Transição para o passado

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Imagem: REPRODUÇÃO YOUTUBE GLEISI HOFFMANN

 

Pode até parecer ironia, mas, com a volta do passado, com todo o baú de velhas novidades que alberga em interior, a preocupação doravante é com o futuro. Nesse caso específico, pode haver mais similitudes entre o passado e o que nos aguarda o futuro. Mais do que um simples jogo de palavras, essa é a expectativa mais prudente a ser externada e, talvez, observada logo no primeiro dia de janeiro de 2023, quando haverá a transição de governo, em que o presente irá passar a faixa para o passado. Parece surreal!

Depois dessa solenidade, é só correr para casa, ligar a televisão e aguardar a saraivada de notícias que virão. Com a queda física do Muro de Berlim, em novembro de 1989, e toda a simbologia que esse evento trazia em seu bojo, as esquerdas em todo o mundo ficaram órfãs, exceto naqueles lugares como a China, Cuba, Coreia do Norte, onde as sinistras ditaduras comunistas reinam absolutas. No resto do mundo, o sentimento era de luto.

Na América Latina, onde os ventos das mudanças sempre chegam com atraso, a solução para a perpetuação dessas ideologias moribundas foi dada a partir da integração continental de mais de cem partidos, dentro do recém criado Foro de São Paulo, em 1990. Obviamente que o objetivo central desse Foro era a futura consolidação da União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL), que viria a substituir a antiga União Soviética (URSS).

Um olhar sobre essas três décadas passadas, a intenção era transformar todo o continente, no que são hoje, países como a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Argentina e outros, onde a socialização da miséria foi para esses povos e a concentração de riquezas para os áulicos desses partidos. É certo que, dentro da ideia da URSAL, o Brasil, por suas potencialidades econômicas, seria a principal locomotiva a tracionar essa distopia.

A transformação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de fomentador nacional em banco supranacional, fazendo dessa instituição um motor a alimentar, com recursos dos pagadores de impostos do Brasil, todas as ditaduras do continente, foi uma das primeiras ações postas em prática pelos governos petistas. Bilhões de reais foram então para esses países, sem a contrapartida em garantias. O calote foi feral e debitado nos cofres da União.

Não confundir aqui URSAL com Mercosul! Uma busca a hegemonia política de poder das esquerdas a partir da integração, inclusive de Forças Armadas de todo o continente. A outra é uma tentativa de criar-se um livre mercado comum, semelhante à União Europeia. Se tudo correr conforme o traçado em paralelo, o Brasil voltará, a partir de 2023, a ser o grande financiador desse pesadelo, escoando os recursos internos, a fundo perdido, para todas as ditaduras do continente.

Para dar uma máscara mais moderna e mais parecida com a democracia, essa nova esquerda latino-americana submete-se até aos processos de eleição. Só que esses processos são viciados e longe de quaisquer possibilidades de contestações. “Está mais do que claro que o Foro visa aparelhar as instituições. Trata-se, como teorizou Antônio Gramsci, de um golpe silencioso e sistêmico. O que se prega é uma perpetuação ideológica no continente.

“Infelizmente, o PT conseguiu infiltrar seus agentes nas instituições. Eles são fiéis às suas ideologias, e não à democracia e à constituição. Acredito que o PT vem para terminar o serviço, alinhar o restante da máquina pública à sua visão e gerenciar uma estratégia de hegemonia política no país, o que acredito ser muito difícil, ainda que possível”, reflete o filósofo Pedro Henrique Alves, do Instituto Liberal.

Essas últimas eleições no Brasil deixaram bem claro, para todos aqueles que querem ver, de que lado as principais instituições do país estão. Resta agora começar um trabalho de limpeza nas Forças Armadas, trazendo novos oficias de alta patente, das Três Armas, para o lado do novo governo, a começar pelo afastamento gradativo de todos os Generais, Almirantes e Brigadeiros contrários aos “novos Tempos”.

 

A frase que foi pronunciada:

“A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano.”

Voltaire

Foto: reprodução da internet

 

História de Brasília

O Ipase até hoje não construiu a garagem do Bloco 5, da superquadra 208. Por isto, os carros trafegam por cima do passeio, numa vingança que vem prejudicar os próprios moradores. (Publicada em 13.03.1962)

O futuro pelo retrovisor

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Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

 

          Quando os antigos afirmavam que não há nada de novo sob o sol, sabiam o que diziam. “…A eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males”, ensinava Eça de Queirós (1845-1900). Nesse ponto, a repetição dos males também conhece a eternidade e, quanto mais esse tipo de passado se repete, mais penam o justo e o injusto.

         Tão ou mais perigoso do que o desconhecimento do passado é não aprender com ele, de modo a evitá-lo. É como se buscasse a correta confecção de uma torta, a partir da repetição de uma receita errada. Quanto a isso, ensinava também o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) que a insanidade é repetir os mesmos erros e esperar resultados diferentes. É como se sabe: o progresso é sempre trilhado por caminhos novos.

         Com essa tese, marchar para o futuro guiando-se pelo retrovisor é como andar de costas. Desde sempre, os mais destacados pensadores e intelectuais vêm advertindo para os perigos que a busca de repetir o passado, sobretudo aquele que não deu certo para ninguém e ainda gerou prejuízos em vidas e em materiais, vem causando aos povos em todo o mundo. A única atualidade do passado está em suas lições, porque o que ficou para trás é o que existiu de concreto, como a lápide de um túmulo. O futuro é apenas fumaça e o presente só fará sentido depois de pronto.

          Pode parecer que estamos andando em círculos ou num circunlóquio, mas o ponto central é esse e de nada adianta seguir em frente, sem absorver as lições do passado e sem se libertar desse círculo. Mais antigo ainda do que esses e outros infinitos conselhos nesse sentido é ler e refletir o que deixou escrito, na obra “O Príncipe”, o historiador florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527): “Um povo que aceita passivamente a corrupção e os corruptos não merece a liberdade. Merece a escravidão. Um país cujas leis são lenientes e beneficiam a contravenção não tem vocação para a liberdade. Seu povo é escravo por natureza. Um povo cujas instituições, públicas e privadas, estão em boa parte corrompidas não tem futuro. Só passado. Uma nação, onde a suposta sociedade civil organizada não mexe uma palha se não houver a possibilidade de lucros não é capaz de legar nada a seus filhos, a não ser dias sombrios. Uma pátria onde receber dinheiro mal havido a qualquer título é algo normal não é uma pátria, pois, nesse lugar, não há patriotismo, apenas interesses e aparências.

          Um país onde os poucos que se esforçam para fazer prevalecer os valores morais, como honestidade, coerência, ética, honra, são sufocados e massacrados, já caiu no abismo há muito tempo. Uma sociedade onde muitos homens e mulheres estão satisfeitos com as sórdidas distrações, em transe profundo, não merece subsistir.

         Só tenho compaixão daqueles bravos, que se revoltam com esse estado de coisas. Àqueles que consideram normal essa calamidade, não tenho nenhum sentimento. Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!”, finaliza ele, vaticinando que “chegará um tempo em que, um povo para combater a corrupção, talvez tenha que retroagir uns vinte ou trinta anos no Judiciário, pois é nele que se perpetua o mal.”

         Se nem mesmo a certeza de muitos, de que o escândalo do Petrolão foi o maior caso de corrupção já havido no planeta em todos os tempos foi capaz de demover os cidadãos da ideia de permitir a volta ao poder de seus autores originais, por certo, esses e outros conselhos e alertas não foram aceitos. Resta agora sentir na carne os efeitos dessa teimosia. Tanto para os justos como para os injustos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Apagão de líderes no rearranjo institucional.”

José Maria Trindade

José Maria Trindade. Foto: opovoamazonense.com

 

Aliança

Carlos André Moizés e Adriana Souza Araújo se encontraram nas últimas eleições do Varjão. Na votação deste ano, já estavam casados.

Charge do Duke

 

Na trave

Por falar em eleições no Varjão, uma fiscal estava com a camiseta do time brasileiro de futebol e seu crachá foi arrancado. Enquanto não trocou a blusa, não voltou às tarefas.

Foto: Beatriz Benedeti/JPNews

 

Sucesso

Senado fez sucesso na Bienal Internacional do Livro de Brasília. A visitação foi maciça para conferir as mais de 100 obras apresentadas ao público. Por falar em Senado, uma visita à página do parlamento pode trazer muitos frutos. São oferecidos cursos à distância sem custo para os estudantes, além de ciclos de conversas sobre leis, Cine Debate, Rodas de Leitura, e muito mais.

Foto: Divulgação / SEE

 

Chuvas

Chegam as primeiras chuvas e o número de acidentes aumenta. Mais uma vez, motoqueiros que ultrapassam pela direita, entram na contramão, atravessam por ciclovias, pilotam em calçadas são os campeões de chamados por socorro.

Foto: Divulgação/CBMDF

 

História de Brasília

A cotação, ontem, do camarão, era de 800 cruzeiros o quilo, e a lagosta estava sendo vendida a 600. O peixe comum, os mesmos preços: altíssimos. (Publicada em 13.03.1962)

Há um trem parado na estação

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Charge do Adão, de Um Brasil

 

            Em tempos de conflitos e de um embaralhar de línguas, onde parecem prevalecer apenas os monólogos e mímicas de cegos e mudos, melhor mesmo é deter a marcha, olhar para trás, para ver em que ponto dessa jornada tomamos o atalho errado. Com isso, a recomendação é seguir o que recomendam os antigos e mais experientes nesses processos em que os humanos voltam a se perder nos labirintos da Torre de Babel.

            O primeiro passo talvez seja não discutir com os tolos e ignorantes. Do mesmo modo, não insistir em prosseguir jogando ou pelejando xadrez com os pombos. O que parecem ser, à primeira vista, receitas singelas e fáceis, são na verdade potente unguento contra os males das discórdias.

            Diante da impossibilidade de acreditar no relativismo de todas as coisas e de todos os atos, melhor não prolongar o debate e cessar logo o discurso. Não pode haver discussão ou entendimento, onde a verdade foi impedida de se estabelecer. Na ausência da verdade, a estratégia dos antigos mandava imperar o silêncio. Para o leitor e eleitor, apanhado de surpresa em meio a esse tiroteio, não existe justificativa, nem no céu, nem na terra, que faça prevalecer a força que combate a ética e os valores humanos. O mal não necessita de justificativas, pois ele se impõe pela força ou pela falta de raciocínio.

            Quando eleições nacionais, e que dizem respeito apenas aos brasileiros, passam a ganhar grande destaque na mídia internacional, figurando nas primeiras páginas dos principais noticiários do planeta, é que esse pleito específico deve merecer maiores reflexões por parte de nossos eleitores. Num planeta em que a maioria dos países sempre torceu o nariz para nossos assuntos internos, que importância teria essa eleição agora para chamar tanta atenção?

             A resposta a essa questão não está apenas no fato de o Brasil ser o celeiro do mundo. Vai mais além. Muito além. Ocorre que esse destaque internacional, que em alguns casos beira a torcida organizada, é bem mais visível por parte daqueles países e noticiários mais vinculados à ala esquerda. Há, de fato, uma torcida por parte dessas ideologias, para que vença o atual candidato da oposição. Isso é patente. O que não é muito claro são os motivos dessa torcida.

            Nesse mundo onde a inversão dos valores passou a ser o novo normal, o que fica nítido, em primeiro plano, é que o candidato da oposição é, de fato, o escolhido pelo sistema. Que sistema? perguntariam alguns. O sistema é tudo o que engloba as forças e o poderio das finanças da esquerda, espalhadas tanto em nosso continente como alhures. Para esse lado ideológico especifico, o chamado “trem da história” aguarda apitando e soltando fumaça na estação. Os passageiros aguardam apenas a chegada do novo Lenin tropical. Desde sempre, os antigos vêm alertando a todos para que tomem cuidado com aqueles que dizem ter uma missão. Sobretudo se essa missão apontar para além das fronteiras nacionais. Essa é uma experiência do passado e que tem causado muitos sofrimentos e perdas humanas, mas ainda assim é repetida e aceita por força do niilismo que parece imperar nas mudanças de século e de milênio.

            Também foi dito pelos antigos sábios que o melhor é sempre manter distância das ideologias do momento. Principalmente se essas vierem acompanhadas por ideias de paraísos futuros. Líderes autênticos não apontam paraísos fictícios. Falam a verdade como ela é: em preto e branco. Políticos não são arautos de paraísos. Muito menos pai ou mãe disso ou daquilo. O que parece complicar ainda mais toda essa explanação é que vivemos, de fato, tempos em que a censura e o cala boca voltaram com força, anunciando, com sua mordaça, o que poderá ser o porvir. Em momentos assim é que as antigas parábolas e alegorias voltam à tona redivivas.

            Num país onde o ensino e a qualidade da educação formal são escassos, nada mais natural do que termos eleitores médios, com ideias e pensamentos médios e que não prestam muita atenção ao que se passa ao redor, nem em seu meio. A realidade, ao contrário do que muitos acreditam, não está no futuro, mas no passado e em tudo o que pôde ser visto a olho nu, sentido na pele e escoado pelas lágrimas. Na mão de políticos hábeis, a imaginação é manipulada a tal ponto que faz com que a mentira ganhe uma auréola de luz. A política, entre nós, que já não era chegada à verdade e à razão, ganhou ainda mais impulso e vida no mundo virtual das mídias, irmanando-se com o falso perfume das utopias. “Vamos botar fogo no circo”, dizem alguns. “Vamos jogar ainda mais gasolina nas chamas”, dizem outros.

           Cuidado com as eleições, sobretudo aquelas em que muitos alimentam com nacos do próprio fígado. Esteja consciente de que seu voto é uma arma apontada para sua própria cabeça, mas que pode ferir e matar aqueles que estão próximos a si. Se não por bala, por desgosto. Não acredite em discursos que falam sobre coisas como a “festa da democracia”. No melhor de Millôr, lê-se: “democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.”

            Neste dia de eleição, rume rápido e silente para as urnas. Não confie em ninguém. Não declare seu voto. Volte também rápido para casa. Tranque a porta. Desligue o rádio. Realize seu trabalho doméstico como de costume. Mantenha-se alheio ao que se passa nas ruas. Não dê ouvidos aos diálogos sobre política e eleições. Não alimente expectativas. Aprenda que o desejo é a fonte do sofrimento. Cessa o desejo, cessa o sofrimento.

            Se na segunda-feira, quando você se inteirar que seu time não ganhou o campeonato, não se importe. Siga como antes. Não dê os parabéns, nem critique os vencedores. A vida é o que você faz dela. Siga em frente! Não deixe que suas emoções de alegria e dor fiquem estampadas no seu rosto. Em tempos incertos, voltam os antigos a ensinar que a vida, como a política, pode ser sempre um exercício fútil.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O cargo mais importante, e que todos nós podemos e devemos ocupar, é o de cidadão.”

Louis Brandeis

Louis Brandeis. Foto: Biblioteca do Congresso, Washington, DC

 

História de Brasília

Embora ainda distante, a Semana Santa é responsável pela alta desenfreada nos produtos pescados. O “Peixe e Gelo”, que ninguém sabe porque continua na “invasão”, podendo estar nos mercadinhos aumentou consideravelmente seus preços. (Publicada em 13.03.1962)

Fio de luz

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Foto: Pedro França/Agência Senado

 

        Um dos problemas na escolha de uma cor é que, ao apontar aquela que lhe agrada, você, automaticamente, descarta milhões de outras. Os antigos já ensinavam: “quem acerta no alvo, perde todo o entorno”. A vida, nesse caso, parece se constituir numa sucessão de infinitas escolhas. Seguir o caminho que leva ao vale e não o segue pela montanha impede que você contemple a paisagem tal qual ela é vista pelos pássaros.

         No poema infantil Ou isto ou aquilo, composto por Cecília Meireles em 1964, a imposição de ter que escolher mostra bem que a cada escolha corresponde, no mesmo sentido e intensidade, uma perda. “Ou se tem chuva e não se tem sol,/ou se tem sol e não se tem chuva!/Ou se calça a luva e não se põe o anel,/ou se põe o anel e não se calça a luva!/Quem sobe nos ares não fica no chão,/quem fica no chão não sobe nos ares./É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!/Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,/ou compro o doce e gasto o dinheiro./Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…e vivo escolhendo o dia inteiro!/Não sei se brinco, não sei se estudo,/se saio correndo ou fico tranquilo./Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.”

         Pudera esse tipo de preocupação de criança ser também a dos adultos, onde as escolhas não resultassem em prejuízos e perdas. De certo, que não cabe à imprensa e às mídias informativas guiar o dedo dos eleitores na hora de apertar os botões da urna, embora tenha sido essa a missão que boa parte da mídia se auto concedeu, como se essas instituições fossem imantadas de um poder e de uma luz capaz de se converter num farol a iluminar os navegantes em noite de tempestade em alto mar.

         A atual situação eleitoral, por seus desdobramentos e consequências totalmente surreais, parece requerer, mais do que nunca, um claro farol no alto do rochedo a indicar o caminho seguro. Se a partida corresponde ao passado, a travessia ao presente e a chegada ao futuro, temos que estamos, como eleitores nesse exato momento, imersos no esforço da travessia para alcançarmos num futuro próximo, o instante da decisão.

         Até lá, somos simples caminhantes, marchando ao encontro do isto ou do aquilo. Para aqueles que prosseguem nessa caravana, atentos ao redor, seguindo com o olhar o fio de luz do farol, que, no seu giro de 360 graus, ilumina, por alguns segundos, pontos e imagens perdidas lá atrás na paisagem, a cada clarão é possível ver o ponto de partida, que é também o porto do passado. Nele pode se ver ainda muitos sinais de escombros. Em alguns desses pontos, vê-se também e, por breves segundos, sinais de fumaça, resultante dos incêndios que consumiram os livros e registros do passado. Livros que ensinavam coisas como ética e boas maneiras. Ensinavam como seguir em segurança, como evitar atalhos e como se precaver das soluções fáceis.

         A biblioteca, com esses milhares de livros sobre saberes antigos, ensinava também como evitar e se precaver contra as fórmulas do passado. Sobretudo aquelas que obrigaram as multidões a marcharem em meio a escuridão. O farol é como a lanterna a iluminar as ondas. É como se conseguíssemos ler, a cada passar do fio de luz, a frase de Samuel Taylos Coleridge: “A luz que a experiência nos dá é de uma lanterna na popa, que ilumina apenas as ondas que deixamos para trás.”

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“Vote no candidato que tem o caráter mais parecido com o seu!”

Única frase consensual nessa eleição.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Consome dor

Situação bastante perigosa no comércio central do Lago Norte, conjunto 4. Pedaços de granito despencaram da fachada, colocando a vida dos consumidores em sério risco. Vejam as imagens no Blog do Ari Cunha.

 

Agora, diferente

Uma obra ainda moderna e pouco valorizada ao longo dos últimos anos. O Touring Club vai abrigar o Sesi Lab. A inauguração do novo espaço divulgador da arte e educação está agendada para o final de novembro.

Foto: ipatrimonio.org

 

Sem ócio

Luís Cláudio França, organizador do projeto “Craque na Bola fica na Escola”, comemora as aulas de futebol para crianças e jovens, meninos e meninas que frequentam as aulas da rede pública em Samambaia, Estrutural e Ceilândia.

Foto: Divulgação.

 

Leitura

Belo trabalho de Elio Cantalicio Serpa e José Adilçon Campigoto: “Filologia da civilização brasileira: a proposta de Afonso Arinos de Melo Franco.” Um exame de lupa na obra de Arinos, “Conceito de Civilização Brasileira.”

História de Brasília

Amanhã na TV-Brasília, às 21 horas, vamos comentar a situação das professôras, e mostrar o que acontece no Setor de Residências Econômicas, que você conhece como “Gavião”. (Publicada em 11.03.1962)

Passado repaginado

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Foto: Divulgação/Revista Oeste

 

         Seguindo o raciocínio sempre cristalino e objetivo da filósofa Hannah Arendt (1906-1975), a dignidade – palavra hoje em desuso – tanto da ação como do pensamento humano, não pode e não deve ser destruída, para o bem de toda a humanidade, pelos manipuladores da lógica e dos fatos.

         A própria história e sua compreensibilidade, não pode ter seus caminhos e fatos redesenhados por aqueles que almejam apenas provar essa ou aquela opinião. Com base nessas observações, transpondo e reduzindo esse tema para caber dentro de um indivíduo e suas singularidades, pode-se inferir que a história de um indivíduo ou seu currículo pretérito não pode ser adulterado pelo simples fato de que não se pode apagar o passado.

         A memória do tempo e dos fatos não se importam com seus sentimentos e crenças atuais. Desse modo, a história de um indivíduo é seu cartão de visita permanente. Por isso é que se diz: as pessoas podem mudar, mas os fatos históricos de seu passado jamais.

         Quem quer que venha a se apresentar para uma tarefa, tem que fazê-lo apoiado pelos fatos de seu passado. É a tal história: fiz e farei. De posse dessas ideias, qualquer um que venha a se incumbir da tarefa de levantar a história e o histórico de alguém, como, por exemplo, no caso dos biógrafos, não pode ter seus caminhos de pesquisas atalhados quer por lacunas ou reedições do passado.

         Não chega a ser surpresa que muitos de nós gostaríamos de ter parte de nosso passado apagado dos livros da vida. Mas esse é um sentimento próprio da experiência humana, na sua busca de sempre ir melhorando ao longo da vida. Ainda nesse ponto, é válido dizer que o indivíduo, como ser que está em perpétua construção ao longo do tempo, é, em síntese, constituído pelos fragmentos que incorporou a si, ao longo de sua existência.

         Para o homem comum e anônimo, é sempre mais fácil esse refazer-se e mesmo apagar, para outros, os seus rastros. Para os personagens públicos, essa é uma tarefa impossível. Para o mundo do Big Brother e do oceano da internet, essa tentativa de passar a borracha sobre a vida passada de homens públicos, sobretudo dos políticos, é como apagar incêndio num prédio de vinte andares usando conta gotas.

         Num trocadilho mais terreno, diz-se que, quem foi é o que é agora. Em nosso país, onde as tentativas de apagar o passado de muitos ocorre de modo contínuo, o trabalho de reeditar a vida pretérita de nossos homens públicos é vista como atitude normal e até aceita por aqueles que fingem não terem visto o que se passou. Aproveitando o fato de que, no Brasil, a memória é sempre um elemento a ser descartado, para não sobrecarregar os neurônios, os políticos precisam apenas trocar de roupa ou de gravata, ir à um bom alfaiate, aparar a barba e o bigode, e tudo se resolve. A repaginação no visual, com a ajuda dos recursos do photoshop, contribui para o renascimento de um novo ser, prontinho para entrar em cena.

         Mas, quer o destino indiferente a nossos desejos que esse novo ser, devidamente orientado pelos coroados expertises do marketing, irá, em algum momento, voltar a ser o que sempre foi, obrigando o passado a emergir do fundo do subconsciente. Por suas ações agora, semelhantes ao passado, já não adianta mais vir com rótulos do tipo “paz e amor”.

          Por baixo da nova máscara e da nova gravata, nova camisa, o antigo e conhecido ódio escorre como suor por todos os poros. Para alguns desses personagens da nossa cena política, a imagem do passado, tão profundamente maculada, permanece como um daqueles retratos antigos de família, pendurados na parede e coloridos a posteriori, mas que guardam a memória viva espelhada no fundo dos olhos de cada um dos retratados.

         É como dizem os antigos: a previsão do futuro é sempre feita com base no passado, pois esse acaba sempre reconhecendo e voltando ao seu lugar de origem.

 

A frase que foi pronunciada:

“O passado nunca está onde você pensa que o deixou.”

Katherine Anne Porter

Katherine Anne Porter, 1947. Foto: Hulton Archive/Getty Images

 

Erro

Com boa intenção, o deputado federal Gilson Marques protege os motoqueiros em um estatuto para a classe de entregadores. Mas dizer que eles são alvos de multas por simplesmente trabalhar é ingenuidade. A prova está no registro de atendimentos do Corpo de Bombeiros. A imprudência, negligência e imperícia são as razões das multas e de colocar a vida de terceiros em risco. Como o projeto de lei ainda tramita, deve ser revisado.

Deputado federal Gilson Marques. Foto: epbr.com.br

 

Ouvidoria

Assédio sexual em ambiente hospitalar, entre funcionário e paciente vulnerável é um assunto silencioso. Só vem à tona quando o mal já fez o serviço. O fato acontece também em clínicas de exames por imagem. Seria interessante a disponibilização de canais de atendimento e campanha estampada nas paredes das instituições, o que inibiria a prática por parte dos funcionários e deixaria os familiares em alerta. A governança corporativa é o principal fator de mudança com iniciativas proativas.

Foto: GETTY IMAGES

 

História de Brasília

É que o Presidente vira, do ar, uma patrulha de máquinas, e pensara que fosse do DNER. Mandou executar o serviço, que não foi iniciado. Mandou, então, demitir o engenheiro residente em Goiânia, constatando-se, depois, que as máquinas eram do DERGO. Tudo esclarecido, começarão, agora, as obras na Fazenda. (Publicada em 11.03.1962)

Pós-verdade e humanismo

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Charge do Shovel

 

         Num futuro, não muito distante, quando a poeira do pandemônio das eleições se assentar, alguns filósofos, historiadores e mesmo sociólogos terão, em mãos, farto material para o desenvolvimento de trabalhos teóricos abordando a chamada “pós-verdade”, não apenas referente ao pleito de 2022, mas em torno de todo o modelo de governança política do Brasil contemporâneo.

         De fato, a pós-verdade, mais do que um simples neologismo, retrata o fenômeno atual no qual a opinião pública passa a ter seus critérios subjetivos de avaliação da realidade, modificados por ação de diversos meios e mídias, que passam a insistir na tese de que os fatos objetivos, aqueles que estão estampados na cara de todo mundo, possuem valores e influências bem inferiores aos apelos às emoções e às crenças pessoais.

         É como se alguém insistisse: esqueça os fatos e centre-se nos apelos emocionais e nas crenças, pois aquilo que aparenta ser a verdade é bem mais importante e valioso do que a própria verdade. Como exemplo, temos que a propaganda política e mesmo os debates que, envergonhadamente, assistimos são construídos a partir desse fenômeno denominado política pós-factual.

         Nesse ramo, em que a verdade e os fatos passam a ter uma importância secundária e quase insignificante, estão, ao lado dos políticos, a mídia jornalística, os institutos de pesquisa de opinião, os marqueteiros e outros atores, todos eles empenhados em um processo de dar um novo ou falso verniz aos fatos, colorindo ou tornando-os cinzentos e opacos.

         As consequências desse processo perverso e contínuo são imensas para a sociedade não apenas no Brasil, onde esse fenômeno parece ter atingido os píncaros do exagero, mas em todo o mundo moderno.

         A exemplificar esse fenômeno, temos a estória infantil A roupa nova do rei, do dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado em 1837. Fosse transladada para nosso tempo e momento, teríamos uma cena em que um dos candidatos à Presidência, diante das câmeras, completamente nu ou sem as vestimentas da ética, quisesse convencer aos contribuintes e eleitores que é o mais impoluto de todos. Teoria amalucada que seria então reforçada pelos mais empenhados apresentadores e comentaristas.

         Com o título de “Pós-verdade e as Eleições no Brasil”, qualquer pesquisador sério poderá preencher tomos e mais tomos retratando essa meia realidade que parece ter tomado conta do Brasil da relatividade. Em nosso país atual, a verdade foi assassinada bárbara e misteriosamente. As investigações policiais, conduzidas pelos métodos que já conhecemos, chegam à conclusão de que foi um suicídio comum. Para o público, os fomentadores da pós-verdade passam a difundir a ideia de que o importante não foi o crime em si, mas o sentimento de insegurança que despertou em todos e o medo trazido pelo problema da violência em nosso país.

         Em nosso caso particular, as discussões e debates políticos, de baixo nível, com acusações e xingamentos mútuos, seguidos dos comentários dos analistas políticos, formam um conjunto coeso que aponta para os conceitos da pós-verdade, em que os fatos, ou a situação e os meios para enfrentar os problemas nacionais ficam em segundo plano e parecem não possuir importância.

          Pós-verdade pode ser ainda a possibilidade do registro, pelo TSE, da candidatura à presidência da República de personagem impossibilitado legalmente, ou à revelia da lei, de apresentar a documentação completa e básica, como as certidões negativas que provam sua condição de elegibilidade e sua ficha limpa perante a Justiça.

         Dentro de um conceito dessa natureza, tudo torna-se possível, inclusive a tentativa de apagar o passado, acusando os fatos pretéritos de fake news, num movimento atroz de esmagamento do factualismo. Ao construir biografias com versões repaginadas e maquiadas, o que os fomentadores da pós-verdade almejam é a modelação de um mundo de ficção, onde o indivíduo passa de objeto concreto a virtual, e a equiparação do cérebro do homem a uma inteligência artificial, moldável e programável, despida de humanidade e todo e qualquer humanismo.

A frase que foi pronunciada:

“A diferença mais marcante entre os sofistas antigos e modernos é que os antigos se contentavam com uma vitória passageira do argumento em detrimento da verdade, enquanto os modernos querem uma vitória mais duradoura em detrimento da realidade. Em outras palavras, um destruiu a dignidade do pensamento humano enquanto os outros destroem a dignidade da ação humana. Os antigos manipuladores da lógica eram a preocupação do filósofo, enquanto os modernos manipuladores dos fatos se interpunham no caminho do historiador. Pois a própria história é destruída, e sua compreensibilidade – baseada no fato de que é encenada pelos homens e, portanto, pode ser compreendida pelos homens – está em perigo, sempre que os fatos não são mais considerados parte integrante do mundo passado e presente, e são usados indevidamente para provar esta ou aquela opinião”.

Hannah Arendt, filósofa em As Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt. Foto: brasil.elpais.com

 

Agora é a hora!

Dos quase R$ 45 milhões de créditos suplementares aprovados pelos deputados distritais ao Orçamento do GDF, R$ 30 milhões serão repassados à Novacap para atender despesas com manutenção de áreas verdes, execução de obras de urbanização, reforma e manutenção de feiras permanentes. Quem tiver cobranças a fazer, agora é a hora!

Foto: novacap.df.gov

 

História de Brasília

Depois de um desentendimento com o dr. José Lafalete, o DNER construirá, agora, a estrada e o campo de pouso da fazenda do presidente João Goulart em Uruaçu. (Publicada em 11.03.1962)

Retrovisor, espelho meu.

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Daniel Ortega. Foto: vermelho.org

 

          Não tomar as lições históricas como aprendizado tem seu preço. Por vezes, o preço dessa omissão é alto e passa a ser cobrado de todos indiscriminadamente. Um olhar atento pelo o que ocorre hoje em nosso continente pode fornecer algumas pistas e mesmo preciosas lições a serem aprendidas com urgência. Ou é isso, ou iremos repetir os mesmos erros e, sobretudo, adentrarmos por caminhos que certamente nos conduzirão ao mesmo vale desolado e desesperançoso em que muitos países da América Latina se encontram no momento.

         O que teriam em comum, países como Nicarágua, Cuba, Argentina, Venezuela e outros, que poderiam nos servir como aprendizado nesse momento em que o segundo turno das nossas eleições está prestes a acontecer? A resposta pode ser resumida com a lembrança de uma antiga propaganda de bebida. Essas nações podem estar vivenciando hoje, na pele e na alma, o que poderemos vir a ser amanhã. Enfeitiçados pelo canto das sereias vermelhas do oceano marxista, esses povos amargam agora as consequências da ditadura socialista, em que os prejuízos são socializados e os lucros apropriados pelos donos do poder e do partido, tudo em nome do povo, que nada vê.

         A Venezuela é a vitrine atual desse descalabro produzido por um modelo socialista em que população, ou aquela pequena parcela que permaneceu no país, foi reduzida à miséria e à fome, enquanto os membros do governo se enriqueceram com todo o tipo de manobra, inclusive com o narcotráfico. A decadência moral e econômica daquele país, outrora modelo para toda a América Latina, o fez refém de potências bélicas como a Rússia, que hoje ocupa e controla as suas Forças Armadas locais. Ouvir relatos dos milhões de fugitivos dessa hecatombe pode nos dar uma pequena ideia do inferno em que se transformou aquele país. Só que a realidade e a tragédia humana chegam a ser bem mais cruel do que os relatos feitos pelos deslocados. Nicarágua é outro exemplo desse tipo de ditadura socialista, que assolou o país.

         Depois de mais de 43 anos da chegada Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) naquele país e mais de vinte e seis anos no poder, Daniel Ortega é um tirano exemplar. Perseguiu e mandou prender e exilar o que restava de oposição e hoje governa com mão de ferro, ladeado por sua mulher. Nem mesmo a Igreja Católica, que, no passado, deu abrigo e refúgios aos sandinistas, tem escapado de sua tirania. Muitos bispos e padres estão presos e exilados. Organizações não-governamentais foram fechadas e mandadas para fora do país. O vazio de ética pública foi também ocupado por países aproveitadores como China, Rússia, Cuba, Venezuela e outros de igual pendor, controlando e fornecendo armas para essa ditadura.

          Governando desde 1984, Ortega é, para muitos, um exemplo de democrata e endeusado por aqueles que estão no poder naquele pequeno país. Obviamente que, para se manter no poder, Ortega tem recorrido a fraudes de todo o tipo, controlando o Judiciário e o Legislativo Nicaraguense. Não chega a ser coincidência que a Nicarágua e a Venezuela sejam hoje os países mais pobres do continente. O número de mortos e desaparecidos do regime aumenta a cada dia e, juntamente com os exilados, chega à casa dos milhares.

          Quem controla a temida Polícia Nacional é seu cunhado, que cuida de limpar a área de opositores. A militarização de todo o Estado alcançou, como na Venezuela, o poder absoluto. As mídias sociais e a imprensa estão sob severo controle do Estado. A censura é total. Não há nenhuma liberdade de opinião. Em comum com o Brasil, temos que a FSLN foi organizada ao mesmo tempo em que o PT em nosso país, contando para isso com a cobertura da Igreja Católica, que, na época, sofria grande pressão por parte de alas ligadas à Teologia da Libertação.

         Pensar em um Brasil parecido será como ter a certeza de que não aprendemos nada, não esquecemos nada também.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nosso passado nos oferece uma escolha… viver nele ou viver dele.”

Brittany Burgunder

Brittany Burgunder. Foto: Divulgação

 

Suspeitas

Havia uma esperança de que o senador Álvaro Dias trouxesse à tona tudo o que sabe sobre loterias. Mas isso nunca aconteceu.

Charge: Nani Humor

 

Ver de novo

No Blog do Ari Cunha, as imagens da TV Senado, da Comissão de Constituição e Justiça de 21/02/2017, dia da sabatina de Alexandre de Moraes, indicado ao cargo de Ministro do STF. Muito interessante.

 

Os sem notícia

Por falar em ver de novo, às vezes a profissão de jornalista é ingrata. Os anos se passam e as notícias vão e voltam como bolas enjoadas no chão de um barco. Fim do foro privilegiado, decretação da prisão em segunda instância, medidas eficazes de transparência, fiscalização na administração pública são assuntos que colocam só a cabeça fora da gaveta.

Charge do Jaguar

 

História de Brasília

O Serviço de Trânsito treinará, nestes próximos dias, a primeira turma MT (Monitores de Trânsito). Serão alunos, com capacete e talabarte como distintivos, que orientarão os pedestres e os automóveis às saídas das escolas. (Publicada em 11.03.1962)

Um quadro dantesco

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Mansão do ditador, José Eduardo dos Santos. Foto: club-k.net

 

         Brasília, idealizada para ser a moderna capital dos brasileiros, apresenta, aos que chegam de avião, a mesma e triste imagem da expansão das favelas sobre a cidade, repetindo o mesmo fenômeno presente em todas as metrópoles brasileiras e muitas pelo mundo. Com isso, é possível constatar que a totalidade das cidades de nosso país, vista do ar, pouco se diferem da imagem cruel que mostra a realidade em Angola, por exemplo. Vistos de cima, somos o que somos e nenhum índice oficial, por mais engenhoso que seja, é capaz de camuflar o que os olhos veem.

         Esse é um problema endêmico da pobreza no Brasil, suas causas e consequências, bem como as estratégias capazes de livrar nosso país dessa chaga social e econômica, quaisquer que sejam as fórmulas que venham a ser adotadas para tirar boa parte da nossa população dessa condição, terão que principiar, pelo rompimento do círculo fechado em que esse fenômeno se insere.

         Um país ou região é pobre porque há falta de capital, falta capital porque há baixa capacidade de poupança ou acumulação de riqueza, há baixa capacidade de poupança porque há baixa renda, há baixa renda porque há baixa produtividade e há baixa produtividade porque há falta de capital. Obviamente que, dentro desse círculo vicioso, há outros subfatores que induzem o fenômeno da pobreza, fazendo com que esse rompimento seja ainda mais complicado.

         Também endêmica pela corrupção, a falta de investimento em educação e a concentração acentuada de renda em mãos de poucos brasileiros é o que fazem de nosso país um dos campeões mundiais da desigualdade.

         Uma imagem acessível na Internet, de forma didática e bem resumida, mostra o que é a pobreza, a corrupção e a concentração absurda de renda em um só enquadramento. As lentes apontam para uma tomada aérea da super mansão do ditador José Eduardo dos Santos, falecido em julho deste ano. Era o segundo homem mais rico de Angola, esteve no poder por 40 anos. Além da mansão, ocupando vasta área verde com diversas instalações, uma infinidade de barracos e outras construções, formando um conjunto extenso de favelas precaríssimas que cercam os quatro lados dessa nababesca construção.

         Também em nosso país, a concentração acentuada de renda entra no cálculo da pobreza, piorando de forma desumana esses índices. Quem chega de avião, à maioria das grandes capitais brasileiras, também pode ter essa visão do imenso desnível social e econômico experimentado por nossa gente.

         O Rio de Janeiro, que por muitos anos foi a capital do país e a mais rica de todas as unidades da federação, apresenta, ao visitante que chega pelo ar, um panorama claro de uma cidade que vai, aos poucos, sendo engolida pela expansão das favelas, pelo aumento da desigualdade, pela concentração de renda.

A frase que foi pronunciada:

“Juntamo-nos aos Cidadãos Globais na continuidade de nossa administração para garantir um mundo e um futuro melhores para todos. Os últimos dois anos mostraram o impacto devastador para a humanidade quando escolhemos objetivos individuais em detrimento do bem global. Juntos, temos que tomar ações concretas que criar um futuro melhor para o nosso planeta e seu povo agora.”

Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul

Cyril Ramaphosa. Foto: Mike Hutchings/Reuters

 

Pegada de carbono

Quem for fazer o teste de PCR, no novo laboratório de diagnósticos do Instituto Butantan, vai entrar num local totalmente sustentável. 222 toneladas de materiais marítimos reciclados se transformaram em dois andares na nova instalação do instituto.

Foto: Divulgação

 

Nova moda

No Brasil, quem comenta o assunto é Célia Fernandes, especialista em design, moda e tecnologia do SENAC, em São Paulo. O MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, mostra a nova criação do pesquisador Steve Mann. Roupas inteligentes. Tecidos que conduzem eletricidade. Para o futuro, a conexão na internet pode vir na roupa.

Steve Mann, um pioneiro em tecnologia de computação vestível. Foto: cbc.ca

 

Pela boca

Como falta proteção ao consumidor brasileiro com proibição de produtos alimentícios que em nada alimentam o corpo, a única proteção possível é ficar de olho nas embalagens. Quantidade de sal, açúcar, gordura saturada, ou se o produto é transgênico pode ser o começo. O fato é que, em outros países, foram proibidos: achocolatado nas escolas, batata frita industrializada, ketchup, margarina, entre outros.

Versão em português da charge da Natural Health News & Self-Reliance

 

História de Brasília

Enquanto isto, a superquadra 108 está com dois “túmulos”: o posto de serviços públicos, e a creche Ana Paula, inaugurada há quase um ano, e fechada. (Publicada em 11.03.1962)

Assédio eleitoral é…

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Charge do Zé Dassilva

Tivessem os atuais candidatos à presidência apresentado consistentes programas de governo, contendo propostas realistas para os próximos quatro anos, e não projetos de poder, como o que vimos, nada dessa confusão raivosa teria palco ou plateia.

Esqueceram, nesta campanha, de falar do Brasil. Talvez, não tenha havido tempo para tanto ou, quem sabe, o país não possua problemas. O fato é que estamos no escuro e num vazio de programas. A radiografia real do país, mostrando suas entranhas, que deveria ser uma obrigação de cada candidato, também não nos foi apresentada.

Não aquela radiografia construída com dados inventados, subdimensionados ou inflados. O grupo de campanha que assessora cada candidato deveria preparar um dossiê completo do país, mostrando as áreas onde a intervenção aos problemas deve ser imediata. Onde estão os números reais e onde as soluções pontuais? Nada sabemos. Onde estariam e quanto custariam também o desenvolvimento deste e aquele projeto? Silêncio.

Nessa altura da discurseira, soube-se quem é o mais ligeiro em sacar ofensas. Já se sabe também quem é que mente mais. O passado no Brasil torna-se sempre um projeto de futuro. Nestas eleições, regressamos ao passado, não de nossa história factual, mas ao pretérito de um Brasil de chanchada, com personagens caricatos sobre o palanque, só faltam dançar e cantar. Voltamos tão para trás que o chamado “cabrestismo” ou o voto de cabresto foi repaginado, transformando-se no que o emplumado Superior Tribunal Eleitoral denomina agora de assédio eleitoral. Com isso, volta também, na sua versão aditivada, o novo “coroné” ou coronel, na figura do candidato que, por suas habilidades na prestidigitação da realidade, mostra-se o plenipotenciário de toda a região Nordeste.

Aos eleitores, pela falta de programas, restam a escolha feita a partir da imagem que ele passa ao público, principalmente por sua capacidade e imaginação em fazer promessas. Nesse ponto, não adianta apenas fazer promessas sem imaginação, é preciso que as promessas sejam precedidas de uma estória comovente e fantasiosa. É nesse exato momento, de volta ao passado, que as campanhas resgatam também a áurea santa dos beatos, com os candidatos, agora achegados às igrejas, passando uma imagem de santos, cuja única missão é a salvação das almas pelas urnas.

Fossem quaisquer dos candidatos, encostados contra a parede, ao vivo e a cores, por pesquisadores e estudiosos do Brasil, sobre seu real conhecimento deles a respeito do país que buscam governar, de certo que desmanchariam, transformando-se em areia diante de todos.

É essa iconoclastia, ou o pulverizar dessas imagens falsas, que as campanhas necessitam para que o país se sobressaia muito além desse ou daquele candidato. O que não pode é a nação ficar em segundo plano, assistindo passiva o desfilar desses candidatos ao paraíso.

O assédio eleitoral é essa volta compulsória ao passado, obrigando a população a assistir esses debates de coronéis, que se acreditam beatos, ouvir propaganda eleitoral gratuita e de baixa qualidade e, além disso, ser obrigado a engolir o cipoal de censuras impostas pelo Mao TSE Tung à população. Assédio eleitoral é o que o Estado nos obriga a aturar durante meses de campanha. Como se não tivéssemos coisa mais importante a fazer.

 

A frase que foi pronunciada:

“Durante uma campanha política todos se preocupam com o que um candidato fará em relação a esta ou aquela questão se for eleito, exceto o candidato; ele está muito ocupado imaginando o que fará se não for eleito.”

Everett Dirksen

Everett McKinley Dirksen. Foto: dirksencenter.org

 

Mas moço!

Pelo interior, prefeitos e vereadores candidatos oferecem de tudo para a população, que aceita de bom grado e vota no concorrente.

 

Azul conecta

Uma opção interessante oferecida pela Azul. Aeronaves da frota Cessna Grand Caravan, com 9 lugares, vão todo sábado de Mossoró para Fortaleza e, no domingo, de Fortaleza para Mossoró. A segunda maior cidade do Rio Grande do Norte está em pleno crescimento turístico. As salinas e o parque arqueológico em Apodi estão fazendo sucesso.

Lajedo de Soledade, Parque Arqueológico em Apodi. Foto: eaiferias.com

 

Domingo

Longas filas nas eleições se deram por dois motivos. Pessoas que tinham a cola na cabeça e não levaram os nomes e ordem dos candidatos por escrito ocuparam as urnas por mais tempo do que imaginavam. O teclado digital também foi vilão no domingo de eleição. Não permite a mesma destreza que o teclado físico oferece. A orientação para o pessoal da fila é a tarefa mais importante do processo.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

História de Brasília

As irmãs de S. Vicente de Paulo (Taguatinga) vão inaugurar, em Brasília, no mês de abril, a primeira creche para crianças, na Península Sul. (Publicada em 11.03.1962)

Sucupira é aqui

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

           Estivesse vivo hoje, por certo, o dramaturgo Dias Gomes (1922-1999) ficaria espantado com a verossimilhança entre sua peça “Odorico, O Bem-Amado”, de 1960, e o que ocorre atualmente na cena política do país neste ano do nosso Senhor de 2022. É a realidade imitando a ficção e elevando a imaginação aos píncaros da criatividade. De fato, o Brasil é hoje uma imensa Sucupira, local fictício onde se desenrola a trama. Na verdade, desde sempre, o Brasil, pelas próprios personagens e lideranças políticas caricatas, é um país onde a realidade e ficção sempre andaram de mãos dadas. Tanto que é difícil saber, ao certo, onde começa uma e termina outra.
           Certo também é que, no atual contexto político, fica fácil saber a quem melhor encarnaria o personagem de Odorico Paraguaçu, por seu histrionismo e por suas falas amalucadas, cheias de nonsense. Na ficção, Odorico é o prefeito de Sucupira, retratado como um político corrupto, demagogo e que ilude a inocente população local com seus discursos verborrágicos, repletos de neologismos e de ameaças mirabolantes. Odorico é um ufanista, defensor do nepotismo e, na peça, acredita, com segurança, que irá resolver todos os problemas locais de sua administração, como os problemas centrais do planeta, através de medidas como a exportação do azeite de Dendê. “Vamos temperar o Brasil com azeite de Dendê e, prafrentemente, vamos temperar o mundo e o mundo vai se curvar ante o Brasil, ao provar do nosso Acarajé, do Vatapá e do nosso Caruru. Vamos acarajeizar a América, vamos vatapazar a Europa. Para esse meu coração verde amarelecido, que nada de braçada no mar das ufanias, mormentemente considerando que isso representa mais divisas para nosso país, o equilibrismo de nossa balança de pagamentos e quiçá, a salvação da nossa mui amada e afazmente individada pátria.”
           Vivêssemos na terra do nunca, onde até a maldade é de mentirinha, esse seria um discurso apenas hilário. Mas a realidade não tem graça alguma e torna-se até ameaçadora, quando vemos esse tipo de político, milagrosamente ainda aceito pela população iletrada, brandir suas promessas agourentas, cheias de maus presságios.
          Com relação ao petróleo, nada mais atual do que o discurso de Odorico: “Para o problema do petróleo, eu já criei a Petropira, que é para explorar o petróleo de Sucupira, emboramente esses retaguardistas, esses retogradistas, corugistas, digam que não existe petróleo em Sucupira. Mas nós vamos assinar um contrato de risco com a Petrobras, desses em que o risco é todo dela e o petróleo é todo nosso.” Nada mais semelhante ao que escutamos hoje.
          Quando perguntado sobre a posição política desse gênio da raça, filho legítimo do cabrestismo ou voto de cabresto, a resposta é de uma atualidade ímpar: “eu sou partidário da democradura e que bota os pés no hoje com os olhos no depois de amanhã.” Qualquer semelhança é pura coincidência!
          Para que tão nobre e impoluto personagem prossiga sem atropelos em sua caminhada, agora na vida real, levando à frente toda essa farsa sociopolítico-patológica, como definia o próprio Dias Gomes, é que o Tribunal Superior Eleitoral, na figura de seu comandante, mandou censurar, severamente, todas as críticas que porventura venham a ser feitas a esse político de passado ruinoso. É a justiça tentando reescrever a realidade, dando cores fantasiosas aos fatos, numa autêntica medida “marronzista” e “badernenta”. É a história entrando para os anais e menstruais desse país surreal.
A frase que foi pronunciada:
“Vai ter uma confabulância político-sigilista sobre as nossas candidaturas”
Odorico Paraguaçu
Odorico Paraguaçu. Foto: Acervo TV Globo
Contra a lei
Ligações não reconhecidas, cobrança de portabilidade indevida, cobrança de serviço cancelado, propaganda enganosa, telefones fixos sem funcionamento. A população, que teria uma agência nacional para protege-la, está completamente abandonada. A OI, por exemplo, que traz na conta a informação que está em recuperação judicial, não disponibiliza um número que funcione para receber as ligações dos clientes que reclamam sobre os telefones fixos, que não funcionam mais. Basta dar uma volta pelo Reclame aqui. Não há interesse nem em responder os registros no site.
Imagem: SOPA Images/Getty Images
Contra o edital
Uma lástima alguns concursos oferecidos pelo GDF. É preciso considerar o Edital durante a contratação. As vagas disponíveis não são preenchidas pelos cargos oferecidos. O resultado é que o proponente assume o trabalho e, por ter um novo emprego, não reclama. Na realidade, a insatisfação pessoal é nítida quando se empenha dois anos de estudos para não ser o que estudou para ser.
Foto: Divulgação/Sejus
Contra o orçamento
Pelo menos os milhões tirados dos contribuintes e usados para a construção do Buritinga serviram para nortear alguns endereços: “próximo ao Buritinga, retornando o Buritinga.” No mais, está inservível e abandonado.
Centro Administrativo do governo do Distrito Federal, em Taguatinga — Foto: Isabella Calzolari/G1
História de Brasília
Quando surgirem os primeiros casos de polio em Brasília, aí então o ministro Souto Maior sairá em campo, correndo, para trazer vacinas Sabin para o Distrito Federal. Criminoso abandono. (Publicada em 11.03.1962)