com isso, os partidos poderão se unir para apoiar propostas em comum, sendo permitido, ainda, o apoio a qualquer cargo, tanto para as eleições majoritárias como para as eleições proporcionais. Na prática, o que ocorre é que as mais de trinta legendas que superlotam o sistema partidário nacional descobriram que essa pulverização de siglas ajuda apenas os donos dessas legendas e suas respectivas lideranças.

        Esse novo modelo ainda está muito distante do que seria ideal, principalmente para o cidadão, que está bancando toda essa estrutura partidária e eleitoral, mas já significa um primeiro passo, rumo ao enxugamento de tantos partidos, muitos dos quais, transformados em verdadeiras empresas privadas a sugar volumosos recursos públicos. Não é por outra razão que os partidos resolveram se unir para aumentar seu capital de negociação, dentro do modelo vigente de presidencialismo de coalizão.

        O alvo dessas novas federações está centrado no Poder Legislativo, Câmara e Senado, onde esperam fazer o maior número possível de parlamentares. Os demais cargos inserem-se nas estratégias políticas de cada conjunto, de acordo com suas pretensões pós-eleitorais.

        Para o cidadão eleitor, pouco ou nada muda. Pode até piorar, já que, com certeza, esses novos conjuntos de forças irão, lá na frente, exigir novos e absurdos reajustes nos Fundos Partidários e nos Fundos Eleitorais, aumentando também os recursos para as chamadas emendas de relator e outras prebendas

        Em teoria, estaria dada a largada para o enxugamento das miríades de partidário que superlotam o nosso folclórico sistema político. O caráter permanente dessas federações, obrigadas a permanecer unidas até o último dia de mandato, confere um certo verniz de sinceridade ao modelo, mas não garante sua continuidade, o que ficará ao alvitre da decisão das novas composições dentro do Congresso, podendo ser alterado de acordo com a mudança na direção dos inconstantes ventos políticos.

        Como a afinidade programática e política é sempre uma incógnita a mudar como as nuvens no céu, a união desses partidos, em frentes únicas, obedece aos desígnios de cada conjunto de caciques, sendo a alteração de humor de desses grupos decisiva para a alteração das próprias federações. Ganharia o eleitor se, de fato, houvesse, com assento no Congresso, quatro ou cinco forças políticas, como tradicionalmente é visto em países desenvolvidos, onde os partidos sobrevivem graças ao empenho e doação de seus militantes.

        Ganhariam também os brasileiros, neste momento de crise, se ordenamentos como a Lei de Probidade Administrativa e a Lei da Ficha Limpa fossem respeitadas como deveriam. Ganhariam ainda mais os cidadãos se fosse permitida a candidatura a avulso, livre das amarras e da indústria partidária que parasitam nosso sistema político. O que se tem aqui é um primeiro passo muito tímido, rumo a moralização do sistema.

A frase que foi pronunciada:

Há muitos homens de princípios nos partidos políticos, mas não há nenhum partido de princípios.”

Alexis de Tocqueville

Alexis de Tocqueville. Foto: Reprodução/ Wikipedia

Mutirão jurídico

Entra ano, sai ano, pouco muda no sistema prisional brasileiro. Advogados podem entrar sem serem revistados, enquanto a família é humilhada na verificação. Mas o pior é a condição desumana das celas. Nem a CPI do Sistema Carcerário, realizada pela Câmara dos Deputados, resolveu. Quase 40% dos presos deveriam estar soltos. Como não há mutirão jurídico, não há andamento nos processos de execução penal ou de presos provisórios.

Cadastro Nacional

Outras indicações do documento final da CPI do Sistema Carcerário, elaborado em 2009, foi a necessidade de um Censo Penitenciário Nacional para avaliar e orientar as políticas públicas voltadas para o sistema carcerário. Outra ideia foi a criação de um Cadastro Nacional de Presos, a fim de que o sistema de controle do ingresso nas prisões seja de conhecimento público, bem como a ação parlamentar 602, o relatório final, a disponibilização de mapa da população carcerária, o tempo de cumprimento da pena em publicação e site oficial na Internet.

Uma das comissões na CPI

 

Informatização

A Criação do Serviço de Inteligência Penitenciária foi outra ideia registrada no documento. A informatização do Sistema Penitenciário, a criação de Escolas de Administração Penitenciária, o estabelecimento de um piso salarial para os servidores penitenciários em todo território nacional e a extensão a todos os estados do Serviço Avançado de Defesa Integral à Mulher Encarcerada e à Mulher Familiar de Preso.

Mulheres encarceradas. Foto para documento da CPI.

História de Brasília

É a especulação em marcha, é o prêmio aos que se opuseram ao movimento da maioria. Deve ser um dia triste, o de hoje, para Bahouch. (Publicada em 17.02.1962)

Eleições, guerras e jogos mortais

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: reprodução da internet

 

Até as próximas eleições, o Brasil e o mundo irão presenciar e sentir os efeitos dos acontecimentos que, por hora, vão sendo delineados no horizonte. Há um longo percurso a ser vencido até 2 de outubro, tanto no ambiente interno como no resto do planeta. Não adianta fechar os olhos para fatos que vão se materializando diante de nós. A possibilidade da eclosão de uma guerra entre a aliança militar do Ocidente, representada pela Otan, a Rússia, que ameaça invadir a vizinha Ucrânia, põe o mundo em sobressalto, desviando a atenção e as preocupações da humanidade para um conflito que possui tudo para incendiar o resto do planeta, com consequências que certamente irão afetar o Brasil e todo o continente sul-americano.

Centenas de milhares de soldados, de ambos os lados, já posicionados naquelas fronteiras, e a grande concentração de armas letais, naquele cenário de pré-guerra, parecem confirmar que, mais uma vez, estamos diante de um conflito de grandes proporções, que ameaça se alastrar para o resto do mundo.

Diante desses jogos de guerra, onde as indústrias de armamentos, em aliança com as forças militares, dão as cartas, pouco espaço resta para a racionalidade. Em vista de um cenário dessa natureza, onde as incertezas e a morte prematura da verdade são evidências certas, as eleições gerais no Brasil perdem muito de sua importância, podendo todo o pleito desse ano ser obscurecido por questões mais prementes.

Por outro lado, a possibilidade de um conflito dessas proporções, somado ao avanço espetacular de mais uma variante da Covid, no qual os índices de mortalidade podem atingir picos extremos, dentro e fora do país, sinaliza para grandes e perturbadores acontecimentos. Obviamente que os oportunistas, sempre de plantão e prontos para tirarem proveitos desses fatos, irão aproveitar o momento de distração e apreensão geral para fazer passar projetos de interesses flagrantemente contrários ao bom senso e à ética. Nesse caso, podem ser incluídos aqui as propostas que acenam para a volta dos cassinos ao país, conforme tem prometido e se empenhado, pessoalmente, o próprio presidente da Câmara dos Deputados.

Pode ser que, em meio aos obuses e às fumaças do tiroteio que ocorre lá fora, tal proposta, que benefício algum trará aos homens de bem desse país, passa sem ser vista. Na torcida por esse retorno ao inferno dos cassinos, estão os próceres do crime organizado, que encontrarão nessa atividade uma espécie de banco oficial onde lavar os rendimentos de seus crimes.

Também a bancada do jogo, que por hora se organiza no Legislativo, empenhada nessa cruzada de morte, vislumbra, nessa aprovação, apenas ganhos imediatos e financeiros, pouco ou nada preocupada com o dia seguinte a essa aprovação.

Surpreende que, em tempos tão adversos como esse que agora vivemos, quando a classe política deveria estar buscando caminhos seguros para preservar algum futuro digno para as próximas gerações, estejam elas empenhadas na aprovação de jogos de azar para o enriquecimento de clãs do crime.

A população que mal encontra dinheiro para se alimentar, por certo, não tem recursos para serem lançados nas mesas de bacarat ou de roletas. A nossa guerra é contra o crime e a violência que consome o país. Dar mais munição para essas forças do mal é apostar no aumento de mortos. “Tomem tenência, suas excelências, já que vergonha parece não mais fazer efeito sobre vós!”

A frase que foi pronunciada:

Onde quer que homens civilizados tenham pela primeira vez aparecido, eles foram vistos pelos nativos como demônios, fantasmas, espectros. Nunca como homens vivos! Eis aí uma intuição inigualável, um insight profético, se é que algum já chegou a ser feito.”

E.M. Cioran

E.M. Cioran. Foto: reprodução da internet

Jubileu de Prata

Com 25 anos de idade completados no dia 9 desse mês, a Rádio Senado foi um motor conduzido por Fernando César Mesquita, inaugurando uma nova era da Comunicação Social do Legislativo no país. Logo depois, vieram as emissoras da Câmara dos Deputados, da Justiça, das Forças Armadas e das Assembleias Legislativas.

Ilustração: senado.leg

Nota

Candidatos que querem usar o nome da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, estimularam o envio de nota esclarecedora para a imprensa. A CNA não se reuniu com pré-candidatos à Presidência da República e não envia representantes ou realiza encontros paralelos com candidatos à presidência. O que acontece em ano eleitoral é um evento público, com cobertura da imprensa, onde a CNA e outras entidades ligadas ao agronegócio apresentam propostas, sugestões e prioridades aos candidatos.

História de Brasília

Duas firmas, entretanto, Motornei e Alvorada, ganharam lotes em Taguatinga mas nunca deles tomaram posse. Agora, que a Prefeitura determinará um gabarito que valorizará em muito os terrenos, já começam os movimentos para a posse dos mesmos. (Publicada em 17.02.1962)

Um futuro distópico

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Pesquisa de opinião pública, realizada há dois anos pelo Instituto DataSenado, mostrou que existe, hoje no Brasil, uma forte e crescente influência das redes sociais como fonte de informação para os eleitores. De acordo com esse levantamento, nada menos do que 45% dos eleitores ouvidos confessaram que, cada vez mais, buscam, nas mídias sociais, as informações que necessitam para decidir como irão orientar seus votos. Outro dado interessante levantado pelo estudo mostra que o conteúdo veiculado nas redes sociais possui grande influência sobre a opinião dos indivíduos. Essa atuação é observada, sobretudo, entre os indivíduos com escolaridade superior. Se tal fenômeno já significava, nas últimas eleições, que metade dos brasileiros, com acesso à internet, votava sob a importância direta do que consumiam nas mídias sociais, a possibilidade de haver mais de 50% dos cidadãos votando agora no pleito deste ano é bastante certa.

Tal realidade indica que o mundo virtual, esse oceano infinito de informações, verídicas ou não, passou a ser decisivo não apenas nas eleições de 22, mas também na condução de candidatos que sabem manusear essas mídias. Obviamente que tal abrangência de influência irá se estender ainda para dentro do Estado, interferindo no modelo de democracia que teremos doravante, todo ele ligado e dependente dessas novas mídias. Com isso, os debates tete a tete, o exercício mercadológico dos marqueteiros políticos, os comícios ao vivo e outras modalidades dentro das disputas eleitorais perdem fôlego e vão sendo deixados de lado, um a um.

Não será surpresa se o próximo passo dado para o domínio total das mídias sociais seja a votação via internet, por meio desses mesmos aplicativos. A obsolescência de instrumentos como a urna física e dos locais de votação deixará de existir, sendo o destino dos cidadãos feito diretamente de casa, via celular. Não será novidade se, lá adiante, o tal do “sistema”, ou seja, esse sujeito indeterminado e oculto, venha a fazer parte na gestão do Estado. Tornando assim, o dito “sistema”, o responsável pela qualidade da democracia e pela prestação de serviços por parte do Estado.

A impessoalidade na democracia, ao contrário do que muitos acreditam, não parece, a princípio, que irá melhorar as relações entre o cidadão e o Estado. A suspeita é que, quando esse dia chegar, a comunicação entre os cidadãos e o Estado será feita nos mesmos moldes com que são feitas hoje as relações entre os consumidores e as operadoras de telefonia. Até mesmo aspectos, que hoje são importantes, como a separação entre os fatos e as fake news, deixará de existir, sendo todos esses “ruídos de comunicação” atribuídos aos mecanismos do “sistema”.

Para o cidadão comum, que, afinal, irá custear essa entrada das novas tecnologias nas relações políticas com o Estado, restará o monólogo de alguém que escuta, do outro lado da linha, que a falta de médicos, de remédios, de professores nas escolas, da falta de água nas torneiras, de luz nas residências deve-se não à inoperância da política, mas ao “sistema”, uma entidade com situação jurídica abstrata, impossível de ser alcançada pelas leis.

Trata-se aqui de um futuro que vamos organizando com os pés, já que a cabeça e as mãos estão absorvidas pela Internet. O problema é que, quando levantarmos os olhos para o horizonte, o futuro distópico já terá chegado com toda a sua crueza e indiferença.

A frase que foi pronunciada:

Corrupção existe no mundo todo. Mas fã-clube de corrupto, só no Brasil.”

Frase no Pinterest

Charge do Cazo

Carreiro

Carlos Alberto Simas Magalhães, embaixador do Brasil em Portugal, vai contar com a contribuição de Raimundo Corrêa Carreiro, que promete impulsionar as relações comerciais e culturais entre os dois países.

Carlos Alberto Simas Magalhães. Foto: lisboa.itamaraty.gov

Ensurdecedor

Morador do C.A., no Lago Norte, em um prédio onde há uma pizzaria, reclama constantemente dos motoboys que intervém no cano de escape para fazer mais barulho. O apelido que deu a esses profissionais arrancou gargalhada dos vizinhos: “São os Aedes Aegyptis do trânsito!”

Escapamento de moto. Foto: divulgação

Oportunidade

Nada como uma turbinada nos estudos como uma língua estrangeira. Vão até amanhã as inscrições nos Centros Interescolares de Línguas Estrangeiras, ligados à Secretaria da Educação do DF. Os cursos de francês, japonês, espanhol e inglês são gratuitos. A preferência das vagas é para os alunos da rede pública, mas há vagas remanescentes para a comunidade.

Novidade

Na Comissão de Assuntos Sociais, há a discussão de permissão mais ampliada de esterilização de mulheres, que podem optar pela cirurgia depois do parto ou depois de aborto sem a necessidade de anuência do parceiro.

Foto: istockphoto.com

História de Brasília

Dentre essas dificuldades havia o problema do acesso. Não estava inaugurada a Estrada Parque, e dificilmente os automóveis procurariam as oficinas naquele local. Mas os que acreditavam mudaram-se logo. (Publicada em 17.02.1962)

Na corda bamba

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge: Nani Humor

 

No Brasil, já se sabe, a justiça é uma corda esticada, na qual se equilibram a lei, de um lado, e, de outro, as infinitas variações da mesma, oriundas da interpretação pessoal que pode ser dada por juízes. Trata-se da hermenêutica, princípio transformador das letras, que tudo pode, lançando causas e leis para o fundo do precipício. Tudo para o gaudio de egos imensos. Vista dessa forma, a lei é, em nosso país, uma personagem secundária em toda a trama da justiça. De modo sucinto, o que temos, portanto, mesmo a despeito do desejado equilíbrio e harmonia das partes, são juízes e não as leis, apesar de todo o processo.

Desse modo, nada surpreende que uma mesma corte possa sentenciar à prisão, em regime fechado, por anos a fio, um miserável que furtou um tubo de pasta de dente num supermercado e, em ato contínuo, livrar, de qualquer condenação, um flagrante ladrão do dinheiro público, acusado de desviar milhões de reais do erário, emprestando, a esse malfeitor, todo o amparo legal e simpatia da justiça.

A repetição, até monótona, entre nós, de casos dessa natureza, acabou por retirar, dessas decisões, todo o surrealismo que elas encerram. Trata-se aqui de uma aberração que fomos acostumados a assistir a cada sentença. Réus confessos, aqueles cujos crimes não pesam quaisquer dúvidas, são orientados pela própria justiça a voltar atrás em seus relatos e dar o malfeito por ficção ou sonho.

Nossas masmorras, lotadas com centenas de milhares de indivíduos, nascidos na mais abjeta miséria, permanecem com presos sem quaisquer condenações definitivas. Por outro lado, não se nota, nessas prisões, um espécime sequer desses emplumados corruptos e surrupiadores do dinheiro público, todos eles mantidos longe do alcance das leis e das punições.

Com isso, eleição após eleição, esses intocáveis encontram nova guarida e nova ficha limpa para se achegarem ao poder e, obviamente, para as proximidades dos cofres da União, de onde voltam a delinquir, seguros de que esses crimes repetidos permanecerão impunes para sempre.

A frase que foi pronunciada:

A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado.”

Eduardo Galeano

Eduardo Galeano. Foto: Samuel Sánchez.

Nota dez

Iniciando uma frota de aviões próprios, os Correios vão atingindo os objetivos traçados. Recursos logísticos com mais rapidez, otimização no prazo de entrega e ampliação dos serviços expressos.

Paralelo

Movimento estranho no laboratório Sabin. Mesmo com um WhatsApp disponível para a transmissão de documentos a quem interessa atendimento domiciliar, a comunicação trava e um funcionário liga dizendo que uma pessoa irá à residência para fotografar os documentos. Protocolo sem sentido!

Leitura Longeva

No Blog do Ari Cunha, o link para inscrição no Leitura Longeva. O primeiro encontro já aconteceu, mas haverá um evento por mês para debates sobre assuntos importantes aos mais vividos. Veja com a idealizadora Juliana Seidl se ainda é possível participar.

Cartaz postado no perfil oficial @longevapsi no Instagram

–> LEITURA LONGEVA
Nosso primeiro encontro do Grupo de Estudos da Longeva será nesta sexta-feira, dia 28 de janeiro, das 17 às 19h e vamos discutir este artigo publicado por Cristineide Leandro-França e Sheila Giardini Murta. 💜
.
Se você ainda quiser se escrever, você tem até amanhã, quinta (27/01) ao meio-dia:
1. Preencha o formulário de inscrição: https://bit.ly/3AHjmkA
2. Transfira o valor de 60 reais para o PIX: 006.035.101-24
3. Envie o comprovante para juliana@longevapsi.com.br
.
Em seguida, enviaremos o link com o texto principal e os complementares. Já somos 18 participantes. 💜 Até sexta-feira. 🙂😘

Arte

Que diferença faz a música! Mais uma edição do Favelagrafia, projeto lançado com fotógrafos de várias favelas cariocas, que chama a atenção pela criatividade da foto publicitária. Homens nos degraus do morro, com o rosto coberto e, no lugar do fuzil, um saxofone, um trombone e um trompete. Veja no Blog do Ari Cunha.

Manutenção

Na 907 Norte, bueiros abertos são perigo constante!

Candanguice

Na 202 Norte, um espírito de porco transformou o G em C e, até hoje, nenhuma autoridade se deu conta. Veja a foto no Blog do Ari Cunha.

Lupa

Hoje a Câmara Legislativa volta aos trabalhos. As metas desse ano exigem, da população da cidade, um olhar mais atento. Os assuntos tratados, em futuro próximo, passam pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) e pelo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB).

Foto: Carlos Gandra/CLDF

História de Brasília

Hoje comecemos por Taguatinga. Quando se resolveu a transferência das oficinas da Cidade Livre para Taguatinga, os que queriam colaborar com a Prefeitura aderiram logo ao movimento e enfrentaram as dificuldades, que eram muitas. (Publicada em 17.02.1962)

Fiquem onde estão

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

 

Não é raro caber aos nossos irmãos e conterrâneos que moram em outros países, distantes no tempo e espaço, uma visão muito mais acurada sobre o que ocorre dentro do Brasil, do que aqueles indivíduos que aqui permanecem por toda a vida. Essa ligação com o país de origem é um fator que, por mais que você viva longe da sua terra, nunca desaparece.

Em alguns casos, esse fenômeno de ligação e de pertencimento até se intensifica com o passar dos anos. Trata-se de um processo natural, intensificado por certa dose de melancolia e saudosismo. É o que os antigos escravos chamavam de banzo.

Essa história de que a pátria está nos sapatos do homem do mundo pode até fazer sentido para aquele pequeno grupo de indivíduos que adota o planeta como uma casa estendida. De tão raros, esses personagens não pesam na balança que afere os sentimentos de natividade. Estar longe do país de origem faz crescer, em muitos, um sentimento diferente de nacionalismo, distante do que isso possa significar para oportunistas políticos.

É o nacionalismo da raiz, com tudo o que isso possa representar para o imaginário do indivíduo, incluindo aí sua infância, seus familiares e amigos e todo o ambiente que o cercava no passado. São imagens fixadas na mente e na alma e que nenhuma bonança material presente pode apagar. Esses eternos estrangeiros, mesmo que possuam um novo documento de cidadania, vivem essa dualidade permanente. Em caso de conflito armado, entre o país em que agora residem de forma definitiva e onde muitas vezes constituíram família e uma nova vida e identidade, e sua antiga terra de origem, de que lado ficar? A opção por defender qualquer uma das partes significa, de imediato, uma traição à outra. Mesmo a neutralidade, não optando por nenhuma, pode gerar um sentimento de dupla traição, o que parece ainda pior. Não há escolhas para o estrangeiro de dois países. Assim como não há um apagar das origens. Vive-se numa terra, sempre alheia como alguém do lugar.

O tempo, que a tudo promove o sentimento de pacificação, cuida de ir apagando a língua materna, substituída pelo novo vocábulo local. Palavras e frases inteiras são esquecidas e substituídas por outras do novo idioma. Não é nem uma língua nem outra, é a que basta no momento.

Para aqueles que ainda sonham em um dia retornar, mesmo que saibam no íntimo que nunca mais voltarão, há o refúgio no noticiário. Para isso leem tudo que encontram sobre seu país de origem. Procuram confirmar suas suspeitas. Muita coisa piorou e muito. O que apreendem nos jornais, que agora acompanham diariamente, é que parece não haver saída para o Brasil. Nem hoje, nem amanhã. Inteiram-se e ficam em paz, sabendo que o melhor é permanecer onde está e ir adiando para nunca um possível regresso.

O noticiário diário informa e previne: fique onde está, mesmo sendo um eterno estrangeiro. Por aqui a situação nacional não possui saída feliz. Até mesmo seus amigos já se dispersaram pelo mundo. Outros morreram. Como morreram também parte de seus familiares, a sua rua e seus amores. Aquela praça e aquele córrego onde costumavam passar horas de sua mocidade, já não mais existe. A praça está tomada de mendigos e viciados. O córrego que sobrou virou esgoto a céu aberto.

Os políticos e as elites do Estado, escolhidos pelo voto, que podiam fazer alguma coisa para mudar o rumo da decadência, não apenas não fazem nada, como ainda colaboram para piorar a situação e assim permanecerem por cima. Os jornais lá fora informam aos brasileiros de além-mar: fiquem onde estão! O Brasil de suas saudades deixou de existir. Retornar por essas bandas é reviver os mesmos pesadelos que fizeram você um dia partir. Fiquem onde estão.

A frase que foi pronunciada:

A inteligência é feita por um terço de instinto – um terço de memória – e o último terço de vontade.”

Carlo Dossi

Carlo Dossi. Foto: wikipedia.org

Mandioca brasileira

Mais uma vez a Universidade de Brasília presta uma carinhosa homenagem ao professor Nagib Nassar. Na semana passada, no campus de Planaltina, foi distribuída a variedade melhorada da mandioca desenvolvida pelo professor para toda a cidade de Cavalcanti e aos alunos do curso daquele campus que vieram de 6 estados para se especializarem.

Professor Nagib Nassar. Foto: radios.ebc.com.br

Entusiasmo

Carta de leitora entusiasmada pelo serviço recebido. “Uma dica para quem está apaixonado. E se estiver apaixonado e também for apaixonado por Brasília, melhor ainda! O fotógrafo Ivan Mattos, já conhecido pelo seu serviço voluntário ao Zoo Brasília, está arrancando suspiros, agora pela Perpetuum Foto e Filme. Vale seguir a página da empresa para conferir os ensaios que têm ressaltado os traços dessa bela capital!”

Foto: Ivan Mattos. Museu Nacional da República.

História de Brasília

E não reiniciaram por má vontade, má-fé. O presidente do IAPFESP, general Aloísio de Andrade Moura quer saber antes o resultado do inquérito mandado instaurar contra a comissão de sindicância que estudava um inquérito e vai daí por diante até alguém achar mais. (Publicada em 15/02/1962)

Saúvas e o Presidencialismo de Coalizão

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Benett

 

         Esse tal de Presidencialismo de Coalizão, termo trazido há mais de trinta anos à realidade do Brasil, com a obra, de mesmo nome, escrita pelo sociólogo Sérgio Abranches, vai, a cada governo e a cada legislatura que chega, adquirindo uma versão própria, porém sempre mais nefasta que a anterior, tornando débil nossa democracia, graças a um processo indecente de apropriação do Estado pelas elites políticas.

         Para toda e qualquer lista dos principais problemas nacionais que se queira elaborar, contendo as causas principais de nossas seguidas crises institucionais, lá deverá constar o Presidencialismo de Coalizão. E por uma razão simples e que remonta ao período da redemocratização do país: o açambarcamento da máquina do Estado, por parte das lideranças dos principais partidos, em nome de algo vago como apoio, é, em suma, o principal objetivo de nove em cada dez legendas partidárias com assento no Congresso.

         Não há, como em outros países, um ideário de Estado a ser implementado ou discutido em nome da nação, mas uma ideia precisa e argentária das potencialidades práticas de cada apoio imediato representa e pode render. Fosse visto ou interpretado comme il faut, pela letra fria da lei, sob a tenência de juízes realmente probos, o mecanismo perverso do Presidencialismo de Coalizão seria facilmente considerado, em nossa legislação, um crime capaz de perfazer todo o Código Penal, incluindo além do próprio e de “A” a “Z”, os Códigos Civil e o de Defesa do Consumidor, resvalando ainda para a antiga Lei de Segurança Nacional, já revogada.

         Um bom magistrado, capaz de enxergar, no mecanismo do Presidencialismo de Coalizão, um atentado múltiplo à democracia, ao Estado e à Nação, facilmente encontraria respaldo legal para condenar esses meliantes políticos, que fazem da representação um meio para enriquecimento ilícito a penas de reclusão superiores a um século.

         O abalo reiterado à harmonia e ao equilíbrio institucional, vindo por esse mecanismo, que nas últimas décadas têm trazido prejuízos incalculáveis ao pais e à sociedade, sobrevive não apenas pela desfaçatez como é encarado pelas elites políticas, com beneplácito do Judiciário, mas, sobretudo, porque é azeitado, centavo por centavo,  por uma das mais altas cargas tributárias do planeta. É esse o combustível principal que permite a perpetuação desse modelo, gerador de corrupção, clientelismo, politização judicial e de seu oposto, representado pela judicialização da política.

         A exacerbação dessa mecânica,  como temos assistido com as exigências de fundos astronômicos partidários e eleitorais, e com as emendas individuais, coletivas e agora com as emendas do relator, dentro do chamado RP9 ou emendas secretas, dão um tom desse que é o mais daninho dos modelos, responsável pela dilapidação do Estado e de sua democracia, com consequências diretas na inflação, no desemprego, na fome, na violência, na mortandade da população sem atendimento médico e uma infinidade de outras pragas a corroer o país pelas beiradas.

         Vale aqui o que foi dito com relação às Saúvas: ou o Brasil, no caso os brasileiros, acabam com o Presidencialismo de Coalizão ou ele acaba com o Brasil.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quanto mais corrupto é o estado, mais leis.”

Tácito

Imagem: MURPHY(1829), Cornelius Tacitus (wikipedia.org)

 

Boa vontade

A tecnologia, quando aplicada com intenção de trabalhar melhor, dá resultado que agrada ao pagador de impostos. A Administração do Lago Norte é um exemplo. Com uma assessoria eficiente e antenada, o administrador Marcelo Ferreira da Silva tem um canal direto com a comunidade. O resultado é que todos juntos fazem do Lago Norte um lugar melhor para viver.

Foto: lagonorte.df.gov

 

Consome dor

Temos um leitor que ficou horrorizado com o atendimento na lotérica do Conjunto Nacional. Ao receber um bilhete premiado, a atendente disse que os números sorteados dariam o ganho de R$5 e rasgou o bilhete jogando-o no lixo. O cidadão não se conformou com esse gesto e pediu o bilhete de volta. Criou-se a confusão. A moça disse que essa rotina era praxe. Inconformado, o jogador só saiu da fila com o bilhete rasgado na mão. Os idosos que são enganados e mal tratados no comércio deveriam ter a quem recorrer de imediato.

Foto: conjuntonacional.com

 

Importante

Muito triste para o país a notícia de que o senador Paim vai deixar de concorrer as próximas eleições. É um parlamentar que merece elogios não só pelo volume de leis importantíssimas aprovadas, mas pela sabedoria, proximidade do povo e honestidade. Vamos lá senador. Ainda há tempo de mudar essa ideia.

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

História de Brasília

Não há desmentido ao que vamos dizer agora. Foram fichados 400 candangos que não têm mais o que fazer. Já limparam o canteiro de obras, e agora, passam o dia procurando o que fazer, porque não reiniciaram as obras. (Publicada em 15/02/1962).

Pantomima do governo contra os garimpeiros

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Reprodução / g1.globo.com

 

         Quando se diz que o mundo tem os olhos postos sobre o que acontece agora na região amazônica, é porque esse é um fato corroborado pelas lentes dos inúmeros satélites espaciais que cruzam essa região a todo o momento. Não adianta, pois, o governo e seus apoiadores virem com discursos de que os países desenvolvidos só estão interessados nas riquezas minerais e outras preciosidades que se escondem nessa imensa área.

         Não é com discursos do tipo diversionista políticos e ideológicos, que a realidade do que está se passando naquela região será alterada. Insuflar a sociedade e sobretudo o mundo civilizado, fazendo-os acreditar que o atual governo vem adotando prontamente todas as medidas necessárias para conter o avanço impiedoso da destruição, é uma tática que não mais funciona. Ainda mais quando a credibilidade nesses assuntos, se encontra, perante o mundo, mais por baixo que tapete de porão.

         De fato, a ação só vem quando a situação adquire proporções alarmantes, não restando outras alternativas que não sejam aquelas de intervenção. Afirmar ainda, como fazia o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, uma espécie de despachante à serviço dos madeireiros, de que o que ocorre hoje na Amazônia, não pode ser enquadrado como crime ambiental, mas é, antes de tudo, decorrente de uma questão social, não condiz com a verdade dos fatos e dá a esse problema uma falsa feição de problema social, dentro do nosso contexto histórico do coitadismo.

         Tal afirmação é não só uma falácia, para acobertar crimes, como não serve para resolver um problema gerado pela falta de  comprometimento com o meio ambiente. A razão é simples: sem a preservação imediata do meio ambiente naquela região, as condições que hoje são ruins para todos que lá vivem, irão escalar para um patamar em que será praticamente impossível habitar aquela área.

          O esgotamento dos recursos naturais irá decretar também o fim do estabelecimento da presença humana naquelas paragens, contribuindo ainda para tornar o planeta mais próximo ainda de uma catástrofe climática, com a desertificação, irreversível de todo o Centro Oeste brasileiro, ente outros males.

          São crimes, cujas consequências nefastas irão afetar, profundamente, não essa geração, que engloba a elite do atual governo, mas as futuras gerações. Essa é a razão fundamental que faz com que o atual governo não aja a contento, já que os efeitos danosos dessa improbidade se farão sentir quando todos já tiverem dado adeus à esse plano existencial.

          Caso desse descaso pode ser, mais uma vez, conferido agora, com a suposta descoberta de ouro no leito do Rio Madeira. Centenas de embarcações, com potentes sugadores, vêm varrendo o solo desse importante curso d’água , destruindo a fauna e flora do Madeira, numa situação degradante que tem feito o mundo chamar a atenção para mais esse pesadelo crimino, que o governo sabia que ocorria, mas não tinha agido ainda, com a perspectiva de que essa atrocidade passasse sem chamar a atenção do mundo e dos brasileiros. Agora e contra a vontade, terá que agir ou fingir, ao menos, que está tomando alguma medida, numa pantomima contra os garimpeiros amigos.

 

A frase que foi pronunciada:

“É a inveja a primeira a descobrir todos os méritos.”

Emanuel Wertheimer

Emanuel Wertheimer. Imagem: emanuel-wertheimer.de

 

Inteligência

Era tudo o que o Paranoá precisava. As obras estão começando a todo vapor. Um Centro de Ensino Técnico vai tirar muitos jovens vulneráveis do futuro incerto.

Foto: Ascom Paranoá

 

Oportunidade

Esse é o momento certo para produtores, artesãos e empreendedores em geral. do Jardim Botânico, inscreverem-se para participar da 2ª Feira Natalina. A administração recebe as solicitações até o dia 6 de dezembro.

Cartaz: agenciabrasilia.df.gov

 

Boa ideia

Logo esse Natal consumista vai perder o sentido. Cabe às igrejas da cidade abrirem as portas para quem quiser comemorar a festa com o aniversariante. Uma mesa grande, cada um leva um prato e a confraternização terá mais sentido. Sem concorrência entre Cristo e Papai Noel. Um nada tem a ver com o outro.

Foto: Pexels, banco de imagens

 

Matemático

Paulo Esteves nos conta como foi a experiência, décadas atrás, no Cepesc, que era um órgão específico do governo que promovia a pesquisa científica e tecnológica aplicada a projetos de segurança dos sistemas de informação. Compiladores e simuladores desenvolvidos por ele para o envio de mensagens por um programa de sistema que traduz uma planificação descrita em uma linguagem de alto nível para uma aplicação equivalente em código de máquina para um processador. Mas o melhor de Paulo foi o número de jovens que ele estimulou a estudar e se dedicar a áreas que os próprios jovens nem sabiam que tinham tanto talento. Isso, quando era professor de Matemática na UnB. Professor e educador.

Charge: humorpolitico.com.br

 

História de Brasília

Estão querendo enganar o Professor Hermes Lima, a propósito do reinício das obras em Brasília. E o IAPFESP está à frente, sabotando o plano do govêrno. (Publicado em 15/02/1962).

Mais teatro nos bastidores que no palco

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Reprodução: g1.globo.com

 

          Terminada a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 26) , têm início o que seriam as primeiras consequências desse encontro. Para aqueles países, onde os governos ainda fazem pouco caso de assuntos dessa natureza, o que é o nosso caso, confirmado ainda pela ausência do chefe do Executivo à essa reunião, é sempre bom lembrar que as consequências, são tudo aquilo que vêm depois.

         Para o Brasil, assolado por um tipo bem particular e predatório de agronegócio, e que no atual governo, vem tendo amplo apoio, já que funciona como um salva-vidas para a economia estagnada do país, as novas diretrizes da União Europeia, proibindo a compra de commodities oriundas de áreas desmatadas representa apenas o primeiro passo para pressionar rebeldes como o Brasil e, especialmente o governo, para que coloquem um sério limite na expansão desenfreada do agrobusiness sobre as florestas. Não adianta espernear e fazer carinha de muxoxo. O que se seguirá, com esses boicotes iniciais, podem trazer prejuízos muito mais significativos para esse setor da economia, movido por interesses que, em alguns casos vão muito além até do que Estado pode regular. A União Europeia é um grande mercado para produtos como soja, café, carne bovina, cacau, madeira e óleo de palma, móveis e algumas outras mercadorias.

         Não adianta também esconder o avanço do desmatamento e toda a destruição que vem sendo permitida pelo governo, em nome, da balança comercial. As centenas de satélites, posicionados lá em cima, enxergam, noite e dia, o que se passa em regiões remotas, registrando, em tempo real, o avanço dessas monoculturas sobre o meio ambiente e o dispersar, displicente e intencional e das manadas de bovinos sobre a vegetação nativa, numa espécie de avanço da destruição.

         O desmonte dos órgãos de fiscalização do meio ambiente e o banimento de multas para os infratores que desmatam e queimam nossas reservas naturais, serviu como um sinal verde, dado por esse governo, para que os maus produtores rurais, aqueles que não produzem alimentos e sim lucros para si mesmos, avancem por cima da vegetação nativa, sem receios de retaliações oficiais. São, na verdade, todos cúmplices de um mesmo e continuado crime, embora a coragem que demonstrem para destruir o meio ambiente, lhes falte na hora de assumir as responsabilidades pelos maus feitos.

          O mais incrível é que a União Europeia pode estar agindo sim, por meio de um protecionismo comercial, disfarçado de preocupação ambiental. Os produtores de soja e criadores de gado se dizem vítimas de uma situação que eles mesmos criaram e propagam, de olho em lucros imediatos e com total desprezo para com as gerações futuras.

         É preciso entender que essas medidas contra a destruição do meio ambiente por produtores inescrupulosos, não parte apenas de governos dos diversos membros da UE. Parte significativa dessas medidas restringindo a compra de commodities produzidas em áreas nativas, vem da população desses países e de organizações que mantêm essas sociedades informadas e atualizadas sobre os crimes ambientais que vêm ocorrendo em nosso país, com a benção do atual governo.

         O consumo sustentável será um marco no século XXI, sendo que para isso será preciso afastar pessoas e práticas que ainda insistem na produção de bens a qualquer custo. A falta de clareza desse governo sobre o que está em jogo no mundo atual e sua alienação sobre os desafios dessa nova era, podem custar muito ao Brasil, um país já mundialmente desacreditado em questões ambientais.

         Essa estória de que nem o Brasil nem a União Europeia aceitam pressões é conversa pra boi dormir.  É preciso pousar a lupa em todo tipo de nacionalismo. Os que escondem a verdade e os que se escudam na falsa retórica.

A frase que foi pronunciada:

“Se um homem tiver sua garganta cortada em Paris, é um assassinato. Se 50.000 pessoas são assassinadas no Leste, é uma questão.”

Victor Hugo

Victor Hugo. Foto: wikipedia.org

 

Parque Nacional

Bonito de ver a alegria dos frequentadores se reencontrando nas piscinas da Água Mineral. Sol, amizade, água fria, saúde, lanche comunitário, tudo o que foram privados por quase dois anos.

Foto: EBC

 

Pare e pense

Como se não bastasse a cientificidade mutante em relação aos procedimentos, validades, intervalos e rotinas na vacinação, agora o Ministério da Saúde e a Anvisa desafinam nas recomendações. O mais estranho é a vacinação em massa e a obrigatoriedade do uso da máscara. Afinal, a vacina funciona ou não funciona?

Foto: reprodução

 

Consome dor

Reclamações dão conta de cobranças feitas pelo Serasa, que usa os Correios para enviar correspondência com aviso de débito em operadoras de celular ou na Caesb e Neoenergia. Dá o prazo para pagar, ameaça sobre uma possível inclusão que será prejudicial na análise de créditos. O interessante é que o telefone colocado à disposição do devedor, da Neoenergia, não funciona. Experimente você também: (61)3316 0196.

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

 

História de Brasília

Estão querendo enganar o Professor Hermes Lima, a propósito do reinício das obras em Brasília. E o IAPFESP está à frente, sabotando o plano do govêrno. (Publicado em 15/02/1962)

População resiliente com espertos à frente

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Dum

 

           Não fosse essa mania recorrente de bisbilhotar os bastidores e as idas e vindas dos políticos desse país, realizadas por uma parte da imprensa, que ainda acredita que o dinheiro público, num país falido financeiramente, deve ser respeitado como algo sagrado e gasto, portanto, com parcimônia, pouco ou nada saberíamos sobre o festim permanente que essas elites no poder têm feito com os recursos suados dos pagadores de impostos.

          Tem sido uma festa sem fim, desde que o imperador Pedro II foi banido do Brasil em 17 de novembro de 1889, por um golpe militar que instaurou, da noite para o dia, uma forma de governo muito particular, em que a coisa pública ou Res pública permaneceria à disposição daqueles que comandam a máquina do Estado para gastá-lo da maneira que melhor lhes aprouverem.

         De lá para cá, esse apossamento dos recursos públicos, extraídos à fórceps da população, só vem aumentando, na contramão dos investimentos necessários para a população, que diminuem a cada dia. Foi assim que chegamos à situação esdrúxula em que os recursos para o atendimento das necessidades básicas da população, como saúde, segurança, transporte, educação, entre outros, simplesmente deixaram de existir, enquanto o dinheiro para a atendimento clientelista e sem lastro ético, de uma elite política e poderosa é abundante e despendido em mordomias que fariam corar de vergonha os marajás das Mil e Uma Noites.

         Não é por outra razão que somos de um país onde mais de 50 milhões de brasileiros passam fome e onde os Poderes e as instituições públicas são as mais caras e ineficientes de todo o mundo. Não se sabe até quando esse modelo peculiar de República poderá resistir sem que a sociedade tome as devidas providências para estancar essa derrama injusta. Graças à bisbilhotice do Jornal Folha de S, Paulo, em sua edição de 22/11, que ficamos informados que autoridades dos Três Poderes da República, passaram uma semana na aprazível cidade portuguesa de Lisboa, sob o pretexto de participarem do IX Fórum Jurídico de Lisboa, entre os dias 15 e 17 desse mês. Para o “dolce e bel far niente”, torraram a módica quantia de R$ 500 mil, entre passagens, hospedagens e diárias, pagas pelo contribuinte, não se sabe com que finalidade nem propósito. Nesse Fórum, organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, nome pomposo dado à uma entidade privada, que o jornal Folha de S. Paulo afirma ser de propriedade do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e de seu filho, onde estiveram presentes autoridades dos Três Poderes da República, inclusive do Tribunal de Contas da União (TCU) para o caso de haver alguma interpelação pública sobre esses gastos de “extremo” interesse da nação.

         De concreto o que resultou desse Fórum, um convescote político feito às expensas da população, que fica sabendo dessas reuniões, graças apenas a mania de parte da imprensa em mexericar a vida opulenta das elites instaladas nos Três Poderes, ninguém sabe, nem mesmo aqueles que estiveram nessa reunião, aproveitando também a camaradagem gratuita dispensadas à essa gente pelos aviões da Força Aérea, há muito transformados numa espécie de empresa de turismo à disposição das elites do Estado.

A frase que foi pronunciada:

“Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos”.

Margareth Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

Coerente

Tudo sobre a mesa preparada para a volta de Heloísa Helena à Brasília. O partido Rede, do senador Randolfe Rodrigues, articula a candidatura da ex-senadora, dessa vez, provavelmente para a Câmara dos Deputados.  Pode ser que o partido se decepcione, Heloísa Helena não é de se unir com inimigos para atacar outros inimigos.

Heloísa Helena. Foto: Sérgio Amaral / Editora Globo.

Nosso jornal

Vale à pena o Correio Braziliense resgatar as matérias feitas pelo jornal sobre vida e obra de Leda Watson. Artista internacional que vive em Brasília merece o reconhecimento pela dedicação em levar a arte para o mundo. Fica a dica.

Leda Watson. Foto: correiobraziliense.com

 

Baiano

Irreverente, nosso leitor, o Baiano, sugere que, no centro de São Paulo, no lugar do touro imitando Wall Street, o animal brasileiro mais realista para ocupar lugar, em frente à Bolsa de Valores, seria um bodinho magro de circo mambembe.

 

Via Crucis

Pelo número de documentos que a Caixa exige para financiar a casa própria, é impossível haver corrupção. O estressante percurso até a assinatura do contrato ignora as pessoas de bem.

História de Brasília

Os empréstimos para desconto em consignação da Caixa Econômica, não foram cedidos a todos. Agora, fala-se em nova inscrição, mas há gente utilizando prestígio para conseguir sem fila. (Publicada em 14/02/1962)