Tag: CirceCunha
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
No Brasil, quem ousa defender a vida, seja dos cidadãos ou do meio ambiente em geral, é logo tornado alvo e morto, impiedosamente, por bandidos que integram organizações ou a mando de empresas legais, muitas delas tornadas poderosas, graças aos incentivos e isenções que recebem dos cofres públicos e graças à proteção e ao lobby que recebem de numerosas bancadas, com assento no Congresso Nacional.
Por ano, uma média de mais de 500 policiais são assassinados em todo o país. Trata-se de um número assustador e que demonstra, com clareza, que aqueles profissionais que são treinados pelo Estado, muitos deles jovens, para dar proteção à sociedade, contra a criminalidade crescente, estão, às centenas, tombando em combate, deixando um flanco aberto para a escalada da criminalidade entre nós.
Utilizando, muitas vezes, armas obsoletas e de baixo calibre, sem opção de fogo contra o armamento sofisticado exibidos pelos bandidos, nossos policiais são presas fáceis do crime. A cada ano, tem crescido o número desses profissionais mortos por delinquentes. Em 2018, as estatísticas se repetem, como um policial morto a cada 54 horas, apenas no estado do Rio de Janeiro. Aqui em Brasília, a situação se repete. Em 2017, 20 policiais foram mortos e outras dezenas feridos com gravidade em todo o Distrito Federal e nas regiões do entorno. O problema é que estatísticas são elaboradas apenas para preencher formulários com uma aritmética fria que logo são deixadas de lado e parecem não possuir influência ou impactos maiores quer sobre as autoridades, quer sobre os próprios cidadãos, bombardeados com dados e gráficos todos os dias. Se a situação daqueles que defendem a sociedade contra o avanço da criminalidade nas cidades é de calamidade, o mesmo ocorre em relação àqueles que defendem o meio ambiente.
Relatório apresentado há pouco pela ONG britânica Global Witness (GW) acusa o Brasil de ser o país com o maior índice de ativistas ambientais assassinados. O relatório, com dados do ano de 2017, mostra que das 207 vítimas identificadas em 22 países naquele ano, 57 mortes foram contabilizadas em nosso país. Desse total, 60% ocorreram na América Latina.
De acordo com a GW, 2017 foi um dos anos mais violentos para aquelas pessoas que defendem o meio ambiente. “A comida em nossos pratos, os anéis em nossos dedos e os móveis de madeira em nossas casas: muitas vezes há uma realidade violenta por trás dos utensílios domésticos do nosso cotidiano. À medida que o agronegócio cresce, as florestas tropicais são derrubadas e a mineração continua a gerar enormes receitas para as grandes corporações globais, ocorrem ataques cada vez mais brutais aos defensores da terra e do meio ambiente”, diz o relatório da GW.
De acordo com essa ONG, o agronegócio, a mineração e o extrativismo têm sido apontados como os setores mais perigosos para todos aqueles que querem a Terra partilhada por todos.
A frase que foi pronunciada:
“Esqueça-se. Seja eterno. Torne-se parte do seu ambiente.”
Yayoi Kusama, artista plástica e escritora japonesa
Aborto
Veja no blog do Ari Cunha de ontem, depoimentos, filmes, fotos e frases sobre o aborto. Participe nos comentários!
Será?
Álvaro Dias, candidato à Presidência, declarou que não aceitará indicações políticas para ministérios nem para agência reguladoras, dando a entender que o conhecimento técnico será prioridade. Como isso irá refletir na candidatura ninguém sabe. Às vezes o apoio da população pode ter o peso para a aceitação no Congresso. Será que podemos acabar com o toma lá, dá cá?
Energia
Recebemos uma carta de Rangel Ferreira, presidente da Associação Brasiliense de Energia Solar Fotovoltaica expondo a preocupação quanto alguns esclarecimentos necessários aos leitores. Acompanhando o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica, o Brasil percebe o impacto ambiental no uso de combustíveis fósseis e começa a rever a política energética a longo prazo, dinamizando o uso de novas fontes renováveis de energia. No blog do Ari Cunha, a íntegra do artigo.
–> A energia solar fotovoltaica como vetor de desenvolvimento sustentável
Na medida em que os principais países do mundo partem cada vez mais para a utilização de energias renováveis em suas matrizes elétricas é de se esperar que novas tecnologias se desenvolvam e contribuam para o desenvolvimento dos setores elétricos mundo afora, como é o caso da energia solar fotovoltaica. Países desenvolvidos, que reconhecidamente utilizaram durante décadas combustíveis fósseis como carvão e petróleo como fonte de energia, recentemente revisaram suas políticas energéticas, avaliaram os impactos ambientais causados ao meio ambiente ao longo do tempo e como consequência decidiram atualizar suas matrizes energéticas ampliando e incentivando o emprego de fontes renováveis de energia.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi apresentado, em 1987, no Relatório Brundtland. A definição predominante e comumente empregada de desenvolvimento sustentável consiste no desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. Grandes reuniões se sucederam, como foi o caso da RIO 92, sediada no Brasil, contribuindo para despertar e trazer ao conhecimento popular as observações e constatações de que o clima estava sendo afetado pelo desenvolvimento humano, em especial, o aquecimento global.
Com isso, foram adotadas políticas mundiais no tocante a combater especialmente as mudanças climáticas, como foi o caso do Protocolo de Quioto, em 1997. O protocolo tinha como objetivo principal evitar o aumento das emissões de CO2 na atmosfera contribuindo assim para a estabilidade climática. Os prejuízos do aquecimento global além de afetar a existência de populações residentes em ilhas com o aumento do nível do mar, acarretariam em mudança climáticas significantes que poderiam impactar profundamente a forma do ser humano produzir e atender suas necessidades. O protocolo evoluiu recebeu críticas, apoios, esteve a ponto de ser extinto, porém foi resgatado, evoluiu e se transformou no Acordo de Paris, assinado pelo Brasil em 2015 e ratificado e promulgado em 2016 e 2017, respectivamente.
Entre as metas assumidas pelo Brasil para contribuir com o acordo estão a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para isso, o país deverá aumentar a participação da bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, além de garantir a participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030.
No tocante ao financiamento, o Acordo de Paris determinou que os países desenvolvidos investirão 100 bilhões de dólares por ano em medidas de combate à mudança do clima e adaptação, em países em desenvolvimento. Para garantir que mais países pudessem financiar projetos com objetivos de contribuir para os objetivos do acordo foram autorizados financiamentos entre países em desenvolvimento. Abriu-se, portanto, uma vasta gama de oportunidades para todos os países em desenvolvimento. O Brasil desponta como um dos países com maior atratividade de projetos e ações de apoio às mudanças climáticas.
A matriz elétrica brasileira é composta atualmente por 0,78% de energia solar, 7,81% de eólica, 8,72% de biomassa e 60,76% de hídrica. Ao todo, 78,07% da matriz elétrica brasileira é renovável. Porém, para fins de cálculos e validação do Acordo de Paris, a matriz hidráulica não é computada como energia renovável, o que reduz significativamente a participação das energias renováveis na matriz elétrica nacional, para 17,31%. Ou seja, para o país atingir os compromissos determinados será necessário praticamente triplicar a matriz energética renovável do país. A composição final da participação de cada fonte de energia na matriz energética ainda não está clara, mas sem dúvidas os investimentos mais significativos estarão na energia solar, que não corresponde a 1%.
Os desafios para atingir as metas propostas para a energia solar são incontáveis, porém não faltam estímulos e oportunidades num país tropical de proporções continentais e que apresenta uma das melhores radiações solares do planeta. Além disso, a democratização por parte dessa iniciativa, através da publicação da Resolução Normativa 482/12 (REN 482/12) publicada pela ANEEL e sua posterior atualização, através da REN 687/15, permitiu a popularização de sistemas de energia solar fotovoltaica no Brasil através da Geração Distribuída. Os consumidores passaram a ter oportunidade direta de contribuir para a diversificação da matriz elétrica nacional, o que possibilitou a instalação de mais de 30 mil de sistemas no Brasil, nos últimos dois anos, o que contribuiu para inserção de mais de 300 MW de energia solar na matriz elétrica nacional.
E, é com essa participação popular, que o Brasil deve esperar atingir suas contribuições e voltar a ser visto como referência internacional no tocante ao uso de energias renováveis. Retomar o protagonismo mundial nas discussões e acordos mundiais sobre mudanças climáticas, bem como voltar a ser considerado um defensor do desenvolvimento sustentável. É imperioso que o país avance ainda mais nas regulações normativas evitando qualquer intervenção indevida no setor energético, em especial, na Geração Distribuída. Ampliar, dentro do possível, a potência instalada dos minigeradores de energia de 5 MW para 10 MW e, futuramente, numa próxima revisão das resoluções normativas, a possibilidade de comercialização dos créditos gerados na geração distribuída, tal qual ocorre no mercado livre de energia.
RANGEL FERREIRA
Presidente da Associação Brasiliense de Energia Solar Fotovoltaica
Eles e Elas
Sem críticas ou julgamentos, a sociedade brasileira, com o empurrão de inúmeros estabelecimentos de ensino, começa a evitar o tratamento dos alunos por gênero. Meninos ou meninas agora são crianças, aluno ou aluna agora são estudantes. Não ficou bem claro a razão disso. Mas parece que é o futuro chegando.
Agenda positiva
Hospital do Paranoá, madrugada de domingo para segunda-feira. Atendimento aos moradores do Itapuã e Paranoá tranquilo. Dr. Marcelo Martins muito atencioso com os pacientes.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Outra particularidade do vôo ministerial: no Rio, os ministros são levados para uma sala da Panair, com portas à prova de “curiosos”, com porteiro e tudo. (Publicado em 26.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
–> A ARTE contra o aborto:
Esta escultura é obra do artista tcheco Martin Hudáček e se chama “Memorial a Criança Não Nascida”.
A criança perdoa a mãe pelo crime do aborto.
A mãe é mármore: o peso e a dor do arrependimento.
A criança é translúcida: como o perdão.
Escultura de Timothy Schmalz.
Mostra a desolação de um Anjo da Guarda diante do berço vazio da alma que lhe foi confiada:
um bebê abortado pela mãe.
–> AS CIÊNCIAS DA SAÚDE contra o aborto:
“Uma forma de se colocar esse questionamento é se podemos valorar a dignidade da pessoa humana. Porque se começamos a valorar esta dignidade de tudo o que é humano e relativizamos isso, começamos a definir quem fica e quem sai, quem morre e quem vive, quem é útil para a sociedade e quem é inútil.
Por exemplo: podemos dizer que um idoso com estágio avançado de alguma tipo de demência seja inútil? Por sua funcionalidade ao Estado, talvez. Mas e pela dignidade da pessoa humana? Podemos dizer que um réu confesso de um crime deixa de ser humano e por isso perde a sua dignidade enquanto pessoa? Também não; apesar de sabermos da necessidade de punição.
Então por que quando falamos de fetos (que são vidas, biologicamente falando), não nos damos ao trabalho de fazer esta discussão? O que está em jogo é a dignidade da pessoa humana em todo e qualquer contexto! Do nascituro ao idoso, do vulnerável ao excluído.”
Angela Ferreira, Psicóloga.
–> As CIÊNCIAS HUMANAS contra o aborto:
–> As MULHERES contra o aborto:
–> Os CRISTÃOS contra o aborto:
“A cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra e a tratá-la como mero objecto, obrigando-a a trabalhos forçados, ou reduzindo-a à escravidão por causa duma dívida. É a mesma lógica que leva à exploração sexual das crianças, ou ao abandono dos idosos que não servem os interesses próprios. É também a lógica interna daqueles que dizem: «Deixemos que as forças invisíveis do mercado regulem a economia, porque os seus efeitos sobre a sociedade e a natureza são danos inevitáveis». Se não há verdades objectivas nem princípios estáveis, fora da satisfação das aspirações próprias e das necessidades imediatas, que limites pode haver para o tráfico de seres humanos, a criminalidade organizada, o narcotráfico, o comércio de diamantes ensanguentados e de peles de animais em vias de extinção? Não é a mesma lógica relativista a que justifica a compra de órgãos dos pobres com a finalidade de os vender ou utilizar para experimentação, ou o descarte de crianças porque não correspondem ao desejo de seus pais? É a mesma lógica do «usa e joga fora» que produz tantos resíduos, só pelo desejo desordenado de consumir mais do que realmente se tem necessidade. Portanto, não podemos pensar que os programas políticos ou a força da lei sejam suficientes para evitar os comportamentos que afetam o meio ambiente, porque, quando é a cultura que se corrompe deixando de reconhecer qualquer verdade objectiva ou quaisquer princípios universalmente válidos, as leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar.”
(Papa Francisco, Laudato si, parágrafo 123)
“Separe o ato sexual da geração de filhos e você também separará o sexo do contexto matrimonial – tanto em princípio quanto na prática. Enquanto a conexão natural entre o ato sexual e os bebês for mantida, percebemos intuitivamente que a relação sexual é o contexto adequado para aqueles que se comprometeram a criar filhos: esse compromisso é chamado casamento. Insira a contracepção nesse nó apertado do vínculo casamento-sexo-bebês e tudo começa a se desmanchar.”
(Christopher West)
“Em todas essas ocasiões, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fiel à sua missão evangelizadora, reiterou a “sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, condenando, “assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”
(CNBB, Nota Pela vida, contra o aborto, 11 de abril de 2017)
–> O que NÃO te falam sobre o aborto (pessoas que descobriram a verdade da pior forma):
Leia sobre em: Casos reais de abortos “mal” sucedidos.
–> O aborto em NÚMEROS:
–> O ATO (obs.: vídeos e imagens fortes; imagens reproduzidas da internet):
–> Eles QUASE nos foram tirados:
–> Somos MAIORIA SIM e somos a favor da VIDA. SEMPRE!!!
Está rodando no WhatsApp a seguinte campanha:
Os abortistas dizem que o Brasil é a favor da descriminalização do aborto. Será? Que tal informá-los que estão errados? Mande uma mensagem para a imprensa: “Eu sou contra o aborto.” Vamos inundar as caixas de mensagens dos jornalistas! (Abaixo, segue a lista com os números de WhatsApp de alguns noticiários).
- RJ TV: +55 21 99424-2523
- CBN São Paulo: +55 11 99911-9981
- CBN Vitória: +55 27 99299-4297
- EP TV: +55 19 99992-0000
- Band News: +55 21 99623-6060
“ESCOLHE POIS A VIDA.”
Deuteronômio 30, 12-19
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Estabelecer hoje parcelamentos de expansão urbana em áreas onde há a presença de importantes aquíferos, além de discutível, coloca o futuro de milhões de pessoas sob um sério risco. Sem água, não há vida e muito menos condições de fixação de populações.
Construtores, empreendedores e muitos políticos não se sensibilizam com questões dessa natureza. Aliás, a natureza, na visão dessa gente, tem que oferecer lucros, não importando de que maneira. Há um consenso geral que considera ser impossível, hoje em dia, a construção de Brasília, nos moldes em que foi erguida naquele período. A razão é que as imensas movimentações de terras para aplainar as grandes áreas, onde seriam implantados todo o Plano Piloto, ocasionaram o assoreamento e aterramento de muitos córregos e matas ciliares que existiam nessas áreas, provocando um verdadeiro extermínio de plantas, animais e de nascentes.
Ainda hoje, não se sabe, ao certo, a extensão desses estragos. O que se vê é que jazem sob ruas, avenidas e quadras residenciais da cidade, um grande número de cursos d’água que cederam lugar ao avanço poeirento do progresso. Justificar essa imensa destruição da natureza, numa época, em que não se discutiam assuntos dessa ordem, é tempo perdido. O fato é que os homens parecem não aprender com o passado. A construção do Trevo de Triagem Norte (TTN), considerada fundamental para o pesado escoamento viário daquela região, aterrou, sem dó, nem piedade, importante nascente de água que existia de um lado e outro da Ponte do Braguetto, assoreando, de morte também, o grande espelho de água que recebe as águas do córrego Bananal.
Ninguém protestou. As construtoras e os empreendedores aplaudiram. Parte da população ficou inerte tendo as reclamações abafadas pelo barulho das máquinas. Segue a passagem das estações assinalando ameaçadoramente, para todos, que os períodos de estiagem vão ficando cada vez mais prolongados e os reservatórios que abastecem a cidade com índices de cotas cada vez menores.
O que seria impensável no passado, no caso a utilização das águas do Lago Paranoá, que coleta grande parte do esgoto da cidade, para o consumo humano, hoje é uma realidade que, ainda por cima, é comemorada como trunfo para alguns. Aos poucos, vamos deixando para trás a certeza de que só a preservação do meio ambiente tornará possível o estabelecimento de pessoas na região, em troca de um futuro incerto, debitado na conta das gerações vindouras. Indiferentes a essa realidade que nos ameaça, prosseguimos erguendo bairros sobre o que restou de natureza, apenas para atender à uma demanda criada pelos especuladores e umas poucas autoridades públicas.
Num ciclo que parece não ter fim, a cada ano, os brasilienses de boa índole assistem, sem meios de agir, ao estabelecimento de novas expansões urbanas. Norte, Sul, Leste e Oeste, vamos cercando toda a capital com assentamentos mal planejados, favelas, invasões disfarçadas em condomínios, com áreas rurais tendo sua destinação primária mudada ao sabor dos ventos.
O caso em pauta, nesse momento, é a expansão do Setor Habitacional Taquari, numa região que abriga os córregos do Urubu e Jerivá, considerado importante sítio de recarga de aquífero. Para se ter uma ideia da importância dessa região, basta dizer que mais de 50% da água pura, que ainda chega a bacia do Paranoá, provém dessa região, conhecida como Serrinha.
A expansão das etapas II e III desse bairro irá afetar, segundo ambientalistas, mais de cinquenta pequenos cursos de água limpa que ainda insistem em correr por essa região. Há inclusive estudos do Prodema que atestam que a diluição de esgoto no Lago Paranoá chegou ao limite. Dejetos de toda a natureza, produzidos por bairros programados para receber milhares de famílias, nunca é devidamente estipulado.
É corrente a constatação de que a maioria dos projetos de amenização dos impactos ambientais gerados por projeto de assentamento, na sua grande maioria, não são implementados ou, quando o são, ficam muito aquém do necessário.
Vivemos tempos contraditórios. Engatinhamos a caminho do desenvolvimento. Ainda não aprendemos a erguer, sem destruir ao mesmo tempo. A questão aqui é que, objetivamente, vamos alargando desertos áridos em nossa volta. Não bastassem os enormes latifúndios de monocultura que derrubam o cerrado para benefício apenas dos donos dessas áreas, vamos também destruindo o que ainda resta do verde e da água, contidos nesse pequenino quadrilátero chamado Distrito Federal.
A frase que foi pronunciada:
“Não se pode fazer voltar a água que passou nem a hora que transcorreu.”
Ovídio
Dados
Há um caso de subnotificação em relação a crimes cometidos nas regiões onde delegacias estão desativadas. As estatísticas não correspondem com a realidade. Rodrigo Franco, presidente do Sinpol, dá o exemplo da área rural do Paranoá, como a comunidade Café Sem Troco, que fica a 43 quilômetros do Paranoá.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Aliás, nesse vôo, os ministros tomam uísque escocês, e os passageiros comuns saboreiam o nacional. (Publicado em 26.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Basta uma observação superficial para constatar que alguma coisa em nosso modelo de ensino não vai bem. Análises exaustivas, das mais diversas, sob diferentes focos, têm sido feitas e os resultados parecem apontar para lugar nenhum. O que acontece hoje em nossas salas de aula, principalmente no ensino público, demonstra de fato que prosseguimos por caminhos incertos.
Fossem instaladas câmeras em algumas dessas escolas, de Norte a Sul do país, para registrar o dia a dia de alunos e professores em sala de aula, o resultado mostraria, de forma inconteste, uma realidade que, em muitos casos, gostaríamos de não assistir. Violência, em todos os seus graus, opondo aluno contra aluno, brigas de gangues, consumo de drogas, agressões contra professores, ao pessoal de apoio, e uma infinidade de ações absolutamente fora de controle parecem ter tomado conta de nossas escolas.
Na verdade, as escolas espelham a sociedade tal como ela é. Somente com a questão da indisciplina, que vem se alastrando por boa parte das instituições públicas de ensino, perde-se um tempo precioso para o bom desenvolvimento do conteúdo programático.
A indisciplina amedronta também os próprios alunos e tem atingido, sobremaneira, muitos professores, obrigando-os, inclusive, a se afastarem do magistério. A violência, que tem tomado as ruas de nossas cidades, vem também se repetindo com mais intensidade dentro das nossas escolas. O que fazer?
Sem mudar a sociedade, pouco pode ser feito dentro das escolas. Essa questão, vista de outra maneira, indica que é preciso e urgente empreender mudanças dentro das escolas, para depois ver como essa nova postura prática pode influenciar no comportamento da própria sociedade.
A afirmação de Lévi-Strauss de que “passamos da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização”, pode vir a ser confirmada em nosso país, caso deixemos as coisas como estão. Países como é o caso da Suécia, distante em quilômetros e progresso social da gente, começa a perceber e a encarar as chamadas novas pedagogias como erro histórico.
Métodos adotados atualmente, dando mais iniciativa e liberdade aos alunos em sala de aula, têm se mostrado incapazes de conduzir a educação à um bom termo, ao mesmo tempo em que retiram do professor a condução básica de dirigir o processo de ensino. Pelo menos é o que tem constatado a pedagoga e catedrática sueca, Inger Enkvist.
A autora de vários livros sobre educação e atual assessora do governo sueco para assuntos de pedagogia acredita e defende que as escolas hoje, mesmo num momento em que pais e filhos parecem estabelecer relações diferente daquelas do passado, necessitam estar conscientes de que sua tarefa principal é ainda de formar, intelectualmente, os jovens das diversas idades. Para ela, a escola não pode ser uma creche e nem o professor ser transformado em um psicólogo ou assistente social. A formação intelectual, fornecida pelas escolas, visa, em sua opinião, prepará-los para o mercado de trabalho, transmitindo-lhes cultura, ao mesmo tempo em que irá proporcionar a todos uma ideia de ordem social. Esses conceitos devem ser reforçados ainda mais, já que as escolas constituem a primeira instituição com a qual as crianças se deparam na vida.
Nesse sentido, a pedagoga reforça que os professores devem mostrar que existem regras, dentro e fora da escola, que precisam ser seguidas. Para tanto, diz, é preciso mostrar que o professor é a autoridade local e deve ser respeitado, assim como seus colegas de classe.
Para Inger Enkvist, é impossível aprender bem sem disciplina. “Não se é bom professor apenas pelo que se sabe sobre a matéria, nem só porque sabe conquistar os alunos. É preciso combinar ambos os elementos: atrair os alunos para a matéria para ensiná-la adequadamente. É preciso recrutar professores excelentes em que alunos, pais e autoridades possam confiar. E a menos que haja uma situação grave, devemos deixá-los trabalhar”, afirma a pedagoga. É um assunto a ser pensado com seriedade por aqui.
A frase que foi pronunciada:
“As ditaduras são sempre corruptas, porque roubaram o que pertence a todos: a liberdade de participar do poder “.
Inger Enkvist
Quermesse
Leve seu copo para o templo budista nesse final de semana. A edição 2018 da Quermesse é ecológica. Os copinhos serão cobrados.
Agências
Algumas mudanças previstas pelo Senado Federal para as agências reguladoras. A mais importante é a obrigatoriedade de apresentar um plano de gestão anual ao Congresso. A Lei Geral das Agências Reguladoras, do senador Eunício Oliveira, também prevê o serviço de ouvidoria à disposição dos usuários. A sugestão da senadora Rose de Freitas é que seja programada uma consulta pública para qualquer edição de atos normativos das agências.
Detran
Mais cedo ou mais tarde, o Detran vai precisar ceder em relação ao estacionamento pago nas entrequadras. A arrecadação das multas é grande nessa área. Mais uma razão para poupar o contribuinte e dar maior conforto aos motoristas, além de aumentar giro no comércio local.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Do deputado Amaral Furlan, ao ministro Ulisses Guimarães, no vôo ministerial da Panair: “Os ministros, que não pagam, são os primeiros a entrar”. (Publicado em 26.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Pobre país cuja a democracia republicana, por suas deficiências congênitas, se organiza estruturalmente contando apenas com a atuação aleatória das forças da gravidade. Com um modelo desses, baseado em atrações momentâneas de pessoas e grupos, sem projetos, sem identidade e principalmente sem propósitos, todo e qualquer arranjo, chamado aqui de coligação, tende, invariavelmente ao fracasso.
Com isso, ajudam também a desmontar o próprio Estado, entregue sempre a grupos políticos instáveis e interesseiros. Reformar o modelo parece mais simples do que reformar essas elites que aí estão no reboliço eleitoral. O problema aqui é que, como tecido nas mãos de um alfaiate, o modelo final só se ajusta ao corpo e ao desejo desses grupos.
Na insistência de um modelo dessa natureza, que desde o retorno da democracia tem sido empregado sem cerimônias e que agora passou a ser denominado eufemisticamente de presidencialismo de coalizão, repousam as principais fontes de crises sistêmicas, conduzindo o país a instabilidades não só de natureza política, mas sobretudo afetando a economia e, por tabela, a vida de todos os cidadãos.
O que se tem visto nesse preâmbulo das eleições, com a formação de chapas aleatórias, é a repetição dos mesmos esquemas geradores de repetidas crises. A um quadro, com essa configuração radioativa, se soma uma miríade de legendas políticas estruturadas justamente para colher a maior quantidade possível de vantagens oferecidas por um conjunto de leis eleitorais caridosas e perdulárias.
Para o cientista político Sérgio Abranches, autor da expressão presidencialismo de coalizão, um modelo com essas características acaba por conduzir o país à um dilema institucional, com o Executivo tendo que se render constantemente às vontades pantagruélicas de um Congresso, que, uma vez devidamente empossado, volta as costas para a população e para suas agruras. Não surpreende, pois, que a governabilidade, num sistema assim, esteja sempre sobre o limbo.
Indiferente às crises, que passam sempre a ser debitadas ao presidente e parecem não atingir os parlamentares, não só o Congresso, como a maioria dos parlamentos locais, inclusive a Câmara Distrital, repetem, sem remorsos, esse modelo predador, isolando os Executivos e deles extraindo o máximo de vantagens possíveis.
Obviamente que ao eleitor também cabe parcela de responsabilidade por esse tipo de arranjo, principalmente quando faz suas escolhas usando os mesmos critérios de benefícios imediatos que move a todos indistintamente. É da natureza de um modelo como esse induzir o clientelismo e a corrupção, normalmente negociada num imenso balcão montado permanentemente nas ante salas do poder.
Dessa forma, o que se tem, desde a formação embrionária e instável das chapas, do modelo que irá colhê-las depois de eleitas, pelo grande número de legendas que passarão a disputar os mil e um benefícios de uma legislação feita sob medida, absolutamente tudo, acaba sendo formatado para resultar num modelo gerador de crises e numa democracia de baixíssima qualidade, insuficiente para conduzir o Brasil ao patamar de nações desenvolvidas.
A frase que foi pronunciada:
“A liberdade da imprensa não faz sentir o seu poder apenas sobre as opiniões políticas, mas também sobre todas as opiniões dos homens. Não modifica somente as leis, mas os costumes (…). Amo-a pela consideração dos males que impede, mais ainda do que pelos bens que produz.”
Alexis De Tocqueville
Novidade
É do deputado Wasny de Roure o projeto que institui, no calendário oficial de eventos do DF, o Dia Distrital de Conscientização e Tratamento da Doença Celíaca, que será comemorado no terceiro domingo do mês de maio. Interessante que o título à data comemorativa cita ‘Tratamento’, sendo que essa é uma doença autoimune e o único tratamento é não consumir glúten.
Vácuo
Quanto antes a doença celíaca for diagnosticada, menos sofrimento para os pacientes. Espera-se maior esclarecimento para a população sobre o assunto. Mais interação com os profissionais de saúde, pesquisadores, fabricantes de alimentos, fornecedores.
Realidade
Deu no site Proteste nessa semana. “Teste: detectamos glúten em alimento que afirma não conter essa proteína. Uma marca de macarrão do tipo penne estampa em seu rótulo que é “livre de glúten”, mas as análises demonstram o contrário.” No Brasil, não há preocupação nem em conhecer as estatísticas sobre o assunto. Com isso, políticas públicas estão distantes.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Um deputado muito procurado hoje em Brasília é o sr. Lamartine Távora, que é afilhado do prefeito Sette Câmara. Enquanto isto, o dr. Carvalho Sobrinho diz que o deputado Lamartine Távora será o Carlos Murilo do Sette. (Publicado em 26.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Pesquisas feitas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela ONG Todos pela Educação, em tempo e lugares diferentes, usando também métodos diferentes, chegaram ao mesmo resultado: apenas uma pequeníssima minoria dos professores, tanto das escolas da América Latina como das escolas brasileiras, recomendam a profissão para seus alunos ou filhos.
O primeiro estudo, intitulado “Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?” mostrou ainda que apenas 5% dos indivíduos com menos de 15 anos desejariam seguir a carreira do magistério. Mesmo em países onde a educação da população é levada a sério esse índice não ultrapassa os 25%.
Um dado comum às duas pesquisas indica que os baixos salários continuam sendo o principal motivo para esse desinteresse geral. No Brasil, como no restante do continente, os salários dos professores seguem praticamente no mesmo patamar há décadas e, não raro, não acompanham a média salarial de outras categorias com o mesmo nível de formação.
São dados que apresentam um sério risco para todo e qualquer programa de educação, seja no Brasil ou mesmo na América Latina, e ameaçam seriamente o futuro de imensas legiões de jovens, se algo não for feito com urgência. Na maioria dos casos, a remuneração dos profissionais de ensino chega a ser menos da metade de outras categorias no mesmo nível.
Quando se atinge uma situação onde os próprios mestres, juntamente com os novos alunos, chegam a conclusão que seguir em frente com essa carreira é um erro e uma perda de tempo, é porque a profissão do magistério parece já ter atingido o patamar de uma ocupação em fraco desaparecimento. No caso da pesquisa mostrada pela ONG Todos pela Educação, o índice de professores que não indicariam a profissão para seus alunos ou para seus filhos é de 49%. Esse índice se eleva à medida que os professores possuem mais anos atuando no magistério. Quanto mais se entregam ao magistério, mais os profissionais em educação reconhecem o tempo perdido com uma profissão que não é valorizada, nem pelo governo e pelas secretarias de educação, nem mesmo pelas famílias dos alunos. No ensino médio, onde estão os alunos na fase da adolescência e com maiores problemas de comportamento, trazidos de casa e do meio onde vivem, a maioria dos docentes confessa arrependimento com a escolha dessa profissão.
Nessa etapa, contribui para o desinteresse os correntes casos de violência contra os professores. Nessa fase também é comum verificar casos de estresse e de doenças do sistema nervoso adquiridos por esses profissionais e onde estão os maiores casos também de pedidos de afastamento.
A realidade obriga os professores, como orientadores que são, a dizer a verdade aos seus alunos. Nesse caso, recomendam a todos que não sigam com a ideia de vir a se tornarem professores, para que não tenham que enfrentar os mesmos problemas de seus mestres. Salários baixos, violência, descaso das autoridades e as péssimas condições da maioria das escolas, tanto no Brasil como no continente, parecem decretar o fim dessa profissão e o futuro da própria América Latina.
A frase que foi pronunciada:
“O objetivo da educação é substituir uma mente vazia por uma mente aberta.” (Malcolm Forbes)
UnB
A Universidade de Brasília planejou para esse ano mais de 300 câmeras nos estacionamentos do campus. Os furtos a carros não estão controlados. A promessa também tratava de mais duzentos vigilantes de empresas privadas, outra centena do quadro efetivo e uma reorganização dos porteiros e pontos para a presença de segurança. Drones também estão no orçamento e os estudantes desenvolveram um aplicativo que conta com a comunidade universitária para apontar locais vulneráveis a furtos, assaltos e estupros.
Alambrado da barragem
Reforçado o alambrado destruído na barragem do Paranoá. Ainda parece frágil para segurar carro desgovernado, mas está bem melhor que antes.
União
Brasília passa por uma transformação cíclica. No início da capital, todos os moradores se cumprimentavam, eram verdadeiros solidários. Depois, os brasilienses passaram a reclamar que nos elevadores ou na rua ninguém dá um simples bom dia. Graças à violência imposta à cidade, moradores de casas e apartamentos começam a se unir por aplicativos para trocar informações sobre gente suspeita na redondeza. Parece que a camaradagem está voltando.
Agradecimentos
Mais uma vez, agradecemos o carinho de todos os presentes no cemitério, as cartas, e-mails, telefonemas e manifestações sinceras sobre a convivência com o querido Ari Cunha. A gratidão da família Cunha a todos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Não repercutiu no Congresso nem na opinião pública a atitude de Nicolino Gozador do grupo (pequeno) comandado pelo sr. Adauto Lúcio Cardoso, mudando a capital cada seis meses para o Rio e para Brasília. (Publicado em 26.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Teilhard de Chardin escreveu que “a coisa mais gratificante da vida é ser capaz de dar uma grande parte de si mesmo aos outros.” Assim foi meu pai. Todas as pessoas que chegam para nos consolar nesse momento de dor, lembram de um pouco deixado por ele. Como lição, como carinho, inteligência, diplomacia, perseverança e como acolhimento.
Nesses anos em que fiquei lado a lado com meu pai, na coluna Visto, lido e ouvido, ao mesmo tempo em que aprendia a manter o rigor do difícil ofício de um editorialista, crescia em mim o temor de que meu mestre e pai me faltaria, deixando-me só, como uma náufraga, à deriva, perdida no imenso mar. Aquele mesmo mar em que um dia, lá no Ceará, ele me levantava pelos bracinhos a cada vez que vinha uma onda.
Durante o tempo em que trabalhamos juntos, aprendi a jamais misturar os assuntos do trabalho com a vida íntima da família. E a jamais usar a coluna para interesses pessoais. São muitas as lições deixadas pelo Ari Cunha. Tanto nos momentos de glória quanto naqueles dias sufocantes das provações. Quanta sabedoria nos ensinou com exemplos no dia-a-dia. Assim, prosseguimos nossa jornada. Um desacordo daqui, uma gargalhada de lá.
Em casa, sou a filha caçula, com tudo o que isso importa. Nasci no dia da posse de Jango. Lá estava meu pai, entre a família e o jornal, buscando as notícias dos dois lados. Pequena, queria ter a mesma profissão do meu pai. Falar ao telefone e ler jornal, era o que eu dizia. Já formada em jornalismo, fui convidada a partilhar daquele espaço. O mesmo que toda a minha família acompanhou com os primeiros capítulos, vivendo a história da cidade.
No jornal, sua assistente, sujeita a toda a carga de responsabilidade e cobranças que o ofício exige. Jamais reclamei dessa dualidade. Com isso, aprendi a não misturar as coisas e nesses últimos vinte anos em que passamos a compartilhar nossas vidas diuturnamente, pude constatar, de perto, a imensa responsabilidade que pesava sobre os ombros do meu pai para comandar o maior jornal da capital, e que tinha, sob sua direção, o maior time de jornalistas e editores jamais reunidos em uma redação.
Além dessa tarefa hercúlea, que somente poucos suportam, cabia a ele entregar, todos os dias, a coluna, que durante muitas décadas tem sido a leitura obrigatória não só de todos os brasilienses, mas das autoridades que por aqui cumpriam suas missões.
Tenho um orgulho enorme de saber que meu pai e mestre era do tipo de jornalista à antiga. Daqueles que sabiam, com precisão, cada ofício dentro de um jornal. Jornalistas de seu tempo e com sua responsabilidade, sem computadores e internet, sabiam fazer de tudo num jornal, do início ao fim, entrando com as notícias de um lado, pondo as impressoras para girar de outro, e entregando o produto acabado nas bancas logo pela manhã. Olha aê o Correio… cantavam os jornaleiros logo cedo pelas quadras de Brasília. Comprar o pão, o leite e o jornal era rotina de muita gente.
Meu pai nunca foi avesso à tecnologia. Tão logo chegaram os computadores quis um, e um laptop. Gostava de aprender. Queria as novidades. Como ele dizia que os dedos tinham asas, voavam sem receios.
Em muitas e variadas mãos, ali estava o trabalho de meu pai e de toda a equipe do Correio Braziliense. Todos o viam com respeito e admiração pela simplicidade, comportamento agregador e a rara capacidade de se sentir à vontade em qualquer lugar com qualquer pessoa.
Houve um tempo em que meu pai era o personagem mais conhecido e respeitado da cidade. Percorrer uma pequena distância levava horas. Todos o paravam, contando casos e sugerindo notas. Usava desse prestígio apenas para defender a cidade que adotou como lar e para ajudar as pessoas que para aqui vinham se estabelecer com bons propósitos.
Com isso, fez uma legião de bons amigos, que tinham nele uma figura magnânima. Jamais usou de seu imenso prestígio em proveito próprio, levando uma vida, à medida do possível, longe dos holofotes. Preferia a companhia dos amigos sinceros e de lugares pouco badalados, como o Café Flor do Abaeté, na 105 Sul, ou nas feiras populares, onde podia sentir os aromas puros da natureza. Falar apenas de meu pai é falar de nossa intimidade familiar e talvez isso não interesse muito. Aqui com os meus pensamentos, sei que somos uma família rara. Todos os domingos, na grande mesa, filhos, netos e bisnetos juntos, sempre em torno do alimento. Para o corpo e para a alma.
Vamos sentir muita falta da presença do patriarca da família. Somos mais uma família de candangos que para aqui veio quando tudo era pó e esperança. Seguimos na terceira geração e vamos deixando sob essa terra vermelha nossos antepassados queridos, que deram à Brasília muito de si.
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Exemplos históricos, vindos de todos os tempos e lugares, ensinam que em épocas de crises as soluções requeridas por muitas civilizações sempre foram alcançadas com mais objetividade quando buscadas junto àqueles membros da sociedade mais vividos e, portanto, mais esclarecidos e experientes.
Dos conselhos desses sábios, muita dor e aflição foram evitadas, poupando vidas e mesmo o desaparecimento de reinos inteiros. Sem esse recurso, presente até nos clãs mais primitivos, a cada crise os homens retornariam no tempo, na tentativa vã de reinventar a roda.
No caso da crise que vem assolando o país, a mais longa e profunda de toda a sua história, a situação não é muito diferente. O que varia, em nosso caso, é que essa orientação, além de urgente e necessária, precisaria vir não apenas daqueles brasileiros mais experientes e esclarecidos, mas, sobretudo, partir daqueles indivíduos sobre os quais não pairam nenhuma mácula ética.
Para uma República, cuja a elite dirigente foi contaminada, de cima a baixo por um festival de escândalos e crimes sem precedentes, recorrer ao aconselhamento das poucas reservas morais que ainda nos resta torna-se, hoje, caso de vida ou morte, para a República e para seus cidadãos de bem.
Dessas figuras de proa e que há muito vêm peregrinando numa cruzada solitária em favor de um Brasil mais ético e ajustado às vontades de seu povo, destaca-se a do jurista e ex-professor da Universidade de São Paulo, Modesto Carvalhosa.
Com 86 anos, autor de vasta obra literária, publicou recentemente o livro “Da Cleptocracia para a Democracia em 2019” um projeto de Governo e de Estado. Na sua avaliação, a atual crise, iniciada com as manifestações de rua em 2013 e ainda em continuidade, além de ser a mais longa de todas na nossa história, com cinco anos de duração, carrega em si um elemento global por abranger os aspectos sociais, econômicos, morais, e mesmo o aspecto da estrutura do Estado. Soma-se a isso o fato dessa crise afetar ainda as relações sociais, opondo brasileiro contra brasileiro, dividindo o país agudamente e conduzindo-o a um mar de incertezas.
Outro fatore negativo e grave, gerado por essa tormenta, e que parece atingir as democracias pelo mundo afora, é a crise de representação. Nesse sentido, as redes sociais geraram milhões de players que não aceitam mais o antigo sistema de representação Weberiano em que as pessoas delegavam suas vontades à uma elite letrada e com mais capacidade de argumentação.
Dessa forma, não só o sistema de representação está obsoleto como também o papel dos próprios partidos políticos. A opinião da população em toda a parte não quer mais ser representada nos moldes antigos, mas atuar na forma dos plebiscitos periódicos, referendos, abaixo-assinados, inclusive subscrevendo leis e outras medidas de interesse popular.
No Brasil, segundo dizem, onde não existe uma verdadeira democracia, já que todo o poder não emana do povo, e sim, dos partidos que ditam o Poder, a questão é mais profunda. Para o jurista Cavalhosa, os partidos que aí estão e os candidatos, em particular, não possuem a noção de que o mundo mudou e com ele a própria sociedade. Não se trata, como muitos devem supor, de uma democracia direta, como pregada pelo anarquismo romântico, mas uma democracia, que, ao seu ver, deve ser balizada dentro dos princípios de uma nova Constituição.
Além disso, o jurista prega a necessidade de um recall para aqueles políticos que não correspondessem a vontade expressa de seus eleitores. Nesse caso, o melhor sistema, em sua avaliação, é o distrital puro, em que os candidatos estão ligados diretamente aos seus eleitores e a seu distrito.
Para começar a mudança em todo o sistema, o jurista prega uma espécie de “voto faxina” para trazer à República novos políticos compromissados com o país. Não reeleger ninguém. O ponto alto do pensamento de Carvalhosa é o retorno das Câmaras de vereadores municipais, que passariam a ser ocupadas por legítimos representantes da sociedade. Sem remuneração, sem gastos para os cidadãos locais e sem vinculação partidária, independentes. Os municípios, em seu dizer, necessitam é de serviços, de água, esgoto, educação, creches, ambulatórios e não de disputas partidárias tolas.
A frase que foi pronunciada:
“Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas.”
Benjamin Disraeli
Começou ontem o programa
Foi a Camila quem ligou para o telefone do trabalho da leitora para fazer propaganda de linha de crédito do Santander. Tratava-se de uma parceria com a American Airlines. O telefone mostrado no Identificador de chamadas era o (48)3031-9655.
Chega
Fica a dica: Para o celular, o aplicativo Truecaller é o inverso do telemarketing. Tem uma lista de todas as empresas que aborrecem os consumidores com ligações desagradáveis, já que a Anatel nada faz.
GP Santa Maria
Hugo Gutemberg, da Administração de Santa Maria, anuncia. Dia 12 de agosto, Dia dos Pais, no Quadradão Cultural do Setor Central, a partir das 10h da manhã, uma corrida de Kart será um super programa para pais e filhos. Os corredores são amadores. Quem tiver experiência pode se inscrever com o Guinho, organizador do evento pelo número 99211-2026.
Novos ares
Em cem anos, quase tudo mudou. A moda, os carros, a tecnologia. Infelizmente, as salas de aula continuam as mesmas. Quadro, mesas e cadeiras, professor expondo novo conteúdo. José Pacheco, da Escola da Ponte de Portugal, é referência mundial da nova pedagogia. O GDF encampou a ideia e a Escola Classe da 115 Norte é um começo.
Indecência
Por falar nisso, uma pesquisa interessante sobre docência no Brasil. O Ibope Inteligência e a rede Conhecimento Social compilaram os seguintes resultados das entrevistas: a escolha da profissão de professor foi feita por afinidade com o trabalho em 78% dos entrevistados. Dos 2.160 profissionais da educação básica da rede pública estadual e municipal, 33% responderam que estão totalmente insatisfeitos com a escolha e 21% completamente satisfeitos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O dia de ontem foi de mau humor para o carioca. O calor esteve horrível, e chegou dos Estados Unidos o governador Carlos Lacerda. (Publicado em 26.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
O Partido NOVO é contra… e, por isso, não usa o Fundo Partidário. É contra… e, por isso, não usa o Fundo eleitoral! A verba para nossa campanha é muito pouca (…como deveria ser para todos!). É um absurdo que os partidos recebam quase 2 bilhões de reais para promoverem-se!!! O NOVO usa apenas recursos próprios, dos filiados e dos simpatizantes… Então… contamos apenas com a colaboração das pessoas que realmente acreditam que esse movimento é um movimento do BEM. É uma semente para florescer “A” transformação!
A transformação na FORMA DE FAZER POLITICA!
Os vereadores eleitos do NOVO já estão fazendo diferença. Já reduziram os gastos dos próprios gabinetes e estão apresentando propostas para o fim de privilégios e para a redução dos gastos públicos desnecessários.
Conheçam mais as propostas do NOVO, entrando no Facebook de Alexandre Guerra, no site alexandreguerradf.com.br, e no site do: novo.org.br.
* O Blog do Ari Cunha reserva, nas segundas-feiras, um espaço para os pré-candidatos que enviarem material de campanha para divulgação. O conteúdo é de inteira responsabilidade dos pré-candidatos. A equipe Ari Cunha apenas contribui com a sua publicação.
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Aproximadamente um quarto de vida de uma pessoa que cursou do primeiro ano do ensino básico à universidade, incluído aí os cursos de mestrado, doutorado e outros pós, é passado dentro de um estabelecimento de educação. Com base apenas nesse dado, dá para imaginar que todo esse valioso tempo dispensado na gradual obtenção de conhecimento e especialização em determinada área resultará, naturalmente, na colocação desse indivíduo no topo da pirâmide social e econômica de um país.
Pelo menos é o que acontece na maioria dos países que têm, na educação de seus cidadãos, a base principal de suas políticas públicas. No Brasil, do realismo fantástico, tudo é relativo quando se fala em políticas públicas, sobretudo quando dizem respeito à educação.
É certo que mesmo em países desenvolvidos a questão da eficiência do ensino não é um assunto fechado, indiferente às mudanças sociais. É preciso reconhecer que a Pedagogia e a Didática e todas as disciplinas voltadas para o aperfeiçoamento e transmissão do ensino não são ciências estanques. Torna-se necessário assim, como outros conhecimentos, que se adaptem às mudanças sociais e aos novos requisitos da nação.
No caso específico do Brasil, onde faltam médicos, sanitaristas, pesquisadores e outros profissionais de saúde voltados ao nosso secular problema de “muita saúva e pouca saúde”, faz-se fundamental que as universidades preparem, bem e em bom número, técnicos capacitados para tirar o país desse flagelo básico.
O mesmo ocorre em outras áreas do conhecimento. Um dado fundamental nessa questão é pelo que se toma hoje como sendo o referencial básico que determina se um país é rico ou não. Atualmente, já se tem como consenso que país rico é aquele em que seu povo tem educação de qualidade. Na era das altas tecnologias e do conhecimento, de nada adianta à um país ter jazidas de petróleo ou outros minerais estratégicos, se sua população vive amarrada na ignorância.
O caso de países como a Venezuela exemplifica bem esse conceito e serve também para o Brasil, eterno exportador de matérias-primas e produtos primários com populações inteiras vivendo na linha da pobreza.
O que torna essa visão mais incisiva é o fato de que todos os países à margem do desenvolvimento e na periferia do mundo civilizado, todos eles, têm em comum o fato de não possuírem bom sistema de educação. Praticamente nenhuma universidade ou centro de pesquisa relevante está localizada em países na categoria de subdesenvolvido.
Celeiro do mundo, autossuficiente em petróleo e outros rankings econômicos restritos, não tiveram o condão de elevar o Brasil (e a própria Venezuela) à categoria de país desenvolvido. Nem terão em futuro algum. Dessa forma, soa anacrônico, para dizer o mínimo, que nossas universidades públicas, abastecidas com recursos extraídos compulsoriamente dos cidadãos, inclusive daqueles que jamais irão cursar o ensino superior, canalizem seus esforços e recursos na criação de cursos como o “Golpe de 2016 e o futuro da democracia, ou mesmo o curso abordando o “Estudo Vivencial da Felicidade”, que terá início no segundo semestre na Universidade de Brasília, campus do Gama.
Levassem seus alunos para um tour em regiões do entorno de Brasília, como por exemplo no Sol Nascente, considerada hoje uma das maiores favelas da América Latina, a UnB poderia apresentar, in loco, e sem maiores despesas, as nuances que fazem do tema felicidade uma questão muito relativa, num país também muito relativo.
A frase que foi pronunciada:
“Pesquisas sugerem que 40% da felicidade das pessoas vêm das escolhas que fazem.”
Matthew Solan, da Escola Médica de Harvard.
Imagem e ação
Na votação do Prêmio Congresso em Foco, a senadora gaúcha, Ana Amélia, assumiu a liderança na categoria especial “Destaque na Redução das Desigualdades Sociais”.
Novidade
Uma pane na central telefônica da Emater não é problema para os alunos desejarem cursar novas turmas oferecidas pela empresa. No dia 3 de agosto, começam as aulas com a nutricionista Danielle Amaral sobre fabricação de produtos sem glúten e sem lactose. No dia 10 do mesmo mês, Flávio Bonesso, técnico em agroindústria da Emater-DF, vai ensinar a desossar frangos. Mais detalhes pelo celular 9-8525-5981.
Link para mais informações: Cursos Emater para o mês de agosto.
Reprodução humana
Oitocentos especialistas em reprodução humana, inclusive de outras dezenas de países, vão se reunir em Brasília no 22º Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida. A solenidade de abertura acontece às 18h30, no Centro Internacional de Convenções. O Congresso acontecerá entre os dias 1 e 4 de agosto e é promovido pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). Dr. Ayres Britto palestrará sobre o “Status jurídico do embrião”, abordando os aspectos éticos e legais do assunto. O endereço do CICB é SCES Trecho 2, Conjunto 63, Lote 50.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Isto tudo depende, entretanto, do acordo a ser feito com os “cartolas” dos clubes de futebol. (Publicado em 26.10.1961)