VISTO, LIDO E OUVIDO – Sete de Setembro
Criada por Ari Cunha desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Passados 201 anos, desde que naquela longínqua tarde de sábado, de 1822, por volta das 16h, era proclamada, em público, sem qualquer formalidade oficial, a separação do Brasil de sua antiga metrópole, Portugal. Recordamos aquele acontecimento, como quem aprecia a pintura de Pedro Américo, Independência ou Morte exposta hoje no Museu do Ipiranga. Trata-se de uma obra medindo 4,15m de altura, por 7,60m de largura. Nela se agitam os personagens centrais da pintura, mostrando o encontro da comitiva de um D. Pedro I, de espada em punho erguida no ar, em frente de um regimento da guarda real, decretando a separação do Brasil do reino de Portugal.
Observa-se que nos arredores desse famoso quadro, atuando como figurantes passivos, podem ser vistos alguns pequenos agricultores, que assistem aquela encenação totalmente alheios ao que se passava naquele instante. Foi sempre assim. Também na Proclamação de outro fato importante, nesse caso ocorrido poucas décadas depois, em 1889, era instalada, por um golpe, a República. Também naquela ocasião o povo assistiu ao desfile de militares em seus cavalos, totalmente absortos do que se passava.
Retornando a 1822, a Independência do Brasil inaugurou ali, nas proximidades do Riacho Ipiranga, onde se situa o bairro do mesmo nome, na Zona Sul de São Paulo, o que hoje conhecemos como Estado brasileiro independente e dono, até certo ponto, de seu destino. É uma data importante. Todos os países possuem sua data de libertação e sua carta de alforria. Ao analisarmos aqueles acontecimentos perdido nas brumas do passado, uma questão fica em suspenso: que importância tem esse fato para nós, que estamos distante no tempo desse acontecimento, se tomarmos como ponto de partida o desdém que expressamos por nossas raízes e nossa própria história.
A razão talvez esteja no fato de que os grandes acontecimentos de nossa história, capazes de mudar os rumos do país, sempre foram realizados sem a participação efetiva da população. Nossas transformações mais significativas, foram feitas, ontem como hoje, dentro de gabinetes, longe das vistas e da opinião pública. Tendo o povo como detalhe, não surpreende que fatos como esses, só possuem a dimensão que exibem e só são lembrados , graças as aulas de História do Brasil, ministradas nas escolas, desde os primeiros anos.
Por seus efeitos deletérios a Independência do Brasil, poderia servir como leit motif para todos os anos, nessa data, verificarmos, com sincera reflexão, em que estágio de autêntica independência estamos imersos. Bem sabemos que com a saída de algum dominador, logo outro toma o lugar e assim vamos passando de mão em mão. Logo depois da dominação da metrópole portuguesa, caímos em mão dos ingleses, que graças a Revolução Industrial que empreenderam, substituindo a mão de obra humana pela força das máquinas, passaram não só a controlar economicamente o Brasil como Portugal também, alheio naquela época aos avanços propiciados pelas máquinas à vapor.
Também nesse caso, o populacho pouco foi informado dessa substituição, mesmo que passasse a consumir os produtos made in England. Sempre foi assim. Afastados desses acontecimentos históricos é preciso perguntar: em que ponto de nossa independência nos encontramos atualmente? Apresentados como sujeito de nossos destinos na Constituição de 1988, donde, imaginariamente “todo o poder emana”, em que ponto de liberdade ou independência nos encontramos hoje nessa data de Nosso Senhor, 7 de setembro de 2023?
A frase que foi pronunciada
“Terra à vista? Isso foi há muito tempo. Agora nossa terra é vendida a prazo.”
Eduardo Dusek
Só elogios
Na 307 Sul, Bloco A, uma belíssima exposição do grupo Bordelando. Mais uma vez, o grupo unido mostra a produção para a comunidade brasiliense. Da arte à solidariedadem além da amizade mantida ao longo do tempo.
História de Brasília
O Diário Oficial de ontem publica uma nota do Dasp sobre um concurso para o IAPI, realizado em Brasília, cujas provas serão identificadas em 3 de abril, no prédio do Ministério da Fazenda, no Rio. Os candidatos teerão que se transportar para a Guanabara, se quiserem ver suas provas. (Publicada em 23/3/1962)