Tag: #Democracia
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
instagram.com/vistolidoeouvido
Alguns fatos, por sua evidência cristalina, muitas vezes passam despercebidos para a maioria das pessoas, mesmo estando na ponta do nariz de muitos. Em se tratando do nosso modelo político partidário — uma espécie de protótipo projetado para não atender aos interesses soberanos dos eleitores e, sim, ao apetite pantagruélico dos caciques e donos das legendas —, fica patente que é chegada a hora de a população exigir, pelos meios legais de que dispõe, uma reforma profunda que moralize e racionalize esse sistema o quanto antes, sob pena de conduzir a nação para um tipo inédito de ditadura no qual os desígnios dos políticos suplantarão, em muito, o que esperam os cidadãos de bem.
Nesse ponto, fica demonstrado, na prática, que a existência de uma enorme bancada composta por aproximadamente 200 parlamentares, ou cerca de 40% dos deputados, e que, em muitas votações de interesse, tem mostrado um comportamento disciplinado e coeso, poderia muito bem ser aglutinada em apenas um bloco. O bloco de direita, eliminando, assim, uma dezena de legendas inúteis e dispendiosas para os eleitores. Do mesmo modo, poderiam ficar concentrados num bloco da esquerda todos os partidos que defendem essa ideologia. O restante ficaria distribuído entre os blocos de centro-direita e centro-esquerda, completando, assim, quatro grandes bancadas com assento nas duas Casas do Congresso.
Poderia, ainda, segundo preferência do eleitor, ser formado um quinto bloco, composto por parlamentares avulsos e independentes. A eliminação de dezenas de legendas de aluguel e que só têm servido para onerar nosso já dispendioso modelo de representação, tornando-o disperso e ineficaz, representaria uma economia necessária para o país.
Trata-se de um gasto, muitas vezes, superior ao que é destinado para muitas áreas de interesse imediato da população. O fato é que o nosso modelo de democracia custa muitíssimo ao eleitor, pagador de impostos. O pior é que este é um modelo que, incrivelmente, atende muito mais à classe política do que aos brasileiros e tende a piorar nos próximos anos.
Obviamente que a democracia, como regime político que preza a liberdade e o Estado Democrático de Direito, não pode ser avaliada segundo metodologias de precificação, mas, em se tratando do nosso modelo particular, erigido para enriquecer indivíduos e partidos, estamos falando de um outro preço: o preço da esperteza. A questão é saber até quando os brasileiros estarão dispostos a pagar para ter o atual modelo em mãos?
Em termos comparativos com outros países desenvolvidos e onde a democracia é uma conquista centenária, sabe-se que nosso modelo custa aproximadamente seis vezes mais do que o francês e cinco vezes mais do que o britânico, que existe desde 1689.
Temos uma das eleições mais caras. Com a proibição do financiamento privado, depois dos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato, os políticos foram com fome para cima dos cofres públicos, onde, por meio do chamado presidencialismo de coalizão, arrancam, a cada eleição, o que querem de recursos.
Os custos somados dos fundos partidários e dos fundos eleitorais demonstram, na prática, que estamos no caminho errado para a democracia. Não é por meio da tutela estatal da classe política, realizada a fundo perdido, que teremos a democracia a que temos direito.
A frase que foi pronunciada:
“O Senado precisa fazer as pazes com o povo.”
Senador Girão
Atividades
Começou a Quaresma Franciscana de São Miguel Arcanjo, que vai até o dia 29. Veja a programação a seguir.
Novidade
Turistas em passagem por Brasília comentam que sentiram falta de uma placa nas entrequadras com um mapa das lojas/serviços existentes. A ideia é ótima!
Arquitetura
Já com os ingressos à disposição do público, a mostra da última versão da Casa Cor está interessante. A natureza quase sempre presente é uma indicação dessa necessidade humana em respirar o verde. Neste ano, a mostra
vai até 16 de outubro, com 43 ambientes assinados por 71 profissionais, na Arena BRB, no
Mané Garrincha.
História de Brasília
O Dr. Waldemar Lucas tem sido um administrador ideal para Taguatinga. Pegou a cidade sem nenhuma organização, sem lotes
regularizados, com invasões por todos os lados, e está pondo tudo nos eixos. É um elogio a quem merece. (Publicada em 15/4/1962)
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Pouca gente neste mundo soube tão bem e de maneira mordaz definir o que é democracia. Millôr, o guru do Méier, dizia ele: “democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.” Chistes aparte, democracia é coisa séria. Não fosse, não estaria na agenda da história da civilização humana por tantos séculos.
Desde o século V a.C, na Grécia, este modelo de governança, em que os cidadãos opinam livremente sobre os destinos do Estado, foi sendo desenvolvido e aprimorado. O fato é que, até aos dias de hoje, não foi possível ao intelecto humano criar um outro modelo alternativo, tão eficaz e duradouro como a velha e boa democracia ateniense.
Sem a participação voluntária da nação, os Estados não passam de patrões autoritários ou coisa do gênero, decidindo e impondo deveres, infelicitando o povo ao mesmo tempo em que cuidam de reproduzir o inferno na Terra. Cientistas políticos, que vêm pensando e discutindo democracia ao longo do tempo, sabem que a evolução nas relações sociais impõe mudanças também na maneira como entendemos e praticamos a democracia.
O que pode assustar os menos avisados é a notícia de que, assim como as cidades, também a democracia pode eventualmente vir a morrer de falência múltipla dos órgãos. Na obra intitulada “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levistsky e Daniel Ziblatt, publicada em 2018, os autores deixam claro que não são apenas os golpes de Estado que tiram a vida das democracias. Também, em nosso mundo contemporâneo, temos assistido o falecimento de muitas democracias de forma gradual e de modo sutil, quando esse sistema passa a ser atacado por dentro, como uma doença progressiva, minando e decretando lentamente a falência dos princípios democráticos um a um.
São diversas as maneiras que podem debilitar a democracia, querem pelo desrespeito às normas democráticas: quando o declínio democrático começa com a erosão das normas políticas, como a rejeição ao respeito mútuo e a negação da legitimidade do oponente político. Ou quando a erosão das instituições políticas provoca o enfraquecimento democrático, envolvendo diretamente a deterioração das instituições políticas, que são fundamentais para o funcionamento saudável de uma democracia.
Também pode ocorrer pela polarização extrema, visando minar a capacidade de encontrar soluções consensuais e compromissos. Ou mesmo quando passa a existir a rejeição à diversidade e ao pluralismo. Ou seja, quando os próprios líderes políticos rejeitam a diversidade e o pluralismo vão levando ao enfraquecimento dos valores democráticos. Há ainda a chamada manipulação da mídia: quer com a disseminação de informações falsas para corroer a confiança nas instituições democráticas, quer para enfraquecer a oposição.
Nessa obra que causou grande alvoroço no meio político, os pensadores também destacam a importância de atores-chave na preservação da democracia, como partidos políticos responsáveis, elites políticas comprometidas e uma imprensa livre e imparcial. A falta de quaisquer desses elementos pode abrir caminho para líderes populistas autoritários minarem os mecanismos de freios e contrapesos, levando a democracia a falência.
Não são poucas as democracias no mundo ocidental que estão, neste momento, experimentando um ou mais desses venenos fatais, carecendo de socorro imediato para salvarem-se da morte. “Uma das grandes ironias de como as democracias morrem, dizem os autores é que a própria defesa da democracia é muitas vezes usada como pretexto para a sua subversão.
Aspirantes a autocratas costumam usar crises econômicas, desastres naturais e, sobretudo, ameaças à segurança – guerras, insurreições armadas ou ataques terroristas – para justificar medidas antidemocráticas. Nestes últimos anos passou ser comum ouvirmos, com certa insistência a adoção de medidas restritivas ao livre pensar e criticar, todos eles erigidos sob o pretexto de defesa do Estado Democrático de Direito. Em nome dessa entidade todo o poder do Estado passa a ser legítimo, mesmo que isto custe o que de mais caro exista nas relações entre o cidadão e o Estado, que é a garantia da liberdade.
O mais penoso é saber que a democracia pode, segundo Levitsky, morrer nos braços de líderes eleitos ou sob o alvitre daqueles que têm como missão salvaguardar a Constituição. O fato é que a erosão da democracia, para a grande maioria, pode acontecer de maneira quase imperceptível. Quando despertos do sono, muitos cidadãos podem se dar conta de que já estão no abismo e sob o comando das trevas. “Os cidadãos muitas vezes demoram a compreender que sua democracia está sendo desmantelada – mesmo que isso esteja acontecendo bem debaixo do seu nariz.”
História de Brasília
No Supermercado UV-1 o uísque nacional custa Cr$ 1.320,00. No UV-2, o mesmo uísque custa Cr$ 1.032,00. Para que não haja engano, o UV-2 é quem está com a razão. (Publicada em 10.04.1962)
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Desde sempre, sabe-se que as companhias, com os quais o indivíduo anda e se relaciona, de certa forma, definem quem ele é, e quais os seus propósitos. Essa é uma sentença que pode valer tanto para pessoas como para países. No caso do Brasil, tendo como base a composição de países que integram o BRICS – Brasil, Rússia, China e África do Sul -, as características internas de cada país-membro, sobretudo no que diz respeito à importância que cada um dedica a fatores como a democracia, vemos que nosso país não vai em boa companhia.
Mesmo agora, com a adesão de novos países ao Bloco, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Etiópia e Irã, o que se observa, deixando de lado os pretensos ganhos econômicos que isso possa representar internamente, há de se refletir muito sobre a qualidade dessas companhias, a grande maioria representada por ditaduras primitivas, que desprezam coisas como direitos humanos e outros valores caros ao Ocidente.
Pensar que os indivíduos podem ser um em casa e outro na rua, seria desacreditar que a sentença antiga que diz que “costume de casa se leva à praça” também está errada. A não ser que o Brasil se encaminhe também para ser uma ditadura, como muitos hoje apontam, cedo ou tarde, o caráter interno desses Estados integrantes dos BRICS, irá dominar também todo o Bloco, fazendo, desse conjunto, não apenas um clube de vantagens econômicas, mas um aglomerado de países dispostos e orientados estrategicamente para enfrentar o Ocidente, sua cultura e valores, inclusive com o uso de uma força conjunta.
Não seria surpresa se, por detrás de todos os arranjos econômicos e comerciais dos BRICS, não estariam também esforços para a constituição de uma organização nos moldes da OTAN. Que resultados esperar, do ponto de vista do desenvolvimento humano, baseado na qualidade de vida e segurança das populações de cada país membro, quando se observa que muitos deles não respeitam e até oprimem quaisquer manifestações internas de seus cidadãos, por maior representatividade que possam ter?
Quem se dedicar a um estudo mais aprofundado, de cada país-membro dos BRICS, com seus novos componentes, verá que a maioria deles consta na lista de negra das organizações internacionais que lutam em defesa da democracia e dos direitos humanos. Brasil está perfilado ao lado de ditaduras ferrenhas, compondo um bloco que, a despeito de suas ideias econômicas, não são bem vistos pela maioria dos países do Ocidente. Que estratégia seria essa de se colocar um país fincado no ocidente, contra os ideais do próprio Ocidente?
De certo, esses estrategistas do Exército Brancaleone não entenderam ainda que geografia é destino. Aliar-se a países que não escondem suas teses antiamericanas, no caso específico do Brasil, só pode render dessabores dos mais perigosos. O pior é que a população é quem irá pagar por essas sandices geopolíticas. Que cooperações e parcerias do tipo políticas, esperar de ditaduras? Um sinal sintomático, e até de mau agouro, sobre o futuro do BRICS foi dado por ninguém menos do que o ditador e candidato a uma vaga no Bloco, Nicolás Maduro, da Venezuela. Disse ele, com todas as letras: “Apostamos no BRICS como parte de um novo mundo, de um novo equilíbrio, como parte do conceito geopolítico bolivariano de um mundo de equilíbrio, um mundo de iguais.”
Que mundo seria esse? Uma observação atenta sobre o que acontece hoje na Venezuela, seria um pesadelo transplantar toda aquela miséria e opressão para outros países. Quo vadis, Brasil (aonde vais)?
A frase que foi pronunciada:
“Instituições internacionais como o Conselho de Segurança, a Assembleia Geral, o G20, os BRIC, o FMI, etc., continuam a ser pouco mais do que uma extensão dos valores e interesses (cada vez mais conflituantes) dos Estados-membros.”
Ian Bremmer
Cuidados
Quase todas as ofertas pelo WhatsApp funcionam como isca para um golpe que pode dar muita dor de cabeça. Depois de pesquisarem as amizades pelas redes sociais, os criminosos concluem qual o interesse da vítima: festas, música, crochê e por aí vai. Daí, com um convite especial, ele pede para confirmar a senha do WhatsApp que é instalado em outro aparelho. Daí por diante, pedidos de depósitos aos amigos e familiares. O mais interessante é que, mesmo com a exigência de um CPF na compra de um chip ou mesmo com as taxas de segurança pagas aos bancos, não é tão fácil localizar os meliantes.
Tecno
Na Indonésia e em outros países, é possível encontrar uma câmera com sensor térmico que aponta os viajantes com temperaturas maiores que as normais.
História de Brasília
A agressão ocorreu próximo ao Cota Mil, quando a guarnição de RP fugindo às suas finalidades, considerou o jornalista um elemento de alta periculosidade.
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Em carta publicada nesta 3ª feira (14), na coluna Sr. Redator, deste jornal, sob o título “Mídia Nacional”, o leitor Renato Mendes Prestes afirma que a grande mídia no Brasil, nesses últimos anos, tem se mostrado, com honrosas exceções, serviçal tanto ao capital como aos donos do Poder. É uma verdade que, por sua crueza e mau odor, não é possível ser varrida para debaixo do tapete. Como aponta o missivista, o Brasil permanece sendo um país policialesco, de cultura provinciana, antidemocrático, coronelista e patrimonialista. Tem pois, nesse caso, a mídia que merece e lhe cabe sob medida no figurino.
Para alguns observadores da cena política, esse comprometimento da grande mídia com o capital e o Poder vem se acentuando desde 2018, a partir da eleição do penúltimo chefe do Executivo. De lá para cá, os serviços prestados por esse tipo de mídia serviçal foram todos eles feitos com dois propósitos básicos: desestabilizar o azarão eleito naquela ocasião, ao mesmo tempo em que incensava e passava panos limpos no passado recente daquele que seria o candidato favorito do sistema. Tanto fez que conseguiu. A maior prejudicada com esse posicionamento nada digno é sempre a população. “A mídia atua como Diário Oficial dos políticos”, diz o leitor, ao completar que essa posição, a que opta pela “versão positiva dos fatos”, apresenta ao povo, e nesse caso aos leitores e eleitores, uma meia-verdade, que ao fim e ao cabo, é “uma mentira inteira”.
Cabe aos jornais entender, de uma vez por todas, que o público, no caso os leitores, já não toleram mais engôdos e ardis tanto desse tipo de imprensa como, principalmente, desse modelo de política que mais se assemelha a um pastiche.
Por essa e por outras é que, neste momento, mais do que nunca, é preciso que a grande imprensa bote a boca no trombone e não se restrinja apenas em noticiar os movimentos, que andam céleres e em marcha batida, no governo, principalmente, e no Judiciário e Legislativo, para a confecção do que chamam de projetos para a “regulação das mídias”.
Um nome pomposo, mas que esconde o real motivo que é a implantação da censura e o tolhimento de qualquer manifestação ou oposição ao atual governo. Sob o pretexto de combate às fake news e ao que chamam de discurso de ódio ou outros pseudos epônimos, está em andamento o que poderá vir a ser o banimento ou desidratação do Artigo 11º da Constituição de 1988, que versa sobre liberdade de expressão e de informação.
Basta ver os personagens que hoje estão empenhados nessa tarefa inglória, para que o cidadão se conscientize de que, desse grupo, jamais irá sair quaisquer medidas que assegurem, de fato, a liberdade de informação e de expressão, conforme está claramente escrito em nossa Carta Maior.
Menções como defesa da Democracia, ou o que eles entendem por isso, são usadas para dar cor e sabor a um conjunto de medidas que serão escritas com a mesma cor das tarjas negras que cobrem o que é censurado. Outros eufemismos como autorregulação das big techs e o controle ou a desmonetização dos canais e mesmo a criação de novos algorítmos, visam tão somente o controle, por parte do Establishment, do que é visto, lido e ouvido pela população.
É hora de a imprensa entrar de frente nessa discussão antes que todo esse descalabro seja votado, aprovado e posto em prática pelo atual governo. Caso venha ser aprovado como está sendo atualmente delineado por esses “paladinos” da verdade unívoca, chegará um momento em que até a imprensa serviçal do passado será lembrada com saudade. Pelos menos, naquela época, irão dizer, havia uma meia-verdade. Hoje, nem isso.
A frase que foi pronunciada:
“Não fui a passeatas contra o regime, não sequestrei ninguém, nem músicas de protesto eu fiz. Por que não posso usar a palavra povo na minha música, vou substituir por ovo. Ovo pode?(…) De todas as artes vigentes no Brasil, porque somente a música foi eleita como maldita? Medo de um eventual processo subliminar? Quem ouve discos ouve porque quer, ao contrário da TV. Em 1983, com promessas de abertura eu pergunto em nome da música: essa censura não vai acabar?”
SEIXAS, 1983 apud CAROCHA, 2007, p. 51
Solução
No caso do aluno que deu um bombril para a professora, os pais deveriam ser convocados a sentar no banco da escola, na mesma sala do filho, para assistirem uma semana de aula. Essa é uma punição positiva, que, certamente, serviria de exemplo para os outros que tentarem passar da linha do respeito.
História de Brasília
O emplacamento de carros está entregue à Prefeitura. Êste ano, as camionetas tipo Pic-UP serão, obrigatoriamente, portadoras de chapas vermelhas. Isto, quer dizer que somente poderão ser dirigidas por motoristas profissionais, ocasionando, então, sérios transtornos. (Publicada em 17.03.1962)
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Em democracias verdadeiramente maduras, as instituições do Estado jamais se prestam a perseguir opositores do governo de plantão, com base em opções ideológicas. Nessas democracias autênticas, o Estado e todas as suas instituições são infensas às etéreas fumaças de matizes ideológicos. Predileções ou cores partidárias são válidas nos limites dos partidos e jamais devem contaminar o Estado e sua máquina. Primeiro, porque é esse o desejo dos cidadãos de bem. Segundo, é preciso lembrar que o custeio da máquina pública é feito pelos pagadores de impostos, que, na sua imensa maioria, querem ver os políticos e suas preferências momentâneas longe, muitas léguas, de tudo que é público.
O problema é fazer valer esse modelo de equidistância do Estado, num país histórico e culturalmente patrimonialista, onde as relações interpessoais e consanguíneas penetram e contaminam toda a estrutura da máquina pública. A persistir esse modelo de República às avessas, o que a população brasileira pode esperar para o futuro ad infinitum é ser governada, alternadamente, por clãs oligárquicos, que usam e abusam dos mecanismos do Estado para perseguir, ou eliminar, opositores, tornando o caminho dos cofres aplainados e livres para seus correligionários.
Nada do que foi dito acima é novidade para ninguém, o que tornam as coisas ainda piores, já que muitos passam a acreditar que é esse o modelo que estamos fadados seguir e aturar e que, em última análise, decorre, diretamente, de nossas próprias escolhas diante do altar das urnas eletrônicas. Não há salvação à vista, frente a um Estado distópico, pronto a desconstruir e retorcer, diante de todos, o que vem a ser Estado democrático de direito, ainda mais quando forças de toda a ordem, que poderiam estar ao lado dos cidadãos, se rendem às benesses do governo, ajudando o sistema a parecer aquilo que não é de fato.
São bilhões e bilhões de reais que fluem das mãos dos cidadãos, diretamente para manter o status quo, azeitando e mantendo atuante a odiosa máquina de moer opositores. Somos, nesse caso, todos cúmplices, mantendo vivo um sistema que visa nos manter num silêncio sepulcral. Essas digressões, feitas tangencialmente à nossa realidade, nesses momentos de penumbra, vem a propósito do esquecimento ou para usar uma linguagem mais atual, do cancelamento a que estão submetidas centenas de pessoas, na sua maioria gente idosa, presas sem acusação formal ou acesso aos seus processos na justiça, todas elas acusadas de crimes vagos e sem previsão no ordenamento jurídico.
Taxadas de terroristas e outros epônimos a estampar manchetes e que agora jazem em condições sub-humanas por conta de uma máquina pública transformada em fuzil e municiada por projéteis ideológicos, prontas para aniquilar opositores. É disto que se trata, mesmo que a tarja preta tente esconder de todos. São prisioneiros de consciência, mesmo que digam o contrário.
A frase que foi pronunciada:
“A verdade é que este tipo de ditadura, sendo essencialmente antidemocrática, tem de recorrer a formas pseudodemocráticas para se legitimar, mas também, e isso é o que importa, pela sua real convicção de representar o povo, o verdadeiro, pessoas legítimas, que se definem pelo poder através de critérios raciais, políticos ou culturais”.
José María Faraldo, Redes de terror: a polícia secreta comunista e seu legado.
Quase 3 mil
Se alguns acham que para cumprir os deveres como cidadão é difícil, o Estado mal gerido sofre muito mais. Depois de registrar matrículas de alunos que precisam de apoio durante as aulas por portarem alguma deficiência, a Secretaria de Educação está às voltas para contratar concursados e conclamar a presença de voluntários.
Entendido
Vida Vivida — histórias de um advogado, de José Alberto Couto Maciel, é um desses livros de cabeceira que se tem para conversar lendo. Cada vez que é aberto, chama a atenção para detalhes. “Na prática, muitas vezes se ganha o processo porque se tem razão, porque fez um excelente trabalho; outras vezes por esses mesmos motivos, se perde. É que o lado humano importa muito mais do que o direito. Parece-me que o direito tem sempre duas caras, e qualquer das duas vale quando transitado em julgado.”
Acidente
Cloreto de vinila é o nome da substância tóxica que vazou do trem descarrilado em Ohio, nos Estados Unidos. O caso é tão grave que os moradores não querem voltar às suas casas. Os depoimentos são de estarrecer.
História de Brasília
Atrás do Bloco 2 do Iapfesp (304), estão jogando entulho para encobrir a lama. A superquadra não pode ser urbanizada porque construíram as casas de alvenaria onde deveria ser jardim. (Publicada em 17/3/1962)
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Em democracias verdadeiramente maduras, as instituições do Estado jamais se prestam a perseguir opositores do governo de plantão, com base em opções ideológicas. Nessas democracias autênticas, o Estado e todas as suas instituições são infensas às etéreas fumaças de matizes ideológicos. Predileções ou cores partidárias são válidas nos limites dos partidos e jamais devem contaminar o Estado e sua máquina. Primeiro, porque é esse o desejo dos cidadãos de bem. Segundo, é preciso lembrar que o custeio da máquina pública é feito pelos pagadores de impostos, que, na sua imensa maioria, querem ver os políticos e suas preferências momentâneas longe, muitas léguas de tudo que é público.
O problema aqui é fazer valer esse modelo de equidistância do Estado, num país histórico e culturalmente patrimonialista, onde as relações interpessoais e consanguíneas penetram e contaminam toda a estrutura da máquina pública. A persistir nesse modelo de República às avessas, o que a população brasileira pode esperar para o futuro ad infinitum, é ser governada alternadamente por clãs oligárquicos que usam e abusam dos mecanismos do Estado para perseguir ou mesmo eliminar opositores, tornando o caminho dos cofres aplainados e livres para seus correligionários.
Nada do que foi dito acima é novidade para ninguém, o que tornam as coisas ainda piores, já que muitos passam a acreditar que é esse o modelo que estamos fadados a seguir e aturar e que, em última análise, decorre, diretamente, de nossas próprias escolhas diante do altar das urnas eletrônicas.
Não há salvação à vista, frente a um Estado distópico, pronto a desconstruir e retorcer, diante de todos, o que vem a ser Estado Democrático de Direito. Ainda mais quando forças de toda a ordem, que poderiam estar ao lado dos cidadãos, se rendem às benesses do governo, ajudando o sistema a parecer aquilo que não é de fato.
São bilhões e bilhões de reais que fluem das mãos dos cidadãos, diretamente para manter o status quo, azeitando e mantendo atuante a odiosa máquina de moer opositores. Somos, nesse caso, todos cúmplices, mantendo vivo um sistema que visa nos manter num silêncio sepulcral. Essas digressões, feitas tangencialmente à nossa realidade, nesses momentos de penumbra, vêm a propósito do esquecimento ou, para usar uma linguagem mais atual, do cancelamento a que estão submetidas centenas de pessoas, na sua maioria gente idosa, presas sem acusação formal ou acesso aos seus processos na justiça, todas elas acusadas de crimes vagos e sem previsão no ordenamento jurídico.
Tachadas de terroristas e outros epônimos a estampar manchetes e que agora jazem em condições sub-humanas por conta de uma máquina pública transformada em fuzil e municiada por projéteis ideológicos, prontas para aniquilar opositores.
É disto que se trata, mesmo que a tarja preta tente esconder de todos. São prisioneiros de consciência, mesmo que digam o contrário.
A frase que foi pronunciada:
“A verdade é que este tipo de ditadura, sendo essencialmente antidemocrática, tem de recorrer a formas pseudodemocráticas para se legitimar, mas também, e isso é o que importa, pela sua real convicção de representar o povo, o verdadeiro, pessoas legítimas, que se definem pelo poder através de critérios raciais, políticos ou culturais”.
José María Faraldo, Redes de terror: a polícia secreta comunista e seu legado.
Quase 3 mil
Se alguns acham que para cumprir os deveres como cidadão é difícil, o estado mal gerido sofre muito mais. Depois de registrar matrículas de alunos que precisam de apoio durante as aulas por portarem alguma deficiência, a Secretaria de Educação está às voltas para contratar concursados e conclamar a presença de voluntários.
Entendido
Vida Vivida – histórias de um advogado, de José Alberto Couto Maciel, é um desses livros de cabeceira que se tem para conversar lendo. Cada vez que é aberto chama atenção para detalhes. “Na prática, muitas vezes se ganha o processo porque se tem razão, porque fez um excelente trabalho; outras vezes por esses mesmos motivos, se perde. É que o lado humano importa muito mais do que o direito. Parece-me que o direito tem sempre duas caras, e qualquer das duas vale quando transitado em julgado.”
Acidente
Cloreto de Vinila é o nome da substância tóxica que vazou do trem descarrilado em Ohio, nos Estados Unidos. O caso é tão grave que os moradores não querem voltar às suas casas. Os depoimentos são de estarrecer.
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Atrás do Bloco 2 do IAPFESP (304), estão jogando entulho para encobrir a lama. A superquadra não pode ser urbanizada porque construíram as casas de alvenaria onde deveria ser jardim. (Publicada em 17.03.1962)
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Fukuyama, filósofo e economista nipo-americano, autor do polêmico best-seller “O Fim da História e o Último Homem” – em que apontou a queda do muro de Berlim como sendo marco que deu início ao fim dos processos históricos de mudanças, que seriam substituídas pelo liberalismo e pelo triunfo da democracia liberal – em importante entrevista concedida há alguns anos à imprensa, teceu comentários instigantes sobre a crise brasileira, cujos desdobramentos vinha acompanhando de perto com lupa de estudioso dos problemas humanos.
Em sua avaliação, o momento brasileiro era repleto de vantagens únicas e de grandes desafios, principalmente no âmbito político, onde já se anunciam transformações significativas. No entanto, para o cientista, era preciso evitar que o combate necessário à corrupção fosse, como veio a ser, arrastado para o campo de batalha das ideologias políticas.
Entendia Fukuyama que havia, em nosso país, como em outros países da América Latina, um complicado entrelaçamento entre a elite política e empresarial, ambos acostumados historicamente com as benesses advindas da corrupção na máquina pública. O que destacava o Brasil naquele cenário era a existência de uma imprensa livre e independente, aliada a um sistema judicial, atuante, firme e imparcial. Tudo isso somado a uma sociedade civil mobilizada, que, de certa forma, impedia que os mal feitos fossem varridos para debaixo do tapete como era nosso costume cultural e histórico até então.
Neste ponto, Fukuyama se dizia preocupado com a possibilidade de o combate à corrupção, que parecia ser um consenso entre muitos políticos, pressionados por seus eleitores, vir a ser arrastado para o campo de guerra ideológica, perdendo, com isso, seu foco e seu poder de justiça. Por isso, para muitos que acompanham o trabalho de Fukuyama, ele é hoje uma espécie de guru, se é que se pode dizer assim, no âmbito acadêmico. Conforme ele previu em seus estudos e expertise, impasses seriam ruins, tanto para um lado como para o outro, prejudicando principalmente a sociedade como um todo e as chances de transformação do país.
Nos Estados Unidos, lembrava, a sociedade civil teve que se esforçar por décadas, a partir do século XIX, para modernizar os serviços públicos do país, priorizando indicações técnicas e, principalmente, fazendo valer efetivamente o combate à corrupção. O Brasil, dizia, precisa de uma nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas e empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo.” Para tanto, seria necessário impor limites ao capitalismo do tipo selvagem, criando uma rede de segurança social para proteger as pessoas do mercado voraz. “Não é desejável que o capitalismo faça tudo o que quer, aconselhava, mas também não se pode politizar qualquer tomada de decisão econômica”, ensina.
Na avaliação do economista e professor da Universidade de Stanford, o combate à corrupção não é, nem nunca, foi uma questão fundamentalmente cultural, mas de expectativas, ou seja, é preciso que aconteçam sérios revezes com quem pratica a corrupção, para que as pessoas entendam que esse não é o caminho. “As normas sociais só mudam com regras melhores e pressão social”, aconselhava.
Como ainda não havia, em nosso país, uma direita bem formada, com projetos e programas bem estruturados e capaz de fazer valer o outro lado da balança ideológica, a vitória da esquerda se deu até de um modo bem simples, culminando agora com a reeleição de seu maior representante, como já previa, Fukuyama.
A frase que foi pronunciada:
“Sistemas corruptos não se consertam sozinhos.”
Fukuyama
Editora UnB
Marcus Mota e Luis Lóia são os organizadores da obra A Tragédia Grega: origens. Lançada pela editoria UnB, a obra traz os textos traduzidos e comentados por Eudoro de Sousa. Acesse o livro na íntegra no link A tragédia grega : origens.
Congresso em Portugal
Abertas as inscrições para o VII Congresso Lusobrasileiro sobre Alienação Parental, que acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro, na Faculdade de Direito de Lisboa, em formato online – via zoom da FDL.
Em pauta
Sem sucesso, o ex-senador Marco Maciel tentou regulamentar o lobby. O assunto ocupa as gavetas do parlamento há pelo menos 40 anos. Trata-se de uma ferramenta importante no combate à corrupção e ao aprimoramento da democracia. Ouça, no link Regulamentação do lobby vai dar mais transparência aos processos de tomada de decisões no Congresso, a entrevista da Rádio Câmara com Ricardo José Rodrigues, Consultor Legislativo daquela Casa.
História de Brasília
Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Vinte anos terão se passado, desde que o primeiro ex-operário subiu a rampa do Palácio do Planalto. Com Lula, chegaria, também ao poder, o primeiro governo de orientação esquerdista. Dessa experiência histórica, desejada por muitos que ainda creditavam esperanças de igualdade plenas nessa vertente política, ficou, ao lado de uma grande decepção, a constatação de que o país havia retornado ao fundo do poço, depois de ser brevemente resgatado pela engenharia econômica do Plano Real.
De lá para cá, o Brasil foi do céu ao inferno num átimo. O que restou, talvez, de mais proveitoso dessa experiência frustrada, foi o aprendizado de que honestidade e eficiência na gestão do Estado não são atributos exclusivos dessa ou daquele matiz ideológico, mas advém unicamente da escolha livre e sensata de brasileiros conscientes da importância do voto.
Num balanço rápido, o que temos, além do encarceramento da cúpula que governou o Brasil, e da mais profunda depressão econômica já vivida pelos brasileiros, são dúvidas e incertezas sobre os destinos do país. Das inúmeras consequências negativas dessa experiência que se quis “revolucionária” nos moldes dos anos sessenta, ficaram os 14 milhões de brasileiros de todas as idades, que vagam pelas cidades em busca de empregos, o desmantelamento das instituições, a descrença geral nas elites dirigentes e, talvez, a mais nefasta de todas as heranças, que é a desesperança dos jovens no futuro do país. Experiências vindas de outras partes do globo em outras épocas ensinam que qualquer país que assiste a debandada de sua força jovem sofre muito mais para recuperar sua pujança e encontrar os trilhos da história. Pesquisas da época apontavam que, se pudessem, 62% ou quase 20 milhões dos jovens brasileiros iriam embora do país em busca de novas oportunidades e qualidade de vida, o que havia, em números expressivos, era o retrato sem retoques de um processo de profunda desilusão que tomou conta das nossas novas gerações.
Essa situação se agravou ainda mais, quando a mesma pesquisa, feita pelo Datafolha, demonstrava que, mesmo a população adulta, que já fincou raízes econômicas no país, nada menos do que 43%, expressaram desejo de também deixar o Brasil. Para muitos nacionais, esse desejo não ficou apenas na intenção. O número de pedidos nos consulados e embaixadas de países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e outros não paravam de crescer e já somavam milhares de pessoas que voluntariamente almejavam ir embora, em busca de uma nova vida em um lugar mais tranquilo e promissor.
Essa vontade, manifestada por milhões de brasileiros, de deixar tudo para trás, virando estrangeiro, num país longínquo, é, sem dúvida, a mais patente e perniciosa consequência advinda da experiência vivida pelos nossos conterrâneos, a partir de 2003, e que ainda hoje rende seus frutos amargos e dissolutos.
A frase que foi pronunciada:
“O óbvio dos óbvios. Uma democracia não pode ser instaurada por meios democráticos: para isso ela teria de existir antes de existir. Nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos: para isso teria de continuar saudável enquanto vai morrendo. O assassino da democracia leva sempre vantagem sobre os defensores dela. Ele vai suprimindo os meios de ação democráticos e, quando alguém tenta salvar a democracia por outros meios — os únicos possíveis –, ele o acusa de antidemocrático. É assim que os mais pérfidos inimigos da democracia posam de supremos heróis da vida democrática.”
Olavo de Carvalho
Repita!
Passeando pelo Instagram, percebe-se que o monitor ativa com algumas palavras-chaves o título: “O vencedor da eleição presidencial foi declarado. Veja os resultados oficiais no site do TSE.” (Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
Impressionante
Águas Claras não é cidade para estranhos. Sinalização inexistente. Placas de endereço em hieróglifos. Condução do trânsito instintiva. Carros na contramão da via principal colocam vidas em risco. Faltam semáforos, mesmo que intermitentes, para dar passagem alternada lado a lado. Pistas de saída para kamikazes.
Só notícia boa
Ouvindo a avó cantar nos eventos familiares, o neto resolveu mostrar o talento da idosa na rede social. Plantou e colheu um Grammy Latino para a nova cantora cubana de 95 anos de idade, dona Ângela Alvarez.
Ciência & Emoção
Foi uma imagem impressionante. Neymar surpreendeu um garotinho internado no hospital, com câncer. Alguns anos depois, viu pelo vídeo o mesmo menino alegre, cabeludo, brincando e agradecendo a surpresa que o alegrou naqueles tempos difíceis. O jogador caiu no pranto.
História de Brasília
Ocorre isto: das quarenta horas semanais trabalhadas pelas professôras, vinte eram destinadas à aulas, e 20 para a preparação, correção de exercícios, estudos dirigidos e atividades complementares. (Publicada em 13.03.1962)
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Muitos historiadores consideram que a Proclamação da República, nos moldes como foi realizada em 15 de outubro de 1889, constituiu-se, claramente, num golpe de Estado, que marcaria o fim do Brasil Império e o início de um novo sistema de governo. O que nascia, de forma torta e um tanto improvisada, não poderia gerar outras consequência que não crises institucionais cíclicas. Até mesmo a Constituição de 1890, dada a pouca experiência dos novos mandatários, teria que ser copiada dos Estados Unidos e imposta a uma cultura que muito se diferenciava dos irmãos do Norte.
Tratou-se aqui de uma revolução circunscrita aos núcleos urbanos, defendida por jornalistas, advogados, médicos, latifundiários, parte do clero, maçonaria e outros grupos ligados às classes mais escolarizadas. O grosso do país, que residia na área rural, nem ao menos ficou sabendo dessas mudanças e do exílio imposto, da noite para o dia, de toda a família real.
Dizer, pois, que a Proclamação de 1889 foi movida pelos ventos da modernidade daquele período é uma balela. Nem mesmo a população dos poucos núcleos urbanos existentes naquele período no Brasil ficou sabendo da novidade e de seus desdobramentos.
Havia, nesse movimento tipicamente de gabinetes e de conchavos, um apelo falso pelas liberdades e pela democracia, embora o principal protagonista desses apelos, representado pelo povo, tivesse sido mantido à margem do processo. Era a tal da democracia sem povo, como ainda hoje se verifica, quando os próceres da atual República resolvem, em reuniões fechadas, o destino da nação. Talvez, por essa e outras razões ligadas a um passado ainda mal resolvido, todas as grandes manifestações populares são vistas com surpresa e até um certo temor pelos donos do poder.
Nada assusta mais um mandatário neste país do que ver multidões nas ruas clamando por seus direitos. Acreditar que o povo só é importante no momento em que está diante das urnas tem sido um desses problemas que nos mantém presos ao passado. Essa questão ganha ainda mais relevância e mais riscos quando, em pleno século em que a interconectividade mundial das redes via Internet assume um papel crucial nos movimentos populares, elevando o clamor das gentes e incendiando cada canto do planeta, em especial a nossa pátria, pela liberdade.
Por isso, fechar os olhos ao que ocorre hoje, nesse 15 de novembro de 2022, ao que acontece em todo o país, com famílias inteiras protestando nas ruas das principais cidades do Brasil, pode ser visto como uma repetição daquela Proclamação de 1889, em que as autoridades acreditavam que o povo era apenas uma concepção abstrata e sem maiores importâncias.
As manifestações populares, chamadas, por uns poucos desavisados, de protestos da extrema direita, são, quer queira ou não, manifestações legítimas, vindas das ruas. Fechar os olhos e ouvidos ao que se passa agora, nas ruas de todo o país, não tem o poder de fazer com que elas inexistam. Há uma proclamação pela coisa pública e um clamor retumbante vindo agora das ruas, e isso é fato, não adianta esconder.
A frase que foi pronunciada:
“Bom cidadão é aquele que não tolera na pátria um poder que pretenda ser superior às leis.”
Cícero
Comissão de frente
Veja, no Blog do Ari Cunha, o vídeo da reunião que aconteceu no início do ano quando “A Convencional” María Rivera apresentou uma proposta de criação de uma Assembleia Plurinacional de Trabalhadores e Povos, que seria responsável pela gestão da justiça, economia e decisões políticas.
Antidemocrático
Autoritário, absoluto, arbitrário, dominador, despótico, opressor, tirano, tirânico, dominante, autocrata, déspota, ditador, dogmático, imperativo, imperioso, magistral, mandão, opressivo, oprimente, ditatorial, iliberal, autocrático, absolutista, cesarista, discricionário, dominativo, totalitário, totalitarista, impositivo.
Alethea
Nosso querido Ari Cunha adorava contar essa fábula, sempre atual. Era o sapo que ia atravessar o rio e ouviu o grito do escorpião pedindo uma carona. Mas promete que não vai me matar? Disse o sapo desconfiado. Claro que não! Argumentou o escorpião. Se eu matar você, morreremos os dois! Argumento irrefutável. No meio do rio não deu outra. As toxinas escorpiônicas espalharam pelas costas do sapo agindo nos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo. A intensidade do veneno foi grande, mas o pobre sapo ainda perguntou: Por quê? Porque essa é a minha natureza.
História de Brasília
A saída do dr. Magalhães, do Departamento de Edificações da Novacap tem sido muito sentida. Competente, e conhecedor dos problemas do seu Departamento, sua ausência está sendo sentida em tôdas as horas. (Publicada em 13.03.1962)
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Em tempos de conflitos e de um embaralhar de línguas, onde parecem prevalecer apenas os monólogos e mímicas de cegos e mudos, melhor mesmo é deter a marcha, olhar para trás, para ver em que ponto dessa jornada tomamos o atalho errado. Com isso, a recomendação é seguir o que recomendam os antigos e mais experientes nesses processos em que os humanos voltam a se perder nos labirintos da Torre de Babel.
O primeiro passo talvez seja não discutir com os tolos e ignorantes. Do mesmo modo, não insistir em prosseguir jogando ou pelejando xadrez com os pombos. O que parecem ser, à primeira vista, receitas singelas e fáceis, são na verdade potente unguento contra os males das discórdias.
Diante da impossibilidade de acreditar no relativismo de todas as coisas e de todos os atos, melhor não prolongar o debate e cessar logo o discurso. Não pode haver discussão ou entendimento, onde a verdade foi impedida de se estabelecer. Na ausência da verdade, a estratégia dos antigos mandava imperar o silêncio. Para o leitor e eleitor, apanhado de surpresa em meio a esse tiroteio, não existe justificativa, nem no céu, nem na terra, que faça prevalecer a força que combate a ética e os valores humanos. O mal não necessita de justificativas, pois ele se impõe pela força ou pela falta de raciocínio.
Quando eleições nacionais, e que dizem respeito apenas aos brasileiros, passam a ganhar grande destaque na mídia internacional, figurando nas primeiras páginas dos principais noticiários do planeta, é que esse pleito específico deve merecer maiores reflexões por parte de nossos eleitores. Num planeta em que a maioria dos países sempre torceu o nariz para nossos assuntos internos, que importância teria essa eleição agora para chamar tanta atenção?
A resposta a essa questão não está apenas no fato de o Brasil ser o celeiro do mundo. Vai mais além. Muito além. Ocorre que esse destaque internacional, que em alguns casos beira a torcida organizada, é bem mais visível por parte daqueles países e noticiários mais vinculados à ala esquerda. Há, de fato, uma torcida por parte dessas ideologias, para que vença o atual candidato da oposição. Isso é patente. O que não é muito claro são os motivos dessa torcida.
Nesse mundo onde a inversão dos valores passou a ser o novo normal, o que fica nítido, em primeiro plano, é que o candidato da oposição é, de fato, o escolhido pelo sistema. Que sistema? perguntariam alguns. O sistema é tudo o que engloba as forças e o poderio das finanças da esquerda, espalhadas tanto em nosso continente como alhures. Para esse lado ideológico especifico, o chamado “trem da história” aguarda apitando e soltando fumaça na estação. Os passageiros aguardam apenas a chegada do novo Lenin tropical. Desde sempre, os antigos vêm alertando a todos para que tomem cuidado com aqueles que dizem ter uma missão. Sobretudo se essa missão apontar para além das fronteiras nacionais. Essa é uma experiência do passado e que tem causado muitos sofrimentos e perdas humanas, mas ainda assim é repetida e aceita por força do niilismo que parece imperar nas mudanças de século e de milênio.
Também foi dito pelos antigos sábios que o melhor é sempre manter distância das ideologias do momento. Principalmente se essas vierem acompanhadas por ideias de paraísos futuros. Líderes autênticos não apontam paraísos fictícios. Falam a verdade como ela é: em preto e branco. Políticos não são arautos de paraísos. Muito menos pai ou mãe disso ou daquilo. O que parece complicar ainda mais toda essa explanação é que vivemos, de fato, tempos em que a censura e o cala boca voltaram com força, anunciando, com sua mordaça, o que poderá ser o porvir. Em momentos assim é que as antigas parábolas e alegorias voltam à tona redivivas.
Num país onde o ensino e a qualidade da educação formal são escassos, nada mais natural do que termos eleitores médios, com ideias e pensamentos médios e que não prestam muita atenção ao que se passa ao redor, nem em seu meio. A realidade, ao contrário do que muitos acreditam, não está no futuro, mas no passado e em tudo o que pôde ser visto a olho nu, sentido na pele e escoado pelas lágrimas. Na mão de políticos hábeis, a imaginação é manipulada a tal ponto que faz com que a mentira ganhe uma auréola de luz. A política, entre nós, que já não era chegada à verdade e à razão, ganhou ainda mais impulso e vida no mundo virtual das mídias, irmanando-se com o falso perfume das utopias. “Vamos botar fogo no circo”, dizem alguns. “Vamos jogar ainda mais gasolina nas chamas”, dizem outros.
Cuidado com as eleições, sobretudo aquelas em que muitos alimentam com nacos do próprio fígado. Esteja consciente de que seu voto é uma arma apontada para sua própria cabeça, mas que pode ferir e matar aqueles que estão próximos a si. Se não por bala, por desgosto. Não acredite em discursos que falam sobre coisas como a “festa da democracia”. No melhor de Millôr, lê-se: “democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.”
Neste dia de eleição, rume rápido e silente para as urnas. Não confie em ninguém. Não declare seu voto. Volte também rápido para casa. Tranque a porta. Desligue o rádio. Realize seu trabalho doméstico como de costume. Mantenha-se alheio ao que se passa nas ruas. Não dê ouvidos aos diálogos sobre política e eleições. Não alimente expectativas. Aprenda que o desejo é a fonte do sofrimento. Cessa o desejo, cessa o sofrimento.
Se na segunda-feira, quando você se inteirar que seu time não ganhou o campeonato, não se importe. Siga como antes. Não dê os parabéns, nem critique os vencedores. A vida é o que você faz dela. Siga em frente! Não deixe que suas emoções de alegria e dor fiquem estampadas no seu rosto. Em tempos incertos, voltam os antigos a ensinar que a vida, como a política, pode ser sempre um exercício fútil.
A frase que foi pronunciada:
“O cargo mais importante, e que todos nós podemos e devemos ocupar, é o de cidadão.”
Louis Brandeis
História de Brasília
Embora ainda distante, a Semana Santa é responsável pela alta desenfreada nos produtos pescados. O “Peixe e Gelo”, que ninguém sabe porque continua na “invasão”, podendo estar nos mercadinhos aumentou consideravelmente seus preços. (Publicada em 13.03.1962)