O evitável mundo novo

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Ilustração: andreassibarreto.com

 

          Quer se queira ou não, chegará um tempo em que a interligação instantânea dos meios de comunicação, propiciada pelos avanços na tecnologia de computação e da própria Internet, ao unir o planeta numa só e pequena aldeia global, irá impulsionar os dirigentes políticos e as grandes instituições em busca de um governo único, tal como anunciado hoje pelos chamados globalistas.

         Trata-se de um futuro distópico que assusta muita gente e que trará, como consequências diretas, a perda da identidade das nações. O que se anuncia é o advento do grande reset, tal como foi proposto pelo fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, em 2020. Nesse ponto, os entendidos desse tema concordam que o desenvolvimento da computação quântica, que agora começa a mostrar seus resultados, terá um papel fundamental nessa empreitada global.

         Especialistas e pesquisadores de todo o planeta e do Brasil, que ultimamente vêm analisando as possibilidades geradas pelo advento do mundo digital na organização das sociedades, vislumbram, por detrás do enorme sinal de interrogação que vai escondendo a realidade, a possibilidade de o mundo atual estar caminhando, a passos largos, ao encontro do Grande Irmão onisciente conforme delineou George Orwell, no romance 1984.

         Para países dominados ainda por um fortíssimo e antigo sistema burocrático, como é o nosso caso, comandado pelo Estado, com o auxílio de cartórios e outras instâncias que sobrevivem justamente da complicação e guarda dos trâmites de documentos e processos, a possibilidade de estarmos rumando em direção a uma nova e inusitada forma de governo do tipo Datacracia parece cada vez mais real e inexorável.

         A transformação paulatina da gestão pública em algo tecnocrático, impessoal e dominado por nova burocracia digital, ao dificultar o acesso direto dos cidadãos aos responsáveis pelo governo, poderá retirar, dos gestores públicos, a responsabilidade e até a imputabilidade por suas ações. Nesse caso, as responsabilidades por qualquer ato lesivo ao cidadão, decorrente da labiríntica burocracia, poderá caber unicamente ao “sistema”, ou seja, a um “ser” virtual, impossível de ser levado fisicamente aos tribunais.

         Para um país como o Brasil, atalhado por uma burocracia endêmica, herdada ainda da fase colonial, as ameaças desse processo de digitalização são ainda maiores e mais preocupantes do que em outras partes do mundo. O antropólogo francês Levi-Strauss costumava dizer que o Brasil era um caso único de país que passou diretamente da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização. No nosso caso, apanhados de surpresa por um mundo em processo rápido de informatização digital, corremos o risco de adentrarmos totalmente despreparados numa nova era, comandada por programas de computadores, sem antes termos resolvido o problema histórico da burocracia onerosa.

         E para não renunciarmos nem uma coisa, nem outra, ao invés de eliminarmos, pura e simplesmente, todo e qualquer traço de burocracia, vamos em busca de digitalizar a burocracia existente, dando nova vida e nova dinâmica aos diversos cartórios. Uma atividade predadora que já deveríamos ter eliminado a muito tempo está sendo turbinada, dando nova vida a um sistema parasitário que se beneficia, há séculos, do descaso do Estado, de quem é sócio na criação de dificuldades e na venda de facilidades.

         A Datacracia que seria um governo comandado das profundezas do oceano digital, aliado aos traços já conhecidos de casos sequenciais de corrupção avassaladora, poderia produzir, entre nós, uma espécie de Frankenstein tão sui generis como extremamente perigoso para os cidadãos. Aliás, o próprio status de cidadão, com todos os seus direitos e deveres, conforme conhecemos hoje, deixaria de existir, substituído por um código sequencial de algorítimos, só inteligível por máquinas sofisticadas, instaladas nas nuvens distantes. As teorias e até a prática na consecução do grande reset falam de um tempo muito próximo, em que o globalismo financeiro, com a instituição de um Banco Central Mundial, trará um controle severo a toda e qualquer movimentação de dinheiro eletrônico, eliminando, do sistema, toda e qualquer movimentação não de acordo com as novas normas globais.

         Será esse um tempo em que a palavra “Sistema” passará a ganhar um status de grande irmão onipresente, sendo que todo aquele que for apontado como suspeito, ou estranho a essa nova ordem, sofrerá as penalidades draconianas previstas, sendo literalmente deletado do “sistema”, ou, como se dizia nos velhos tempos: virará adubo de planta. Quem viver verá.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A fim de se adaptarem nestas organizações, os indivíduos viram-se, eles mesmos, forçados a se desindividualizarem-se, renegaram a sua diversidade nativa, e se conformaram com um modelo padronizado, fizeram o máximo, em suma, para se tornar autômatos.”

Aldous Huxley

Foto: biography.com

 

História de Brasília

A situação das professôras, com relação ao horário de trabalho não tem nada de anormal. O horário antigo era de 40 horas, e passa, agora, para 36. (Publicada em 13.03.1962)

Estado e ética

Publicado em Deixe um comentárioÍntegra

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Congresso Nacional. Foto: EBC

 

          Dizer que todos os cidadãos de um país estão aptos para a participação política é uma coisa. Outra diferente é afirmar que todos os cidadãos estão aptos para assumir o governo e de lá adotar as políticas que a nação anseia. A construção de uma democracia requer, desde seus primórdios, que haja, no seio da sociedade, uma comunidade moralmente boa.

         Esse pré-requisito é ainda mais cobrado daqueles que, por ventura, vierem a manifestar o desejo de governar. E é aí que a porca torce o rabo. É impossível se alcançar uma pacificação social, pressuposto necessário para toda democracia, quando se verifica que aqueles grupos que apoiam cidadãos sem escrúpulos políticos e que recorrem a instrumentos imorais, possuem os mesmos direitos políticos que quaisquer outros grupos dentro da sociedade.

         Tal impasse só parece ter solução adequada, quando os instrumentos da justiça entram nessa questão em busca de balizamentos legais que tornam uma e outra vontade, favoráveis ao estabelecimento da paz e da harmonia. Mais do que coerção, o Estado deve buscar e fazer prevalecer os valores e virtudes democráticas, porque sem elas não pode haver coesão social. O Estado, em si, é uma construção amoral e não imoral como pregam alguns. Isso quer dizer que as virtudes e vícios encontradas no indivíduo não podem e não devem ser transferidas para essa instituição. Para alguns, o Estado, mesmo sendo uma construção humana, é um ente inumano e indiferente a sentimentos e outras manifestações de ordem moral. Nesse sentido, qualquer um aceito no leme do Estado, desde que seu comportamento não afete a harmonia e a serenidade entre os cidadãos. Mas, em se tratando da correlação entre o ser humano e o Estado, é preciso estabelecer antes, alguns parâmetros que façam os cidadãos perceberem que as ações do Estado são justamente aquelas que escolheriam para decidir fatos corriqueiros em seu cotidiano.

         Os princípios da Declaração dos Direitos Universais do Homem, aceitas mundialmente, não devem ser o ponto de partida e a essência a ser buscada quando da construção de um Estado moderno e eficiente. De alguma forma essa capacidade do ser humano em cuidar de si e dos seus, deve ser também transferida ao Estado, dando a essa entidade de agir conforme esperam os homens, amparando-os e defendendo cada um quando necessário. Claro que isso é o ideal. Mas o Estado desconhece o que seja ideal e age segundo o desejo daqueles que estão com a mão no leme. E é aí, que a porca torce o rabo pela segunda vez. Nesse ponto temos que os vícios e as virtudes, quer queiramos ou não, são repassados ao Estado e deste para os cidadãos. Aqui verificamos que um mau Estado é sempre aquele que é comandado por indivíduos maus. O que não pode ser descartado aqui, à despeito de um Estado sem alma ou sentimentos, é que a ética se constitui no principal leitmotiv do Estado. Sem ela, nem o mais avançado modelo de Estado não possuirá forças para avançar e ser o que deve ser.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Na longa história do mundo, apenas algumas gerações receberam o papel de defender a liberdade em sua hora de perigo máximo. Eu não me esquivo dessa responsabilidade – eu a aceito. Não acredito que nenhum de nós trocaria de lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração. A energia, a fé e a devoção que trazemos para este empreendimento iluminarão nosso país e todos que o servem – e o brilho desse fogo pode realmente iluminar o mundo. E assim, meus compatriotas: não pergunte o que seu país pode fazer por você – pergunte o que você pode fazer por seu país.”

John F. Kennedy, 1961

John Fitzgerald Kennedy. Foto: bbc.com

 

Agência Câmara

Nessa semana, a Câmara dos Deputados terá importante reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. São denúncias entregues ao deputado Aureo Ribeiro, que, segundo ele, são “fatos de elevada gravidade”, e cabe a “envidar esforços para que os esclarecimentos sobre o conluio fraudulento sejam prestados, de maneira a coibir eventuais desvios de recursos públicos”.

Deputado Aureo Ribeiro. Foto: camara.leg

 

Firme e forte

Quando Michel Temer assumiu a Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores parece ter esquecido de que ele era aliado e vice da chapa. Com declarações desastrosas do PT sobre alguns técnicos nomeados por Dilma e pelo vice Alckmin quando governava SP, é bom que a turma esteja preparada para uma alternativa que, por ventura, possa aparecer.

Michel Temer. Foto: Cesar Itiberê/PR

 

Tempo certo

Por falar nisso, bem lembram algumas linhas do livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano: “Quando as palavras não são dignas como o silêncio, é melhor calar e esperar.”

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com estas chuvas, a escola no barraco fica imprestável, e é até uma maldade manter as crianças naquele local. (Publicada em 13.03.1962)

Iluminado ao sol do Novo Mundo

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: TV Globo/Reprodução

 

Somos apenas fracas projeções, ofuscadas por um tolo racionalismo. A verdadeira imagem e semelhança é abstrata, como abstrato e lúcido é o sentir. O capim ressequido, agitado pelos ventos de novembro, parece dizer adeus a todos que passam por esta estrada.

Uma ave se lança num voo incerto contra a luz do fim de dia e pousa na arquitetura sem ciência de um galho, cansada do seu voar sem rota. Vou até a janela. Um universo agita-se em frente com uma porção de esperança na Justiça, nas Leis, nas regras.

Elevo as mãos na altura dos olhos e traço uma linha que se estende paralela ao meio fio.

Os telhados nas superquadras, com antenas captando ilusões do ar, com trapos nos varais e com o céu talhado por centenas de fios elétricos, parecem decretar a morte da poesia.

Nada há nestes dias a não ser, ao longe, o se perder das vozes roucas.

Esses ventos úmidos secam a alma.

Corro para a rua num olhar mecânico reconhecendo o ócio dos dias de luta. Volto para o centro destas paredes e deixo o pensamento equidistante de tudo. Farta de saber que o mundo nada mais é que um velho e ilusório parque de diversões, com gente que, vendendo bilhetes, garantem breves prazeres aos ingênuos e aos maliciosos.

Tentam eclipsar o sol tornando as vistas e o desejo para um telhado suave, tangido pelo quedar da tarde. Vem o retorno da noite visto pelo cimo da rua, trazendo os matizes do céu habitado.

Por onde andaria a velha amiga Mariinha ou o primo Cláudio. A eles cabem os riscos celestes nas fotos que agarram a imagem pintada pelos anjos. Ou leem Zaratrusta, tocam flauta ou maldizem os indolentes e egoístas.

Riscando a terra naqueles dias, então muitos optaram por fazer sua trincheira, marcando sua posição nesse mundo de ninguém.

Ah! Como lembro de ti! Como um porto. Um cemitério de navios onde os mastros feito silhuetas tristes pelo sol nascente pareciam árvores a atravessarem o mar. Eram as correntes que, na bruma do cais, prendiam os sonhos idos. Repouse em ti o perfume das madressilvas. E seja esse céu candango, sem gaivotas, a calmaria no mar alto do Ceará.

Por que se mostram os astros aos líderes se a América dorme? Passamos absortos de um tempo. Com falas poucas. Com orelhas moucas.

Deitando os olhos até as linhas imaginárias do horizonte, ficamos a olhar para as pedras à espera de algum movimento. E assim não vemos os pássaros que se abalam no espaço.

Não conheces mais os arabescos antigos. E o rastro deixado pela lua nos telhados da cidade. Deixas de lado os sonhos que podiam ser teu acalento para correr atrás da justiça ou daqueles que não têm tempo para ti. São como as rochas que encerram os sonhos sem asas.

Outra noite se cai e o pensamento segue a estrada imensa.

A ursa maior se estende no céu e a lua crescente lança sua tênue luz no planalto. Cruza o amor ao país como uma sombra em abalar os sonhos dos que nada sabem e dormem.

Abro essas páginas ao vento. Com minha morte, virá o mar a salgar os versos antigos a tragar a espada cega da luta.

Sigo definhando como as solas, cujo único nexo é seguir. Antecipo assim a noite a cada pedaço de chão. Paro. Olho para o espaço e as formações de luz se tornam como guias, partindo das cores de um diamante.

Ouço ao longe que é fácil se confundir com o tempo. Sol ou farol jogam a luz no arco íris como se a chuva fosse a esperança da terra. Como encarnação da música, cantam as águas em mini ondas no lago Paranoá. Vivendo apenas alguns compassos, não ficam para ver o resultado de tanta cantoria.

E a noção tão cheia de ciência das coisas é redimida, quando as nuvens, atendendo ao canto, desinteressadamente lançam chuva a terra.

No livre arbítrio do verso, Deus deu a vida e o homem, na busca da harmonia com ela, concebeu a forma que lhe convinha.

Grossas nuvens vagueiam sobre a cidade cinzenta. O olhar acompanha o movimento leve dos pássaros. Chove e estas águas trazem um frescor antigo. Como os suaves arcos de um beco cheio de estórias. O céu é recortado pelo oscilar sinuoso dos telhados, leves pássaros. Suaves arcos de um frescor antigo, na prosaica arrumação das vielas.

Que tudo fique no seu lugar, sem protesto.

Teço os dias indiferente, bordando sóis e luas sempre diversos, indiferente à malha que traça para mim a noite enorme e sem estrelas.

Esqueço o labor dos astros.

 

A frase que foi pronunciada:

“O único ditador que eu aceito é a voz silenciosa da minha consciência.”

Mahatma Gandhi

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

História de Brasília

Providências, também, estão faltando para que sejam ligados esgotos, luz e água para a escola nova, que está entregue desde novembro. (Publicada em 13.03.1962)

Um novíssimo tempo à frente

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Charge: ibamendes.com (Quinho)

Caso o demiurgo de Garanhuns venha a ser empossado, como ainda acredita sua caterva, estarão jogados por terra tudo o que se acreditou até hoje em matéria de ética, de valores morais, de leis e do que seja minimamente correto e aceito por uma sociedade civilizada. Estarão lançadas também, em terreno baldio, as crenças religiosas, que pregam conceitos simples como a virtude e o bom exemplo vindos de qualquer liderança.

Do mesmo modo, estarão postas de lado exigências básicas para a posse de um cidadão em posto de grande relevância para a segurança e o futuro da nação. Deixarão de existir também, por total descabimento e equilíbrio, quaisquer outros pré-requisitos para a ocupação de cargos nesse triste Trópico. O próprio conceito de República, que prega o respeito à coisa pública, como condição primeira para o exercício de função, perderá seu sentido e razão de ser.

É preciso notar, aqui nesse tema que, do ponto de vista das leis, se existe um culpado pela derrogação de tudo o que se acreditava até aqui como aceito legalmente, por certo, esse culpado está no Poder Judiciário. Não na instituição propriamente dita, mas em boa parte de seus membros, que comungam, abertamente, dos mesmos valores políticos e ideológicos do ex-apenado.

Nas escolas públicas, ou naquelas que não adotam e desdenham currículos ligados à ética, será preciso a reformulação de toda a grade de disciplinas que abordem temas ligados ao comportamento humano, dentro e fora do contexto social. Nas igrejas ou naquelas em que esse caso rumoroso não foi capaz de demover os clérigos da distopia que se anuncia, perderão sentido toda e qualquer pregação que aborde temas como os valores humanos, bem como as temáticas que buscavam, outrora, ensinar que o homem foi concebido a partir de similitudes luminares com o próprio Criador.

O que dirá então da educação dos pequenos no seio da família? Conceitos e ensinamentos sobre a retidão moral e o respeito às leis dos homens e de Deus perderão seus propósitos. O exemplo, diziam os antigos, num tempo em que os valores humanos eram tidos como essenciais para a vida em sociedade, vem de cima.

O que é feito, no alto da pirâmide social, é replicado em sua base. Mas é na sociedade brasileira, junto aos jovens, que esses maus exemplos de permissividade para os altos escalões da República irão provocar os mais terríveis e duradouros estragos. O que se anuncia com essa posse impossível é o desregramento total da sociedade, com todos os ordenamentos legais deixando de existir e com a inauguração de um novo tempo, em que o vale tudo e o salve-se quem puder serão a regra geral.

Aos que insistirem em permanecer apegados aos valores do passado, as novas leis cuidarão de enquadrá-los como conservadores, direitistas e outras acusações, portanto, não aceitos nessa novíssima sociedade. Para uma nação, em que os legítimos valores de humanidade estarão descartados, fora de moda ou contra as novas leis, restará, como opção, a rendição aos novos tempos ou o aeroporto.

 

A frase que foi pronunciada:

“Na longa história do mundo, apenas algumas gerações receberam o papel de defender a liberdade em sua hora de perigo máximo. Eu não me esquivo dessa responsabilidade – eu a aceito. Não acredito que nenhum de nós trocaria de lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração. A energia, a fé e a devoção que trazemos para este empreendimento iluminarão nosso país e todos que o servem – e o brilho desse fogo pode realmente iluminar o mundo. E assim, meus compatriotas: não pergunte o que seu país pode fazer por você – pergunte o que você pode fazer por seu país.”

John F. Kennedy, 1961

John Fitzgerald Kennedy. Foto: bbc.com

 

Agência Câmara

Nessa semana, a Câmara dos Deputados terá importante reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. São denúncias entregues ao deputado Aureo Ribeiro, que, segundo ele, são “fatos de elevada gravidade”, e cabe a “envidar esforços para que os esclarecimentos sobre o conluio fraudulento sejam prestados, de maneira a coibir eventuais desvios de recursos públicos”.

Deputado Aureo Ribeiro. Foto: camara.leg

 

Firme e forte

Quando Michel Temer assumiu a Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores parece ter esquecido de que ele era aliado e vice da chapa. Com declarações desastrosas do PT sobre alguns técnicos nomeados por Dilma e pelo vice Alckmin quando governava SP, é bom que a turma esteja preparada para uma alternativa que, por ventura, possa aparecer.

Michel Temer. Foto: Cesar Itiberê/PR

 

Tempo certo

Por falar nisso, bem lembram algumas linhas do livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano: “Quando as palavras não são dignas como o silêncio, é melhor calar e esperar.”

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com estas chuvas, a escola no barraco fica imprestável, e é até uma maldade manter as crianças naquele local. (Publicada em 13.03.1962)

Há artes na guerra

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Ueslei Marcelino – 15.11.2022 / Reuters

 

Em tempos de patrulhamento e cerceamento do livre pensar, o cuidado com o que é dito e escrito deve ser redobrado. Muitos chegam ao ponto de censurarem a si mesmos. Outros acreditam que o melhor é ficar calado e de olhos fechados. Há ainda os que se vergam até ao chão, concordando com tudo o que as autoridades dizem e fazem, mesmo que, com isso, fique com o traseiro ridiculamente exposto. De fato, o indivíduo sem liberdade de pensar e expressar-se é, em si, um ser ridículo e manietado, a quem foram-lhe cortadas as asas e retirada a alma.

Mas, para aqueles aos quais a dignidade é sempre um tesouro a ser conquistado, o livre pensar é tão importante quanto o ato natural de respirar. Essa é, contudo, uma virtude reservada apenas para aqueles que conhecem a si mesmo e, portanto, conhecem também seus inimigos.

Para tanto, não permitem que seus planos e ideias fiquem expostos, forçando seus algozes a permanecerem numa condição passiva, sobestando-lhes todos e quaisquer movimentos. Sabem se defender na escassez e atacar quando os ventos estão a favor. Para isso, recorrem a variadas táticas, utilizando-as de acordo com cada situação. Atacam e ferem com flores e poesia e adulam seus algozes com a ponta das baionetas e balas de metralhadora. Os milhões de olhos e ouvidos, postos a serviço dos tiranos, são trunfos que podem, um dia, serem também a razão do próprio fracasso.

Em tempos adversos como esses, é preciso esperar a hora certa de agir, desde que as oportunidades, por menores que pareçam, sejam agarradas, com vigor, à medida em que vão surgindo. Nada deve ser desperdiçado. É preciso reunir, num ponto da memória, todos os erros e falhas cometidas pelos tiranos, inclusive os próprios. É nesse memorial que pode estar os indícios e os caminhos para a vitória. É também preciso reunir, discretamente, forças dissidentes, penetrando, imediatamente, em cada brecha deixada pelos algozes. Em períodos de fechamentos políticos, a energia para agir só pode ser melhor aproveitada se a decisão e os alvos forem certos.

Em momentos como esse, em que a ética foi lançada para o espaço, saber de que lado está a verdade dos fatos nada muda. Melhor entrar no jogo. Uma vez tendo penetrado as muralhas inimigas, agir como quinta coluna, desfazendo o mal a partir de seu interior. Não acredite que, numa guerra suja, você não irá se sujar também. Nesse caso, pense na flor de lótus, que nasce do lodo mas mantém sua alvura intocável. Embora pareça absurdo, há, nesse exato momento, um trem da história esperando na gare. Pense sempre que há tanto valor heroico naqueles que pegam em armas, como naqueles que empunham a pena. Cada um no seu posto, de acordo com suas aptidões. O melhor de tudo é poder vencer esses que agora parecem atravancar caminhos de todos, sem a necessidade de luta. Tenha em mente que a raiva e a discórdia nunca são boas conselheiras. Melhor ainda é lutar por amor à família, aos costumes e pela terra em que nasceu e cresceu.

A ira é uma terra desolada. As estratégias levam às táticas e não o contrário. Não por outra razão, o pensamento é uma arma poderosa. Entre o poder e a inteligência, fique sempre com o segundo. Poder sem inteligência nada é. Retenha em sua mente a ideia de que a guerra só faz sentido se for feita em nome da paz. Guerra e paz se sucedem naturalmente, assim como o ato de inspirar e expirar. Escolha seus comandantes entre aqueles que sabem jogar xadrez com maestria. Tenha presente que a imaginação é também uma arma poderosa. Fique atento e jamais se esqueça daqueles que traem.

Lembre-se que a vitória ou a conquista é sempre uma obra coletiva. O ego é também um flanco aberto. A melhor guerra é sempre aquela que dura pouco. Os melhores combatentes são aqueles que reconhecem que as guerras só cessarão quando os homens mudarem a si mesmos.

 

A frase que foi pronunciada:

“No esporte você ganha sem matar, na guerra você mata sem ganhar.”

Shimon Peres

Imagem de Shimon Peres em 2016 — Foto: AFP

 

Música

A seguir, Neviton Barros apresenta seu primeiro concerto com os coros do Colby College. Nos Estados Unidos, há décadas, a formação musical de Néviton Barros chegou ao doutorado. Um pena o Brasil não valorizar um talento desses. E são muitos os nossos compatriotas, de músicos a cientistas, que desistiram de lutar por aqui.

 

Comédia

Em 2017, a então senadora Ângela Portela defendia a aprovação da PEC 10 de 2013, que acabava com o foro privilegiado. Na época, as estatísticas mostravam que menos de 1% dos réus com foro privilegiado eram condenados. A FGV fez um estudo, entre 2011 e 2016, onde apontava que, das 404 ações penais em julgamento, apenas 3 resultaram em condenação.

Senadora Ângela Portela. Foto: senado.leg

 

História de Brasília

Voltemos ao “Gavião”: a escola está em consertos, e dentro de uma semana, informa o cel. Marçal, a Mecol entregará a obra pronta, novamente. É preciso apenas que a Fundação Educacional mantenha um zelador, para evitar o que houve: meninos jogando futebol nas salas de aula, blocos carnavalescos fazendo evoluções no alpêndre, e crianças depredando as entradas das janelas. (Publicada em 13.03.1962)

Vai que

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Lula. Foto: Ricardo Chicarelli – 19.mar.22/ AFP

 

Ouvia sempre essa frase falada pelo filósofo de Mondubim: “O afoito come cru e fervendo. Felizmente queimará os lábios e a língua, o que o impedirá de falar antes de pensar”. Agindo desembaraçadamente como se fosse, de fato, o chefe do Executivo, o proprietário da legenda petista tem pressa.

Alguns de seus bajuladores falam até em pedir a antecipação da posse, se possível para ontem. Vai que o tempo e os desdobramentos do que acontece hoje nas ruas de todo o país atalhe seus projetos. É preciso, pois, mostrar serviço e agir em todas as frentes como se fosse aquilo que ainda não é. Vai que toda essa pantomima, acompanhada de perto pela torcida de boa parte da imprensa, consiga desviar as muitas dúvidas, que não cessam de aparecer. Não custa nada lembrar também o que repetia o filósofo de Mondubim: “A pressa é inimiga da perfeição e mãe do fracasso”.

Com uma estratégia dessa natureza, que parece forçar os acontecimentos, o negócio é não dar tempo para que os ventos mudem de rumo. Vai que a mudança na direção dos ventos obrigue aqueles que não possuem bússola ou direção a ficarem a meio caminho, parados no marasmo e na calmaria.

Para justificar tamanha correria, é preciso primeiro construir narrativas do tipo: “Nesses últimos quatro anos, o Brasil ficou estagnado”. Vai que o mundo, indiferente, acredite nessa hipótese. Há um modo para apressar a chegada do ano novo: sair correndo e gritando, sem parar, que esse dia chegou. Pode não resultar em coisa alguma, mas, ao menos, o tempo e o espaço serão percorridos de tal modo que, quando o dia chegar de fato, de tão exaustos, ninguém perceberá.

Vai que, por uma dessas incongruências da vida, esse tempo linear nunca aconteça. Ou passe a acontecer quando já se sabe ser tarde da noite. Outra característica da pressa é que ela impede a apreciação da paisagem em volta. Vai que, nessa paisagem, vislumbre-se o nervosismo de milhões de brasileiros agitando bandeiras do país. A pressa e a afoiteza ganham ainda mais contradições, quando se verifica que não é a velocidade imprimida e sim a direção que importa. Vai que, com essa correria, não se observe, a tempo, o sinal de rua sem saída ou o aviso de abismo à frente. A pressa, já ensinava o pai da História, Heródoto, gera o erro e a confusão. Por outro lado, é preciso ter em mente que mais proveitoso que a pressa é estar munido de meta. A ansiedade entorpece os sentidos.

Vai que, nessa destrambelhada correria, esse nosso distraído e agitado atleta esqueça de vestir as próprias calças e alguém grite: “ele está nu!” Vai que essa nudez lhe exponha a alma e todos passem a ver de que material é feita. O problema com a pressa é que ela gera promessas que não poderão jamais serem cumpridas. Ou por falta de lastro na razão, ou um tempo para reflexão. O que fica do trem que passa veloz é apenas a impressão de sua imagem que passou.

Vai que essa pressa toda seja um jeito inconsciente de não parar para pensar nas consequências que virão. Pode ser que não e tudo não passe de uma tentativa de correr atrás de todo o tempo perdido, na tentativa vã de reescrever um passado breve, como todo o passado, mas cheio de acontecimentos ruinosos que deixaram um rastro de escombros por todo o país. Vai que as pessoas fiquem sabendo que a pressa é também cega e parece correr num túnel escuro. Vai que tudo isso acabe sem sentido, bem na data que deveria começar.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os homens ocasionalmente tropeçam na verdade, mas a maioria deles se levanta e sai correndo como se nada tivesse acontecido.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

 

Solidariedade

No Varjão, o Centro Social Comunitário Tia Angelina vai fazer uma festa de Natal para a criançada. Cestas básicas e panetones são bem-vindos como doação. Todas as crianças já foram apadrinhadas com material escolar. Quem quiser participar, a entrega das cestas básicas será até o dia 27 deste mês. A festa será no dia 9 de dezembro. Mais informações pelo número 34682480.

 

Erramos

Fundada em 2017, Bäckerei, que significa “padaria” em alemão, é o nome certo da confeitaria que fica no Brasília Shopping e não usa gordura trans nos produtos. Publicamos Bakery.

Foto postada por Kleber Porciuncula, no Google

 

Consumidor

Começa a ser uma alternativa muito importante para os brasileiros. As receitas de manipulação passaram a ter validade depois da aprovação do projeto da ex-senadora Ana Amélia. O controle é rigoroso e, para a manipulação, é preciso a receita médica e documento do paciente.

Ex-senadora Ana Amélia. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

 

História de Brasília

O DFL andou cortando luz de diversas residências em Taguatinga. Não houve explicação para essa atitude. Fica, entretanto, constatado que não foi por falta de pagamento, mesmo porque o Departamento nunca cobrou uma única conta. (Publicada em 13.03.1962)

O labirinto do Fauno

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Adriano Machado/Reuters

 

          Ao longo de sua trajetória, do sindicato para a política, muitos estudiosos e especialistas dos labirintos históricos da sociedade brasileira buscaram entender ou decifrar o fenômeno por detrás do fundador e proprietário do Partido dos Trabalhadores (PT). Aqueles que chegaram mais perto de desvendar essa charada humana concordam se tratar aqui de uma verdadeira metamorfose ambulante, capaz de enfeitiçar gregos e romanos, com sua lábia maia e ao mesmo tempo melíflua.

         Trata-se aqui de um personagem que parece ir além de um Pedro Malazartes ou de um Macunaíma, o herói sem remorsos de nosso folclore. De fato, o que temos aqui, em carne e osso, é um ser mitológico, como Saci Pererê, por suas proezas e até mesmo pelo seu destino pessoal.

         Quem já teve a oportunidade de observar de perto as pinturas e os desenhos de Pablo Picasso (1881-1973), em que esse artista dedicou parte de sua arte em retratar a figura do fauno, por certo, a primeira vista já pode identificar certa semelhança física e facial entre essa figura da mitologia romana e o demiurgo de Garanhuns.

         Há, numa análise mais detida entre esses dois personagens, mais verossimilhanças do que assimetrias. Mais certo, para alguns mitólogos, seria aproximar essas semelhanças, misturando-se o folclore brasileiro, em que aqueles personagens aparecem, com a mitologia greco-romana do Fauno e de Pã. Essa comparação, um tanto exótica, ganha ainda mais sabor e densidade, quando esse amálgama de personas passa a transitar dentro do labirinto construído pela engenhosidade de seu ego perturbador.

         Mesmo a sua reentrada no cenário político, orquestrada por um conjunto de forças obscuras do tipo sobre-humanas, confere ao personagem que agora retorna das cinzas de metais óxidos, uma áurea mítica, capaz de reascender as fornalhas de Hades. Para os muitos detratores que acumulou ao longo de sua jornada, esse é, de fato, uma personificação da figura do fake moderno ou daquele que é sem nunca ter sido.

         Com sua flauta típica, que nesse caso se resume ao seu falatório, nosso Fauno, por sua proverbial parlapatice, encanta principalmente os representantes do povo, que esqueceram de representa-lo. Representantes que marcham alheios ao passado desastroso e indiferente ao futuro que virá na antessala do matadouro.

         Sua possível volta ao Palácio do Planalto marcará, também, o que pode ser descrito como “Labirinto do Fauno”, não o da ficção do cinema, mas o da realidade construída a muitas mãos, todas elas empenhadas em reconstruir, a partir da argila crua, o que seria a imagem ou um deus de barro pagão. O que o nosso fauno moderno enxerga em seu labirinto fechado é o que ele acredita ser a realidade de um país em volta. Sua cegueira, no entanto, o impede de compreender um país que agora fervilha e arde em toda a parte. Uma das cenas reais, que muito bem poderia retratar o que seria esse labirinto, foi dada por ocasião das manifestações populares que chegaram a cercar o Palácio do Planalto. Lá dentro, no terceiro andar, o chefe de gabinete da então presidenta afastava a cortina para observar, assustado, o povo agitado que tomava a Praça dos Três Poderes. Naquela ocasião, eles viam, por detrás da cortina do labirinto, o que seria o mundo real e em preto e branco.

A frase que foi pronunciada:

“A inocência tem um poder que o mal não pode imaginar.”

O Labirinto do Fauno

Cena do filme ‘O Labirinto do Fauno’ //Divulgação

 

Dica de leitura na Internet

Veja, a seguir, “Caminhos percorridos por Dr. Jorge C. Bleyer nos campos da medicina tropical e da pré-história brasileira.” Por Terezinha de Jesus Thibes Bleyer Martins Costa. Para ter acesso ao texto na íntegra, acesse o link: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/wv4vv49kn6cPgRqJ4DTs46H/?lang=pt.

Pioneiros

Mariana Nogueira é a primeira neta de Ariomar da Luz Nogueira. Arquiteto e urbanista, que trocava ideias com Oscar Niemeyer, quando a nova capital do país nascia e crescia. O Gama deve homenageá-lo com uma praça.

Ariomar da Luz Nogueira. Foto: Márcio Almeida

 

Qualidade

Pode ser que o cliente não ligue para isso, mas Mac liga. Com vasto conhecimento em gastronomia, o dono da Backerei, no Brasília Shopping, jamais usa margarina. Escolhe os ingredientes como se fossem amigos. Vale conhecer o lugar. Fica perto da Hihappy.

Foto postada por Kleber Porciuncula, no Google

 

Isso pode?

No alto do conjunto 8 da QI 13 do Lago Norte, é possível vislumbrar, no Setor de Mansões do Lago Norte, uma construção colossal, no meio do cerrado. Veja a foto a seguir.

 

Eu vi

Um atropelamento perto do Pão de Açúcar, no Lago Norte, teve um cenário um pouco diferente. Ao perceber que se tratava de um acidente, um carro estaciona apressado no local e um bombeiro que, provavelmente, voltava para casa desce do carro para atender a ocorrência até que os colegas chegassem com o socorro. Uma cena que emocionou. Assista ao vídeo a seguir.

 

História de Brasília

Horrível, simplesmente horrível, o trânsito em Taguatinga. Na Avenida principal o asfalto vai até menos da metade, e o restante não recebe nenhuma conservação. Mesmo que fôsse cascalho, mas se recebesse tratamento, não seria motivo para tantos carros quebrados. (Publicada em 13.03.1962)

Não adianta esconder

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Gabriela Oliva/O TEMPO Brasília

 

          Muitos historiadores consideram que a Proclamação da República, nos moldes como foi realizada em 15 de outubro de 1889, constituiu-se, claramente, num golpe de Estado, que marcaria o fim do Brasil Império e o início de um novo sistema de governo. O que nascia, de forma torta e um tanto improvisada, não poderia gerar outras consequência que não crises institucionais cíclicas. Até mesmo a Constituição de 1890, dada a pouca experiência dos novos mandatários, teria que ser copiada dos Estados Unidos e imposta a uma cultura que muito se diferenciava dos irmãos do Norte.

          Tratou-se aqui de uma revolução circunscrita aos núcleos urbanos, defendida por jornalistas, advogados, médicos, latifundiários, parte do clero, maçonaria e outros grupos ligados às classes mais escolarizadas. O grosso do país, que residia na área rural, nem ao menos ficou sabendo dessas mudanças e do exílio imposto, da noite para o dia, de toda a família real.

          Dizer, pois, que a Proclamação de 1889 foi movida pelos ventos da modernidade daquele período é uma balela. Nem mesmo a população dos poucos núcleos urbanos existentes naquele período no Brasil ficou sabendo da novidade e de seus desdobramentos.

          Havia, nesse movimento tipicamente de gabinetes e de conchavos, um apelo falso pelas liberdades e pela democracia, embora o principal protagonista desses apelos, representado pelo povo, tivesse sido mantido à margem do processo. Era a tal da democracia sem povo, como ainda hoje se verifica, quando os próceres da atual República resolvem, em reuniões fechadas, o destino da nação. Talvez, por essa e outras razões ligadas a um passado ainda mal resolvido, todas as grandes manifestações populares são vistas com surpresa e até um certo temor pelos donos do poder.

          Nada assusta mais um mandatário neste país do que ver multidões nas ruas clamando por seus direitos. Acreditar que o povo só é importante no momento em que está diante das urnas tem sido um desses problemas que nos mantém presos ao passado. Essa questão ganha ainda mais relevância e mais riscos quando, em pleno século em que a interconectividade mundial das redes via Internet assume um papel crucial nos movimentos populares, elevando o clamor das gentes e incendiando cada canto do planeta, em especial a nossa pátria, pela liberdade.

         Por isso, fechar os olhos ao que ocorre hoje, nesse 15 de novembro de 2022, ao que acontece em todo o país, com famílias inteiras protestando nas ruas das principais cidades do Brasil, pode ser visto como uma repetição daquela Proclamação de 1889, em que as autoridades acreditavam que o povo era apenas uma concepção abstrata e sem maiores importâncias.

         As manifestações populares, chamadas, por uns poucos desavisados, de protestos da extrema direita, são, quer queira ou não, manifestações legítimas, vindas das ruas. Fechar os olhos e ouvidos ao que se passa agora, nas ruas de todo o país, não tem o poder de fazer com que elas inexistam. Há uma proclamação pela coisa pública e um clamor retumbante vindo agora das ruas, e isso é fato, não adianta esconder.

 

A frase que foi pronunciada:

“Bom cidadão é aquele que não tolera na pátria um poder que pretenda ser superior às leis.”

Cícero

 

Comissão de frente

Veja, no Blog do Ari Cunha, o vídeo da reunião que aconteceu no início do ano quando “A Convencional” María Rivera apresentou uma proposta de criação de uma Assembleia Plurinacional de Trabalhadores e Povos, que seria responsável pela gestão da justiça, economia e decisões políticas.

 

Antidemocrático

Autoritário, absoluto, arbitrário, dominador, despótico, opressor, tirano, tirânico, dominante, autocrata, déspota, ditador, dogmático, imperativo, imperioso, magistral, mandão, opressivo, oprimente, ditatorial, iliberal, autocrático, absolutista, cesarista, discricionário, dominativo, totalitário, totalitarista, impositivo.

Alethea

Nosso querido Ari Cunha adorava contar essa fábula, sempre atual. Era o sapo que ia atravessar o rio e ouviu o grito do escorpião pedindo uma carona. Mas promete que não vai me matar? Disse o sapo desconfiado. Claro que não! Argumentou o escorpião. Se eu matar você, morreremos os dois! Argumento irrefutável. No meio do rio não deu outra. As toxinas escorpiônicas espalharam pelas costas do sapo agindo nos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo. A intensidade do veneno foi grande, mas o pobre sapo ainda perguntou: Por quê? Porque essa é a minha natureza.

Ilustração: JF

 

História de Brasília

A saída do dr. Magalhães, do Departamento de Edificações da Novacap tem sido muito sentida. Competente, e conhecedor dos problemas do seu Departamento, sua ausência está sendo sentida em tôdas as horas. (Publicada em 13.03.1962)

Guerra de palavras

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Lula e Bolsonaro | Arquivo Google

 

         Foi-se o tempo em que a expressão do Latim que ensinava que: “ verba volant, scripta manent” ou, em tradução livre , “palavras voam, a escrita permanece”, fazia algum sentido. Hoje, com o estabelecimento generalizado das tecnologias digitais, somadas às mídias sociais, tudo o que é falado em público, especialmente pelos políticos, é gravado e replicado ad infinitum.

         Capturados pelas redes, ficam como escritos em rochas e jamais desaparecem, nem por força de controles e de censuras. Posto isso, é fácil aferir, antologicamente, o que seria a quintessência de qualquer indivíduo. Somos a expressão do que falamos, até de modo inconsciente. Não é por outro motivo que a psicanálise recorre, basicamente, ao que o paciente expressa em palavras, para desnudar-lhe a alma e o âmago.

         Da mesma forma, é possível desnudar algumas dessas lideranças políticas, que estão atualmente sob o foco e a luz das atenções, para entendermos o sujeito e o objeto de suas falas. Tomando apenas os dois principais personagens políticos do momento e de posse do que disseram publicamente nesses últimos meses, e que podem ser conferidos em gravações que navegam pelas mídias eletrônicas, teremos farto manancial de palavras que podem, muito bem, servir de material para uma análise que mostre quem é, de fato, que pode estar por trás de cada fala.

         O trabalho de compilar uma e outra fala do atual presidente e de seu opositor, que ambiciona lhe tomar o lugar, não é tarefa fácil, em virtude da verdadeira guerra de palavras que foi estabelecida e declarada, tanto no campo das eleições como anteriormente, na pré-campanha. Assim, estabelecendo Lula como sendo o número (1), e Bolsonaro como número (2), temos: (1) “ainda bem que a natureza criou o Coronavírus”; (2) “Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, e especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo”; (1) “Eu não vou enganar o povo mais uma vez”; (2) “O povo armado jamais será escravizado”; (1) “Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos, assaltando e sendo violentado pela polícia, só porque roubou um celular”; (2) “O sr. só promete, promete até picanha com cerveja, quando, da votação do Auxilio Brasil, seu partido votou contra a medida”.

         A lista de parlapatices é imensa e pode muito bem ser pesada, na balança do juízo, por qualquer um. O fato, como disse o próprio Lula, durante sua turnê na Europa, é que “Bolsonaro só pensa em destruir aquilo que destruímos.” Fossem aferidas, segundo padrões de peso, cada frase poderia, muito facilmente alcançar algumas toneladas.

         Jogadas contra os adversários poderiam provocar grandes estragos. Nessa batalha de palavras, a maioria, saída da boca sem antes passar pelo crivo do cérebro, os mais prejudicados são os cidadãos de bem, que têm sua família, que vão à Igreja, pagam seus impostos e sonham com um país onde seus filhos possam expressar, livremente, seus credos, sua educação, exatamente como faziam nossos antepassados, quando essas ameaças de destruição de valores eram vistas apenas em livros de ficção distópica e que, de tão assustadores e tenebrosos, eram lidos apenas por uma parcela de masoquistas e niilistas renitentes.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As palavras são gratuitas. É como você as usa que pode lhe custar caro.”

De KushandWizdom

Pela saúde

Ausente nos supermercados, a Vigilância Sanitária está perdendo os absurdos, principalmente, nas gôndolas de carne. No supermercado Dia a Dia do Novo Gama, as prateleiras do produto exalam o odor putrefato de longe. Pelo DF, a Vigilância também encontraria bastante trabalho.

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

 

Muito cuidado

Por falar em vigilância, com acesso aos limites de crédito dos clientes bancários, empresas que já tiveram busca e apreensão da polícia, continuam trabalhando com aposentados na mira. Mudam o nome e não se intimidam. Oferecem crédito consignado. Uma verdadeira armadilha. Marcam reunião, recebem a visita de consultores, tomam até cafezinho na própria empresa. O primeiro contato é feito por telefone. Quando o assunto for seu dinheiro, trate com o seu gerente.

 

Lado bom

Amor à primeira vista. Carlos Moisés e Antônia Souza Araújo. Esses são os nomes certos do casal que se conheceu no Varjão, enquanto votavam há 4 anos, e voltou, neste ano, para votar na mesma seção, já com aliança no dedo.

Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

 

História de Brasília

Já que o assunto é fiscalização, aqui está uma: as casas da Caixa Econômica, na W-3, estão abolindo dependências de empregadas, para alugar a escritórios e oficinas. E o pior. Já estão colocando basculantes nas paredes externas, não se sabe com ordem de quem. (Publicada em 13.03.1962)

Estratégia das tesouras

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Cahrge: oestenewsorg.wordpress.com

 

Ou a gente acaba com os ratos, ou os ratos acabam com o Brasil. Com essa frase, copiada de Monteiro Lobato, o marqueteiro político Duda Mendonça pregava a necessidade de voto no candidato Lula e no Partido dos Trabalhadores para acabar com a praga da corrupção que vinha destruindo o país, desde a chegada de Cabral por essas bandas. Substituindo as saúvas de Lobato pelos ratos políticos, a propaganda de Duda mostrava uma ninhada desses roedores devorando ferozmente a bandeira nacional, que, depois de estraçalhada, ainda era arrastada para dentro da toca. O ano era 2002 e a peça de propaganda levou muita gente a acreditar que, finalmente, o Brasil iria se livrar da peste secular, dando início a um novo ciclo de nossa história.

A peça publicitária era endereçada ao governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC, 1995-2002), atacado, naquela ocasião, pelos petistas e pelo próprio Lula com a mesma ferocidade com que os ratos se atiravam sobre a bandeira. Tratava-se, na realidade, de uma grande ingratidão cometida contra FHC, pois fora ele quem limpou as veredas e aplainou os caminhos que iriam permitir o acesso do PT ao poder. Sem Fernando Henrique Cardoso, dificilmente Lula teria chegado à presidência. Para conseguir essa façanha, o próprio FHC cuidou de obstar, o quanto pode, a candidatura natural de José Serra, do mesmo partido, e que vinha realizando um excelente serviço, tanto no ministério do Planejamento como frente à pasta da Saúde.

Pelo o que era apresentado pela imprensa naquela ocasião, FHC não media esforços para, ao mesmo tempo, dificultar a candidatura de um correligionário e abrir espaços para a chegada de Lula ao Palácio do Planalto. Essa manobra talvez tenha representado um dos primeiros movimentos da chamada “Teoria ou Estratégia das Tesouras “, na qual tanto o PSDB de FHC como o PT de Lula apresentavam, em público, discórdias e brigas, todas elas ensaiadas, e, nos bastidores, juntavam suas forças e estratégias com a única finalidade de trazer as esquerdas e todo o seu ideário para dentro do poder no Brasil, de modo permanente e indiscutível. Para os brasileiros que assistiam, de fora, essa peleja teatral, parecia haver um rivalidade política de fato entre as duas legendas. O fato é que, de 1995 até 2022, essa estratégia funcionou de maneira perfeita para as duas legendas e para seus principais caciques.

Com a adesão pública de Geraldo Alckimin, colocando-se como vice na chapa de Lula, todo esse trabalho cênico, bem elaborado e que, por anos, enganava os eleitores, desmoronaria na frente de todos, mostrando, de forma crua e até pouco decente, como agem os protagonistas da esquerda brasileira, sempre dentro da máxima: “Os fins justificam os meios”. Nesse jogo viciado de cara e coroa, a moeda sem lastro das esquerdas foi perdendo seu valor de face, quando uma sequência infinita de escândalos de corrupção foram vindo à tona. Infelizmente, a enorme relação desses escândalos e seus efeitos maléficos para a nação, durante todos os 15 anos de governo petista, não tiveram o condão de acender, junto à parcela da população e, principalmente, junto às elites políticas, o alerta necessário para dar outros rumos ao país, já que esses que aí estão transformam o filme publicitário de Duda Mendonça de uma peça ficcional em um documentário realista e de mau agouro.