Risco à saúde mundial brota do chão brasileiro

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Charge: latuffcartoons.wordpress.com
Charge: latuffcartoons.wordpress.com

      O ano de 2017, pelo imenso volume de questões que ficaram pendentes, deve prosseguir em 2018, prolongando um ciclo que insiste em não acabar.  Por conseguinte, o ano que se inicia é novo apenas no calendário e no desejo sincero dos otimistas e brasileiros de boa-fé. Há muito tempo andamos em círculos, o que nos obriga a repetir e acumular erros sobre erros. É nessa perspectiva, vista pelo espelho retrovisor, que saudamos o ano que começará, de fato, só depois do carnaval.

      Deixando um pouco de lado os aspectos políticos e econômicos ainda por serem resolvidos neste ano de eleições, é preciso centrar todas as atenções para um megaproblema que, por suas consequências graves e que já se fazem sentidas, fará do Brasil exemplo e modelo a não ser seguido por nenhum outro país do globo, sob pena de vir a comprometer a própria existência humana sobre o planeta.

Trata-se da agricultura, ou mais precisamente da monocultura de exportações (commodities), na qual o país vem se destacando no cenário mundial como uma grande potência. Importante estudo, lançado, no finalzinho de 2017,  pela professora e pesquisadora do Departamento de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo Larissa Mies Bombardi, intitulado Geografia do Uso de Agrotóxico no Brasil e Conexões com a União Europeia, traça um quadro assustador do agronegócio no Brasil e as sérias consequências da atividade para o futuro do país.

Na avaliação da pesquisadora, a questão do agronegócio tomou tamanha importância, a partir do início do século 21, que levou o governo a privilegiar os aspectos econômicos sobre quaisquer outros, inclusive sobre a questão da saúde humana e ambiental. Analisando a pauta de exportações do país dos últimos anos, dá para sentir bem esse fenômeno. Segundo ela, até o início do ano 2000, havia uma preponderância nas exportações de produtos manufaturados sobre os produtos primários.

A partir de 2009, essa situação se inverteu, com os produtos primários ganhando cada vez mais destaque em nossas exportações. Para se ter uma ideia, hoje o Brasil tem, apenas com relação ao plantio de soja, uma commodity, uma área de plantio quatro vezes maior do que o território de Portugal.

Temos, nesse caso, pautado toda a nossa exportação apenas no agronegócio, que tem como pilares principais substâncias químicas na forma de fertilizantes, defensivos agrícolas ou agrotóxicos, importados em enormes quantidades e usados de forma absolutamente irresponsável. Isso ocorre porque nossa legislação tem sido permissiva, graças, em grande parte, ao poderoso e eficaz lobby da bancada do agronegócio com assento no parlamento, avesso a qualquer discussão sobre meio ambiente, agricultura familiar e outros assuntos contrários à economia assentada apenas no lucro a qualquer preço.

O que decorre dessa prioridade que visa apenas a renda dos grandes produtores é que temos reduzido significativamente a produção e diversificação de alimentos para a população. Não é por outro motivo que, quando uma dona de casa brasileira vai ao supermercado ou à feira, acaba se deparando com produtos, de origem animal ou vegetal, com preços muito acima dos praticados em outras partes do mundo, isso num país em que o governo alardeia como sendo o celeiro do mundo.

Essa balela de que o Brasil produz alimentos para todo o mundo esconde uma realidade que está, de fato, envenenando a população, a terra, os rios, matando animais, expulsando comunidades inteiras de suas terras e, a longo prazo, tornando inférteis e áridas enormes extensões do território nacional. Soja, milho, cana-de-açúcar, eucalipto e outras commodities voltadas exclusivamente para o mercado externo, dentro da visão atual da divisão internacional do trabalho, favorecida pela globalização da economia, e que obriga o país a se manter como produtor de gêneros básicos a um custo altíssimo.

Nesse contexto perverso, as indústrias transnacionais que produzem os componentes químicos e, principalmente, sementes geneticamente modificadas, aproveitam-se enormemente de países, normalmente agroexportadores e do terceiro mundo, onde a legislação é sempre permissiva e leniente com esses venenos modernos.

A frase que foi pronunciada
“Como seriam venturosos os agricultores se conhecessem os seus bens!”

Virgílio


Interessante

Se o desemprego está ruim no Brasil, há cinco páginas na internet  de empregos disponíveis em uma pequena cidade da Califórnia, onde a língua portuguesa é exigida. A maioria é para esteticistas.

Só eles
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Maconha
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História de Brasília
Nenhuma administração da Prefeitura ou da Novacap pôde prescindir, até o presente momento, do trabalho do sr. Vasco Viana de Andrade. Técnico competente, organizado e trabalhador, é responsável pelo maior volume de obras do Distrito Federal, sendo o seu departamento estruturado com uma das melhores equipes já formadas no Brasil. (Publicado em 11/10/1961)

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