Pensantes pelo oceano

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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          Novas tecnologias trazem consigo novos hábitos. A leitura de jornais em si tem sido um desses costumes que mudaram, quase de maneira radical, tanto para o leitor como para aqueles que cuidam da veiculação de notícias e vivem desse precioso ofício. São as exigências dos novos tempos e não adianta fazer cara de paisagem para essas mudanças, sob pena de o indivíduo se colocar à margem de um mundo em rápida transformação.

         Até que ponto esses novos meios de comunicação facilitarão ou dificultarão a propagação das meias verdades e das mentiras sinceras, eis aí um tema que tem movido países em todo o mundo em busca do que chamam de regulação das mídias, o que, no jargão antigo, era chamado simplesmente de censura.

         Um dos fatos a ser posto nesse assunto é que a multiplicação das fontes de notícias e sua capilaridade em todo o planeta, ao contrário do que muitos supunham, tirou, da imprensa, o tradicional, honroso e até então indiscutível posto de quarto poder do Estado. Outrora, os cidadãos Kane, espalhados pelo mundo, aqueles que detinham o controle das rotativas, elegiam e destruíam governos ao simples toque do teclado da máquina de escrever. Nessa época, pouco antes e depois das duas Grandes Guerras, a imprensa dava as cartas e, não raro, vencia o jogo da política, não pelo blefe, mas pelo inegável poder da palavra.

         Não foram poucos os jornalistas que, utilizando o trampolim da imprensa, adentraram para a vida política, nas tribunas e nos governos, e lá fizeram história. Esse era um outro tempo, anterior à quarta Revolução Industrial, quando a tecnologia, aliada à Internet, virou o mundo de cabeça para baixo.

         Hoje, a posição da imprensa, dentro de um Estado interconectado, bem como sua influência e poder dentro dos governos, foi revista e deslocada para uma outra posição, onde terá que encontrar agora, em meio às novas concorrências instantâneas, seu lugar ao sol. É justamente nesse novo lugar, iluminado pela luz do sol e da verdade, que somente aquelas plataformas de notícias que se apegarem aos fatos, tal qual eles se apresentam, terão chance de prosperar.

         Questões como as fakenews, pós-verdades e interpretações subjetivas dos fatos terão que se submeter e serem sopesadas sob a luz da verdade. Quem apostou que as novas tecnologias trariam apenas facilidades observa hoje que, a cada nova facilidade, foi acrescentada também um novo obstáculo e uma nova exigência. Um dos entraves aqui fica por conta da adequação do velho e tradicional jornalismo, feito com as novas ferramentas trazidas pelas atuais tecnologias. À guisa de exemplo, podemos destacar aqui o que trazem agora as manchetes dos jornais nacionais e o que observa, a tempo e à hora, o noticiário português acerca do périplo que o atual presidente faz naquele país. São duas visões da visita separadas por um oceano de percepções. Com o acesso fácil a jornais e à imprensa televisiva portuguesa, os leitores podem apontar, por si só, se há diferença no tratamento do fato e que diferenças são estas.

 

A frase que foi pronunciada:

“César declarou que amava as traições, mas odiava os traidores.”
Plutarco

Provável busto de Plutarco, no Museu Arqueológico de Delfos. Foto: wikipedia.org

Fácil e divertido

Ensinar matemática despertando o interesse dos alunos é tarefa para educadores, não só para professores. Foi assim que a mestra Maria das Dores Brigagão teve a ideia de lançar a Fantástica Matemática, que é uma metodologia diferenciada com o objetivo de tornar o aprendizado mais agradável. Além dos livros, cadernos de exercícios e material complementar já estão disponíveis em ebook, na Amazon Livros. As alunas do Sacre Coeur, que conheceram a professora Brigagão na década de 70, torcem pelos vídeos curtos no Kawai.

 

Leitor

Seriam reformas que agradariam, aos eleitores, o voto distrital, recall, candidaturas avulsas, fim do foro privilegiado, fim dos fundos partidários e eleitorais, de emendas secretas, da infidelidade partidária e do modelo de suplência. Ainda, prisão em segunda instância e fim de privilégios econômicos dos agentes públicos. O leitor Rubi Rodrigues acrescenta: empoderar a população com iniciativa de propor leis, referendo de leis polêmicas e conferir, à Justiça, a missão de livrar a cidade de predadores sociais – tal como os garis livram a cidade do lixo -, responsabilizando o Juiz pelas consequências do seu julgamento.

História de Brasília

O supermercado está abastecendo atravessadores menos escrupulosos. O caso do azeite de oliva, do arroz e do leite é o indicio de que novas providências devem ser tomadas. (Publicada em 18.03.1962)

Pela beirada

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Foto: Reprodução da Internet

 

Mídias sociais mostram culturas diversas invadindo a Europa. Com cidades importantes do Velho Continente, uma verdadeira onda de protestos e paralisações ameaçam varrer o que ainda resiste de cultura Ocidental. A França, outrora a mais representativa nação a propagar os valores da cultura ocidental, com seus libelos de liberdade, igualdade e fraternidade e que deu impulso ao surgimento dos estados contemporâneos, vem, particularmente, sofrendo uma erupção interna deflagrada, justamente, por aqueles a quem acolheu e deu abrigo e, em muitos casos, à cidadania plena.

As manifestações de populações muçulmanas contra as tradições e a cultura local ameaçam não apenas a França que conhecemos por meio de Montesquieu, Balzac, Victor Hugo, Voltaire, Curie, Beauvoir, Sartre e uma infinidade de outros nomes ilustres, mas a França berço de nossas tradições mais caras. Agora, em Portugal, as pressões que essas comunidades estrangeiras têm feito para, inclusive, substituir as leis seculares pela sharia ou a lei islâmica, com base no Alcorão, vem aumentado seus ecos de forma assustadora. A população muçulmana em alguns países europeus e no continente em geral pode triplicar até 2050, representando até 14% do total, diz pesquisa do instituto americano Pew Research Center.

Relatos de agressões se multiplicam a cada dia. Esse mesmo fervor baseado no radicalismo religioso, aos poucos vai se espalhando por outros países, numa espécie de revival das cruzadas que, dos séculos 11 ao 13, opuseram cristãos e outros povos do Oriente, pela libertação da Terra Santa.

Trata-se, não exatamente de um mundo novo nem tampouco admirável, ante a inércia e o imobilismo impostos pela letargia, de aproveitar as brechas para migrar entre as rachaduras expostas de nossa cultura. Não por acaso, dentro desse cenário de distopias, as igrejas cristãs vêm sofrendo uma série de ataques, com depredações de parte de nosso acervo sagrado, incêndios em templos, perseguições aos clérigos e aos crentes, e todo um movimento, mais vivo do que nunca, que visa destruir alguns dos mais importantes baluartes de nossa cultura. Nesse movimento de razia contra o Ocidente, nem mesmo as famílias escapam desses ventos loucos.

 

A frase que foi pronunciada:
“A especulação é no comércio uma necessidade; é nos abusos, uma inconveniência; mas entre as inconveniências dos abusos e a necessidade do uso, está, em todos os casos dessa espécie a liberdade, que deve ser respeitada, porque se em nome de abusos possíveis nos quiserem tirar a liberdade do uso, talvez não nos deixem água para beber.”

Rui Barbosa

Foto: academia.org

 

Mulheres no poder
Nas homenagens a Brasília que aconteceram na Câmara Legislativa, a deputada distrital Paula Belmonte foi bastante elogiada pela coragem e, principalmente, pelo posicionamento político coerente. Contra ou a favor da maré, a deputada Paula luta pelos mesmos ideais, enfrentando as mais diversas ameaças. Quem participou da solenidade foi Maria de Lourdes Abadia, que destacou o trabalho de Paula Belmonte em defesa das crianças e das mulheres, além de lutar por uma capital mais justa e com oportunidades para todos.

Deputada Distrital Paula Belmonte. Foto: cl.df.gov

 

Virtude
Aconteceu no auditório da Cúria Metropolitana, a palestra com o ministro Ives Gandra Martins Filho, com o tema Virtudes: um Ideal de excelência. O evento foi organizado pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa. Como sempre, ninguém sai da forma que entrou quando o Dr. Ives Gandra está com a palavra.

Ives Gandra Martins Filho, ministro do TST.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

 

Ameaças
Aconteceu no Gama. Um garoto de oito anos avisou à mãe: “Não vai ter aula amanhã por causa de um tal de massacre”. E completou: “Mãe, o que é isso?”

Charge: J. Bosco

 

Pavor
Por falar nisso, ao dar um pulinho na farmácia do Varjão, com o carro cheio de crianças, o cidadão se depara com um corpo baleado no meio da rua. A cena foi de horror, mas as crianças foram orientadas a olhar para o tapete do carro até segunda ordem.

 

História de Brasília

A romaria de solidariedade ao Tonico, no Banco da Lavoura, é um reflexo do reconhecimento dos que construíram Brasília, para com aquele verdadeiro pioneiro. (Publicada em 18/03/1962)

Há torcida do contra

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

 

         Não há partido político no Brasil capaz de seguir linhas ideológicas e programáticas, independentes do governo de plantão. São apenas legendas formadas ao sabor das ocasiões, clubes interessados apenas em causas próprias e no bem-estar de seus sócios, sobretudo das lideranças. O que temos é uma pantomima política, distante do que sonham os eleitores atentos e do que exige a ética pública.

         Dessa forma, fica a explicação: não há terceira via, porque não há partidos fortes e independentes, capazes de entender o momento que se anuncia de grave polarização, entre o ruim e o péssimo. É com essa visão que os mais de trinta partidos, colados nas tetas dos cofres da União, enxergam os cidadãos, que, para eles, passadas as eleições, transformam-se num estorvo. Simplesmente, não há uma primeira, nem uma segunda via que possa levar o país ao bom termo. É nessa sucessão de mediocridades que jornais e mídias sociais registram a história do Brasil.

         Sem reformas políticas sérias que colocassem um fim ao foro privilegiado, aos fundos partidários e eleitorais, às emendas secretas, à infidelidade partidária, bem como ao número excessivo e lesivo de partidos, à possibilidade de prisão em segunda instância, ao modelo de suplência, à reeleição e mesmo à impunidade dos políticos, excesso de privilégios econômicos, falar em terceira via, ou numa quarta e quinta vias, não significa nada. Há aqui, um problema de origem que não foi sanado por vontade justamente dos partidos tortos que aí estão. Qualquer desdobramento político vem carimbado com o selo e com os vícios de origem, tanto da inoperância como da continuidade de um modelo que os brasileiros de bem, que pagam em dia seus impostos, querem ver extinto.

         A impossibilidade de candidaturas avulsas e do voto distrital, assim como do dispositivo de recall ou chamada, pelos eleitores daqueles políticos que apresentam “defeito” e sua substituição por gente mais capacitada, é um freio às mudanças que a nação reclama. Isso não quer dizer que não existam candidatos, isoladamente, bons e que poderiam, caso tivessem capacidade de desprendimento maior que o ego, fazer alguma diferença nesse próximo pleito. Ocorre que nem a grande massa de eleitores abduzidos e apolíticos e nem mesmo os partidos que aí estão apostam um níquel sequer nessa possibilidade e mesmo fazem torcida contra.

 

A frase que foi pronunciada:

“A história nos desafia para grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertarmos.”

Ulysses Guimarães

Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

Identidade

Quem nasceu e mora em Brasília sabe que o cimento traz a identidade da cidade. Ver a catedral e outras obras da capital com essa fachada pintadas é doloroso. Na N2, o anexo do Ministério da Educação foi pintado com uma cor entre o bege e o amarelo. Tragédia maior.

 

Precificar a vida

Há anos se noticia a entrada de psicopatas armados em escolas. Legisladores, obrigatoriedade de porta rotatória na entrada dos estabelecimentos de ensino evitaria as futuras tragédias. Custo médio R$20 mil. Não vale à pena?

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Fica a dica

Entre o Big Box e o Iguatemi, no Lago Norte, há uma faixa de pedestre. Estaria bem localizada se não houvesse mato impedindo a visão e se a iluminação fosse adequada.

Reprodução: Google Maps

 

Revisão

Agora que já é possível acompanhar o crescimento de uma criança no ventre materno, assistindo em imagens de 3 dimensões as primeiras batidas do coração, a formação da coluna vertebral, não faz sentido os hospitais terem legislação permitindo o descarte e incineração do feto morto com peso e estatura inferior ao mínimo exigido pelo Conselho Federal de Medicina. As mães que perdem o filho passam por mais esse sofrimento que, infelizmente, é amparado por lei.

Foto: revistacrescer.globo

 

Conhecimento

Foi um sucesso a Tarde do Bem Estar com a Dra. Simone Leite e Dr. Eugênio Reis, no Brasília Shopping, sobre terapia hormonal e benefícios e rejuvenescimento e a beleza natural na dermatologia. Com a plateia participativa, muitos esclarecimentos foram dados e mitos desfeitos.

Foto publicada no perfil oficial do Dr. Eugênio Reis, no Instagram

 

História de Brasília

Os postes do aeroporto foram mandados fazer pelo ministério as Aeronáutica. A prefeitura mandou liga-los à luz da rua, e, agora, surge um problema. A firma empreiteira não recebeu a parcela final. Nem o ministério quer receber o serviço executado. (Publicada em 18.03.1962)

Feliz Brasília

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O Brasiliense. Fotografia: Ivan Mattos (@ivanmattos_)

 

         Como sede do poder, é natural que Brasília tivesse destinada a se tornar o centro de onde emanariam as principais questões da política nacional. No entanto, para uma República que vem aos tropeços, desde sua instalação em 1889, Brasília se tornou, além de centro irradiador dos temas políticos nacionais, foco de apreensão por parte dos brasileiros, devido às seguidas e sérias crises institucionais.

         É preciso mais do que um exercício de abstração para deixar de lado essas crises, que nos acorrentam ao terceiro mundo, para tratar apenas do aniversário de 63 anos dessa que é, definitivamente, capital de todos os brasileiros. Vale relembrar que, entre as justificativas postas, ao final dos anos cinquenta, e que melhor respondiam o motivo oculto para a transferência da capital, do Rio de Janeiro para o longínquo interior do país, estavam justamente essas: afastar da cidade maravilhosa todas as nuvens cinzentas, manter distância da atuação atabalhoada dos políticos brasileiros, seus escândalos e sua pouca atenção com fatos que realmente interessavam a população.

         Havia, mesmo que longe do público, o desejo secreto de banir a classe política para longe. Com isso, sonhavam seus articuladores, a cidade do Rio de Janeiro voltaria a ter sossego e paz, livrando a capital também dos gastos e das exigências absurdas feitas pelos políticos. Não era para ser diferente.

         Naquela ocasião, era comum encontrar um político nas praias e cassinos e não no local de trabalho. Bani-los para bem distante seria uma boa medida. Quem sabe, naquele vazio do Centro-Oeste, nossa classe política passasse a tomar maior consciência da realidade sofrida de nosso país, empenhando-se em trabalhar para um futuro melhor para todos.

         A chiadeira maior contra a transferência vinha justamente por parte daqueles que se viam prejudicados com a mudança. Obviamente que essas razões eram mantidas longe do conhecimento do público e dos eleitores. Felizmente, para os brasileiros que para aqui vieram e se estabeleceram, essas eram questões que não tinham importância alguma para seu cotidiano, já que, lá no Rio de Janeiro como aqui em Brasília, o mundo político estava situado em outro universo, distante dos brasileiros.

         Foi desse modo que Brasília, e com esse desdém recíproco, que a nova capital foi se consolidando como cidade aberta. Havia, como ainda hoje, uma Brasília para os moradores e uma outra cidade paralela que pertence aos políticos que por aqui andam em revoada de terça a quinta-feira.

         Não há uma ligação de irmandade entre esse e aquele mundo. O único traço a unir a nossa classe política e a cidade são os empregos diretos e indiretos que essa atividade gera na nova capital. Portanto, a Brasília que interessa nesses seus 63 anos de vida é aquela ligada aos brasilienses que tomaram a cidade como seu lar.

         Tirando o fato de que o projeto inicial foi seriamente desvirtuado pela ação dos políticos locais, que a lotearam de forma irresponsável, Brasília é hoje, sem nenhuma ressalva, a cidade brasileira com os melhores índices de qualidade de vida. Não é por outra razão que muitos políticos que para aqui vieram exercer seu métier, uma vez longe do poder, passam a fixar residência no Planalto Central.

         A Brasília que nos interessa hoje no seu aniversário é, para muitos, aquela que vimos crescer a cada dia, como nós, como uma irmã. Aquela que assistimos as primeiras árvores e os primeiros gramados serem plantados. Gramados que o Departamento de Parques e Jardins (DPJ) nos impedia de pisar. Um cidade em que tudo era novidade, a começar pelas pessoas que vinham de diferentes lugares e com histórias e sotaques diferentes. A cidade que não possuía mar, mas que era banhada por um céu imenso, aberto e multicolorido. Uma cidade onde tudo era novo, até a maneira de viver. A solidariedade, as amizades, educação pública, tudo de todos. Uma cidade onde o térreo não era de ninguém e de todo mundo ao mesmo tempo. Uma cidade que aprendemos a amar como coisa nossa e que, muito mais do que uma capital, no sentido político, foi a casa que encontramos para nela depositarmos nossas vidas, escrevendo nossas memórias e enterrando nossos candangos e pioneiros queridos, um a um, nesse solo vermelho. Esperamos pacientemente, quem sabe, pelo nosso tempo, sentados sob a sombra de um guapuruvu ou flamboyant, observando o que Brasília fornece de assunto a cada dia, em seu Correio Braziliense. Feliz Brasília, caro leitor!

A frase que foi pronunciada:

“Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra.”

Mensagem deixada na construção da Câmara dos deputados pelo operário José Silva Guerra

Foto: camara.leg

História de Brasília

Quem disse até agora sobre o dr. Jânio, foi o professor Carvalho Pinto: “Está encerrado o assunto renuncia. Vamos trabalhar, porque os problemas são muitos…” (Publicada em 18.03.1962)

E o resto joga com habilidade

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Sophia de Mello Breyner Andresen. Foto: Divulgação

 

         Em abril do próximo ano, Portugal estará comemorando meio século da Revolução dos Cravos. Trata-se de uma data da maior significância para aquele pequeno, mas laborioso, país do outro lado do oceano. A partir daquela data, terminava a longa ditadura de Salazar, que, desde 1926, mantivera Portugal apartado do resto da Europa, como um velho e esquecido país, naquela esquina do continente, deixado à própria sorte, desde o fim da Segunda Grande Guerra.

          Mais importante do que o fim de uma das últimas ditaduras ainda resistentes da Europa, a Revolução dos Cravos abriu caminho para a inserção lenta e definitiva de Portugal ao resto do continente. Isso durante a longa noite em que o regime salazarista controlou o país, que parecia mergulhado numa espécie de sono ou transe profundo, alheio ao que se passava ao redor do mundo e mesmo indiferente ao destino do continente, que sempre o havia empurrado e espremido contra o mar.

         Somente aqueles que lá viveram nesse período podiam sentir os tremores provocados por um vulcão que, a qualquer momento, ameaçava explodir com tudo. Havia, onde o pensamento trabalha, um surdo protesto que logo passou a ganhar fôlego entre artistas e os mais letrados. A música e poesia eram as artes que mais se engajavam num movimento que buscava sacudir a poeira antiga, acabando com as perseguições às oposições e a todos aqueles que discordavam do velho sistema.

         Impossível mencionar aqui todo ou mesmo parte do imenso e poderoso repertório artístico em música e poesia, produzidos naquele período, e que inspiravam a todos a buscarem uma saída para o longo fechamento político de Portugal e sua exclusão do mundo moderno. A censura do Estado Novo não se envergonhava de confiscar obras, livros e quaisquer trabalhos artísticos que contivessem críticas ao governo. Também não se fazia titubeante na hora de prender e mesmo calar os artistas.

         No fundo e mesmo inconscientemente, o governo antevia, como um mau augúrio, que seria por obra e graça às ações de poetas e músicos, e não das armas, que viriam as forças capazes de apear-lhe do poder. A força da palavra. Dentre os muitos artistas que combateram o bom combate contra a ditadura, merece destaque aqui, como representante dessa tropa lírica, a obra magnífica de Sophia de Mello Breyner Andersen (1919-2004). Como membro ativo da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, Sophia, já nos anos quarenta, escreveria o poema “Com fúria e raiva”: “Com fúria e raiva acuso o demagogo / E o seu capitalismo das palavras / […] /Com fúria e raiva acuso o demagogo / Que se promove à sombra da palavra / E da palavra faz poder e jogo / E transforma as palavras em moeda / Como se faz com o trigo e com a terra.” No poema “O Velho Abutre”, a poetisa diz, sem meias palavras: “O velho abutre é sábio e alisa suas penas / A podridão lhe agrada e seus discursos / Têm o dom de tornar as almas mais pequena.”

         Também no poema “Data”, Sophia declara: “Tempo de covardia e tempo de ira / Tempo de mascarada e de mentira / Tempo que mata quem o denuncia / Tempo de escravidão / Tempo dos coniventes sem cadastro / Tempo de silêncio e de mordaça / Tempo onde o sangue não tem rastro, / Tempo de ameaça.”

         No poema “Pranto pelo dia de hoje”, Sophia denunciava o sumiço de pessoas, das mortes que deixavam rastros. “Nunca choraremos bastante quando vemos / Que quem ousa lutar é destruído / Por troças por insídias por venenos / E por outras maneiras que sabemos / Tão sábias tão subtis e tão peritas / Que nem podem sequer ser bem descritas.”

         Mesmo diante da torpeza daquela realidade e da dificuldade imensa em traduzir e conciliar a beleza lírica com os dias trevosos que assistia, a poetisa não se detinha. No poema “Nesta hora”, ela acusava: “Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda / Mesmo àquela hora que é impopular neste dia em que se invoca o povo / Pois é preciso que o povo regresse de seu exílio / E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade / Meia verdade é como habitar meio quarto / Ganhar meio salário / Como só ter dinheiro / A metade da vida / O demagogo diz da verdade a metade / E o resto joga com habilidade / Porque pensa que o povo só pensa metade / Porque pensa que o povo não percebe nem sabe / A verdade não é uma especialidade / Para especializados clérigos letrados /Não basta gritar povo é preciso expor.”

         São poemas de uma força a denunciar um tempo de aflição, mas que que serviam de alento para aqueles que lutavam por liberdade. A revolução dos Cravos de 1974 serviria ainda como um exemplo e uma lição a ser seguida, ajudando outros países a se libertarem do jugo ditatorial, como Espanha, em 1975, e o próprio Brasil, em 1985.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os mais perigosos inimigos não são aqueles que te odiaram desde sempre. Quem mais deves temer são os que, durante um tempo, estiveram próximos e por ti se sentiram fascinados.”

Mia Couto

Mia Couto. Foto: AFP PHOTO/FRANCOIS GUILLOT

 

Musical

Já estão à venda, pelo Sympla, os ingressos para o Musical Os Miseráveis, que será apresentado na Escola de Música, nos dias 24 e 25 de junho, com sessões às 17h e 20h. A produção e direção artística é de Renata Dourado; preparador vocal, Gustavo Rocha; diretor de cena, Vittor Borges; assistente de produção, Érika Kallina; e regente, Rafael de Abreu Ribeiro. A apresentação é da Cia de Cantores Líricos de Brasília e Áquila Records.

Cartaz: Divulgação

 

História de Brasília

Está, assim, funcionando, o pombal da praça dos Três Podêres, que consistia na grande inspiração de d. Eloá Quadros. (Publicada em 18.03.1962)

No coração do Estado

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Comitiva que participou da cerimônia de celebração da posse de Dilma Rousseff como presidente do Banco dos Brics. Foto: Divulgação

 

         Depois de anunciar o calendário de invasões, dentro do que chamou de Abril Vermelho, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Pedro Stédile, embarcou, junto com os irmãos Batistas da JBS e outros famosos, na enorme comitiva e claque que atual governo levou para China, onde foi assinar dezenas de acordos, cujas cláusulas e consequências não são de conhecimento público.

         Com toda essa intimidade com o governo, as invasões e ilegalidades cometidas, cuja lista é grande, não serão sequer notadas pelo Executivo e mesmo pelo Judiciário. Proprietários e produtores vivem momento de angústia e não têm a quem recorrer. A tão declamada reforma agrária, uma pauta ainda do século XIX, não foi resolvida, nem de maneira superficial, durante os três mandatos da esquerda e não será agora do mesmo jeito. A razão é que o governo necessita dessa gente para fazer impor sua ideologia também nas áreas rurais, banindo quaisquer perspectivas de produção em larga escala por empreendimentos privados.

         A ojeriza do atual governo por tudo que tenha o controle da iniciativa privada se estende também ao campo, onde sonha fazer uma espécie de revolução campesina, implantando a miséria nas áreas rurais e deixando essas populações à mercê do Estado.

         Stédile, segundo notícias já publicadas, esconde, a sete chaves dos invasores, a riqueza com propriedades latifundiárias, bem como sua interface, Lula da Silva, são as esfinges calcadas numa mesma moeda, com o mesmo propósito: trazer para o campo um modelo de produção agrícola semelhante ao que existe hoje em Cuba ou mesmo na China.

          Nenhum dos dois entende nada de agricultura e jamais seguraram na prática um cabo de enxada. É esse Brasil do século XIX que querem de volta, custe o que custar. Também há registros de que miram o ódio e a inveja contra o agronegócio, que bem ou mal tem conseguido manter algum superavit na balança comercial, livrando o Brasil de entrar no ralo espiralado da recessão.

         A situação desse Abril vermelho é tão surreal e diz muito sobre esse movimento que até mesmo sete sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), uma entidade que cuida, entre outras coisas, da própria reforma agrária, foram invadidas pelo MST em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, cuja governadora estava também na comitiva que foi à China, além do Distrito Federal.

         Sob a bandeira denominada Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, o MST invadiu ainda as fazendas e sedes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Pernambuco, onde essa instituição realiza experimentos e multiplicação de material genético de sementes e mudas de plantas, que serão utilizadas no plantio em áreas semiáridas no Nordeste.

         Essa invasão, estrategicamente planejada pelo Movimento, pode ameaçar seriamente pesquisas que vêm sendo feitas por décadas, além de trazer riscos à vida de animais ameaçados de extinção, que são preservados nessas localidades.

         Obviamente que, pela proximidade entre as lideranças do movimento e o próprio governo, é de supor que o Executivo já possuía, de antemão, informações sobre toda a movimentação desses grupos de invasores. Não tomou providências e nem vai tomar, dando ainda mais fôlego para que esse grupo avance sobre outras propriedades, sobretudo aquelas em que o Estado vem, há décadas, investindo bilhões de reais em pesquisas de grande importância para o campo.

         O que estamos assistindo é a destruição do Estado, por uma espécie de quinta coluna oficial, que age a partir do próprio coração do Estado.

A frase que foi pronunciada:

“Sabotagem, dano à propriedade, cárcere privado — afinal, é um grupo terrorista?”

Título de matéria publicada em 15 de abril de 2015 às, 05h56 na revista Exame sobre o MST

 

Musical

Já estão à venda, pelo Sympla, os ingressos para o Musical Os Miseráveis, que será apresentado na Escola de Música, nos dias 24 e 25 de junho, com sessões às 17h e 20h. A produção e direção artística é de Renata Dourado; preparador vocal, Gustavo Rocha; diretor de cena, Vittor Borges; assistente de produção, Érika Kallina; e regente, Rafael de Abreu Ribeiro. A apresentação é da Cia de Cantores Líricos de Brasília e Áquila Records.

Cartaz: Divulgação

Identidade

Quem nasceu e mora em Brasília sabe que o cimento traz a identidade da cidade. Ver a Catedral e outras obras da capital com essa fachada pintada é doloroso. Na N2, o anexo do Ministério da Educação foi pintado com uma cor entre o bege e o amarelo. Tragédia maior!

História de Brasília

Está, assim, funcionando, o pombal da praça dos Três Podêres, que consistia na grande inspiração de d. Eloá Quadros. (Publicada em 18.03.1962)

Transporte urbano gratuito

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Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

         Algumas metrópoles mundo afora, que há algum tempo vem testando a possibilidade de ofertar transporte urbano gratuito para seus habitantes, começam agora a colher os dados dessa experiência inovadora. Pelo o que tem sido apurado até aqui, existem muito mais vantagens do que pontos negativos nessa alternativa, embora as empresas privadas vejam toda essa inovação com maus olhos, pressionando os governos para que essa nova ideia não siga adiante. Para os urbanistas, envolvidos nessa pesquisa inédita, os resultados desse teste piloto mostram que as vantagens desse modelo, superam, em muito, os pontos negativos.

        Sob o ponto de vista da racionalidade, dentro da complexa administração das metrópoles modernas, o uso de toda a malha urbana, que incluem ônibus, trens, metrôs, barcas e outros, dentro de um novo e eficaz modelo capaz de manter a cidade em movimento contínuo, sem paralisações e sem as múltiplas exigências que as frotas particulares exigem, parece apontar para uma espécie de renascimento das cidades.

         A destruição provocada a cada dia nas cidades, por um frota de carros que só aumenta, aliada aos congestionamentos e a poluição crescente, requer medidas também radicais e que a médio e a longo prazos irão se mostrar a melhor e mais racional saída para deter o envelhecimento e a decadência precoce de muitas metrópoles. Com a frota urbana uniformizada e seguindo padrões de monitoramento eletrônico contínuo, muitos dos imprevistos, vistos hoje, serão reduzidos. Para alguns essa medida acarreta até a diminuição, senão o fim, dos processos de greves e de paralisações dos transportes, movimentos estes que contribuem para a instalação e proliferação do caos nas cidades.

         A exemplo do que ocorre em locais como Luxemburgo e outras capitais pelo mundo, o transporte urbano público, feito por ônibus, trens e metrôs, sem cobrança de tarifa dos usuários, tem sido um sucesso e mostra bem que essa é uma grande e inovadora alternativa, que parece ter vindo para ficar em definitivo. Em tempos de redução de gases do efeito estufa e dos congestionamentos de trânsito, esse modelo tem mostrado que opera de forma racional, desafogando as cidades, permitindo mais qualidade de vida para seus habitantes.

         A ideia de oferecer transporte público gratuito para os usuários é um modelo que tem sido experimentado inclusive em São Paulo, por ocasião das últimas eleições. Somente com a redução dos congestionamentos do tráfego e das emissões de poluentes, há uma inegável vantagem para todos os moradores, além, é claro, de melhorar o acesso aos serviços públicos para as pessoas com baixa renda. A livre movimentação das pessoas dentro do espaço urbano, é essencial para a vida das cidades. Num paralelo rápido, o transporte urbano possui a mesma importância que a circulação de sangue tem para os seres vivos. Há, no entanto, que observar que a implementação desse modelo pode ter custos elevados, num primeiro momento, tanto para os governos locais como para os próprios pagadores de imposto. Mas as experiências têm demonstrado que essa é uma solução viável, a médio e longo prazo para algumas cidades apenas.

         A questão de quem irá pagar pela operação dos serviços de transporte público, pode ser solucionada com um melhor uso dos recursos dos impostos, que hoje são direcionados para os donos das frotas. Mesmo que a implementação de um sistema de transporte público gratuito possa enfrentar resistências de empresas de transporte privado e de outros setores afetados pela redução na demanda por seus serviços, esse deve ser um entrave a ser vencido com os novos modelos. Somente com a redução ou mesmo o fim dos inúmeros casos de corrupção e malversação dos recursos dirigidos ao setor de transporte, o cidadão já sai ganhando. O importante é avaliar cuidadosamente esse novo modelo, de forma a implementá-lo o mais rapidamente possível em nossas cidades, tendo Brasília como modelo piloto para todo o Brasil.

 

A frase que foi pronunciada:

“Todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira.”

Provérbio Chinês

 

Labirinto

Impossível elogiar um funcionário do GDF. Bem atendida por Hailton Rodrigues de Souza, a contribuinte teve a primeira dúvida ao buscar o canal para o registro. O agendamento foi feito na Secretaria de Economia, no SRTV Norte. Mas, no portal do GDF, o mais próximo desse título é a Secretaria da Fazenda. Mudou para o registro no site da Ouvidoria, que só não perguntou o tipo de sangue de quem quis elogiar. Até título de eleitor foi preciso informar. Nome, endereço, nome da mãe, telefone. Por que razão? Que uso é feito de tantas informações?

Foto: Francisco Aragão/Agência Brasília

 

Censo

Por falar em dados, nos últimos anos, os domicílios da cidade receberam questionários para o recenseamento da população. Que resultados concretos a população recebe com esse levantamento estatístico? Que políticas públicas foram adotadas com os dados coletados?

Foto: Reprodução

 

Honra ao mérito
Foi o estímulo dado pelo professor iugoslavo Oleg Abramov que levou Wanduil Gaio de Souza à IBM do Rio de Janeiro, com 19 anos de idade. Em 21 de abril, Wanduil completa 40 anos de empresa, o funcionário mais antigo que começa nova vida. O conselho à geração que nasceu no tempo da Inteligência Artificial é que as pessoas, clientes ou colegas são a parte delicada e que mais importa ao lidar. O trato com as máquinas é a parte mais fácil

 

História de Brasília

Já saiu da W-3 uma prensa de papel velho, que era responsável pela invasão de ratos nos HC-3. (Publicada em 18.03.1962)

Metrópole colonial

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Ricardo Stuckert/Governo Federal/Reprodução

 

         Fossem seguidas, à risca, o que ordena os princípios fundamentais do que vem a ser uma República, nenhum dos males que assistimos desde 1889, quando um movimento militar desorganizado e pouco ético instaurou a dita cuja, seriam possíveis ou permitidos.

         O afastamento brusco da Monarquia, sem que se criassem, a priori, as condições políticas mínimas para a instalação de uma República, num país continental e com heranças históricas e destino totalmente diferentes dos demais países do continente, levou-nos a implantação de um sistema de governo que nossas elites e dirigentes daquela época não estavam preparados para gerir ou sequer entender seu real significado e, principalmente, suas consequências para o país.

         Foi na base do improviso e de instabilidades políticas frequentes, como acontece até os dias atuais, que a República foi sendo conduzida. Pouquíssimos eram aqueles que, entre nós, entendiam e entendem, até hoje, o significado desse novo sistema. O que foi criado naquela ocasião, com a carantonha e focinho dos tupiniquins, foi um sistema misto que herdaria vícios que até o antigo regime monárquico já não apresentava, como, por exemplo, os privilégios e outras vantagens dadas aos nobres e à Corte em geral.

          Criou-se assim, a partir da virada do século passado, um sistema de governo em que, aos presidentes e aos demais oligarcas políticos próximos, eram mantidos privilégios e outras prerrogativas, só vistas antes da Revolução Francesa de 1789, ou seja, no século anterior. Substituiu-se um monarca por um presidente com roupagens politicamente monárquicas, com concentração de poder, baixa representatividade popular, atrelamento de outros Poderes ao Executivo e, sobretudo, um conjunto de medidas de governo, alijadas e mesmo contrárias aos reclames da população.

         O povo, naquela época, não entendeu a mudança. Os governos que se seguiram não entenderam até hoje. À coisa pública, estão ligados todos os interesses e desejos da população, transformadas agora em cidadãos com plenos direitos, inclusive de mudar o governo e o Parlamento.

         Diante do que foi pincelado resumidamente acima, não se pode entender ou sequer aceitar que, com os impostos cobrados da população, ainda hoje, somos obrigados a assistir inertes, a um conjunto de privilégios de toda a ordem, reservados apenas aos mandatários e à classe política, para os quais até mesmo o senso de Lei e Justiça são diferenciados e até sem efeito prático.

         Como é possível também verificar que brasileiros, em pleno século XXI, sejam ainda surpreendidos com medidas tributárias e fiscais que sequer conhecem o conteúdo ou como foram formulados? É sempre bom lembrar que uma das principais causas que decretariam o fim do absolutismo no velho continente, e mesmo as independências dos Estados Unidos e do Brasil, foi o escorchante nível de tributação e seu uso em benefício das elites políticas. No caso de tratados internacionais, como o que estamos assistindo agora serem celebrados entre Brasil e China, quantos brasileiros conhecem os enunciados desses documentos?

          Desde o reconhecimento afoito da China como economia de mercado, novas parcerias foram fechadas no passado e muitos brasileiros passaram a sentir na pele e conheceram os efeitos negativos sobre a produção aqui no Brasil, bem como as consequências dessa concorrência para nossa indústria como um todo.

         Que acordos são esses que agora são assinados com essa nova metrópole colonial e que podem nos levar para uma posição econômica ainda mais submissa? Silêncio geral. É essa a República que temos e que ainda insistimos em perseguir.

 

A frase que foi pronunciada:

“Todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira.”

Provérbio Chinês

 

Labirinto

Impossível elogiar um funcionário do GDF. Bem atendida por Hailton Rodrigues de Souza, a contribuinte teve a primeira dúvida ao buscar o canal para o registro. O agendamento foi feito na Secretaria de Economia, no SRTV Norte. Mas, no portal do GDF, o mais próximo desse título é a Secretaria da Fazenda. Mudou para o registro no site da Ouvidoria, que só não perguntou o tipo de sangue de quem quis elogiar. Até título de eleitor foi preciso informar. Nome, endereço, nome da mãe, telefone. Por que razão? Que uso é feito de tantas informações?

Foto: Francisco Aragão/Agência Brasília

 

Censo

Por falar em dados, nos últimos anos, os domicílios da cidade receberam questionários para o recenseamento da população. Que resultados concretos a população recebe com esse levantamento estatístico? Que políticas públicas foram adotadas com os dados coletados?

Foto: Reprodução

 

Conhecimento

Foi um sucesso a Tarde do Bem-Estar com a Dra. Simone Leite e o Dr. Eugênio Reis, no Brasília Shopping, sobre terapia hormonal, benefícios e rejuvenescimento, e a beleza natural na dermatologia. Com a plateia participativa, muitos esclarecimentos foram dados e mitos desfeitos.

Foto publicada no perfil oficial do Dr. Eugênio Reis, no Instagram

 

História de Brasília

Já saiu da W-3 uma prensa de papel velho, que era responsável pela invasão de ratos nos HC-3. (Publicada em 18.03.1962)

Importância dos sindicatos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: interativafm.net

 

          Observe bem: sempre que a militância sindical adentra o ambiente de trabalho, com discursos contra o patrão e outros inimigos meticulosamente escolhidos pelo partido que representam, nesse mesmo instante, dá-se o início ao processo que irá levar, à falência, essa fábrica, empresa ou instituição.

          Daí para frente, por conta da imunidade sindical ou de outras ameaças, o local de trabalho vai se transformando num palco para pregações ideológicas, todas elas voltadas não para a superação dos problemas imediatos e que interessam de fato aos trabalhadores, mas que garantam a abertura de novas trincheiras, por onde a militância irá, a mando dos caciques políticos, destruir, por dentro, as empresas e instituições.

         Com isso, ficam as bandeiras políticas fincadas e tremulando dentro das fábricas, empresas e instituições, mas vão-se embora os empregos e as oportunidades. O saldo dessas demissões, fechamentos ou decadência desses ambientes de trabalho, nunca são debitados na conta desses militantes, recaindo esse passivo todo nas mãos dos empregadores.

         Foi assim em áreas industriais desenvolvidas como o ABCD paulista, onde a atuação sindical, usando a estratégia de terra arrasada, deixou, para trás, imensas áreas abandonadas, com desemprego em alta, aumento da pobreza e da violência. Sindicatos, por sua natureza obtusa e de estreito viés militante, não criam empregos algum, nem hoje, nem amanhã. No máximo dão empregos a pelegos da entidade, enriquecendo a diretoria, formada por uma casta de verdadeiros capitães hereditários, que passa a comandar os sindicatos como autênticas propriedades privadas.

         Aos sindicatos, como filiais políticas, cabe atuar na linha de frente, arregimentando associados, que amanhã estarão no olho da rua. São legiões de indivíduos, que passam de trabalhadores remunerados a dependentes das promessas dessas entidades. Ao fim do processo de destruição das fontes de renda, esses mesmos trabalhadores passam agora a integrar as longas fileiras nas portas dos sindicatos, arregimentados para comporem as massas de manobras nas manifestações, tudo em troca de uma nota de R$ 20 reais, acompanhada de um pão com salame e refrigerante.

         É essa a terra prometida pelos sindicatos. Também nas escolas a atuação dos sindicatos têm contribuído para a decadência do ensino. Em carta enviada a essa coluna, um ex-professor da rede pública narra exatamente essa epopeia. “Desde que as visitas dos sindicalistas passaram a ser eventos corriqueiros nas escolas, o que mais se viu doravante foi a paralisação das aulas para reuniões, onde eram discutidos até a conveniência da cor do giz. Tudo era motivo de debate e até de bate-boca. Nesses encontros, os mais exaltados perdiam as estribeiras e mostravam, ao vivo, que estavam longe de estar aptos para exercer a função de educador. Aulas eram adiadas, provas eram adiadas. Nessas ocasiões calendários previamente preparados marcavam os dias de reuniões, dias de preparação para as paralisações, dias para o início das greves, comícios e outras manobras que, de um jeito ou de outro, deixavam as aulas em segundo plano.

         Houve anos em que as greves duraram quase seis meses. Com isso, os alunos da escola pública, que são também os mais necessitados, simplesmente abandonavam a escola e não regressavam mais. Os prejuízos para a continuação dos estudos eram imensos e insanáveis. Nada fazia sentido. Depois de meses de paralisações, um belo dia, o retorno das aulas acontecia, como se tudo tivesse parado no tempo. As aulas eram repostas de maneira falaciosa e tudo voltava ao normal. Os avanços em termos de salários eram tão irrisórios que nem eram citados como vitória da categoria. Nesse caso não importava a orientação ideológica do governo de plantão. Fazia-se greve com a esquerda ou a direita no poder. O que prova que são todos iguais. Para os alunos do turno noturno, essas greves eram ainda mais prejudiciais. São alunos que trabalham durante o dia e vão para escola à noite já exaustos.

         Depois de meses sem aulas, turmas inteiras desapareciam e era preciso juntar as classes todas em uma sala só, para dar audiência. Nunca senti, por parte dos sindicalistas, um interesse real em melhorar a qualidade do ensino. Passei a acreditar que os sindicalistas eram, na verdade, agentes cuja missão era sabotar as escolas e o ensino, sobretudo o ensino público. Hoje, longe da sala de aula, vejo quanto tempo perdi nessas paralisações e quanto tempo fiz os alunos perderem também com promessas. Enganei e fui enganado. Não creio na melhoria do ensino enquanto esse modelo, que aí está, não for alterado e enquanto não mudarem as regras desse jogo de faz de conta. Somente no dia em que o salário do professor for o teto do funcionalismo público, e a profissão for composta apenas por profissionais realmente capacitados é que se poderá falar em melhoria na qualidade das escolas. Até lá não”. MM.

 

A frase que foi pronunciada:

“A preparação que nosso método exige do professor é o autoexame, a renuncia à tirania.”

Maria Montessori

Maria Montessori. Foto: Wikimedia Commons

 

Honra ao mérito

Foi o estímulo dado pelo professor iugoslavo Oleg Abramov que levou Wanduil Gaio de Souza à IBM do Rio de Janeiro, com 19 anos de idade. No dia 21 de abril, Wanduil completa 40 anos de empresa, o funcionário mais antigo que começa nova vida. O conselho à geração que nasceu no tempo da Inteligência Artificial é que as pessoas, clientes ou colegas, são a parte delicada e que mais importa ao lidar. O trato com as máquinas é a parte mais fácil.

História de Brasília

No Setor Comercial Residencial à altura das casas da Fundação, uma máquina estava fazendo movimento de terra, e, por isto, foi preciso retirar as árvores plantadas outro dia. Terminado o trabalho, quem arrancou as árvores não plantou, novamente, como seria lógico. (Publicada em 18.03.1962)

Grande cemitério

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Reprodução

 

         Em vídeo de grande repercussão, que circula nesse momento pela Internet, é apresentado, ao distinto público brasileiro, uma pequena mostra da dura e perigosa realidade vivida hoje por milhares de professores em todo o país, dentro das salas de aula.

         Filmado pelos próprios alunos, na Escola Estadual Carlos Alberto de Oliveira, em Assis, o vídeo flagra a fúria e o descontrole de um adolescente de 15 anos contra o professor de Biologia de 58 anos, em cenas ocorridas nessa terça-feira, 10 de abril. Por muito pouco, o aluno agressor não parte para as vias de fato. Mas de dedo em riste na cara do mestre, o estudante ameaça o docente, joga objetos em sua direção, retira bruscamente sua cadeira por trás, joga sua mesa e seus objetos no chão, tudo numa onda de selvageria, que é apoiada pelo resto da turma aos gritos, incentivando ainda mais as cenas lamentáveis.

         O professor não reage em instante algum, limitando sua ação em pedir que o aluno se retire de sala. É visível o constrangimento e mesmo o medo do professor diante de um aluno descontrolado e violento, que, caso estivesse armado – o que seria hoje muito provável -, não hesitaria em ferir ou mesmo matar o profissional por motivo injusto e fútil.

         As cenas de barbárie, lógico, correram o mundo, oferecendo um pequeno close do nosso cotidiano dentro das escolas e que muito pouco difere da vida real fora das escolas. Para as autoridades que deveriam agir de imediato e com firmeza, restou a nota que diz: “o importante é trabalharmos uma visão holística, a qual envolve um olhar sobre todas as dimensões do indivíduo (desejo, crenças, sentimentos e afetividade) em conjunto com a comunidade escolar de forma que cada uma exerça seu papel a favor do bem comum.”

         A visão “holística” aqui, no tempo em que havia civilidade, era chamar os pais, depois de fazer um boletim de ocorrência na delegacia e depois de desligar o aluno da escola. Não se trata de um problema novo ou inusitado, mas demonstra, isso sim, um avanço, cada vez maior, da violência dentro de nossas escolas, contaminando, como um todo, as instituições de ensino e tornando a outrora respeitada profissão de docente em uma atividade insalubre e de grande risco de morte. Atos sem consequências.

          Não será exagero se, mais adiante, não forem exigidos, por parte desses profissionais, acréscimo salarial por conta da extrema periculosidade da função. Ninguém precisa ser especialista em educação, psicologia, pedagogia e outras disciplinas voltadas ao ensino para saber que esse avanço paulatino da permissividade e violência dentro das escolas decorre, antes de tudo, de um desequilíbrio flagrante entre deveres e direitos, sendo aqui, nesse caso específico e em outros já registrados, a ausência ou mesmo a falta de punição adequada e correspondente ao nível de agressão.

         Em alguns países, essas cenas terminariam com o aluno sendo algemado conduzido a algum centro de reeducação de menores, à disposição da Justiça. Por aqui, a frequência com que esses casos vêm ocorrendo mostra bem que a impunidade é, em última análise, também, o motor propulsor desses atentados. É justamente a impunidade e a leniência das leis que estimulam os crimes, começando pelos pequenos delitos e tendo como desfecho os crimes de mortes e de chacinas de inocentes. Somos, nesse caso e em outros, compartícipes desses atentados, dentro e fora de casa, quando toleramos comportamento longe daquilo que seria minimamente civilizado.

         Muitos desses menores, verdadeiros infratores em potencial, são preparados ainda dentro dos lares e depois enviados para as escolas, na ilusão de que irão ser civilizados nesses ambientes externos. O que o país assiste, de mãos e atitudes amarradas, é a formação de uma grande legião de menores totalmente sem freios e sem leis, largados pelados de éticas, em meio a uma sociedade que parece acordar apenas naqueles momentos de grande comoção, quando delinquentes entram com machados em escolas e deixam um rio de sangue.

         Depois disso, passado o susto e comoção, voltamos sonolentos para nosso berço esplêndido, à espera de que outro susto venha nos perturbar a paz nesse grande cemitério chamado Brasil.

 

 A frase que foi pronunciada:

“O que educa é corrigir o erro na base da consequência. É corrigindo o erro que se aprende.”

Içami Tiba, foi médico e psiquiatra

Içami Tiba. Foto: Arquivo Pessoal

 

Há controvérsias

Na discussão alterada dos deputados em Comissão, onde participava Flávio Dino, uma coisa ficou clara. Os dados da violência no país não batem nem com o Ipea, nem com o monitor da violência do G1. Veja, a seguir, os indicadores da época.

 

História de Brasília

No Setor Comercial Residencial à altura das casas da Fundação, uma máquina estava fazendo movimento de terra, e, por isto, foi preciso retirar  as árvores plantadas outro dia. Terminado o trabalho, quem arrancou as árvores não plantou, novamente, como seria lógico. (Publicada em 18.03.1962)