Orgulho nacional

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Foto: Divulgação

 

         Com o tempo, a Embrapa ganhou respeito no país e no exterior, sendo seu modelo copiado em diversos outros lugares pelo mundo. Alguns exemplos de inovações desenvolvidas pela Embrapa podem ser conferidas, como a soja tropical resistente a pragas. Ao longo de todo esse tempo, foram sendo introduzidas também, entre os produtores, a noção e a importância da sustentabilidade ambiental e social como modelos para tornar a produção de alimentos compatível com o meio ambiente.

         A Embrapa desenvolveu variedades de soja adaptadas ao clima tropical brasileiro e resistentes a pragas como a lagarta-da-soja, o que aumentou, significativamente, a produtividade e a sustentabilidade das lavouras de soja no país. Milho resistente a insetos: A Embrapa desenvolveu variedades de milho transgênico resistentes a insetos, como a lagarta-do-cartucho, o que reduziu a necessidade de aplicação de pesticidas e melhorou a produtividade das lavouras de milho. Feijão de alta produtividade: A Embrapa desenvolveu variedades de feijão mais produtivas e resistentes a doenças, o que possibilitou o aumento da produção e a melhoria da segurança alimentar em regiões de cultivo desse importante alimento na dieta brasileira. Cultivares de frutas: A Embrapa desenvolveu diversas cultivares de frutas, como a uva BRS Vitória e a maçã BRS Gala, que apresentam características melhoradas de sabor, aparência e resistência a doenças, contribuindo para a expansão e diversificação da fruticultura brasileira. Manejo integrado de pragas e doenças: A Embrapa desenvolveu técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, que visam reduzir o uso de agrotóxicos e promover o controle biológico de pragas, tornando a produção agrícola mais sustentável e ambientalmente amigável. Sistemas agroflorestais: A Embrapa tem trabalhado na promoção de sistemas agroflorestais, que integram a produção agrícola com o cultivo de árvores, proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais, como a conservação do solo, a proteção de recursos hídricos e a diversificação da produção. Biotecnologia aplicada à pecuária: A Embrapa desenvolveu técnicas de melhoramento genético para a pecuária, como a seleção de animais resistentes a doenças, aprimorando a produtividade e a qualidade dos rebanhos brasileiros.

          A despeito de todo esse sucesso e da importância estratégica que tem para o nosso país, a Embrapa vem, nesses últimos, anos atravessando um período de crise sem precedente, que vai desde o clientelismo político aos obstáculos para desenvolver suas atividades, e tem levado essa empresa e seus técnicos e pesquisadores a um estado de total frustração e desânimo.

         De fato, após esses mais de 50 anos de êxitos, a empresa vem perdendo sua capacidade de resposta diante dos novos cenários da agricultura nacional e mundial. A pressão política obrigou a Embrapa a criar dezenas de centros de pesquisas que passaram a atuar de forma não integrada, gerando sobreposição de pesquisas, criando infraestruturas ociosas e, consequentemente, um elevadíssimo custo de manutenção. A cada governo que chega, criam-se mais e mais programas, centros de pesquisas e outros aparatos que vão se acumulando e gerando despesas.

         É necessário, na visão daqueles que entendem o trabalho desse centro de pesquisa, implementar uma forte descentralização na estrutura de governança, desburocratização nos processos decisórios e atenção aos recursos humanos da empresa. Existe ainda uma crise financeira, com as polêmicas contratações que colocam a Embrapa numa posição de risco como líder em pesquisa agrícola tropical.

         Em 2024, a empresa encerrou o ano com um déficit superior a R$ 200 milhões, o que colocou em risco a capacidade da Embrapa conduzir pesquisas futuras. Também a falta de fundos para despesas gerais tem colocado, em xeque, o futuro da pesquisa agropecuária em nosso país. É preciso entender que as mudanças climáticas irão exigir ainda mais das pesquisas na área de produção de alimentos. Não se pode aceitar que uma empresa dessa importância vital passe agora por constrangimentos de não possuir em caixa dinheiro sequer para pagar contas de luz, água, telefone, internet, segurança e restaurante. Tudo isso sem falar em pesquisas, que levam anos de estudo e custam muito dinheiro.

 

A frase que foi pronunciada:

“Decidi ser cientista, estudar microbiologia, algo incomum para uma criança do sexo feminino nascida no final da década de 1950, na pequena cidade onde eu morava”.

Mariângela Hungria

 

História de Brasília

Hoje, os senhores  passarão a ser procurados  por uma comissao de pais dos alunos da escola classe da superquadra 108. Receba bem a comissão. Ela está incumbida de angariar fundos para a merenda escolar. (Publicada em 27.04.1962)

Campanha da Fraternidade

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Como vem ocorrendo desde 1961, quando os padres da Cáritas no Brasil idealizaram a Campanha da Fraternidade, com o objetivo de levantar recursos para financiar a assistência aos mais pobres, este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu como tema da campanha “Fraternidade e Ecologia Integral”, seguido do lema bíblico “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

De acordo com os organizadores, a campanha de 2025 busca conscientizar e promover a importância da fraternidade e da ecologia integral na construção de um mundo mais justo e sustentável. Além disso, a CNBB espera mobilizar a sociedade na reflexão sobre a crise ambiental e a necessidade de um compromisso coletivo com a sustentabilidade e a justiça social. Para os bispos reunidos nessa entidade, é preciso cuidar da nossa casa comum, promovendo a justiça socioambiental em busca de uma verdadeira conversão ecológica. Na avaliação desses clérigos, é preciso ouvir o “grito dos povos e da Terra”.

No cartaz que anuncia a Campanha da Fraternidade de 2025, aparece um São Francisco, o santo tornado pela Igreja Católica, o padroeiro da ecologia. Na imagem, vê-se o santo de braços abertos, tendo ao fundo recortes de uma favela contrapondo-se a enormes edifícios de moradias, mostrando a profunda desigualdade social e econômica ainda reinante em nosso país. “Novamente, Deus nos chama a vivenciar a Quaresma. Desta vez, porém, com o apelo especial a louvá-lo pela beleza da criação, a fazer um caminho decidido de conversão ecológica e a vivenciar a ecologia integral”, reafirmam os bispos, lembrando que este ano é especial porque são celebrados, além dos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas, composto por São Francisco, os 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si, pela Exortação Apostólica Laudate Deum, pelos 10 anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (Repam) e pela realização da COP30 em Belém (PA).

Os bispos lembram que, desde 1961, a questão da ecologia vem sendo tratada como tema central. É certo que a Campanha da Fraternidade pode ser citada como sendo um dos rebentos advindos da Teologia da Libertação (TL), que, no início dos anos 1960, se irradiou por toda a América Latina e por alguns países pelo mundo. A própria linguagem dessa campanha, ao longo de todos esses anos, muito se assemelha na sua abordagem com a filosofia pregada pela TL.

Isso ocorre porque, talvez, a Igreja Católica ou parte dela nunca tenha se separado totalmente da TL. Apenas por ocasião do papado de João Paulo II (1978-2005), graças à atuação do então cardeal Joseph Ratzinger à frente da Congregação para a Doutrina da fé, a TL se viu encurralada na estreita passagem que separa o que é da Igreja do que é do marxismo. A partir desse julgamento, houve um certo declínio da TL nos anos posteriores, sendo esse rompimento suavizado agora com o papa Francisco, que tem sido mais reconciliador com os temas abordados por essa pregação.

Essa reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, que busca trazer a práxis política marxista para dentro da Igreja, tem sido mais duramente criticada hoje por dar ênfase exclusiva ao pecado institucionalizado, coletivo, desvalorizando o magistério (catecismo), além de incentivar a luta de classe. É por essa e outras razões que tem sido comum ouvir de padres, em suas homilias, críticas tanto à atuação da CNBB quanto em relação à temática anunciada nas campanhas da Fraternidade.

Existe, sim, uma diferença entre o que a Igreja prega e a Teologia da Libertação defende — ou seja, a ideia de que a Igreja, assim como o próprio Estado, deve superar seus atuais modelos estruturais, acabando, por exemplo, com o clericalismo e outros comportamentos distantes da realidade das populações mais pobres. A TL quer, em outras palavras, trazer o céu para a Terra. Para muitos conservadores, esse comportamento favoreceu a debandada dos fiéis para outros credos.

De fato, a Igreja não tem o dom e o poder de mudar as estruturas injustas do mundo secular. Mas pode mudar o coração dos homens, mostrando-lhes o caminho do espírito e da luz. Jesus, ao contrário do que muitos pregam, não era um ideólogo ou líder político. O Evangelho mostra um outro caminho, que não é deste mundo ou de outros mundos desenhados pelo materialismo humano.

 

A frase que foi pronunciada:

“Com caridade, o pobre é rico; sem caridade, o rico é pobre.”
Santo Agostinho

Foto Ilustrativa: Philippe de Champaigne

 

Toque
Incrível como tanto os setores hospitalar norte e sul, quanto o setor hoteleiro, não têm calçadas suficientes para que o pedestre possa fazer seu trajeto com segurança. Em setores estratégicos como esses, faltou sensibilidade.

 

Semear
Regina Lopes, que mora na 707 Sul, observa que os pequenos tratores que cortam as gramas da área carregam, na pá, parte de cupinzeiros atingidos pela lâmina. O resultado é que o gramado ao longo das quadras está semeado desses insetos indesejados.

 

História de Brasília

O meio-fio da Epia está sendo feito com montes de terra na pista sem nenhum aviso. À noite constitui um perigo para o trânsito. (Publicada em 27/4/1962)

A cama ou a cova

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Ilustração: brasilparalelo.com

 

Segundo relatórios elaborados pelas Nações Unidas, a população mundial deverá atingir, ainda este ano, 8,2 bilhões, sendo que, nas próximas duas décadas, esse número atingirá a marca de 10,3 bilhões de pessoas. O que é certo nesses números é que é praticamente impossível calcular, com uma exatidão científica, o número de pessoas vivendo hoje no planeta. De toda a forma, o crescimento populacional no mundo já adentrou para um patamar de extrema preocupação.

As previsões, do lado dos cientistas, são as mais pessimistas possíveis. A estatística, um ramo respeitado da matemática e que é levado a sério por muitos países na hora de programar e organizar as economias, adianta que o futuro imediato reserva enormes desafios aos governos e aos próprios habitantes da Terra. O dilema é deixar livre, por questões éticas, o nascimento de crianças pelo mundo e enfrentar adiante o problema na escassez de recursos naturais, ou partir para um programa de redução populacional de forma preventiva, evitando, assim, modelos reativos, em que as providências poderão ser coercitivas.

A China e a Índia conhecem esse problema de perto e sabem como é difícil administrar seus países com um número tão alto de habitantes. O Brasil, cujo índice de crescimento populacional gira em torno de 0,41% ao ano, e onde a economia patina ano após anos, não pode, de maneira alguma, fazer cara de paisagem sobre essa realidade que avança de modo exponencial pelo planeta. Caso não enfrente o problema de forma séria com competência, correrá o risco de ter que aceitar levas e mais levas de imigrantes de outras partes do planeta, somando, a seus diversos problemas internos, outros elementos ainda mais perigosos.

Ocorre que nosso país só poderá se debruçar sobre questões como essa quando, internamente, os elementos responsáveis pelos embates políticos tiverem sido sanados. Somente países que resolveram questões básicas de desentendimentos políticos estão aptos a encarar o maior desafio hoje, que é colocado diante da humanidade. Entre nós, questões dessa natureza passam ao largo, pois ainda nos vemos atolados no be a bá dos grandes problemas mundiais. O que parece necessário para encarar essa e outras questões globais urgentes é que se estabeleça, no comando do país, indivíduos dotados daquela que é a maior qualidade de um governante: o dom da conciliação e do estabelecimento natural de pontes de entendimento entre todos os brasileiros.

Enquanto nos engalfinhamos em rusgas interesseiras de natureza ideológica, o mundo vai explodindo a nossa volta. Talvez, quando resolvermos nossas pendengas internas, o mundo que conhecemos já não exista mais e nada mais fará sentido. Há, de fato, uma estreita ligação entre política e questões prementes como o da superpopulação. Observem que, na relação dos 10 países mais populosos do planeta, o Brasil aparece na 7ª posição. Nesse campo, os desafios globais são imensos e, por isso mesmo, necessitam de soluções em conjunto, que abordem também questões de sustentabilidade.

O físico Heinz von Foerster, nascido em 1911, previu, em seus cálculos complexos, que o ano de 2026 seria de grande aflição para a humanidade. Também o matemático Thomas Malthus (1766-1834), lembrado hoje como o pai da demografia, previu, estatisticamente, que o aumento populacional geométrico não acompanharia o crescimento da produção de alimentos, o que resultaria, num dado momento, em crises de fome. Hoje em dia, os chamados neomalthusianos defendem o uso de métodos contraceptivos em massa, sobretudo nos países subdesenvolvidos como maneira de controlar o crescimento da população e de combate à pobreza. Existe ainda um estudo elaborado por Antoni van Leeuwenhoek, inventor do microscópio, em 1679, que previa o limite de população que o Planeta Terra poderia sustentar: seria de 13,4 bilhões de habitantes.

Para os que ainda não compreendem questões dessa natureza e torcem o nariz para estimativas, sobretudo as mais pessimistas, é preciso lembrar que o futuro é feito de pequenos pedaços do cotidiano atual. Se juntarmos as más perspectivas para o futuro com as ações de depredação do meio ambiente, com fenômenos como o aquecimento global, que já chegaram até nós, é melhor começar logo a preparar a cama… Ou a cova.

 

A frase que foi pronunciada:

“O maior desenvolvimento na biologia reprodutiva é a pílula anticoncepcional. Ninguém nunca fala sobre isso, mas olhe para as consequências: demografia; envelhecimento da população; a população em declínio da Europa, Japão; imigração. É incrível.”

Gregório Stock

Gráfico: portaldoenvelhecimento.com

 

História de Brasília

O empreiteiro que está plantando grama na 105 está sendo sabotado. Agora, recebeu ordens para parar o serviço por falta de irrigação. Isto representará um prejuízo, porque haverá dispensa de pessoal, e, depois, um novo fichamento irá provocar mais demora. (Publicada em 27.04.1962)

Uma rosa ainda com muitos espinhos

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Arte: Débora Islas/CLAUDIA

 

Dados fornecidos pelo Núcleo da Violência da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicam que, a cada duas horas, aproximadamente, uma mulher é morta de forma violenta em nosso país. No mapa mundial, esse número passa para uma mulher morta a cada 10 minutos, segundo a UNWoman. O grau de violência que tem, nas mulheres, de todas as idades e das mais variadas camadas sociais, seu principal alvo, demonstra, de forma cabal, que existe em nossa população uma patologia e uma anomalia de tal proporção que não seria exagerado considerar que a sociedade brasileira parece rumar para sua própria desintegração.

Observem que esse é um dado verídico que apresenta apenas aqueles casos que culminaram com a morte, de forma absolutamente criminosa, de mulheres. Se formos levar em conta também as denúncias feitas formalmente por mulheres que foram vítimas de violência doméstica, de ameaças e de assédios sexuais, de estupros e mesmo assédios morais praticados nos locais de trabalho, os registros não deixariam dúvidas de que ser mulher nesse país é uma missão que envolve altíssimos riscos.

O que mais chama a atenção nesses dados é que esse tipo de crime vem aumentando a uma taxa de quase 10% ao ano, isso, de acordo apenas com as estatísticas oficiais. Ocorre que esse tipo de violência, quando praticada por pessoa da família, não chega, sequer, a ser denunciada às autoridades. Daí que muitos acreditam que os dados reais, relativos às práticas de violência contra as brasileiras, são estarrecedores. De tão recorrentes e bárbaros, foi preciso o estabelecimento de um novo tipo de crime, no caso, o feminicídio, como forma de conter essa escalada de violência.

Infelizmente, a criação de delegacias especiais para o atendimento de mulheres e mesmo o advento de Leis como a Maria da Penha e a inclusão do feminicídio como crime hediondo, com endurecimento severo nas penas, não tiveram o condão de abrandar os registros de violência praticada contra as mulheres no Brasil.

Além da violência física e moral, as mulheres são vítimas também de uma outra forma de crime, aceita por muitos como fatos de menor importância, mas que demonstra um certo comportamento misógino enraizado em nossa cultura a séculos. As discriminações no ambiente de trabalho, com as diferenças salarias entre homens e mulheres e as oportunidades diferentes de crescimento dentro da profissão, evidenciam essas injustiças, mesmo em pleno século XXI.

Um outro caso de flagrante discriminação contra as mulheres ocorre durante todas as eleições. Para burlar a lei eleitoral que obriga uma cota mínima de 30% de mulheres na lista de candidatos ao Legislativo, muitos partidos passaram a adotar a estratégia de candidaturas do tipo laranja, na qual mulheres são inscritas, não realizam campanhas e devolvem o dinheiro do fundo eleitoral e partidário diretamente para os caciques desses partidos, que dão a destinação que bem querem a esses recursos públicos. Com isso, a representação feminina no Congresso e nas Assembleias Legislativas permanecem desiguais, em torno de 30%, isso para um país onde, em cada dez habitantes, 5 são do sexo feminino.

Esse fato não é apenas um desrespeito e um crime praticado contra as mulheres, mas um grave delito contra a própria democracia representativa e o futuro do país.

 

A frase que foi pronunciada:

“Leolinda, Bertha e Almerinda pavimentaram o caminho pra que Celina Guimarães, a primeira eleitora; Eunice Michiles, a primeira senadora; Alzira Soriano, a primeira prefeita; e tantas outras que vieram depois participassem efetivamente da política brasileira. Cada movimento delas foi essencial pra que o direito ao voto se tornasse uma realidade na política do país.”

Do Instagran TSEJUS

Ilustração: reprodução da internet

 

Decepção

Satisfeita com a visita de familiares que moram por toda parte do mundo, Gisele Alvarenga resolveu ciceronear os genros e noras para conhecer Brasília. Começou pelo Palácio da Alvorada, onde todos podiam chegar perto do vasto gramado, ver as aves criadas por ali. Não é mais assim. Tudo impossível de se aproximar. Até a Catedral estava fechada. Itamaraty nem pensar. Torre digital? Viagem perdida. Apesar do aumento de turistas, a capital da República não tem sido uma boa anfitriã.

Torre de TV. Foto: Roberto Castro/Mtur

História de Brasília

As chuvas desta madrugada danificaram , em parte, o jardim do trevo da Igrejinha. A tela colocada sôbre a grama, entretanto, evitou maior desastre. (Publicada em 27.04.1962)

Só as imagens em 3D podem convencer

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Em documento enviado pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) ao governo distrital, as procuradoras Camila Costa Britto, Polyanna Silvares de Moraes, Liz Elaine de Silvério, Adalgiza Maria Aguiar e Hiza Maria Silva recomendaram que os serviços públicos de saúde, oferecidos pela rede local, assegurem, de forma imediata, a interrupção da gravidez para gestantes com mais de cinco meses de gravidez ou além da 22ª semana de gestação. Com isso, a prática de aborto passa a ganhar um suporte legal, mesmo que a gestante já esteja no fim da gravidez. Observem que, a partir do 5º mês, o bebê já está formado, podendo sobreviver com cuidados médicos fora da barriga.

A ação do MPDFT contraria frontalmente o que recomenda o próprio Conselho Federal de Medicina (CFM) a partir da 22ª semana. Além disso, o CFM alerta para o uso cruel do método usado nesses procedimentos de aborto. Trata-se, nesse caso, da chamada assistolia fetal, que consiste na aplicação de uma injeção de cloreto de potássio diretamente no coração do bebê. Por esse método, extremamente doloroso, o coração entra em colapso e para imediatamente. Esse protocolo, por suas consequências desumanas, não é recomendado, nem mesmo para procedimentos de eutanásia em animais. Por essa recomendação, o aborto legal deve ficar garantido a todas as mulheres que engravidaram em decorrência de um estupro. As promotoras pedem ainda que o GDF apure as razões que levaram a descontinuidade do serviço de aborto e que adote todas as medidas para a apuração criminal dos agentes que tenham criado entraves à execução do programa, dificultando ou impedindo os procedimentos de aborto.

Pode parecer uma contradição, mas as referidas procuradoras integram o Núcleo de Direitos Humanos do MP. Nesse documento, que é um recomendação explícita para a execução de nascituros até o nono mês de gestação, as promotoras citam o direito à dignidade humana e dizem seguir orientação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde. Ao que parece, o documento do MPDFT está desconsiderando o que estabelece o Ministério da Saúde, contrário ao aborto de bebês já formados. Também o CFM ressalta que a assistolia fetal é desnecessária, já que, a partir de cinco meses, o bebê já pode sobreviver fora do útero, e a mulher terá que se submeter também ao parto.

Essa ação do MPDFT vem em decorrência de uma decisão do onipresente ministro Alexandre de Moraes, assegurando a realização de abortos em gestações com mais de cinco meses por meio de assistolia. Na ocasião, o ministro não só suspendeu a resolução do CFM, que vetava tal procedimento, como proibiu também que a direção dos hospitais fornecesse, ao Conselho, dados de prontuários médicos desses casos. Um outro problema aqui é que o aborto é considerado crime pelo Código Penal Brasileiro e a Carta Magna dita o Direito à Vida.

É preciso lembrar ainda que essas medidas vêm em decorrência de ações impetradas junto ao Supremo pelo PSOL, que não esconde que ignora os riscos para as mulheres submetidas à prática do aborto em qualquer tempo e à qualquer custo. Esse partido não se limitou a pressionar as autoridades para a execução do aborto, como chegou ao cúmulo de recomendar o uso de um medicamento, no caso do misoprostrol, para a realização de abortos. Esse medicamento, segundo os pesquisadores, pode expor o feto a reações adversas e gerar malformações congênitas. Finalmente, observem que todo esse movimento em prol do aborto a qualquer custo parte dos partidos de esquerda. Os mesmos que asseguram que o amor está de volta. Com o script pronto, quem é a favor desse absurdo resume: “Abortar não é obrigatório, é opcional.” Basta assistir as imagens em 3D gravadas durante um aborto para nunca mais querer acabar com a vida de indefesos inocentes.

 

A frase que foi pronunciada:

“O aborto legal promove a cultura onde a vida passa a ser descartável.”

Papa Francisco

Foto: santuariodefatima.org.br

 

Turismo

Uma decepção completa passear por Brasília com turistas. Torre digital fechada, restaurante da Torre de TV fechado e por aí vai. Brasília comemora o aumento dos turistas na cidade. Resta saber o que eles pensam.

Foto: Guilherme Lobão

 

História de Brasília

As chuvas desta madrugada danificaram , em parte, o jardim do trevo da Igrejinha. A tela colocada sôbre a grama, entretanto, evitou maior desastre. (Publicada em 27.04.1962)

Inferno na terra

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Print de trecho da transmissão ao Vivo durante a Quaresma

 

Não é de hoje que as relações entre política e religião andam de mãos dadas, para o contentamento de uns e contrariedade de muitos.  Em todo o tempo e lugar sempre houve uma certa confluência entre o pensamento religioso e as ideologias políticas de plantão. Mesmo no campo da práxis, existem aqueles que chegam a apontar a religião como um braço de certos credos políticos. No entanto, essa questão passa a ganhar um ponto final quando se estabelece que para a religião importa a fé e o mundo do espírito. Na política a fé se transforma em fanatismo do tipo puramente materialista e utilitarista.

Há aqueles que acreditam que a prática da boa política, isto é, a política que se interessa pelo bem comum e que tem o próximo e suas necessidades como meta, é também uma forma humanizada de religião. Para os puristas, a religião é a política de Deus, ou seja, aquela expressada em seus ensinamentos. O que é de Cézar, é de Cézar. O que é de Deus é de Deus. Jesus, quando num ato de firmeza, expulsou os vendilhões do Templo, de uma certa forma teria expulsado também, todos que ali estavam movidos por outros propósitos.

De uma forma geral não se pode negar certas e enganosas semelhanças entre a pregação política e a pregação religiosa. Sobretudo quando candidatos a cargos eletivos se colocam como merecedores dessa posição por vontade divina. Mesmo antes do aparecimento da Teologia da Libertação, na década de 1960, já havia em outras épocas, aproximações entre o mundo secular e o mundo espiritual e eclesiástico. Houve tempo em que a religião forçou a práxis política a seguir os dogmas religiosos. Ainda hoje é assim nas chamada teocracias, como é o caso do Irã, da Arábia e outros países do Oriente. Houve e ainda existe pelo mundo, religiões que são submetidas obrigatoriamente aos dogmas políticos, ou simplesmente banidas para longe, como é o caso da Nicarágua e outros países.

Pode-se também jogar um balde de água fria sobre todo esse tema, dizendo que tanto a política como as religiões são criações humanas e, portanto, exprimem desejos humanos. Há também aqueles que confundem e enxergam semelhanças entre santos e mártires com líderes políticos. Para os socialistas, Marx seria uma espécie de santo. Da mesma forma há os que vêm em líderes como Padre Cícero ou Antônio Conselheiro, mistos entre santos e políticos.

Nos países da América Latina, o advento da Teologia da Libertação foi capaz de balançar os pilares da Igreja Católica, pois, ao pregar a combinação entre fé cristã e luta pela justiça social e libertação dos oprimidos, forçaria, de certa maneira, a Igreja de Roma a rever seus caminhos, orientando sua pregação para a realidade vivida pelos povos, sobretudo os mais pobres.

Na realidade, não há como dissociar completamente a prática política dos ensinamentos do cristianismo, pois a melhora nos Índices de Desenvolvimento Humano é também uma missão que segue o que aconselham os evangelhos. Não se pode negar também que, em países comandados com mãos de ferro, os religiosos formam o primeiro grupo a ser perseguido. Estudiosos da história das religiões são unânimes na crença de que, mesmo num futuro distante, religião e política ainda encontrarão pontos de convergência, pois o dia em que uma desaparecer do horizonte humano, a outra seguirá o mesmo destino. Mas o fato que chama a atenção nesse momento para o embate entre religião e política, mostrando que ambas ainda permanecem no mesmo ringue de disputas, vem agora do interior de São Paulo por ocasião da live da Quaresma em preparação para a Páscoa, comandada pelo Frei Gilson e que tem reunido, nas madrugadas, mais de 1 milhão de fiéis por todo o país (isso, considerando apenas os números da transmissão pelo seu canal Frei Gilson/Som do Monte, no Youtube; o rosário da madruga também é transmitido pelos seus canais oficiais no Instagram e na rede X, e pela TV Canção Nova, lembrando ainda que, facilmente, mais de uma pessoa pode estar usando o mesmo aparelho, se formos pensar nas orações em família).

Surgida durante a pandemia essas transmissões ao vivo, têm provocado acaloradas discussões tanto no mundo cristão como o mundo político. Para os ateus, trata-se um sacerdote anticomunista, pois prega, “contra tudo aquilo que historicamente os comunistas sempre lutaram”. Em tempos de incertezas, como agora, a defesa da família, das tradições, da religião, da vida e da propriedade ganharam uma espécie de maldição na boca dessa gente. O Frei ao afirmar em uma das suas pregações que os erros da Rússia não venham se repetir em nosso país, conquistou nas redes sociais um séquito de seguidores e de detratores. A coisa toda ganhou uma dimensão que nem mesmo o Frei e seus opositores esperavam. Pudera, nas redes sociais os números são contados aos milhões. Frases como : “livra-nos Deus do flagelo do comunismo”, acendem o rastilho de pólvora. Obviamente não para aqueles que experimentaram na pele o tal flagelo e suas consequências.

Os embates entre esquerda e direita ganharam um novo combustível. Em outras afirmações do tipo: “Para curar a solidão do homem, Deus fez a mulher”, despertou também a ira de um outro puxadinho da esquerda, representado pelas feministas e grupos homoafetivos. Não tardou para que as esquerdas o vinculassem ao grupo bolsonarista. Nada mais falso. Nas redes sociais os xingamentos só são ofuscados pelos dizeres de apoio. O fato é que a cada ataque, mais e mais aumentam os seguidores de Frei Gilson. Não é apenas um milagre, mas a certeza de que muitos vivos sabem que um outro nome para o inferno na terra é comunismo.

 

A frase que foi pronunciada: 

“O problema com o comunismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

História de Brasília

O empreiteiro que está plantando grama na 105 está sendo sabotado. Agora, recebeu ordens para parar o serviço por falta de irrigação. Isto representará um prejuízo, porque haverá dispensa de pessoal, e, depois, um novo fichamento irá provocar mais demora. (Publicada em 27.04.1962)

A privatização das ruas

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Foto: Mariana Lins

 

Um dos requisitos principais para uma capital que tem a responsabilidade em hospedar, em seu território, todas as representações diplomáticas do globo, onde estão situadas também as sedes do governo federal, além das dos poderes Legislativo e Judiciário, é que essa capital possua uma excelente força de segurança, capaz de fazer frente a quaisquer situações que coloquem em risco essa atribuição.

Pelo que se sabe, a questão da segurança deve ser sempre vista pelo lado da prevenção. É com prevenção e vigilância que se pode fazer uma segurança eficaz. Tendo essa premissa como balizadora da questão, o que se pode notar, logo de saída, é que, com exceção da Península dos Ministros, no Lago Sul, e de pouquíssimas outras áreas dentro do Distrito Federal, como a Residência do Governador, o Palácio do Alvorada e do Jaburu, o restante da cidade se encontra entregue à própria sorte, à espera de algum acontecimento ruim, que, cedo ou tarde, poderá ocorrer.

É sabido também que Brasília, mesmo contrariando o parecer de inúmeros experts no assunto segurança, passou a ser sede de um presídio de segurança máxima que tem albergado boa parte dos mais perigosos líderes de facções criminosas do país. A transferência desses líderes para as proximidades da capital trouxe uma significativa leva de outros criminosos que passaram a residir nas áreas do entorno, onde comandam o banditismo local. Além disso, é praticamente impossível a um cidadão circular com segurança em todas as áreas do Plano Piloto, principalmente à noite.

Não é segredo para ninguém que, não somente a área tombada, mas todo o Plano Piloto o Plano Piloto hospeda hoje uma multidão de pessoas em situação de rua, e alguns passam o dia e a noite toda dando trabalho e intimidando abertamente os moradores. A polícia conhece essa realidade e pouco faz ou pode fazer contra essa situação. Os assaltos, furtos e roubos tornaram-se uma rotina. O consumo de drogas se espalhou por toda a área central da cidade. Os lojistas sofrem com a falta de segurança. As ligações pedindo socorro entopem as centrais de telefonia da polícia. O atendimento às muitas chamadas é feito de maneira seletiva, por falta de pessoal ou de combustível. A noite não se vê um policiamento sequer.

O fato é que, a poucos metros da Praça dos Três Poderes, um outro poder vai ganhando força. O poder do crime tem mostrado sua face bem no coração da cidade, que é a Rodoviária. A segurança da capital, que deveria ser uma obrigação primordial dos governos distrital e federal, parece aquém de suas responsabilidades.

O certo seria que o governo local cuidasse o mais rapidamente possível de cadastrar cada uma dessas pessoas em situação de rua com fotos e impressão digital, como é exigido hoje de qualquer cidadão. É preciso que o GDF e o governo federal conheçam quem são esses indivíduos que lotam os espaços públicos. Também é preciso confeccionar documentos para cada um deles, saber suas origens, seus problemas de saúde. Enfim, ter em mãos um registro oficial dessa população de modo a garantir um mínimo de informações, dando aos moradores da cidade uma certeza de que as autoridades conhecem essa população, sabem por onde transitam, o que têm feito.

Entre esses moradores de rua, encontram-se indivíduos com débitos com a Justiça, dependentes químicos, pessoas com enfermidades sérias. A situação já escalou para um patamar de grande aflição, com a população achacada e com medo de sair às ruas. Nada, nem ninguém está seguro. Tudo o que é possível carregar é levado, desde vasos de plantas, fraldas, bicicletas ou o que quer que seja. Áreas, como as 700 da W3 Norte, vivem sob ameaças constantes. As quadras perto do parque Olhos d’Água têm os moradores em constante aflição.

Quando a madrugada chega, bebedeiras, drogas e arruaças são comuns. Latas de lixo são reviradas na rua, pichações e vandalismos são perpetrados sob o olhar de pavor dos habitantes locais. Quem mais sofre com essas hordas de vândalos à solta são os mais idosos e as crianças. As vias públicas de Brasília tornaram-se propriedades privadas desses indivíduos.

Aos pagadores dos mais altos impostos de taxas do planeta resta se esconder desses bandos. As autoridades fazem cara de paisagem para essa calamidade, pois, nesses tempos sombrios, não é politicamente correto incomodar pessoas em situação de rua mostrando a presença e a vigilância do Estado. Será?

 

A frase que foi pronunciada:
“A população que não pode andar tranquilamente nas ruas é a mesma que paga altos impostos para que os necessitados possam ter atendimento digno em educação e saúde. Mas eles não têm.”

Dona Dita

 

História de Brasília

A Novacap está limpando a Superquadra 306, para urbanizá-la o quanto antes. A seguir, o trabalho se estenderá à 305, desde que o IAPI entregue a área livre de construções. (Publicada em 27/4/1962)

Vida e morte da cidade

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Imagem: Esboço do Plano Piloto de Brasília — Foto: Arquivo Público do Distrito Federal/Fundo Novacap

 

Consequências são tudo o que vêm depois. Assim ensina a prudência. No caso do respeito às normas do planejamento urbano, essencial para a existência de uma metrópole dentro dos limites do bom senso, as consequências da má ingerência e da politização no trato das questões urbanas são o que pior pode acontecer para uma cidade. Até mesmo cidades que foram arrasadas por bombardeios, durante as guerras, possuem muito mais capacidade de se reerguerem do que aquelas que foram lentamente deturpadas por intervenções urbanas fora dos limites do planejamento urbano. Vejam o caso, por exemplo, das grandes capitais da Europa, praticamente postas abaixo pela I e II Grandes Guerras. Com o fim dos conflitos, a quase totalidade delas foi sendo reconstruída com o mesmo esplendor do passado. O motivo: o respeito pelo passado e uma estrita observação dos parâmetros do urbanismo.
Ao observar fotos antigas das cidades de São Paulo ou do Rio de Janeiro, das décadas 40 ou anterior, a primeira coisa que chama a atenção nessas imagens é que tudo parece estar no seu devido lugar. As ruas estão limpas, as calçadas são largas, o trânsito flui com ordem, as pessoas parecem caminhar com tranquilidade e há toda uma ideia de harmonia e conjunto. Nos parques públicos, o paisagismo se mistura com monumentos e esculturas por todo o canto, ladeando jardins bem desenhados. Há chafarizes e pequenos lagos a enfeitar os ambientes e uma perfeita sincronia entre o bucólico e o espaço comercial e residencial. Os edifícios, formados por casarios que juntam a arquitetura neoclássica com o estilo colonial, estendem-se por ruas bem arborizadas, que convidam o público ao passeio e desfrute de um ambiente bem pensado.
No caso de Brasília, as fotos e imagens antigas do começo das décadas de sessenta e setenta mostram uma capital onde se podia observar, com exatidão, quais eram as  propostas do projeto urbano original para a cidade. Lúcio Costa, o idealizador desses espaços, conhecia bem as necessidades de uma cidade e sabia da importância em agregar espaços vazios e cheios, áreas verdes e áreas construídas. Dosando seu projeto de sons e silêncios, vitais para uma grande sinfonia arquitetural. Pena que, hoje em dia, muitos habitantes e administradores, que para cá vieram tardiamente, não tenham a clara percepção da importância, ou mesmo a sensibilidade, em manter as raízes do projeto original. A necessidade em preservar o original é para que Brasília não se transforme numa cópia mal feita das muitas metrópoles brasileiras.
As cidades, assim como as pessoas, possuem vida própria, mas precisam, antes de tudo, serem bem encaminhadas, para que não se percam nos descaminhos da vida. Infelizmente é isso que vem ocorrendo com a capital ao longo dos últimos anos. Depois da emancipação política de Brasília, num processo em que se visava apenas a criação de uma instância política e burocrática, para atender parte de uma elite de forasteiros local, a capital passou a sofrer um processo desordenado de crescimento, com ocupação irregular de imensas áreas públicas, com a criação de enormes bairros, na maioria sem qualquer planejamento ou previsão, levando a cidade a um inchaço populacional, sobrecarregando toda a infraestrutura existente e criando os mesmos problemas já presentes em outras cidades brasileiras.
Desde o início, essa coluna se posicionou contra as interferências políticas e ocasionais ao projeto original da capital, pois já previa que a cidade, desejada e cobiçada pelos políticos, distanciava-se milhões de léguas daquilo que pretendiam seus idealizadores originais e mesmo pela parcela dos candangos que para aqui se transferiram nos anos sessenta. A descaraterização da cidade é hoje um fato que vai sendo materializado aos poucos, bem debaixo de nossos olhos. Hoje, as centenas de barracos de lata, instaladas em todo o Plano Piloto, inclusive nas paradas de ônibus, ao longo das Avenidas W3 Sul e Norte, mostram que o processo de envelhecimento precoce da capital já foi iniciado. A ocupação, cada vez mais atrevida, dos carros sobre as áreas verdes, com a criação de estacionamentos irregulares, também vai se fazendo lentamente, prejudicando os espaços bucólicos que são de todos.
Não se iludam: essas pequenas e, aparentemente, inocentes, descaracterizações da cidade, marcam um prenúncio da decadência geral que virá a seguir e que, em pouco tempo, decretará a morte dessa senhora de pouco mais de 60 anos, por falência múltipla dos órgãos. Quando isso acontecer, nenhum dos personagens que colaboraram, direta ou indiretamente, para esse acontecimento virá se sentar no banco dos réus.
A frase que foi pronunciada: 
“Deus está nos detalhes.”
Ludwig Mies Van Der Rohe
Ludwig Mies van der Rohe. Foto: archeyes.com
História de Brasilia 
É que os deputados não se negam a assinar, e , enquanto isso os funcionários vão pedindo para ser requisitados. Uma boa medida seria o comissionamento sem vencimentos para receber na repartição que passa a servir. (Publicada em 27.04.1962)

Plantar árvores

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Foto: Divulgação

          A ideia não é nova no mundo, mas é sempre bem-vinda e necessária, em qualquer tempo e lugar, por onde tenham passado homens com sua sede permanente por riquezas. Quem, por acaso, tenha lido o livro de Jean Giono (1895-1970), “O homem que plantava árvores”, de 1953, por certo, deve ter se deparado com a frase: “…Os homens poderiam ser tão eficazes como Deus em algo mais que a destruição.” Com isso o autor quis dizer que os homens poderiam, se assim dispusessem, imitar o Criador, erguendo e cuidando de todas as formas de vida sobre a Terra, e não destruindo e reduzindo à cinzas como faz a morte, ao deixar escombros e aridez por onde passa.

          A observação de Jean veio a propósito da incansável atividade de Elzéard Bouffier, o personagem principal, que, durante a maior chacina de nossa história, representada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), continuava, dia após dia, plantando carvalhos numa região agreste dos Baixos Alpes Franceses, já abandonada pela população local, devido ao desmatamento secular promovido pelos carvoeiros naquela região. O contraste entre quem cuidava de recuperar a vida da região e o morticínio irracional da Guerra de 14/18 é flagrante e mostra, de forma crua, como os homens podem, ao mesmo tempo, abandonar de lado a vida em sua plenitude e seguir os passos da morte, mesmo sabendo dos resultados dessa opção.

         O texto, que chegou ao Brasil, em forma de desenho animado, há poucos anos, sendo posteriormente publicado em livro, parece cada vez mais atual, justamente por mostrar a capacidade do ser humano em mudar o mundo ao seu redor, tanto para o bem, como para o mal. Nesses tempos, em que o nosso planeta experimenta, através do fenômeno do aquecimento global, o que talvez seja o seu maior desafio de todos os tempos, e que pode pôr um fim à existência da própria espécie humana na Terra, nada mais hodierno e premonitório do que as mensagens contidas nesse texto escrito ainda no século passado.

         Buscar o exato significado para as árvores, num tempo em que ainda se acredita não existir nenhum, é uma tarefa e um desafio que pode nos colocar hoje entre permanecer por essas paragens ou ter que sair de fininho para outros mundos para não perecer.

         O desafio gigante que, na obra, é realizado por um só homem, durante mais de 30 anos em que plantou naquela região milhões de árvores, pode ser uma das respostas para esse dilema da atualidade. Embora pareça uma tarefa impossível, essa de recuperar o planeta da degradação imposta pelas consequências da Revolução Industrial em sua ânsia por adquirir matérias-primas, o livro mostra que bastou a persistência de apenas um indivíduo para mudar a realidade local. “Um único homem, reduzido a seus recursos físicos e morais, foi capaz de transformar um deserto em uma terra de Canaã”, diz o autor.

         O que conhecemos hoje, por meio da palavra muito em moda como resiliência, que é capacidade de resistir e se adaptar às mudanças, tanto pode ser aplicada ao homem como à própria natureza, desde que lhes sejam ofertadas as oportunidades. A esse fenômeno, que muitos classificam como um sinal e uma semente da própria vida, é que pode estar a redenção, ou não, da humanidade. Obviamente que os exemplos a seguir não devem se resumir a uma obra de ficção. Mas pode nela se inspirar para promover as mudanças necessárias e urgentes que o momento exige. Toda grande obra pode ter seu início apenas movida pela inspiração trazida pelos belos exemplos, sejam eles reais ou não. O primeiro passo é o das ideias, dado ainda no mundo abstrato dos projetos mentais. Pode vir a ser realidade concreta, pelo esforço físico, o que é uma mera consequência da capacidade de pensar.

          Nesse caso, pensar num mundo em que a vida seja ainda uma possibilidade real e que valha a pena. Da África, talvez o continente mais economicamente sofrido e espoliado na história da humanidade, vem um dos muitos e bons exemplos que precisamos para nossa salvação futura. Na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele continente, o governo empreendeu uma jornada na qual, em apenas 12 horas, uma força-tarefa, atuando em mais de mil áreas daquele país, conseguiu a façanha de plantar mais de 350 milhões de árvores. Um recorde mundial. Também a Índia, castigada pelos desflorestamentos, vem empreendendo um grande esforço para recuperar, ao menos, um pouco de suas florestas. Na última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores em 2016 e prossegue plantando. Na China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta, tem sido deslocada para a mesma tarefa no Norte do país. São mais de 60 mil soldados empenhados nessa tarefa. Os fuzis cedem lugar às ferramentas agrícolas. A intenção do governo é criar uma nova floresta na região de Hebei, numa área de mais de 84 mil quilômetros quadrados. Para todo o país, a meta atingiu uma cobertura de mais de 23% daquele grande continente até o final desse ano. São esforços pontuais, mais que podem fazer a diferença num futuro não muito distante.

         Cientistas acreditam que, pelo estágio atual de degradação do planeta, será preciso, ao menos, o plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, apenas para arrefecer a Terra e livrá-la dos efeitos maléficos do aquecimento global, que já está atuando entre nós. A situação, que é bem do conhecimento dos técnicos das Nações Unidas, tem estimulado ações dessa Organização, com vistas a um projeto, já em andamento, cuja meta é plantar 4 bilhões de novas árvores nos próximos anos.

         Por todo o mundo, projetos semelhantes estão em andamento, uns ambiciosos e outros mais modestos, mas já são de grande valia em seu conjunto. De todos os projetos de plantio de árvores pelo planeta, nenhum é mais ambicioso do que o que vem sendo erguido nas bordas do grande deserto do Saara, também na África. Em nenhum lugar do planeta, as mudanças climáticas são mais impactantes do que as que ocorrem nos países margeados por esse grande deserto. O deserto vem aumentando de área num ritmo assustador nos últimos anos. Com ele, vem o clima cada vez mais inóspito à vida. Com temperaturas que ficam numa média próxima aos 50 graus centígrados.

          Com esse fenômeno, vem também a escassez de água, cada vez mais assustadora e já motivo de conflitos permanentes na região. Financiado pelo Banco Mundial, a União Europeia e as Nações Unidas, projeto unindo vários países locais, visa erguer uma gigantesca barreira verde de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto do Saara, formando uma enorme muralha para conter o avanço da areia. A meta é erguer essa Grande Muralha Verde até 2030, cobrindo com reflorestamento uma área de 247 milhões de acres ou, aproximadamente, 100 milhões de hectares.

 

A frase que foi pronunciada:

“É apenas uma questão de tempo, até que a economia abra espaço para a natureza.”

Frank Ramsey

Frank Ramsey. Foto: Cortesia de Stephen Burch

 

História de Brasília

A atual direção da Novacap está enfrentando uma dificuldade. Mais de dois mil funcionários estão à disposição de outras repartições e avolumam-se agora, os pedidos de requisições para as Comissões Parlamentares de Inquérito. (Publicada em 27.04.1962)

Não conheço nenhuma delas

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Apoiadores de Trump na Flórida celebram a vitória após anúncio do canal Fox News – Foto: Jim Watson / AFP

 

Digam o que quiserem sobre a eleição presidencial dos Estados Unidos ou sobre a vitória de Donald Trump depois de quatro anos de perseguições e de uma tentativa de assassinato em um comício de campanha na Pensilvânia. Muitos podem não gostar da figura pessoal de Trump, arrogante e altivo, principalmente os chamados globalistas de esquerda, dentro e fora dos Estados Unidos. O que é fato inconteste é que ele foi eleito por uma votação limpa e esmagadora, que praticamente cobriu todo o mapa dos EUA com as cores dos republicanos.

O povo soberanamente escolheu quem achou que iria reverter a guinada silenciosa dos EUA rumo a uma espécie de socialismo tardio, infectado ainda pelos ventos dos movimentos Woke e Queer, que hoje minam a Europa e ameaçam afundar economica, social e politicamente toda a União Europeia.

A eleição naquele país deixou claro, pela diferença de votos, que os americanos apontaram a direção que desejam seguir. E mais do que isso, rejeitaram a direção errada que estavam seguindo. Para reforçar esse retorno às ideias liberais, os mercados americanos e principalmente os papéis na Bolsa registraram recordes de valorização, mostrando que o capitalismo, que enriqueceu dos Estados Unidos como nenhum outro país, estava de volta.

No cumprimento das promessas de campanha, Trump lembrou, em seu discurso no Congresso em 5 de março, que logo nas primeiras semanas de governo mais de 100 ordens foram assinadas, juntamente com 400 outras ações executivas com vista a restaurar o que o presidente chamou de bom senso, segurança, otimismo e riqueza. Para Trump, o povo americano o escolheu para fazer justamente esse trabalho. Mesmo medidas que são criticadas por muitos países, como o controle rígido sobre as imigrações, a população americana demonstrou total apoio, pois vinham a inquietando.

Como bem lembrado por Trump, nada do que ele poderá fazer e fará irá alegrar os democratas. Logo de cara, o presidente eleito fez o que a população pedia, que era o congelamento de todas as novas contratações federais, congelando também todas as novas regulamentações e ajuda externa. Acabei, disse ele, “com todo o ridículo esquema verde”, retirando seu país do Acordo Climático de Paris, que custava trilhões de dólares aos americanos e não era pago por outros países. Trump destacou ainda que retirou seu país da “corrupta Organização Mundial de Saúde”, se afastando também do Conselho de Direitos Humanos da ONU pelo seu reiterado antiamericanismo.

Também foi destacado o trabalho feito na eliminação de regras e regulamentos desnecessários, simplificando normas. Outra medida que teve o apoio da população, mas que foi logo reprovada pelos democratas, foi a ordem para que todos funcionários federais retornassem aos escritórios, sob pena de serem imediatamente afastados de suas funções.

Trump anunciou que deu fim também ao chamado governo armado, instrumento que permite que qualquer presidente em exercício possa processar ferozmente seus oponentes políticos. Ao mesmo tempo, deixou claro que pôs fim a todo o tipo de censura, além da volta da liberdade de expressão, que, na avaliação dele, vinha sendo limitada nos governos dos democratas.

Outro ponto destacado em seu discurso foi a decisão de acabar de vez com as políticas de diversidade, equidade e inclusão em todo o governo federal, no setor privado e nas forças armadas. “Trabalhadores devem ser contratados ou promovidos com base na habilidade e na competência e no mérito, não de acordo com a raça ou gênero”, disse ele, lembrando que essa medida teve o apoio total da Suprema Corte americana. “Removemos o veneno da teoria racial crítica de nossas escolas públicas, e eu assinei uma ordem tornando política oficial do governo dos EUA a existência de apenas dois gêneros: masculino e feminino. Também assinei uma ordem executiva para proibir os homens de praticar esportes femininos”, seguiu o presidente.

Na economia, Trump destacou sua luta para tornar o principal insumo, que é o do alto custo da energia. Para tanto, mandou reabrir mais de cem usinas de energia que haviam sido fechadas, declarando uma política de emergência energética nacional. Lembrou ainda que fará tudo para acabar com o desperdício de dólares dos contribuintes, dando todo o apoio ao Departamento de Eficiência Governamental (Doge), chefiado pelo bilionário Elon Musk. Apresentou também uma extensa lista de altos gastos impostos do Tesouro americano que vão do fornecimento de carros gratuitos para estrangeiros ilegais até milhões de dólares gastos em favor do empoderamento de povos indígenas e afro-caribenhos. Para ele, esses gastos eram verdadeiros golpes aplicados em cima dos contribuintes. Com essas e outras medidas Trump, espera reaver os bilhões de dólares desviados do tesouro e que se esvaem em meio a complexa máquina pública americana.

Ele ressaltou que, somente na área de Seguro Social, havia uma lista com milhões pessoas de 110 a 119 anos de idade e outras listas de beneficiários com pessoas de 120 a 129 anos de idade. Outras com listas de milhões de pessoas com 130 a 139 anos de idade, e outras milhões de pessoas com idade entre 140 e 149 anos. “Não conheço nenhuma delas”, disse.

 

História de Brasília

Apesar de inaugurado o telefone público, os do aeroporto estão na mesma. Eram quatro. Um foi retirado, dois não funcionaram e um funciona mal. (Publicada em 27/4/1962)