Repactuação

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

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com Circe Cunha // circecunha@gmail.com

 

Esta semana, durante encontro com representantes de vários movimentos de mulheres no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff afirmou em discurso que aceita discutir o que chama de repactuação, como forma de buscar uma saída para a crise. Em condições normais de temperatura e pressão, essa seria medida acertada, oportuna e até inerente ao próprio cargo de chefe do Executivo. Mas, por trás da proposta, aparentemente bem-intencionada, esconde, isso sim, estratégias que passam longe de qualquer medida que lembre pacto ou conciliação.

Antes mesmo de apresentar que pontos seriam colocados pelo governo sobre uma possível mesa de negociações, a presidente interpôs, preliminarmente, as próprias condições e exigências. Tradicionalmente, nos acordos desse nível, envolvendo ajustes entre o Estado e a nação, em nome da governabilidade, as propostas nascem após intensas discussões, nas quais a capacidade de ouvir com atenção o que dizem os interlocutores é condição sine qua non para o êxito dos acordos.

Em 1977, a Espanha viveu momentos de grave instabilidade decorrente do longo período ditatorial a que foi submetida pelo governo do general Franco. Naquele momento, foi instalado o Pacto de Moncloa, envolvendo partidos políticos, sindicatos e empresários com três objetivos claros: econômico, social e político. A disposição em ouvir as partes envolvidas e a urgência do problema levaram ao êxito das negociações que estenderam seus efeitos muito além do combinado, durando até 1985, quando foi substituído pelo Acordo Econômico e Social (AES). No Brasil, o ex-presidente Tancredo Neves buscou inspiração no Pacto de Moncloa para pavimentar passagem tranquila da ditadura militar para a democracia em 1985.

Aqueles eram outros tempos e os personagens, estadistas de outro quilate, que não colocavam seus interesses à frente das necessidades da nação. “Nenhum pacto pode ser discutido se não respeitar os 54 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em mim. Devem ser respeitados os que não votaram em mim, mas participaram das eleições e acreditam nas regras da democracia. Nenhum pacto sobreviverá se não tiver respeito pela democracia”, afirmou a presidente, adiantando não ver motivo para impeachment.

“Não cometi crime de responsabilidade”, lembrou Dilma Rousseff, voltando a chamar de golpe o movimento que pede sua deposição. Na verdade, o termo repactuação foi lançado pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.

Depois do desembarque do PMDB da longa aliança com o governo, o ministro anunciou, naquela ocasião, que o Palácio do Planalto havia deslanchado processo pelo qual firmaria processo de repactuação com os partidos nanicos, como forma de garantir maioria para o governo, dentro do modelo de coalizão, até então vigente.

O que se viu na sequência foi intensa negociação de cargos por apoio, sob o comando do ex-presidente Lula, chamado de varejão do Lula, pela oposição, dado o descaramento com que foi feito. O tom pouco amistoso do discurso e a desconfiança mútua entre os interlocutores dão com pífias as chances de um acordo nacional. Para os analistas, a proposta de Dilma busca apenas uma saída para si e para seu criador, diante de uma crise que, sabem, não poderá mais resolver intramuros.

 

A frase que foi pronunciada

“Agora não quero saber de nada. Só quero aperfeiçoar o que não sei.”

Manoel de Barros

 

Imagem e ação

Helival Rios comenta o grau de popularidade conseguido pelo prefeito ACM Neto. Ele vem realizando uma série de projetos pontuais na periferia e construiu enorme calçadão em toda a Barra. A orla está belíssima — Itapoã, Piatã, Pituba e Rio Vermelho. A cidade está limpa e muitíssimo bem policiada. E isso sem o apoio dos governos do estado e federal (do PT).

 

Ambiental

Um dia, lembrava aquele senhor que foi preso porque raspou a casca de uma árvore, aqui em Brasília. Era o início da lei ambiental. A pergunta é: O que aconteceu com os responsáveis pelo fim de um rio no Brasil?

 

História

Vale a pena buscar no Facebook o registro da história do Madrigal de Brasília.Um programa com duração  de 15 minutos com muitas entrevistas de ex-maestros, os primeiros cantores, e o maestro Levino, o criador do grupo.

História de Brasília

Abra os olhos, doutor, e não aceite nenhuma “pacificação”, porque isto pode ser a vingança da UDN. O filósofo de Mondubim bem que podia lhe recomendar: “em terra de sapos, de cócoras com eles” (Publicado em 3/9/1961)

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