Passarela do Brasil

Publicado em Íntegra

Criada por Ari Cunha desde 1960

jornalistacircecunha@gmail.com

com Circe Cunha e Mamfil

   Passarela do Brasil

         Ao completar o longo ciclo de miscigenação, que misturou na mesma panela de barro o bacalhau, do branco, o mungunzá do negro e o tacacá dos índios, o que resultou dessa massaroca de sangue e culturas, veio a dar no que hoje se conhece como Brasil. Um país, que pelo o que retrata seu hino nacional informal, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, é de fato habitado por uma sociedade inzoneira, onde a seriedade de propósitos passa longe das regras positivistas e racionais. Ou se adota esse modelo de pouco afeito as regras, ou se enlouquece de vez.

         Não por outra razão a população aprendeu e desenvolveu, ao longo dos séculos, um jeitinho próprio e eficaz para driblar as vicissitudes da vida e principalmente para fugir das armadilhas das altas classes dirigentes, encasteladas na máquina do Estado e de onde buscam perpetuar o regime de escravidão, feito agora com novos vernizes de civilização.

         Não por acaso, nada por essas bandas funciona a contento, a começar pelos serviços públicos prestados à população. Há toda uma encenação de que as coisas funcionam. A população, de tão paciente faz com que pensem que ela acredita. Como resultado dessa mímica, tudo nestes trópicos tende naturalmente para o caminho da desnaturalização de regras e para nonsense.

         A começar pela própria República, que nada mais tem sido do que um arremedo da monarquia, isso sem a seriedade que buscava alcançar Pedro II. Nada é de verdade. Tudo é fingimento. Também pudera. A fonte desse descrédito em tudo e em todos parte justamente de cima para baixo. Nenhum brasileiro, cônscio de suas capacidades mentais e até éticas, aposta um níquel furado nas elites dirigentes do país, ou pelo menos numa grande maioria. Para o estrangeiro, esse é de fato um país estranho. Para os que entenderam como as coisas desandam a cada dia, esse país não é próprio para amadores e para os puros de coração. Temos o nosso próprio modelo desorganizado de organização.

          Talvez esse seja o único modelo a funcionar de fato. Por aqui a coxa de galinha, que nasceu verdadeira com ossos e tudo, se transformou na coxinha de padaria e de lá virou cubinho de caldo de galinha químico. Não somos sérios e talvez esse seja mesmo nosso modo de sobreviver sem cicatrizes. Por isso é que regime nenhum, imposto de cima de para baixo, que sonhe em implantar teorias alienígenas, onde somente a pobreza e os deficits sejam socializados, terá futuro entre nós. E por um motivo singelo: há muito o povo já aprendeu a não esperar nada de bom vindo de cima. O que os brasileiros socializam, desde sempre, é o socorro ao vizinho. Um pouco de arroz, açúcar, farinha passados de mão em mão. É o fiado na vendinha, até o final do mês. Nada do que possa ser angústia e carência social, são estranhos aos brasileiros que se abrigam na base da pirâmide. Temos o nosso próprio socialismo, forjado na necessidade e na indiferença. Não precisamos de outros.

          Vivem nessa posição como quem vive debaixo de pontes e onde aprendeu que nada que cai de cima é aproveitável. Por essas bandas aqui regimes e até corruptos de carteirinha, acabam virando enredo de escola de samba. Brasil, samba que dá.

A frase que foi pronunciada:

Viva o Brasil / Onde o ano inteiro / É primeiro de abril

Millôr Fernandes

Sem noção

Foi só uma semana. Agora o prédio do BRB continua de luzes acesas durante a madrugada. Destoa de todos os outros ao lado. No Setor de Autarquia Norte, ao lado da 202.

Zero cooperação

Não se faz dona de casa como antigamente. Um molho de brócolis varia de R$14 a R$ 4. A diferença é muito grande. Como não há reclamação nem boicotes os preços seguem subindo. A competição do mercado é saber quem cobra mais até que a panela estoure.

Esclarece

Dúvida sobre a veracidade de notícias que citem o Senado ou senadores pode ser dirimida pelo Senado Verifica. Agora pelo WhatsApp o cidadão encaminha a questão que será apurada.  Basta salvar o número 61981900601 na agenda do telefone e enviar a pergunta pelo WhatsApp.

História de Brasília

Mais um prédio da Asa Norte está ameaçando ruir. Desta vez, foi evacuado o bloco 32, pelo IAPC, em virtude do perigo apresentado. (Publicada em 23.03.1962)

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