Um discurso para a capital – Parte 2

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: veja.com/VEJA

 

Para o conhecimento das novas gerações seguem aqui  os trechos finais ou a segundo parte  do discurso feito pelo ex-presidente Juscelino Kubistchek por ocasião do ato  que inaugurava oficialmente a capital de todos os brasileiros em 21 de abril de 1960, ocasião em que eram fundados também o Correio Braziliense e a Coluna Visto Lido e Ouvido. O discurso proferido naquela longínqua  ocasião é até hoje o documento  político mais importante sobre  Brasília, pois registra não só o nascimento de uma cidade especial como marca uma nova etapa na história de nosso país.

“Deste Planalto Central, Brasília estende aos quatro ventos as estradas da definitiva integração nacional: Belém, Fortaleza, Porto Alegre, dentro em breve o Acre. E por onde passam as rodovias vão nascendo os povoados, vão ressuscitando as cidades mortas, vai circulando, vigorosa, a seiva do crescimento nacional.” Ficou patente que a construção de Brasília ia, aos poucos revitalizando a porção interior do país do ficara esquecida por séculos e que agora passavam a ser interligada por estradas de união que estavam sendo abertas. Nesse ponto é necessário acrescentar a colaboração imprescindível de um personagem muito estimado por JK, que era o engenheiro Bernardo Sayão. Graças ao entusiasmo desse colaborador do presidente, foi dado continuidade ao importante processo de integração nacional, inciado ainda com o Marechal Rondon e que tinha como objetivo ligar por estradas o interior do país. Depois de efetivado o programa de construção da nova capital, no interior do Brasil, ligar por rodovias  Brasília  a Belém, ao Acre e a Fortaleza   os próximos desafios a serem cumpridos para dar sentido prático a mudança da capital. Ainda em janeiro de 1960, quatro meses antes da inauguração de Brasília, foram iniciadas as Caravanas da Integração Nacional. Saídas de São Paulo e do Rio de Janeiro, homens e máquinas, sob a liderança de Bernardo, foram rasgando estradas rumo a nova capital.  

“Brasileiros! Daqui, do centro da Pátria, levo o meu pensamento a vossos lares e vos dirijo a minha saudação. Explicai a vossos filhos o que está sendo feito agora. É sobretudo para eles que se ergue esta cidade síntese, prenúncio de uma revolução fecunda em prosperidade. Eles é que nos hão de julgar amanhã.  Neste dia – 21 de abril – consagrado ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ao centésimo trigésimo oitavo ano da Independência e septuagésimo primeiro da República, declaro, sob a proteção de Deus, inaugurada a cidade de Brasília, Capital dos Estados Unidos do Brasil.”  Nesse trecho final Juscelino Kubitschek fala da  importância da construção de Brasília para as novas gerações que viriam. Seriam elas que iriam ser as maiores beneficiadas com essa obra e com todo o processo de interiorização do país.

Este discurso foi proferido por Juscelino Kubitschek na sessão solene de instalação do governo no Palácio do Planalto, no dia 21 de abril de 1960 e comentado por ocasião dos 64º aniversário de Brasília.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse”.

Lúcio Costa

Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte grafite e aquarela, 29x21cm, 2010 (evblogaleria.blogspot.com)

 

Dito e feito

Jussara Dutra Ferreira é daquelas pessoas que se empenham aos projetos até vê-los concretizados. Em Brasília desde o tempo da poeira, Jussara é filha de José Dutra Ferreira, garçom e mordomo de JK. Estava com a ideia de escrever um livro compilando as histórias do pai. E conseguiu. Quem quiser ler assuntos inéditos do começo de vida de Brasília é só ver os detalhes no link: @memoriasdutra.

Jussara Dutra. Foto publicada em seu perfil oficial no Instagram

 

O Mar e o mal

Todos conversavam sobre o Arrastão, de Dorival Caymmi. Uma música que consegue colocar ventos nas notas. Ouvindo sobre o assunto, Gilda Elizabeth Nogueira começou a contar as histórias de arrastão que passou na vida. As que viveu e as que ouviu dizer. A confusão com uma palavra tão linda, Gilda mostrou o que o tempo conseguiu fazer para que arrastão se tornasse um fato pavoroso. Mostra que o nosso mundo já não é o mesmo. Os meninos que esperavam, na areia, o arrastão das praias que trazia o peixe bom para a família, com o passar do tempo, transformaram-se nos meninos temidos que, agora sem família, arrastam pela areia a própria dignidade.

 

 

Futuro

DF teve liberação para o funcionamento do primeiro crematório, que fica no cemitério Campo da Esperança. A decisão que a Sejus aguardava veio do Instituto Brasília Ambiental. Isso faz lembrar um cemitério projetado pelo arquiteto Manoel A. Madureira Filho. Apenas umas hastes com neon na ponta contendo o DNA do falecido.

Publicação no perfil oficial da Secretaria de Justiça, no Instagram

 

História de Brasília

Ontem na minha superquadra, houve um atropelamento. Havia dois guardas para orientar as crianças, e a orientação não foi dada. O motorista ainda tentou evitar o acidente e não conseguiu. Socorreu a vítima, o que foi muito lógico. (Publicada em 06.04.1962)

Um discurso para a capital – Parte 1

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Lúcio Costa e presidente JK. Foto: arquivo.arq

 

Para o conhecimento das novas gerações eis aqui trechos do discurso do presidente da República Juscelino Kubitschek, feito há 64 anos, na noite do dia 21 de abril de 1960, durante o ato oficial que inaugurava, comentado pela coluna. Depois de 3 anos de intensa construção, a capital de todos os brasileiros, hoje patrimônio cultural da humanidade, era finalmente entregue ao povo. Trata-se do mais importante documento acerca desse feito histórico.

“Não me é possível traduzir em palavras o que sinto e o que penso nesta hora, a mais importante de minha vida de homem público. A magnitude desta solenidade há de contrastar por certo com o tom simples de que se reveste a minha oração. Dirigindo-me a todos os meus concidadãos, de todas as condições sociais, de todos os graus de cultura, que, dos mais longínquos rincões da Pátria, voltais os olhos para a mais nova das cidades que o Governo vos entrega, quero deixar que apenas fale o coração do Vosso Presidente”. Aqui, mais do que nos trechos de cunho político, a fala do então presidente, como era de seu perfil humano e sensível, deixa expresso toda a sua emoção com a realização da mais gigantesca obra já realizada por mandatário em toda a história do país.    

“Não vos preciso recordar, nem quero fazê-lo agora, o mundo de obstáculos que se afiguravam insuportáveis para que o meu Governo concretizasse a vontade do povo, expressa através de sucessivas constituições, de transferir a Capital para este planalto interior, centro geográfico do País, deserto ainda há poucas dezenas de meses.” Nesse ponto, o presidente, a quem o povo apelidou simplesmente de JK, deixa escapar, em resumo, os diversos obstáculos políticos e de toda a ordem que teve que enfrentar para construir Brasília. “Não nos voltemos para o passado, que se ofusca ante esta profusa radiação de luz que outra aurora derrama sobre a nossa Pátria”. Ele deixa claro que, mesmo esses obstáculos, que se faziam intransponíveis e quase lhe custaram o mandato, tornavam-se ínfimos diante da realização de tão monumental obra.

“Quando aqui chegamos, havia na grande extensão deserta apenas o silêncio e o mistério da natureza inviolada. No sertão bruto iam-se multiplicando os momentos felizes em que percebíamos tomar formas e erguer-se pôr fim a jovem Cidade. Vós todos, aqui presentes, a estais vendo, agora, estais pisando as suas ruas, contemplando os seus belos edifícios, respirando o seu ar, sentindo o sangue da vida em suas artérias.” Inúmeras vezes JK, deixa o Rio de Janeiro, então capital, e voava à noite para Brasília, então um Cerrado imenso, até então intocado pelo homem, apenas para contemplar as primeiras construções que se erguiam solitárias nesse descampado.

Somente me abalancei a construí-la quando de mim se apoderou a convicção de sua exequibilidade  por um povo amadurecido para ocupar e valorizar plenamente no território que a Providência Divina lhe reservara. Nosso parque industrial e nossos quadros técnicos apresentavam condições e para traduzir no betume, no cimento e no aço as concepções arrojadas da arquitetura e do planejamento urbanístico modernos.” Nesse parágrafo, JK deixa claro que a convicção para erguer a capital veio quando ele se certificou que já havia condição estratégica e toda uma infraestrutura nacional para dar início a tão ousada empreitada.

“Surgira uma geração excepcional, capaz de conceber e executar aquela “arquitetura em escala maior, a que cria cidades e, não, edifícios”, como observou um visitante ilustre. Por maior que fosse, no entanto, a tentação de oferecer oportunidade única a esse grupo magnífico, em que se destacam Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, não teria ela bastado para decidir-me a levar adiante, com determinação inflexível, obra de tamanha envergadura”

Obviamente que para levar adiante tamanho desafio, foi fundamental contar com a colaboração de homens excepcionais, dotados também de inteligência e força de vontade. Mais do que cimento e aço, a presença desses homens, entusiasmados como ele, foi fundamental para tal desafio.

“Pesou, sobretudo, em meu ânimo, a certeza de que era chegado o momento de estabelecer o equilíbrio do País, promover o seu progresso harmônico, prevenir o perigo de uma excessiva desigualdade no desenvolvimento das diversas regiões brasileiras, forçando o ritmo de nossa interiorização. No programa de metas do meu Governo, a construção da nova Capital representou o estabelecimento de um núcleo, em torno do qual se vão processar inúmeras realizações outras, que ninguém negará fecundas em consequências benéficas para a unidade e a prosperidade do País.” Com essas palavras, é visível o elemento que caracteriza o homem público e estadista, que é a visão do futuro e a faculdade de pensar no amanhã do país, colocando um ponto final no histórico abandono do interior do Brasil.

“Viramos no dia de hoje uma página da História do Brasil. Prestigiado, desde o primeiro instante, pelas duas Câmaras do Congresso Nacional e amparado pela opinião pública, através de incontável número de manifestações de apoio, sinceras e autenticamente patrióticas, dos brasileiros de todas as camadas sociais que me acolhiam nos pontos mais diversos do território nacional, damos por cumprido o nosso dever mais ousado; o mais dramático dever. Só nos que não conheciam diretamente os problemas do nosso Hinterland percebemos, a princípio, dúvida, indecisão.” Nesse ponto do discurso, JK deixa claro que a construção da nova capital marcaria, doravante, uma nova e definitiva etapa na história do Brasil. Uma etapa, como ele afirma, ousada e, ao mesmo tempo, dramática, tamanho era esse desafio.

“Mas no País inteiro sentimos raiar a grande esperança, a companheira constante em toda esta viagem que hoje concluímos; ela amparou-nos a todos, a mim e a essa esplêndida legião que vai desde Israel Pinheiro, cujo nome estará perenemente ligado a este cometimento, até ao mais obscuro, ao mais ignorado desses trabalhadores infatigáveis que tornaram possível o milagre de Brasília.” Mais uma vez, são mencionados a força e o entusiasmo das pessoas que cercaram JK nesse projeto. Sem esse mutirão humano e cheio de esperança, nada seria possível.

Em todos os instantes nas decepções e nos entusiasmos, levantando o nosso ânimo e multiplicando as nossas forças, mais de que qualquer outro amparo ou guia, foi a Esperança valimento nosso. Um homem, cujos olhos morreram e ressuscitaram muitas vezes na contemplação da grandeza – aludo, novamente, a André Malraux – viu em Brasília a Capital da Esperança. Seu dom de perceber o sentido das coisas e de encontrar a expressão justa fê-lo sintetizar o que nos trouxe até aqui, o que nos deu coragem para a dura travessia, que foi a substância, a matéria-prima espiritual desta jornada. Olhai agora para a Capital da Esperança do Brasil.” O antigo e saudoso presidente alude ao poder mágico e invisível da esperança. Esse sentimento nobre deixou-se transparecer na própria cidade que nascia. Brasília capital da esperança e o Hino à Brasília, que veio mais tarde pelas mãos de Neusa França, eram as músicas mais cantadas diariamente nas rádios da cidade nos primeiros anos de Brasília. Havia, naqueles anos cinquenta e sessenta, uma espécie de esperança no ar, de que o Brasil acordaria de seu sono profundo e seguiria rumo ao futuro. André Malraux (1901-1976) foi um escritor e ministro de assuntos culturais francês, doutor honoris causa pela USP e criador dos centros culturais. Ao visitar Brasília, deu-lhe o título de Capital da Esperança.

“Ela foi fundada, esta cidade, porque sabíamos estar forjada em nós a resolução de não mais conter o Brasil civilizado numa fímbria ao longo do oceano, de não mais vivermos esquecidos da existência de todo um mundo deserto, a reclamar posse e conquista.” A crítica histórica de que os brasileiros não davam a devida importância ao interior do país, limitando-se a imitar os caranguejos que não vão muito além das praias, limitando-se a arranhar as costas do Brasil.

“Esta cidade, recém-nascida, já se enraizou na alma dos brasileiros; já elevou o prestígio nacional em todos os continentes; já vem sendo apontada como demonstração pujante da nossa vontade de progresso, como índice do alto grau de nossa civilização; já a envolve a certeza de uma época de maior dinamismo, de maior dedicação ao trabalho e à Pátria, despertada, enfim, para o seu irresistível destino de criação e de força construtiva.” JK, como todo estadista de seu porte, tinha a clara visão de que a construção da nova capital no interior do país iria chamar a atenção de todo o mundo para as potencialidades e capacidades do povo brasileiro, despertando o país para um novo destino de crescimento e progresso.

O avanço da poeira

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Foto: Carlos Fabal/AFP – 25/08/19

 

         Marchamos a passos acelerados, movidos por cega ganância, por um caminho que, inevitavelmente, irá nos conduzir a um novo e vazio Planalto Central. Tomado pela aridez do deserto, esse imenso território, varrido por ventos escaldantes e pela poeira fina, está agora todo coberto com o farrapo branco da morte.

         O horizonte em volta daquela região central do país, que um dia foi o berçário das águas e da vida, está hoje irreconhecível. Assim como a outrora moderna e pujante capital do país, cercada e inviabilizada pelo deserto que avança intrépido por ruas, avenidas e monumentos, cobrindo tudo com o pó fino das areias.

         Entre julho e setembro, o céu se fecha com a cortina espessa e escura das nuvens de poeira, que aos poucos vão soterrando Brasília e o entorno. Tal como um coveiro lança terra sobre os mortos, a natureza, indiferente, vai sepultando tudo em volta, cobrando seu preço por décadas de destruição dos campos do Cerrado.

         Eis aí um vaticínio certo e seguro, que mostra como será, num curto espaço de tempo, o Centro Oeste do Brasil, caso prossigam na mesma rota suicida substituindo a vegetação local por monoculturas transgênicas, implantadas em imensos latifúndios e destinadas à exportação e ao lucro de poucos. O Cerrado, como tem alertado os ecologistas e cientistas do meio ambiente, está agonizando à vista de todos, por conta do agronegócio e da expansão desenfreada da monocultura.

          Somente o setor agropecuário, que coloca o Brasil como o país com o maior rebanho bovino do planeta, já tomou conta de mais de 45% de toda a área do bioma Cerrado. É o lucro feito a qualquer custo e tem sido denunciado aqui, neste mesmo espaço, para a contrariedade daqueles que acreditam ser possível lucrar com a destruição irreversível. O Cerrado, como tem alertado a doutora em Antropologia Social e assessora do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Raisa Pina, está pedindo socorro e exigindo medidas urgentes para conter o desmatamento. Sobretudo agora, às vésperas das eleições gerais, quando esse importante tema deverá ser incluído ou, ao menos, citado entre os diversos programas de governo apresentado pelos candidatos. Por enquanto, esse tema delicado, por se tratar de um setor com grande poder de lobby e com uma expressiva bancada no Congresso, ainda não veio à tona.

         Falar de forma negativa do agrobusiness, quer apresentando verdades incontestes ou elencando seus efeitos deletérios, mesmo em se tratando de um setor superavitário e incensado pelos políticos, desperta paixões e, não raro, termina em confusão e pressões indesejáveis. É, sem dúvidas, um assunto delicado, mas que não deve ser evitado, sob pena de comprometermos, severamente, o futuro das próximas gerações de brasileiros, que irão colher os frutos amargos de ações impensadas e baseadas apenas na ideia de lucro imediato.

          Atrás do processo dinâmico do desmatamento, vem o agronegócio, de olho na expansão insana da produção. Quem, por acaso, duvidar desse processo de destruição acelerada basta verificar o que mostram os números e dados fornecidos pelos cientistas que monitoram esse território.

         Raissa Pina chama a atenção para o fato de que mesmo os chamados desmatamentos legais são irregulares e trazem enormes prejuízos a todo esse Bioma. A controversa política de Estado, baseada no desmatamento em favor do aumento de produção do agronegócio, só faz legalizar uma atividade que vem destruindo, sistematicamente, o Cerrado. Essa história de que o agronegócio preserva não passa de propaganda falsa, feita para iludir consumidores, principalmente na Europa, onde aumentam os embargos a produtos, fruto de destruição do meio ambiente.

         A cada avanço das fronteiras agrícolas e do aumento de produção, sempre anunciados com estardalhaço, aumenta, em maior proporção, a destruição do meio ambiente, a expulsão dos povos autóctones e a decadência da agricultura familiar e da produção de grãos sadios. Para se ter uma ideia do avanço do agronegócio sobre o Bioma Cerrado, apenas entre 2010 e 2020, o Cerrado perdeu mais de 6 milhões de hectares de vegetação nativa, lembra a pesquisadora. Não se trata de uma área qualquer, já que o Cerrado ocupa quase um quarto do território nacional e responde sozinho por mais de 5% de toda a biodiversidade do planeta.

         O desaparecimento desse delicado bioma trará impactos profundos em toda a Terra. Como dizia, com muita propriedade, o pensador austríaco Karl Kraus: “O progresso é o avanço inevitável da poeira”.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nem tudo o que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores do cerrado.”

Nicolas Behr

Nicolas Behr. Foto: correiobraziliense.com

 

Emboulos

Uma faixa na igreja universal afirmando apoio, postagem nas redes sociais e milhares de visualizações. O candidato pelo PSOL teve essa ideia para angariar mais eleitores. O caso foi parar no TSE, já que a instituição negou, veementemente, apoio a Boulos. Por muito menos, há candidatos que perderam a chance de concorrer às eleições deste ano. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos.

Imagem: universal.org

 

História de Brasília

Talha logo, perde. Mas crianças do “Gavião” não precisam tomar leite. Um frigorífico não é para ser usado no “Gavião”. E fica o bairro sem leite, depois das nove horas. (Publicada em 10.03.1962)

Ação deletéria política sobre as cidades

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Charge: avozdocidadao.com.br

 

Um dos graves problemas a afligir a qualidade de vida dos habitantes, na maioria de nossas cidades e na capital do país, reside na imiscuição indevida e, muitas vezes, criminosa, de agentes políticos sem a qualificação técnica devida no que as cidades têm de mais precioso e vital para todos: seu traçado urbano e arquitetônico.

Esse descaminho e essa desconfiguração, tomada pela grande maioria de nossas capitais em seus planos urbanísticos originais, se transformaram-se num modelo de gestão desastroso e muito comum em todo o Brasil. Nesse rol sem fim de “construtores”, incluem-se governadores, prefeitos, deputados, vereadores e outros próceres políticos, todos envolvidos no afã de transformar a cidade num grande canteiro de obras.

O que tem ocorrido em muitos desses casos é que esses agentes, movidos, muitas vezes, de forma espúria e em conluio com as grandes empreiteiras, transformam nossas cidades em enormes e eternos canteiros de obras. Mudam traçados de ruas, avenidas, promovem demolição, constroem viadutos e outras obras de “remodelação” que, aos poucos, vão descaracterizando o conjunto urbano dessas cidades, criando puxadinhos e outros monstros em concreto armado, a infernizar e a encarecer a vida dos cidadãos.

Ao contrário do que aconteceu em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, que sofreram intervenções profundas e lógicas em seus traçados arquitetônicos e urbanísticos, no começo do século XX , a maioria das obras e mudanças urbanísticas feitas em nossas cidades parece obedecer apenas a prática marota de abrir espaços para o lucro de empreiteiros e de políticos. O problema é que os efeitos nefastos de todo esse empreendedorismo construtor recaem sobre os ombros dos pagadores de impostos.

O ideal, num mundo ideal, se é que isso seja possível, seria que políticos e administradores que agem sob o impulso de partidos e ideologias, seja dentro de palácios, seja dentro de câmaras estaduais, fossem impedidos, por lei, de promover alterações urbanas e arquitetônicas de qualquer natureza e espécie, deixando esse ofício apenas para equipes devidamente qualificadas e tecnicamente preparadas.

Aqui, em Brasília, bastariam alguns exemplos cometidos por nossas autoridades administrativas nas últimas três décadas para dar um panorama dos malefícios que a intromissão política indevida gera para a vida da cidade e de seus habitantes. O Estádio de Futebol Mané Garrincha é, talvez, o mais vistoso trambolho deixado por esses construtores ladinos. Segue o Complexo Administrativo, chamado de Buritinga, outra obra desnecessária e cara. O Centro de Convenções, reformado e deformado, para se juntar a outras construções feiosas e sem proveito. Outras obras menores e, nem por isso, importantes, como a chamada Prainha do Lago Norte, um espaço nobre e entregue à meia dúzia de comerciantes, transformando aquele local em ponto de bebedeira, arruaças, brigas, e acidentes de trânsito.

Aos poucos, graças às intervenções desastrosas de governos que vêm e vão, a cidade, tão pensada por seus idealizadores, e que seria um exemplo para o restante do país, vai se transformando num caos a afugentar sua própria gente.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se filho não precisasse de pai e mãe, nasceria numa árvore e, quando estivesse maduro, cairia.”
Legado do filósofo de Mondubim

 

Zoom

Maestro Joaquim França teve um encontro importante com o grupo Tutti Choir, dirigido por Daniel Moraes. Cantores, que já viajaram para vários estados brasileiros e capitais do mundo, tiveram a oportunidade de tirar dúvidas sobre composição, arranjos, concursos, grandes nomes e, como não poderiam deixar de se ouvir, a experiência de França com o movimento Clube da Esquina.

 

Cerrado

José Roberto Gonçalves, gerente do Parque Ivaldo Cenci, da Agro Brasília, comemora o cultivo de urucum por produtores rurais do DF. Outra planta que despertaria o interesse de pesquisadores e naturalistas é a cúrcuma, ou açafrão. Sabe-se que, na dose certa, é um remédio poderoso para a imunidade.

 

Progresso

André Nicola, da área de pesquisa da Faculdade de Medicina da UnB, disse que não só as pessoas, mas as instituições também se viram forçadas a trabalhar com projetos de pesquisa complexos impostos pela pandemia. Apesar de todo transtorno causado pelo Covid-19, os pesquisadores estão dando passos largos, o que é importante para chegar mais perto do futuro.

Charge do Jean Galvão

 

Diretas já

Estamos no momento certo para tratar do voto impresso. O Brasil tem uma urna inauditável e tentam impingir dois pesos e duas medidas para a Internet. “Se cala a boca já morreu, quem manda no meu voto sou eu”, é hora de providenciar novas urnas e cédulas. Sem contagem, seu voto não existe.

Charge: Bessinha

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os passageiros para São Paulo têm reclamado que quando são obrigados a tomar ônibus do Real Expresso, enfrentam verdadeiros vexames e aborrecimentos. Outro dia os passageiros ficaram na Plataforma durante cinco horas à espera da saída de um ônibus.
(Publicado em 13/01/1962)