Feliz Brasília

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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O Brasiliense. Fotografia: Ivan Mattos (@ivanmattos_)

 

         Como sede do poder, é natural que Brasília tivesse destinada a se tornar o centro de onde emanariam as principais questões da política nacional. No entanto, para uma República que vem aos tropeços, desde sua instalação em 1889, Brasília se tornou, além de centro irradiador dos temas políticos nacionais, foco de apreensão por parte dos brasileiros, devido às seguidas e sérias crises institucionais.

         É preciso mais do que um exercício de abstração para deixar de lado essas crises, que nos acorrentam ao terceiro mundo, para tratar apenas do aniversário de 63 anos dessa que é, definitivamente, capital de todos os brasileiros. Vale relembrar que, entre as justificativas postas, ao final dos anos cinquenta, e que melhor respondiam o motivo oculto para a transferência da capital, do Rio de Janeiro para o longínquo interior do país, estavam justamente essas: afastar da cidade maravilhosa todas as nuvens cinzentas, manter distância da atuação atabalhoada dos políticos brasileiros, seus escândalos e sua pouca atenção com fatos que realmente interessavam a população.

         Havia, mesmo que longe do público, o desejo secreto de banir a classe política para longe. Com isso, sonhavam seus articuladores, a cidade do Rio de Janeiro voltaria a ter sossego e paz, livrando a capital também dos gastos e das exigências absurdas feitas pelos políticos. Não era para ser diferente.

         Naquela ocasião, era comum encontrar um político nas praias e cassinos e não no local de trabalho. Bani-los para bem distante seria uma boa medida. Quem sabe, naquele vazio do Centro-Oeste, nossa classe política passasse a tomar maior consciência da realidade sofrida de nosso país, empenhando-se em trabalhar para um futuro melhor para todos.

         A chiadeira maior contra a transferência vinha justamente por parte daqueles que se viam prejudicados com a mudança. Obviamente que essas razões eram mantidas longe do conhecimento do público e dos eleitores. Felizmente, para os brasileiros que para aqui vieram e se estabeleceram, essas eram questões que não tinham importância alguma para seu cotidiano, já que, lá no Rio de Janeiro como aqui em Brasília, o mundo político estava situado em outro universo, distante dos brasileiros.

         Foi desse modo que Brasília, e com esse desdém recíproco, que a nova capital foi se consolidando como cidade aberta. Havia, como ainda hoje, uma Brasília para os moradores e uma outra cidade paralela que pertence aos políticos que por aqui andam em revoada de terça a quinta-feira.

         Não há uma ligação de irmandade entre esse e aquele mundo. O único traço a unir a nossa classe política e a cidade são os empregos diretos e indiretos que essa atividade gera na nova capital. Portanto, a Brasília que interessa nesses seus 63 anos de vida é aquela ligada aos brasilienses que tomaram a cidade como seu lar.

         Tirando o fato de que o projeto inicial foi seriamente desvirtuado pela ação dos políticos locais, que a lotearam de forma irresponsável, Brasília é hoje, sem nenhuma ressalva, a cidade brasileira com os melhores índices de qualidade de vida. Não é por outra razão que muitos políticos que para aqui vieram exercer seu métier, uma vez longe do poder, passam a fixar residência no Planalto Central.

         A Brasília que nos interessa hoje no seu aniversário é, para muitos, aquela que vimos crescer a cada dia, como nós, como uma irmã. Aquela que assistimos as primeiras árvores e os primeiros gramados serem plantados. Gramados que o Departamento de Parques e Jardins (DPJ) nos impedia de pisar. Um cidade em que tudo era novidade, a começar pelas pessoas que vinham de diferentes lugares e com histórias e sotaques diferentes. A cidade que não possuía mar, mas que era banhada por um céu imenso, aberto e multicolorido. Uma cidade onde tudo era novo, até a maneira de viver. A solidariedade, as amizades, educação pública, tudo de todos. Uma cidade onde o térreo não era de ninguém e de todo mundo ao mesmo tempo. Uma cidade que aprendemos a amar como coisa nossa e que, muito mais do que uma capital, no sentido político, foi a casa que encontramos para nela depositarmos nossas vidas, escrevendo nossas memórias e enterrando nossos candangos e pioneiros queridos, um a um, nesse solo vermelho. Esperamos pacientemente, quem sabe, pelo nosso tempo, sentados sob a sombra de um guapuruvu ou flamboyant, observando o que Brasília fornece de assunto a cada dia, em seu Correio Braziliense. Feliz Brasília, caro leitor!

A frase que foi pronunciada:

“Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra.”

Mensagem deixada na construção da Câmara dos deputados pelo operário José Silva Guerra

Foto: camara.leg

História de Brasília

Quem disse até agora sobre o dr. Jânio, foi o professor Carvalho Pinto: “Está encerrado o assunto renuncia. Vamos trabalhar, porque os problemas são muitos…” (Publicada em 18.03.1962)

Cuidado, ilusões e fantasias

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JK? / Foto: Ivan Mattos

 

           Sem engano: a melhor e mais eficaz maneira de comemorar os 62 de Brasília não é tecendo loas e congratulações melodiosas pelas seis décadas de fundação da capital de todos os brasileiros. Melhor do que todo o tipo de foguetório e comemorações é a população e, principalmente, os políticos, empresários e outros próceres da cidade tomarem consciência e, mais do que isso, tomarem prumo sobre a importância e urgência de salvar a capital da especulação imobiliária, da degradação progressiva de muitas áreas dentro do perímetro urbano, da invasão de terras públicas, da violência que todo dia deixa, ao menos, algumas famílias de brasilienses enlutadas e da falta de compromisso de muitos com o tombamento do Plano Piloto.

              Essa coluna que, desde as primeiras horas de abril de 1960, vem empreendendo essa incansável cruzada em defesa da concepção original da cidade, sem tergiversações e sem as costumeiras bajulações dos poderosos locais, vem nessa data, mais uma vez, alertar os brasilienses que para aqui vieram nos primeiros anos de construção da cidade e para as gerações posteriores que aqui encontraram um lugar para viver, para criar seus filhos e para crescer profissionalmente, que não baixem a guarda em defesa da cidade, de seus valores e de sua história singular.

        Temos, em nossas mãos, uma herança magnífica e única, que nos foi legada por candangos, muitos, inclusive, desconhecidos e anônimos. Todos eles liderados por uma radiação ímpar de esperança e ânimo, impossível de estarem juntos em um só tempo e lugar, hoje em dia, e que tornaram possível erguer essa cidade, numa área antes esquecida e remota do país.

             Mais do que comemorar, devemos estar prontos para proteger e manter um patrimônio que é de todos nós e que não pode ser replicado mais em tempo algum. A tarefa que caberá às novas gerações que aqui estão é imensa e se estende não apenas pelo Plano Piloto, Administrações Regionais e outras áreas do entorno mais distantes. É preciso levar nosso cuidado para além do quadrilátero da capital, pensar nas bacias hidrográficas e sua preservação. Não pode existir cidade onde não há água.

          Precisamos de união para defender a preservação de nossos parques naturais, tanto os próximos como os que se encontram a quilômetros da capital. Temos a urgência de lutar pela manutenção da área original do Parque da Chapada dos Veadeiros contra a especulação imobiliária e contra a invasão de terras nativas por grileiros, garimpeiros e todo o tipo de predadores, muitos dos quais residentes em Brasília. Temos que nos unir para a manutenção do Parque Nacional de Brasília, impedindo sua degradação, feita pelas bordas e de modo contínuo. Temos muito mais que trabalhar para manter o que temos em mãos do que comemorar e depois esquecer. Cena rara para quem acompanha a capital do país desde o nascimento: ver políticos locais erguendo a bandeira da preservação da cidade com a qualidade planejada por seus idealizadores.

             Essa é uma missão que parece caber apenas aos que aqui vivem, desde o barro vermelho, e entendem que esse é um destino que não podemos abrir mão. Como uma senhorinha, que agora vai adentrando a terceira idade de existência, dona Brasília precisa de cuidados e atenção e não de ilusões e fantasias.

A frase que foi pronunciada:

Toda escola superior deveria oferecer aulas de filosofia e história. Assim fugiríamos da figura do especialista e ganharíamos profissionais capacitados a conversar sobre a vida.”

Oscar Niemeyer

Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte grafite e aquarela, 29x21cm, 2010 (evblogaleria.blogspot.com)

 

Economia

Até agora, pouca repercussão na imprensa brasileira sobre a iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, publicada no jornal oficial, sobre a abolição do corpo diplomático. Políticos e funcionários públicos estão em polvorosa. Por volta de 800 altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores são afetados por esta medida. Os executivos da categoria serão incentivados a mudar para o novo órgão interministerial, sem muita visibilidade no restante de sua carreira. Muitos deles criticam essa medida e denunciam um “rebaixamento da diplomacia francesa”. Se a moda pega…

Foto: Guillaume Horcajuelo/ EFE

Arte

Até o dia 31 de julho, a comunidade brasiliense poderá visitar a mostra Poema em Cartaz sob a curadoria de Newton Lima, na Biblioteca Nacional. De segunda a sexta, sempre das 8h às 20h. Nos fins de semana, às 14h.

Foto: cultura.df.gov

 

PL 735/22

Proposta do deputado federal tocantinense, Carlos Henrique Gaguim, fundamentado em estudo da Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, cria o Selo Investimento Verde, que seria práticas sustentáveis no âmbito do mercado financeiro e de capitais brasileiros. O projeto também estimula acesso aos recursos federais de programas de crédito a instituições que receberem o Selo Investimento Verde. Esse é o projeto de Lei 735/22.

Carlos Henrique Gaguim. Foto: camara.leg

Ibama

Coronel Chrisóstomo divulgou, em discurso na Voz do Brasil, dados do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. Veja, a seguir, a quantidade e o destino de eletroeletrônicos, baterias, latas, entre outros objetos em desuso.

Coronel Chrisóstomo. Foto: camara.leg

–> O SR. CORONEL CHRISÓSTOMO (PL – RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sra. Presidente, estou muito grato por esta oportunidade. Estou acabando de chegar de um encontro no Ministério do Meio Ambiente, mais especificamente, no IBAMA, a que fui para tratar do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. Foi um encontro muito importante para que o Brasil tome conhecimento do que está sendo feito quanto ao meio ambiente. Eu vou ler, Brasil e Rondônia, exatamente o que foi tratado lá. Atenção, mundo do meio ambiente! Lata de alumínio: 98,7%; 409 mil toneladas; 33 bilhões de latas recicladas. Novo recorde. Óleo lubrificante usado: 566 milhões de litros coletados — coletados! — e enviados para reciclagem. Novo recorde. Embalagem de defensivos agrícolas: 53,5 mil toneladas de embalagens recicladas. Novo recorde. Processamento de cimento: substituição de 28% de coque de petróleo por resíduos sólidos. Novo recorde. O setor utilizou 2 milhões de toneladas de resíduos como combustível, das quais, 200 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos, na forma de combustível derivado de resíduos. Eletroeletrônicos: 3.417 pontos de entregas voluntárias implantados, com 1.244 toneladas coletadas e enviadas para reciclagem. Novo recorde. Medicamentos vencidos: implantação de mais de 3.634 PEVs — pontos de entrega voluntária, aonde, voluntariamente, as pessoas vão entregar os medicamentos. Novo recorde. Baterias automotivas: 99%; 272 mil toneladas de baterias recicladas e enviadas para reciclagem; 15.548.316 baterias, o que apresentou maior autonomia para o País, que não precisou importar 144.477 toneladas de chumbo. Novo recorde. Todos os sistemas acima, com exceção dos que dizem respeito a embalagens e a defensivos, foram implantados ou aprimorados, por meio de atos normativos, durante a nova gestão. Parabéns para o Governo Bolsonaro, que está tratando o meio ambiente da melhor forma possível!

 

História de Brasília

Diz o deputado Ernani Sátiro, que o garção teria oferecido ao embaixador vinho do sul de Minas e teria, ainda, recebido do sr. Afonso Arinos, esta declaração: “não, quero do Rio rande, que manda mais…” (Publicada em 21.02.1962)

Sessenta anos

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No dia em que a capital de todos os brasileiros comemora seis décadas de sua inauguração, o mais sensato é deixar um pouco de lado os muitos problemas e descaminhos acumulados ao longo desse tempo e que fizeram com que a cidade, que muitos duvidaram que viesse a vingar, como um bebê prematuro que era, seja homenageada pelos poetas que entenderam o gesto simbólico daqueles que assinalaram um lugar e dele logo tomaram posse.

Para esses primeiros idealistas, cruzar dois eixos em ângulos retos, como o próprio sinal da cruz, foi o início da epopeia. Graças à essas linhas imaginárias, fundaram, no ermo do Planalto Central, uma capital hipotética e que por muito tempo era crível apenas no papel branco, como um poema escrito na forma de desenhos rápidos e rabiscados com versos ligeiros ou hieróglifos de um novo tempo. À semelhança do Livro do Gêneses, no princípio era verbo. E o verbo era sonhar como os poetas.

No princípio, para Vinícius de Moraes, “era o ermo/eram antigas solidões sem mágoa/o altiplano, o infinito descampado/no princípio era o agreste: o céu azul, a terra vermelho-pungente/e o verde do cerrado/eram antigas solidões banhadas/de mansos rios inocentes/por entre as matas recortadas/não havia ninguém. Os urbanistas que à quem a sorte concedeu a ventura de pensar a nova cidade, ergueram nesse sertão histórico o que seria, na visão da escritora Clarice Lispector “o espanto deles”, um espanto que, em seu entendimento, ficaria inexplicado. Um dos mais conhecidos poetas da cidade, pertencente à geração do mimeógrafo, Nicolas Behr, tal como os índios à quem as terras são apossadas por forasteiros, pediu: “enterrem meu coração na areia do parquinho da 415 sul e deixem meu corpo boiando no Paranoá.”

Mesmo a ausência e saudades do mar, de uma civilização que já foi classificada como a de caranguejos, pelo medo que tinha de adentrar o país para além da Serra do Mar, foi deixada de lado, quando os poetas enxergaram no céu singular da cidade, uma espécie de mar aéreo, fluídico e etéreo, com todas as características e desenhos das areias marinhas, banhadas pelo sol poente. O céu de Brasília, “traço do arquiteto” nos versos de Djavan, amainava e servia de inspiração para uma multidão de brasileiros, principalmente aqueles oriundos das grandes metrópoles, onde a arquitetura ciclópica dos arranha céus escondeu o horizonte com edifícios que nada mais são do que gigantes de concreto.

Talvez tenha sido essa a própria intenção do urbanista que desejava misturar arquitetura com poesia, criando obras, em concreto armado que mais se pareciam com as flores do cerrado pela delicadeza e pela surpresa.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As qualidades das pessoas que participaram do projeto e da implantação de Brasília se refletem no projeto da Capital. É necessário registrar outras pessoas importantes nesse processo como Ernesto Silva, Joaquim Cardoso, Israel Pinheiro, Bernardo Sayão que, com muitos outros, colocaram seu talento e trabalho em prol da construção de um futuro que desejavam fecundo.”

Maria Celeste Macedo Dominici, arquiteta que mora em Brasília. Concluiu o pós-doutorado na École Polytechnique de l’Université de Tours.

Foto: Arquivo pessoal/divulgação

 

Véu

Enquanto a pauta Covid-19 fervilha, o Supremo Tribunal Federal pautou a despenalização do aborto para grávidas com o estranho fenômeno, mal explicado, causado pelo outro vírus: o Zika. A ADI 5581 está pautada para o dia 24 de abril, sexta-feira.

Cartaz que circulou pelas redes na semana passada. A ADI 5581 está pautada para o dia 24 de abril, na sexta-feira dessa semana.

 

Parabéns

Emocionante a homenagem da Escola de Música de Brasília à capital. Com a participação dos professores, interpretaram Suíte Brasília, de Renato Vasconcelos.

 

Interesses

A voz da Constituição continua rouca. O direito à vida é uma garantia fundamental prevista no artigo 5º, caput da Constituição Federal Brasileira. Ela garante proteção à vida. Esse direito é inviolável. A Carta Magna não deixa margem à interpretação. Longa vida, vida saudável, vida digna, vida até 3 meses. Trata do direito à vida e diz que é inviolável.

 

História

Tudo começou com uma mentira. Caso Roe versus Wade, onde a mulher disse que foi estuprada e depois confessou que não foi. Mas a tecnologia em 1973 não era capaz de mostrar as imagens de um ser humano em formação. Hoje, a ciência afirma que até dor o feto sente. As cenas são chocantes e essas sim, merecem uma interpretação científica e jurídica honesta da Suprema Corte do Brasil. Veja vídeos sobre o assunto no link The unborn child feels pain.

Foto: thelifeinstitute.net

 

No lixo

Em 2017, um relatório concluído da Controladoria-Geral da União (CGU) apontava 11 Estados e o Distrito Federal como os maiores desperdiçadores de verba pública. Juntos, jogaram remédios fora em 2014 e 2015, levando ao lixo a cifra de R$ 16 milhões. Os medicamentos de alto custo, armazenados pelo SUS, estavam com validade vencida ou foram conservados de forma inapropriada. Hoje, Lorena e Maitê dependem de uma campanha aberta por Cesar Filho, para sobreviverem. Veja a história a seguir.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A diferença do Distrito Federal para Goiânia é um estímulo ao comércio da capital de Goiás. Para que possamos recomendar a todos que façam suas compras em Brasília, é preciso, também, que o comércio entenda que está explorando. (Publicado em 05/01/1962)

Brasília, missão em cumprimento

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Foto: Ivan Mattos

 

Em sua primeira edição que circulou em 21 de abril de 1960, o Correio Braziliense, um jornalão que na época media 57 cm x 80 cm, estampava em sua manchete principal o título “Brasil, capital Brasília.” A transferência simbólica da capital já havia sido realizada no dia anterior, quando as chaves da cidade foram entregues ao então presidente Juscelino Kubitschek por seu conterrâneo e prefeito de Brasília, Israel Pinheiro.

O novo Distrito Federal se deslocava mil quilômetros Brasil adentro para a felicidade e incredulidade de muitos e para desgosto de uns outros tantos, que viam nessa mudança apenas um capricho do presidente. Junto com a inauguração de Brasília, o jornal Correio Braziliense voltava a circular, depois de 137 anos de sua publicação em Londres, onde circulou entre 1808 até 1823. Junto com a nova capital, vinham também esse que foi o primeiro periódico da cidade e a nova emissora de televisão, pertencente ao mesmo grupo, e chamada de TV-Brasília, canal 5, pioneira do Brasil Central em televisão.

No longo editorial, que marcava o primeiro número do jornal, a preocupação com a consolidação da unidade nacional era ressaltada, assim como a transferência da capital, que já em 1813 era uma das ambições perseguidas por Hipólito José da Costa em seu jornal, como forma de garantir a integridade política do país. “Brasília não será apenas a sede do governo federal, mas um poderoso centro de atração das forças que se desenvolvem no litoral para as grandes regiões que se acham ainda desertas e das quais é imprescindível que a nação tome posse, se deseja integrar-se a si mesma e oferecer a seu povo, que tão rapidamente se multiplica, uma pátria materialmente digna do seu alto destino,” dizia o primeiro editorial a saudar a nova capital, ao imputar também a realização desse sonho não apenas à liderança confiante e corajosa de JK, mas ao elenco de arquitetos e com suas concepções de originalidade, aos engenheiros, técnicos e mestres de obra além, é claro, de um operariado entusiasmado com a imensa tarefa de erguer, no Planalto Central, a nova capital do país.

Não somos mais aqueles crustáceos arranhando as areais das praias litorâneas, de que falava o cronista do primeiro século, e sim um povo que se projeta no coração do continente que lhe pertence, lembrava o texto, destacando naquela ocasião os ideais de liberalismo, democracia, liberdade, devoção às bases constitucionais, bem como a confiança na livre empresa, atributos que tornaram possível naqueles tempos distantes a construção de uma capital no interior inóspito de um Brasil que muitos desconheciam ou sequer imaginavam que pudesse existir.

Naquelas quarenta páginas da primeira edição a circular em Brasília, constava ainda o discurso do presidente Juscelino que enaltecia o feito histórico como resultado da união e amizade entre todos que para aqui vieram. “A irmanação de quantos aqui trabalham lembra a construção das catedrais da Idade Média, quando artistas anônimos, mestres, aprendizes se animavam pela fé em Deus, em cuja honra se levantavam esses poemas arquitetônicos.” Lembrando que a reunião desses candangos aqui no centro do país foi possível porque muitos tiveram fé nesse projeto ousado.

“Caminhastes, de qualquer maneira até aqui, por estradas largas e ásperas, porque ouvistes, de longe, a mensagem de Brasília; porque vos contaram que que uma estrela nova iria acrescentar-se às outras vinte e uma da bandeira da pátria” dizia trecho daquele discurso memorável. Também em matéria especial, composta para essa primeira edição o saudoso poeta Cassiano Ricardo compôs uma “toada pra se ir a Brasília” em que proclamava: “ Vou-me embora pra Brasília, sol nascido em chão agreste, como quem vai para uma ilha. A esperança mora a Oeste… Tenho a chave do futuro; não quero outra maravilha. Que os outros viajem pra Lua; e eu não. Irei pra Brasília.”

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Brasília é a manifestação inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo de espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, ruptura completa com a rotina e o compromisso.”
Juscelino Kubitschek

 

 

Lixo

Está fugindo do controle a situação do lixo em algumas quadras comerciais. Na 412 Norte não há container suficiente para tantos restaurantes. O resultado são sacos de lixo pendurados, chorume escorrendo pela rua e um cheiro insuportável.

 

 

Parceria

Paulo Roberto da Silva mostra as curicacas da 207 Sul e diz que a beleza vai além do porte e do canto: são pássaros amigos dos agricultores por alimentarem-se de espécies daninhas, insetos e larvas. O bico longo e curvo é adaptado para extrair insetos da terra fofa. São vistas quase que somente em áreas protegidas e, para a nossa satisfação, também com frequência em nossa cidade parque.

 

 

Barulho

Por falar em lixo, não há razão para a coleta ser feita de madrugada. Além do sacrifício e cansaço para trabalhar correndo e cheirando lixo, há mais incômodo na sinfonia de tampas batendo no meio da noite do que durante o dia.

 

 

Leão

Mais de 15 milhões e meio de declarações já foram recebidas pela receita. Segundo o supervisor nacional do IR, auditor-fiscal Joaquim Adir, a expectativa é de que 30,5 milhões de contribuintes entreguem declaração. O prazo de entrega da declaração vai até 30 de abril.

Charge: humorpolitico.com.br

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Inconveniente, fora de propósito, desumana e descabida, a greve no Hospital Distrital. Doentes ficaram ao abandono, parturientes subiram escadas, sabotadores abriram o vapor da caldeira para que o prédio ficasse sem água quente e particulares permaneceram um dia a mais pagando diária. Greve em hospital tem que ser organizada, humana e tranquila. Baderna não resolve. Foi indisciplina. (Publicado em 18.11.1961)