Educação: puxadora de votos

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Escola Macário José de Farias, em Cruz (CE). Imagem: Google Street View

 

Avaliação feita nas escolas públicas, em mais de 50 cidades do país, mostra que todas, com nota 10, estão situadas no Nordeste. O levantamento foi feito pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O destaque é o Ceará, onde 20 cidades saíram na frente. Nesse estado, graças à criação de um sistema de repasse de recursos e apoio pedagógico aos municípios, naquilo que os especialistas chamam de incentivos às boas práticas de ensino, foi possível ao Ceará se tornar modelo para todo o país. Há, inclusive, aqueles que acreditam que essas boas práticas políticas em prol da escola pública chamaram a atenção para a gestão do então governador, Camilo Santana, que, hoje, está à frente do Ministério da Educação.

No Centro-Oeste, o destaque ficou com as cidades goianas de Estrela do Norte e Rio Verde. Para os especialistas em educação pública, a aferição feita pelo Ideb, que leva em conta as notas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), bem como a quantidade de alunos aprovados, traduz, com certa exatidão, o principal indicador de qualidade da educação do país. A avaliação do Ideb é feita numa escala de 0 a 10 e é calculada a cada dois anos.

Com esse método, o primeiro lugar ficou com a cidade de Santana do Mundaú, em Alagoas, com nota 9,3, seguida de Pires Ferreira, no Ceará, com nota 9,2. Apenas na vigésima colocação aparece a cidade de Iporã do Oeste, em Santa Catarina. É preciso destacar, nesse ranking, que 21 unidades de ensino público — todas elas no Nordeste — tiraram nota 10 nos anos iniciais do ensino fundamental na avaliação feita pelo Ideb em 2023. Dessas 21, 15 estão no Ceará e cinco em Alagoas.

Outra avaliação foi na Escola Municipal de Inajá, no sertão pernambucano. Segundo o Ideb, esse centro de ensino, mantido, hoje, pela ONG Amigos do Bem, conseguiu elevar sua nota anterior, que era de 3,5, para 9,2, superando a média nacional do ensino público, que é de 6 e superando a própria média do ensino privado que teve nota 7. Esse sucesso possivelmente se deve à entrada dessa ONG em 2017, e não, propriamente, à atuação de órgãos do governo.

De qualquer forma, os resultados positivos, numa região que, historicamente, sempre manteve notas inferiores ao Sudeste e ao Sul, demonstra de modo cristalino que, independentemente, de ser uma região com muitos problemas econômicos, a participação de instituições sérias, distantes do governo, é capaz de fazer a diferença, mesmo que essas vitórias se tornem capital eleitoral aos políticos locais. “Eu sempre digo, ressalta a presidente da ONG Amigos do Bem, Alcione Albanesi, que quem tem fome não é livre, e quem não sabe ler e escrever também não. Sabemos que a única forma de romper o ciclo de miséria secular no sertão é por meio da educação e do trabalho, promovendo a geração de renda e levando oportunidades, vidas”.

Outro dado de suma importância mostra que as escolas que conseguem manter um tempo maior de aulas são também aquelas que alcançaram as melhores notas no Ideb. Nas escolas de tempo integral, com mais de sete horas de aula diária, os alunos apresentam melhores notas em matemática e em outras disciplinas. A maior carga horária ampliada chega a equivaler a um ano de ensino a mais em muitas disciplinas. Notem que a ideia de escolas de tempo integral não é nova, remonta à década de 1950, com o educador Anísio Teixeira, idealizador das escolas parques. Naquela época, há mais de 70 anos, sabia-se que somente escolas com horários corridos de sete ou oito horas diárias atenderiam ao problema secular da má-formação dos alunos brasileiros e da precariedade do ensino público em nosso país. Por diversas vezes, a implantação, em todo o país, de escolas em tempo integral foi tentada. Mas, por motivos diversos, não teve sequência efetiva. Hoje, calcula-se que apenas 33% das escolas públicas em todo o país funcionam em tempo integral. O Paraná é um exemplo de estado que triplicou o número de escolas em tempo integral, o que valeu ao estado um aumento de 0,5 na nota do Ideb. Esse modelo representa um verdadeiro projeto de aprendizado na vida do estudante, beneficiando sobretudo os mais pobres.

Alguns governadores puderam perceber que a melhoria apresentada pelas escolas públicas nos certames do Ideb representa uma excelente vitrine política para suas gestões e passaram a dar maior atenção a esse fato. Não por coincidência, os governadores mais bem avaliados e possíveis puxadores de votos nas próximas eleições são justamente aqueles que dedicaram mais esforços à melhoria do ensino em suas cidades.

 

A frase que foi pronunciada:
“O essencial, com efeito, na educação não é a doutrina ensinada, é o despertar.”
Ernest Renan (filósofo francês)

Antony Samuel Adam Salomon – The Art Institute of Chicago,
Portrait of Ernest Renan (1823-1892)

 

História de Brasília
O deputado Neiva Moreira, que, na época, foi quem transferiu o Legislativo para Brasília, escreveu uma carta ao dr. Juscelino pedindo para ele ficar mais tempo na cidade que construiu. (Publicada em 15/4/1962)

Pais que participam da vida escolar dos filhos

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

          Ao longo das últimas décadas, depois de seguidas reformas em nosso modelo de educação, do ensino básico ao superior, temos que constatar, à luz do que mostram os diversos rankings internacionais de avaliação de aprendizagem, em que aparecemos sempre nas derradeiras posições, que a maioria de nossos projetos para a melhoria do ensino tem fracassado.

          A razão para isso é que, em todos os modelos impostos ao processo educativo, elaborados de cima para baixo, a maioria deles deixa de lado, ou não prioriza, conforme deveria ser, a participação da família nessas atividades. Com isso, todo o esforço de renovação e melhoria é descartado ao não considerar o grupo familiar do aluno como partícipe dessa empreitada. Dissociado da família, qualquer modelo de aperfeiçoamento do ensino torna-se capenga e não se completa.

         O ciclo integral de todo o processo educativo deve ser composto por alunos, professores e pais ou responsáveis. Sem essa tríade, mesmo os mais elaborados e revolucionários programas de ensino ficam a meio caminho. Esse tem sido o calcanhar de Aquiles de todo o processo brasileiro de ensino e que revela não apenas um descompromisso no envolvimento da escola com a comunidade, mas, principalmente, uma desconsideração da importância de se firmar um acordo sério entre todas as partes envolvidas nesse mecanismo.

         Um fato que comprova essa tese e que demonstra, na prática, essa falha é que é comum, em muitas escolas, que professores e orientadores desconheçam, por completo, quem são os pais e responsáveis da maioria de seus alunos. Não conhecem e muitas vezes não sabem, sequer, em que contexto social esse e aquele aluno vivem. Sem essas informações e sem o conhecimento do meio em que vivem seus alunos, seu cotidiano, suas origens, o que os país fazem, como é a rotina da família e outros dados preciosos, qualquer modelo tende a falhar.

         Ocorre que, em muitos casos, é a própria família que não deseja estreitar qualquer laço com a escola que seus filhos frequentam. Usando esses estabelecimentos de ensino apenas para cuidar de suas crianças, alimentá-las e dar-lhes alguma segurança, enquanto se ocupam em outras tarefas. Há casos em que o pai ou mãe está cumprindo pena judicial em algum presídio e a escola não toma conhecimento. Ou de pais e responsáveis alcoólatras ou viciados em drogas. Ou ainda lares onde essas crianças foram abusadas ou vivem sob condições de violência diária. Os Conselhos Tutelares estão abarrotados de casos e incidências de crianças que a própria escola desconhece.

         Sem um levantamento minucioso de todos esses dados, sem uma ficha completa que mostre o verdadeiro perfil de seus alunos, qualquer modelo de educação mostrará que a vida do discente não tem importância para o seu progresso. Para complicar uma situação corriqueira que em si já é dramática, há ainda os recorrentes casos de violência envolvendo alunos e professores ou dos próprios pais com os professores.

         Brigas, ameaças com facas aos professores, pais que não admitem reprimendas são parte desse quadro dramático. Casos como esse se repetem toda semana em muitas escolas da rede pública de todo o país. Esse fenômeno tem feito com que muitos docentes simplesmente abandonem a profissão, o que provoca, ainda mais, um isolamento das escolas em relação ao seu entorno e isso acaba repercutindo, negativamente, no processo de ensino.

         De fato, como tem ficado comprovado, os professores e a própria escola têm medo de seus alunos, e muitos, sequer ousam questionar a realidade deles.

 

A frase que foi pronunciada:

“Inteligência mais caráter. Esse é o objetivo da verdadeira educação.”

Martin Luther King Jr.

Foto: Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis nos EUA e Nobel da Paz | Arquivo: (blogs.oglobo.globo.com)

 

Informação

Dados, de janeiro do ano passado, apontam que 380 pessoas identificadas como trans fazem transição de gênero gratuitamente no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Desse total, 100 são crianças de 4 a 12 anos de idade, 180 são adolescentes de 13 a 17 anos. Tudo graças ao projeto de autoria do Deputado Jean Wyllys e da Deputada Erika Kokay — PL nº 5.002, que dispõe sobre o direito à identidade de gênero e altera o art. 58 da Lei nº 6.015 de 1973

Foto: hc.fm.usp

 

Estranho

Incompreensível que uma ambulância com placa que não seja do DF seja multada por usar a via BRT. Ambulância leva pacientes de emergência. É preciso revisar esse estatuto.

 

Tem solução? 

Se a vida de médico da rede pública de saúde não é fácil, a vida dos pacientes é bem mais difícil. Numa blitz, o MPDFT constatou que, em plantão no Hospital Regional do Gama, a UTI estava com 50% de médicos a menos trabalhando. A administração já tentou colocar placas visíveis aos pacientes com o nome de todos os médicos presentes, mas nada resolve essa carência de médicos para atendimento ao público. Com ou sem Covid, os hospitais estão sempre com a capacidade maior do que comportam.

Foto: Divulgação/ Agência Saúde

História de Brasília

Os funcionários do DCT, sem apartamentos, estão acampados em frente à repartição. É um movimento pacífico, mas deprimente para os chefes. Quem encara com seriedade que deve ter um serviço de comunicações, sabe que os funcionários encarregados devem ter o máximo de conforto. (Publicada em 10.02.1962)

Educação paralisada

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Ilustração: saladerecursos.com

 

Ao ser deixado de lado pelas classes médias e altas, o ensino público perdeu o principal nicho social que poderia, de alguma forma, fazer pressão pela melhoria do ensino junto às autoridades, reivindicando direitos e exigindo escolas de qualidade. Com isso, muitas escolas públicas que outrora eram reconhecidas como de excelência passaram a conhecer o outro lado da pista: a decadência.

Das poucas escolas que conseguiram sobreviver a esse esvaziamento social, oferecendo um ensino de relativa qualidade, todas, indistintamente, tinham, em seus quadros de direção e professores, pessoas abnegadas e incansáveis que passavam a maior parte do ano peregrinando pelos corredores dos ministérios em busca de auxílio e, muitas vezes, não se dobrando às humilhações impostas pela burocracia estatal e a sua indiferença com esse problema.

Alguns fatos ocorridos na dinâmica social e urbana brasileira, iriam, no final dos anos de 1970, provocar uma série de mudanças estruturais no tradicional modelo educacional do país, principalmente no ensino público, oferecido pelo Estado sob a direção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), como era denominada, nessa época, a pasta que coordenava os assuntos ligados a essa área.

Entre essas mudanças sociais que acabaram por atingir em cheio a educação pública, sobretudo no quesito qualidade e eficiência, está a debandada em massa das classes média e alta dessas escolas rumo ao ensino privado, que começava a ganhar fôlego e a atrair os alunos cujas famílias tinham melhores condições econômicas oferecendo um currículo e uma grade e disciplinas mais elaborados, diversos e atrativos, aprofundados em matérias escolares que, lá no ensino público, eram vistas apenas de forma superficial.

Não demorou para esse alunado começar a se sobressair nos exames e vestibulares do país, demonstrando não só uma diferença de qualidade desses conteúdos programáticos, como uma nova maneira de ministrar aulas mais dinâmicas, tudo dentro de um espírito empresarial que reconhecia na educação de jovens um vasto campo a ser explorado economicamente.

Os melhores pedagogos e professores foram chamados também. As aulas consumiam uma carga horária maior. O material didático era diferenciado e mandado imprimir pelas próprias escolas, contendo textos explicativos e exercícios relativos ao assunto em cadernos ricamente diagramados.

Os ministros dessa pasta, que, antes, exibiam invejáveis currículos acadêmicos, foram substituídos por políticos pouco afeitos às necessidades da área. O mesmo passou a ocorrer, em âmbito estadual e municipal com os secretários de Educação, a grande maioria despreparada e avessa a esses problemas.

Deu no que deu. Nesse vácuo e nesse terreno baldio em que se transformaria o ensino público, ficaram alguns professores em fim de carreira, já cansados e desiludidos da luta pela melhoria do ensino, e alguns outros professores que, caso fossem submetidos a exames para medir o grau de conhecimento nas disciplinas que ministravam, seriam automaticamente reprovados.

Os baixos salários cuidaram para espantar os poucos profissionais de ensino com maior preparo. Os sindicatos, como braços avançados dos partidos, cuidaram de fazer sua parte, paralisando continuamente as aulas em busca de melhoria salarial.

Não surpreende que, hoje, o ensino público do país seja um dos mais mal avaliados nos certames internacionais, como o Pisa. Hoje, o ensino público é ofertado, na sua grande parte, para pessoas de baixa renda que não encontram outra opção. É isso ou nada.

A pandemia mostrou o fosso entre escola pública e privada, acentuando dramaticamente a desigualdade social. Alunos de escolas privadas continuavam tendo aulas via computador. Os alunos do ensino público só tinham o celular do pai ou da mãe para dividir com os irmãos.

 

A frase que foi pronunciada:
“Educar a mente sem educar o coração não é educação alguma”
Aristóteles

FOTO: CREATIVE COMMONS

 

Sul
Depois da tragédia do Rio Grande do Sul, vão aparecendo as partes práticas da burocracia. Aqueles que assinaram o contrato de seguro do carro optando por seguro total, inclusive contra desastres naturais, receberão um novo automóvel. O presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul, André Thozeski, afirmou, em entrevista ao portal Terra, que os imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação contam com um seguro que cobre danos físicos ao imóvel, não importando qual agente financeiro firmou o contrato: Caixa, BB, Bradesco, Itaú, Santander etc. Os passos são notificar o banco, informando que deseja usufruir dessa cobertura. É importante o registro de todas as provas sobre a situação do imóvel.

Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

 

História de Brasília
Devia estar pronto a 21 de abril um dos grandes monumentos da cidade. A Tôrre de Televisão. Mas a Siderurgica Nacional atrasou a entrega, não mandou até hoje ninguém assinar o contrato. E basta que se diga que a Novacap já pagou a maior parte do serviço que não foi entregue. (Publicada em 10/4/1962)

Educação fantasma

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Imagem: reprodução da internet

 

Mudanças e quaisquer alterações radicais, quando são feitas de modo brusco, apenas para atender situações emergenciais, normalmente, não resultam num modelo que pode ser implantado de modo definitivo. É o caso da educação a distância (EAD), implantada pelo país afora em decorrência das situações de calamidade pública provocadas pela pandemia da covid-19

Depois de mais de um ano sem aulas, quando não se tinha ainda clareza sobre as estratégias sanitárias adequadas a ser implementadas, muitas escolas, principalmente as particulares, resolveram adotar o modelo de educação a distância. Era um modo de evitar que a pandemia arruinasse esses empreendimentos. Acontece que essa prática de ensino, por características próprias, era pouco conhecida entre as escolas públicas e particulares para crianças e adolescentes, e ainda não se tinha todo um conhecimento mais profundo sobre como aplicá-la e seus resultados. Os docentes que se depararam com a obrigação de implementar a nova modalidade estavam despreparados, e não foram capacitados para esse tipo de ensino.

Diante da situação emergencial, as escolas públicas, principalmente as universidades, passaram a adotar também esse novo sistema de educação. Não é preciso ser um gênio da raça para saber que esse modelo falhou, num país onde, apesar do volume de recursos públicos à disposição, a educação continua a não ser prioridade.

Passada a pandemia, muitos estabelecimentos educacionais e mesmo algumas universidades, resolveram continuar com a prática do ensino a distância, quer pela comodidade desse modelo, quer pela economia que essa modalidade trazia para todos. Ocorre que a educação, por sua metodologia didática e pedagógica, requer, em boa parte, que as aulas sejam presenciais. O ensino a distância apresenta problemas que só podem ser resolvidos com a interação direta e ao vivo do professor com o aluno. Mesmo assim, com todos os entraves, o modelo de educação a distância logo despertaria a atenção de muitos empresários do setor, começando, assim, a multiplicação, por todo o país, de inúmeros cursos não presenciais.

Ocorre que o Ministério da Educação, não tinha, até então, um setor voltado exclusivamente para fiscalizar a qualidade e a seriedade desses cursos 100% remotos. O resultado dessa ausência de fiscalização, somada à esperteza de muitos empresários do setor, levou o modelo de ensino a distância a se distanciar do que se pode chamar, minimamente, de educação. As distorções e os excessos passaram a ser a regra nesse modelo. Diante de uma situação que só se agravava a cada dia, o Ministério da Educação proibiu a criação de novos cursos remotos. Alguns cursos que estavam em andamento, aproveitaram a medida para simplesmente encerrar as aulas, deixando alunos no meio do caminho e sem que eles tivessem a quem recorrer.

Medidas emergenciais foram tomadas, como a adotada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), tornando obrigatório que cursos de licenciatura em pedagogia tenham pelo menos 50% da sua carga horária em regime presencial. Tal medida, segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), poderá excluir milhões de alunos do ensino superior. De acordo com essa entidade, atualmente 3,5 milhões de alunos estão cursando o ensino de forma remota.

Para o MEC, esse problema pode ser contornado por meio de uma fase de transição. O principal, segundo a pasta, é colocar um freio de arrumação na educação a distância, acabando com a proliferação de cursos sem lastro de qualidade. Avaliação feita agora pelo MEC mostra que apenas 450 cursos de ensino superior a distância, ou 26%, conseguiram obter notas satisfatórias dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Conceito Preliminar de Curso (CPC). Interessante notar que a educação a distância, pela exigência da preparação específica e mesmo por sua complexidade técnica, requer também a uma formação especial e própria dos professores e de todo o corpo que participa direta ou indiretamente desse modelo. O fato é que essa capacitação simplesmente não tem existido até agora.

A educação a distância entre nós ainda é feita na base do improviso e de maneira pouco profissional. A avaliação dos alunos que participam desse tipo de instrução é outro problema que ainda aguarda solução satisfatória. A questão não é condenar a educação a distância, tendo como parâmetro as falhas ocorridas a partir da eclosão da pandemia. É preciso, sim, estabelecer todo um novo estatuto de leis e regramento para essa nova modalidade, dotando a educação remota dos mesmos mecanismos de qualidade verificados na educação tradicional. Num país em que nem a educação básica tem atingido patamares mínimos de qualidade, levar essas virtudes para um novo modelo, será um desafio e tanto.

 

A frase que foi pronunciada:
“A educação eletrônica está mudando. E veremos surgir novos modelos, novas tecnologias e designs. Então, vamos abandonar o ‘e’ – ou pelo menos dar-lhe uma definição nova e mais ampla.”
Elliott Masie

Elliott Masie. Foto: wsb.com

 

História de Brasília
Mas, já que o PTB pôs na quota esses apartamentos da 106 e 306, o dr. Helano Maia de Souza poderia assumir a defesa dos funcionários e distribuir apartamentos. No dia em que nós demos, aqui, uma nota sobre o que aconteceria aos que estão em atraso de aluguel, o IAPC arrecadou num dia o que não vinha arrecadando em um mês, nestes últimos tempos. (Publicada em 7/4/1962)

Processos de desumanização

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Talvez, o maior problema existente hoje no âmbito da medicina pública não fique por conta apenas do notório sucateamento e superlotação dos hospitais e postos de saúde do Estado, mas na ponta final desse longo processo de descaso, que acaba conduzindo ou empurrando o atendimento médico para o beco sem saída da desumanização das relações entre pacientes e profissionais de saúde.

As cenas de revolta de pacientes nas antessalas de atendimento, querendo invadir os consultórios aos gritos, seguidas de outras cenas que acabam em xingamentos e agressões, repetem-se a cada dia dentro dos hospitais públicos por todo o país. Há uma espécie de revolta no ar toda a vez que aglomerações e filas se formam na frente desses centros de saúde. Culpar unicamente os médicos e os atendentes de nada adianta. Na melhor das hipóteses, contribui para a piora dos serviços. A causa desse caos na saúde, embora seja, em tese, a pasta que mais recebe repasses da União, é mais profunda.

Este ano, segundo fontes do próprio governo, foram alocados R$ 215,2 bilhões, um valor, segundo especialistas nessa área, abaixo do necessário. O que ocorre hoje com a saúde em nosso país é semelhante ao que afeta também as áreas de educação, segurança e outras de interesse direto da população. Não há uma prioridade e uma real concentração de esforços para resgatar esses setores do constante patamar da decadência e do mal atendimento. A má gestão, a falta de reconhecimento à importância dos profissionais da saúde e educação, seguidas de desvios de toda a ordem, é uma doença que vem de cima e contamina todo o restante.

A coisa fica pior quando se verifica que o governo não tem plano consistente algum para essas áreas. Mesmo a indicação dos altos escalões que vão gerir essas pastas obedece não a critérios técnicos, mas a preferências políticas e a outras conveniências estranhas e prejudiciais ao setor. Quando o problema vem de cima, com todo o seu peso burocrático e paquidérmico, aqueles que estão na base e no atendimento ao público é que são esmagados. Obviamente que, nesse processo de enxurrada de lama morro abaixo, os que sofrem por último e de maneira mais trágica são justamente os cidadãos que buscam os serviços públicos.

A desumanização de todo o sistema de atendimento, seja na saúde, seja na educação ou mesmo em outras áreas do atendimento ao público, é, assim, o derradeiro processo que vem para soterrar as relações humanas, tornando todo o sistema gravemente enfermo. Difícil em meio a tantos contratempos é encontrar meios de humanizar adequadamente as relações entre médicos e pacientes, entre professores e alunos ou entre funcionários públicos e a população.

Para o cidadão que arca com todos os altos custos dos serviços públicos prestados à população, a sensação frente a toda a desumanização no atendimento é culpa do primeiro atendente, visto do outro lado do balcão. A ele todos os impropérios e revoltas são dirigidos. O que ninguém parece enxergar é que a causa final de toda essa desumanização não está realmente na ponta do sistema, mas lá distante, na sua origem.

 

A frase que foi pronunciada:

“Na prática…a teoria é outra.”

Roberto Parentoni, advogado criminal

Roberto Parentoni. Foto: Divulgação

 

Pague e pegue

A mais famosa empresa de entrega de alimentos comprados de restaurantes tem uma prática divergente aos direitos do consumidor em sua política de cancelamento de pedidos. Uma taxa pela entrega dentro dos parâmetros. Mas, se por ventura, o cliente não atender a porta ou se o motoqueiro disse que tocou a campainha e ninguém atendeu, a comida volta e o consumidor perde o que pagou.

Foto: entregador.ifood.com

Surreal

Se na capital do país o abandono ao pessoal da Saúde, Educação, Cultura, Segurança está como está, imaginem pelo Brasil afora. O piso da Enfermagem de 4 mil reais ninguém paga, professores que desistem da profissão, teatros fechados. Para se ter uma ideia, enquanto o parlamento aprova o aumento dos proventos de juízes e promotores, um pediatra que trabalhou por 50 anos salvando vidas recebe 7 mil reais de aposentadoria.

 

Alerta

A Neoenergia adverte consumidores para o novo golpe do parcelamento. Se optar por parcelar, é bom que seja pelo site da empresa ou loja de atendimento.

 

Pelas beiradas

Lei do Planejamento Familiar discutida no STF. Dessa vez, o PSB abriu caminho na ADI 5.911. O assunto gira em torno da realização do procedimento de esterilização voluntária com a idade mínima de 21 anos ou dois filhos vivos.

 

Viva a vida

Roseana Murray, escritora que perdeu um braço atacada por pit bulls, recebe alta. O carinho da equipe de enfermagem ajudou a poetisa a enfrentar os 13 dias de agonia.

Escritora Roseana Murray

 

História de Brasília

A solidariedade existente entre os pioneiros de Brasília ainda é um exemplo para os que se mudam para a nova capital. Outro dia, o sr. J. J. Sabriá parou seu carro para retirar uma pedra do meio da rua, e ontem, o Ruy dos Santos, gerente da Satic, achou uma chave próxima a um carro, e deixou o seguinte bilhete para o motorista: “Creio ter o senhor perdido a chave do seu carro. Encontrei-a e coloquei-a no porta luvas”. ? (Publicada em 06.04.1962)

Que venha o primeiro passo

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Foto: edocente.com

 

         Sendo o quinto país em número de habitantes e em extensão territorial, o Brasil, por suas características continentais e diversidades regionais apresenta desafios imensos para a implementação de quaisquer políticas públicas, sobretudo quando se trata de assunto tão melindroso como a gestão de políticas educacionais.

         Qualquer indivíduo que venha se sentar na cadeira de ministro da Educação, por mais preparado que esteja para o cargo, encontrará, diante de si, ao examinar de perto essa missão, uma tarefa muito complexa e de proporções gigantescas.

         Com 5.570 municípios, espalhados numa vasta área de 8,5 quilômetros quadrados, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, qualquer política pública eficaz e justa tem necessariamente que lidar com essa realidade concreta, e ainda obedecer ao fato de que cada ente federativo é autônomo e com atribuições múltiplas e descentralizadas conforme estabelecidas pela Constituição atual.

         Implementar serviços públicos de qualidade, num país tão complexo como o Brasil, onde existem diferenças fiscais de toda a ordem e onde variam também a capacidade de gestão de cada uma dessas unidades, não é, definitivamente, um trabalho para principiantes ou indivíduos sem o devido preparo e ânimo; por mais complicada e difícil que seja a tarefa de educar.

         Todo o esforço se esvai se o trabalho de implantar uma educação de qualidade e inclusiva no Brasil não se iniciar pela qualificação e melhoria nos planos de carreira daqueles que atuam nesse setor, melhorando salários, incentivando cursos de aperfeiçoamento, além, é claro, de construir e equipar as escolas com tudo que seja necessário para o pleno desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

         Diagnósticos feitos recentemente, adiantam ainda que nenhum esforço, por mais bem-intencionado que seja, terá o poder de melhorar nossos índices educacionais, se não contar com a mobilização em massa da sociedade e sobretudo com o apoio e presença de pais de alunos e da comunidade no entorno de cada escola. Sem o envolvimento da população em peso, dificilmente uma tarefa dessas proporções terá êxito, ainda mais quando se sabe que, pela Constituição, a educação é posicionada como sendo um esforço de natureza nacional e com sistemas de ensino organizados em regime de colaboração.

         Note-se que essa união da sociedade em torno desse objetivo, apesar de extremamente necessária, não pode ser feita no período de um ou dois governos, mas terá que ser rigorosamente cumprida no longo prazo, durante gerações. Para tornar essa missão ainda mais complicada, é preciso ver que, dentro de cada questão relativa aos problemas da educação, existe ainda uma espécie de subproblemas que parecem embaralhar ainda mais essa tarefa.

         De nada adianta universalizar o acesso à educação, se os alunos não forem mantidos nas escolas até a conclusão, ao menos, do ciclo básico, com o acompanhamento dos pais. Da mesma forma, tornam-se inócuos manter os alunos nas escolas se, ao final desse primeiro ciclo, eles não forem capazes de resolver as questões inerentes a essa etapa, como compreensão de textos e resoluções de operações simples matemáticas, entre outras habilidades próprias para a idade.

         Para dar início a esse verdadeiro trabalho de Hércules é preciso antes resolver o problema das profundas e persistentes desigualdades regionais, consideradas, por especialistas no assunto, como uma das maiores do planeta. Somos um país imenso territorialmente e imensamente desigual na distribuição e concentração de rendas. Nesse ponto, é próprio considerar que, em nossa desigualdade e concentração de renda, está uma das principais raízes de nosso subdesenvolvimento prolongado e, enquanto esse problema não for solucionado, todos os outros também não o serão.

         Dessa forma, políticas públicas desenvolvidas sobre um país tão desigual estão fadadas ao fracasso ou a um sucesso pífio e momentâneo. Infelizmente, até aqui, e diante desse quadro, o Brasil não tem sido capaz de desenvolver programas e modelos capazes de enfrentar e superar essa dura realidade histórica.

         Por outro lado, é preciso atentar também para o gigantismo da estrutura educacional pública do país. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-Inep apontam que, no ano de 2023, registraram‐se 47,3 milhões de matrículas nas 178,5 mil escolas de educação básica no Brasil, cerca de 77 mil matrículas a menos em comparação com o ano de 2022, o que corresponde a uma queda de 0,2% no total. Essa leve queda é reflexo do recuo de 1,3% observado no último ano na matrícula da rede pública, que passou de 38,4 milhões em 2022 para 37,9 milhões em 2023, e o aumento de 4,7% das matrículas da rede privada, que passou de 9 milhões para 9,4 milhões, com números absolutos menores que a queda observada na matrícula da rede pública. Leia a pesquisa completa no link CENSO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2023.

         Trata-se, portanto, de um desafio imenso que precisa ser feito por milhões de brasileiros ao longo de muitas décadas. Falta apenas o primeiro passo.

A frase que foi pronunciada:

“A aprendizagem resultante do processo educativo não tem outro fim, senão o de habilitar a viver melhor, senão o de melhor ajustar o homem as condições do meio.”

Anísio Teixeira

Anísio Teixeira. Foto: gov.br

 

História de Brasília

Meu conterrâneo Gregório Mourão manda uma carta elogiando a Varig pelo cuidado dispensado pela emprêsa, no transporte de uma lata de doces vinda da nossa terra. (Publicada em 04.04.1962)

A fuga dos cérebros

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Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

 

          Com o fim do Imposto estadual sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), conforme proposta recente trazida e já aprovada da Reforma Tributária ou Arcabouço Fiscal, alguns reveses ou ajustes começam a surgir em diferentes partes do país.

         No caso de São Paulo, maior locomotiva econômica do país, essa nova situação terá que ser feita com muita cautela e estudos. Um desses casos aqui e que merece maiores precauções diz respeito à remuneração dos docentes das universidades públicas daquele estado e que muito se assemelha a outras unidades da Federação. O salário dos professores universitários, em grande parte, tem, como uma das fontes de receita, a cota fixa de quase 10% da arrecadação local do ICMS.

         Embora muitas Universidades gozem de autonomia financeira, é desse e de outros mecanismos que conseguem pagar a folha salarial de seus professores. No caso específico de Brasília, o funcionamento da UnB, um complexo de instituições e centros acadêmicos, tão ou mais difíceis de gerir do que uma cidade de médio porte, sua fonte de financiamento está prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA), que define o montante a ser direcionado à Universidade. Esse valor gira hoje na casa de R$ 1.8 bilhão, sendo 85% destinados a despesas obrigatórias com salário de pessoal, os outros 15% vão para custeio e demais investimentos.

          Com os cortes propostos pelo governo atual para a educação, esses valores foram alterados para baixo. Mas a questão que importa aqui, além dos muitos problemas enfrentados hoje pelas universidades públicas, diz respeito à remuneração dos professores e pesquisadores. Com o fim do ICMS, essa questão irá ganhar ainda mais elementos de preocupação. É sabido, e isso não é segredo para ninguém, que a remuneração dos professores sempre foi um problema central dessa profissão.

         Não é por outra razão que, a cada ano, as escolas e universidades em todo o país vêm perdendo profissionais descontentes com os salários. Por outro lado, o incremento, cada vez maior, dos centros de pesquisa e de laboratórios de tecnologia privados acaba atraindo os melhores cérebros dessas instituições de ensino, pagando melhores salários e ofertando melhores condições de trabalho. Esse fenômeno ocorre, principalmente, nos países desenvolvidos, que passam a atrair mão de obra especializadíssima para seus centros de pesquisa. A fuga de cérebros para esses centros prejudica muito a continuidade e a qualidade de nossas universidades e instituições de ensino. Basta dizer que a formação desses professores e pesquisadores requer muitos anos de estudo e grandes investimentos, a maioria feita com recursos públicos.

         Para um país como o nosso, onde a qualidade de ensino tem ficado muito aquém das nações do primeiro mundo, esses desfalques acarretam anos de atraso em desenvolvimento científico e uma quantidade incalculável de prejuízos econômicos de longo prazo. Basta dizer que pesquisadores brasileiros do programa de doutorado sanduíche da Capes, órgão ligado ao MEC, dizem recorrer à venda de plasma, racionamento de comida e doações para conseguir se manter no exterior, conforme divulgado no dia 06 deste mês, nas páginas do caderno Educação Uol. Problema dessa natureza e que diz muito do que somos hoje poderia, em parte, ser remediado com a adoção de um novo modelo salarial para o funcionalismo público.

         Nesse novo modelo, a remuneração dos professores universitários, em fim de carreira e com dedicação total, bem como os pesquisadores de ponta, seria tomada como o teto salarial para o Brasil. Com isso, ninguém, nem mesmo os ministros das altas Cortes, ganhariam mais do que os professores e cientistas, invertendo a lógica danosa que hoje está vigente em nosso país.

         Como justificativa desse novo modelo, basta lembrar que todos aqueles que hoje se enquadram dentro da elite do serviço público estão nessa posição graças aos esforços e trabalho persistentes de seus professores, do básico à universidade.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Temos um sistema que tributa cada vez mais o trabalho e subsidia o não trabalho.”

Milton Friedman

Foto: wikipedia.org

 

Reconhecimento

Apesar do desprezo da sociedade para quem cuida de limpar as cidades do Brasil, catadores que reciclam mais de 60% do plástico descartado buscam uma conversa com o presidente Lula. Há esperança. É hora de dar medalhas para esse pessoal.

Foto: cl.df.gov

Classe

Com o advento da Internet, não teremos, em 60 anos, papeis e fotos para ler sobre a história do país. Soube que Maria Ester Bueno teve outra sorte. Está lá. Registrada na famosa Enciclopédia Britânica, a biografia e os detalhes de quando venceu nas quadras inglesas.

Maria Esther Bueno após conquistar, aos 19 anos, o título de simples de Wimbledon em 1959 — Foto: Allsport Hulton/Archive

 

História de Brasília

No próximo dia 21 de abril será instalado o primeiro telefone no Setor de Indústria e Abastecimento. Notícia em primeira mão para uma área vasta com grande necessidade de comunicação. (Publicada em 01.04.62)

Importância dos sindicatos

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Foto: interativafm.net

 

          Observe bem: sempre que a militância sindical adentra o ambiente de trabalho, com discursos contra o patrão e outros inimigos meticulosamente escolhidos pelo partido que representam, nesse mesmo instante, dá-se o início ao processo que irá levar, à falência, essa fábrica, empresa ou instituição.

          Daí para frente, por conta da imunidade sindical ou de outras ameaças, o local de trabalho vai se transformando num palco para pregações ideológicas, todas elas voltadas não para a superação dos problemas imediatos e que interessam de fato aos trabalhadores, mas que garantam a abertura de novas trincheiras, por onde a militância irá, a mando dos caciques políticos, destruir, por dentro, as empresas e instituições.

         Com isso, ficam as bandeiras políticas fincadas e tremulando dentro das fábricas, empresas e instituições, mas vão-se embora os empregos e as oportunidades. O saldo dessas demissões, fechamentos ou decadência desses ambientes de trabalho, nunca são debitados na conta desses militantes, recaindo esse passivo todo nas mãos dos empregadores.

         Foi assim em áreas industriais desenvolvidas como o ABCD paulista, onde a atuação sindical, usando a estratégia de terra arrasada, deixou, para trás, imensas áreas abandonadas, com desemprego em alta, aumento da pobreza e da violência. Sindicatos, por sua natureza obtusa e de estreito viés militante, não criam empregos algum, nem hoje, nem amanhã. No máximo dão empregos a pelegos da entidade, enriquecendo a diretoria, formada por uma casta de verdadeiros capitães hereditários, que passa a comandar os sindicatos como autênticas propriedades privadas.

         Aos sindicatos, como filiais políticas, cabe atuar na linha de frente, arregimentando associados, que amanhã estarão no olho da rua. São legiões de indivíduos, que passam de trabalhadores remunerados a dependentes das promessas dessas entidades. Ao fim do processo de destruição das fontes de renda, esses mesmos trabalhadores passam agora a integrar as longas fileiras nas portas dos sindicatos, arregimentados para comporem as massas de manobras nas manifestações, tudo em troca de uma nota de R$ 20 reais, acompanhada de um pão com salame e refrigerante.

         É essa a terra prometida pelos sindicatos. Também nas escolas a atuação dos sindicatos têm contribuído para a decadência do ensino. Em carta enviada a essa coluna, um ex-professor da rede pública narra exatamente essa epopeia. “Desde que as visitas dos sindicalistas passaram a ser eventos corriqueiros nas escolas, o que mais se viu doravante foi a paralisação das aulas para reuniões, onde eram discutidos até a conveniência da cor do giz. Tudo era motivo de debate e até de bate-boca. Nesses encontros, os mais exaltados perdiam as estribeiras e mostravam, ao vivo, que estavam longe de estar aptos para exercer a função de educador. Aulas eram adiadas, provas eram adiadas. Nessas ocasiões calendários previamente preparados marcavam os dias de reuniões, dias de preparação para as paralisações, dias para o início das greves, comícios e outras manobras que, de um jeito ou de outro, deixavam as aulas em segundo plano.

         Houve anos em que as greves duraram quase seis meses. Com isso, os alunos da escola pública, que são também os mais necessitados, simplesmente abandonavam a escola e não regressavam mais. Os prejuízos para a continuação dos estudos eram imensos e insanáveis. Nada fazia sentido. Depois de meses de paralisações, um belo dia, o retorno das aulas acontecia, como se tudo tivesse parado no tempo. As aulas eram repostas de maneira falaciosa e tudo voltava ao normal. Os avanços em termos de salários eram tão irrisórios que nem eram citados como vitória da categoria. Nesse caso não importava a orientação ideológica do governo de plantão. Fazia-se greve com a esquerda ou a direita no poder. O que prova que são todos iguais. Para os alunos do turno noturno, essas greves eram ainda mais prejudiciais. São alunos que trabalham durante o dia e vão para escola à noite já exaustos.

         Depois de meses sem aulas, turmas inteiras desapareciam e era preciso juntar as classes todas em uma sala só, para dar audiência. Nunca senti, por parte dos sindicalistas, um interesse real em melhorar a qualidade do ensino. Passei a acreditar que os sindicalistas eram, na verdade, agentes cuja missão era sabotar as escolas e o ensino, sobretudo o ensino público. Hoje, longe da sala de aula, vejo quanto tempo perdi nessas paralisações e quanto tempo fiz os alunos perderem também com promessas. Enganei e fui enganado. Não creio na melhoria do ensino enquanto esse modelo, que aí está, não for alterado e enquanto não mudarem as regras desse jogo de faz de conta. Somente no dia em que o salário do professor for o teto do funcionalismo público, e a profissão for composta apenas por profissionais realmente capacitados é que se poderá falar em melhoria na qualidade das escolas. Até lá não”. MM.

 

A frase que foi pronunciada:

“A preparação que nosso método exige do professor é o autoexame, a renuncia à tirania.”

Maria Montessori

Maria Montessori. Foto: Wikimedia Commons

 

Honra ao mérito

Foi o estímulo dado pelo professor iugoslavo Oleg Abramov que levou Wanduil Gaio de Souza à IBM do Rio de Janeiro, com 19 anos de idade. No dia 21 de abril, Wanduil completa 40 anos de empresa, o funcionário mais antigo que começa nova vida. O conselho à geração que nasceu no tempo da Inteligência Artificial é que as pessoas, clientes ou colegas, são a parte delicada e que mais importa ao lidar. O trato com as máquinas é a parte mais fácil.

História de Brasília

No Setor Comercial Residencial à altura das casas da Fundação, uma máquina estava fazendo movimento de terra, e, por isto, foi preciso retirar as árvores plantadas outro dia. Terminado o trabalho, quem arrancou as árvores não plantou, novamente, como seria lógico. (Publicada em 18.03.1962)

Novo Ensino Médio em suspense

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Foto: Ed Alves/CB/DA.Press

 

         Na falta de especialistas realmente comprometidos com a grave questão da educação no país, melhor mesmo seria encurtar o caminho e os debates improdutivos e pueris sobre o tal do Novo Ensino Médio e passar a colher, mundo afora, experiências exitosas e, simplesmente, implementá-las por aqui. O que não se pode é deixar ao alvitre aleatório de governos, que vêm e vão, a decisão de mudar e de “reformular reformas” nessa importante etapa do ensino, tornando o que já é instável e precário em algo que jamais se realiza. O pior é atrelar a reforma do ensino médio a diretrizes de cunho político ideológico, forçando o ensino público e privado a tornarem-se escolas de doutrinações partidárias, preparando os alunos não para andarem sobre as próprias pernas, mas para seguirem marchando ao som e ao comando das orquestras desafinadas das legendas partidárias.

         A política, no ensino, deve ser apenas aquela ligada a políticas educacionais, como é feita no resto do mundo civilizado, e não aquela orientada segundo a visão obtusa de partidos políticos. Há que diferenciar, portanto, política educacional de educação política, como pretende agora o governo de plantão. Não bastasse a destruição que tem sido feita nas universidades públicas, com o banimento da pluralidade e de outras discussões, que não aquela que incensa as esquerdas, temos agora o anúncio do governo suspendendo a definição de prazos para que alterações sejam implementadas no ensino médio em todo o país.

         Por meio de portaria, o Ministério da Educação (MEC) atendeu a pressões vindas de entidades estudantis e de associações educacionais, todas elas de orientação esquerdista e, simplesmente, de uma canetada, irá atrasar e, quiçá, alterar as reformas do Novo Ensino Médio, que já vinham sendo desenvolvidas nas escolas de todo o país desde o ano passado. Carece a educação, assim como toda a infraestrutura básica de nosso país, de políticas, no sentido de ação, de longo prazo de permanência e maturação. O que temos são reformas feitas em cima de reformas a cada governo que chega, não importando se essas alterações continuadas terão ou não resultados no que é realmente necessário, que é a elevação na qualidade do ensino.

         Mesmo que o MEC garanta que não haverá mudanças do modelo, a simples decisão em suspender, por noventa dias, os cronogramas de implantação da reforma previstos no Novo Ensino Médio, já provoca reações e alimentam as incertezas de que o novo modelo de ensino pode não ter vida longa nesse governo ou mesmo ser abolido, apenas para atender o que deseja as hostes ligadas à disseminação da ideologização do Estado. É disso que se trata e não de outras pretensas intenções em melhorar um modelo que, sequer, teve tempo de dizer ao que veio.

         Com isso, o Novo Ensino Médio, que tinha como um dos objetivos minorar o grave problema da evasão escolar, dando aos alunos a oportunidade de escolher, entre as opções oferecidas pela grade curricular, aquelas disciplinas que melhor se adaptam à sua realidade imediata, fica suspenso no ar, pendurado no teto apenas pela brocha do pintor em atenção ao que deseja o presidente, que já adiantou que o atual modelo não irá ficar do jeito como está.

         A situação vergonhosa do ensino no país, e que é vista mais claramente nos certames de avaliações internacionais, fica como está, na rabeira do mundo, o que adia também a superação do Brasil da situação de país em eterno desenvolvimento.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“É necessário que o professor oriente a criança sem que esta sinta muito a sua presença, de modo que possa estar sempre pronto para prestar a assistência necessária, mas nunca sendo um obstáculo entre a criança e a sua experiência.”

Maria Montessori

Maria Montessori. Foto: Wikimedia Commons

 

TCC

Por falar em Educação, soubemos que Juarez José Tuchinski dos Anjos fez um estudo sobre o colunista Ari Cunha e as críticas ao sistema de ensino de Brasília. O material em questão foi publicado nesta coluna entre os anos 1960-1965. Veja a seguir.

30/09/2013 – Foto: Monique Renne/CB/D.A Press.

 

De olho

Um requerimento do senador Confúcio Moura coloca a Política Nacional de Saneamento Básico como assunto a ser monitorado por todo o ano de 2023 pelo colegiado da Comissão de Meio Ambiente.

Senador Confúcio Moura. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

24h

Agora é lei. Todas as Delegacias da Mulher deverão estar prontas para o atendimento 24h por dia, inclusive fim de semana e feriado. O assunto foi publicado no Diário Oficial.

Foto: Hmenon Oliveira

 

História de Brasília

A Escola Classe da superquadra 107, tôda vez que chove, fica completamente ilhada. Algumas telhas de alumínio foram dobradas pela velocidade do vento, e já merecem reparos. (Publicada em 18.03.1962)

 

Morte nas escolas

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hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Reprodução

 

         Muitos são os relatos verídicos que, todos os dias, as mídias sociais trazem ao conhecimento do público, dando conta do aumento no número de casos de chacinas, ocorridas dentro dos muros das escolas. São tragédias que deixam vítimas inocentes, entre mortos e feridos, e que vem ocorrendo em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, deixando as autoridades sem resposta para esses crimes.

         Jovens morrem cada vez mais cedo e fazem vítimas fatais cada vez com mais frequência. Há, de fato, uma epidemia a corroer, por dentro, as sociedades modernas, tanto do Ocidente, como do Oriente, numa clara demonstração de que existem problemas muito sérios que precisam ser equacionados o quanto antes, sob pena de enveredarmos por um lento e inevitável caminho rumo à autodestruição.

         Não se iluda achando que essas tragédias passam ao largo de nosso cotidiano e que, logo logo, essa onda niilista irá cessar. Pelo contrário, o que existe, e as notícias que chegam confirmam, é que há hoje uma verdadeira epidemia de crimes ocorrendo dentro e no entorno dos nossos estabelecimentos de ensino, público e privado. Por detrás desses morticínios, estão causas antigas e bem conhecidas como o bullying constante, dentro e fora das escolas, inclusive em casa; xingamentos e indiferenças que ajudam a germinar, na mente irrigada de hormônios do adolescente, a semente do ódio e da vingança.

         Tudo isso é alimentado ainda por um fator novo, representado pelas próprias mídias sociais, que divulgam e até dão destaque de estrelas para esses novos criminosos. Dizer que o jovem atual é, per si, o único culpado por esses acontecimentos danosos, também não representa toda a verdade. Há aqui uma associação direta e indireta a contribuir para a execução desses assassinatos que se estende desde o seio da família, passa pelas escolas e vai até a sociedade como um todo.

         São crimes, portanto, em que cada parcela da sociedade possui sua cota de responsabilidade, quer por omissão ou participação. Somos todos cúmplices desses morticínios, que são previamente preparados ainda dentro do âmbito do lar. Somos responsáveis, quer por negligenciarmos a formação e educação dos filhos, quer pela permissão da destruição das famílias.

          Não há como negar hoje que muitas famílias, simplesmente, não possuem condições mínimas para criar e educar suas proles. Não é exagero afirmar que há uma doença, destruindo por dentro, como um câncer, essa que é a célula mater da sociedade. Para muitas famílias, a solução de seus conflitos internos com os filhos é empurrá-los para as escolas, na esperança de que, nesse ambiente, ele encontre amparo para seus problemas. Ocorre que nem as escolas e muito menos as autoridades ligadas ao ensino e à educação estão preparadas ou sequer sabem o que fazer.

         A maioria das escolas não possuem ajuda de psicólogos ou de outros assistentes sociais especializados na tarefa de ajudar esses jovens. Para complicar uma situação que em si já é bastante grave, as chamadas novas abordagens de psicologias ou de pedagogia contribuem ao seu modo para jogar mais gasolina nesse inferno, ao insistir que crianças e jovens, antes mesmo de conhecerem seus deveres, compromissos e responsabilidades, devem ser previamente amparados por todo o tipo de direitos, inclusive o de não ser contrariado. Os pais abdicaram do poder de educadores para passar mais poder aos nossos jovens antes que eles possam saber como usá-lo. Obviamente que isso não dá certo e resulta nesses casos extremos e dolorosos que estamos presenciando.

A frase que foi pronunciada:

“As raízes da educação são amargas, mas o fruto é doce.”

Aristóteles

FOTO: CREATIVE COMMONS

 

Na real

Diminuiriam, exponencialmente, os acidentes e intercorrências atendidas pelos Policiais Militares, SUS e Bombeiros, se botecos e distribuidoras de bebidas fechassem mais cedo. Se José Serra, quando ministro da saúde, teve a coragem de proteger a população contra o tabaco, enfrentando a poderosa indústria do fumo, há que se ter alguém para encarar a indústria de bebida alcóolica, que não traz benefício algum para a sociedade.

Foto: Divulgação/CBMDF

 

Sem gorjetas

Com o pagamento da gasolina por cartão ou pix, os frentistas pararam de receber um aporte no salário.

Foto: Carol Garcia/GOVBA

 

Atenção, empresários

Endrick Felipe Moreira de Sousa começou criança a jogar futebol no DF e, agora como profissional, vai fazer parte, em julho do ano que vem, do clube Real Madrid. Na mesma trilha, segue o garoto Pierry Santos Boto, que saiu de Brasília para jogar no Aragoiânia. Quem vê o garoto jogar vê uma criptomoeda humana.

Pierry Santos Boto recebendo o prêmio de jogador revelação sub11 2017 da Copa Brasília pelas mãos de Everson, jogador da Seleção Brasileira sub20, no Estádio Joaquim Domingos Roriz, em dezembro de 2017.

 

História de Brasília

Ademais, que chamasse, então, o seu sucessor, em viagem pelo exterior, e o país não teria passado aqueles momentos de tanta angustia, nem tanto dinheiro seria emitido para manter o sistema financeiro. (Publicada em 17.03.1962)