Partidos da crise

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

 

 

De 2005, quando veio à tona o escândalo de mensalão, para cá, o sistema político-partidário brasileiro, como um todo, começou a dar sinais de esgotamento e fadiga. Passada uma década, o processo se acelerou a tal ponto que tomou caminho sem volta. O passo seguinte para a decadência completa desse modelo de partidos e de se fazer política foi dado pelas gigantescas manifestações de rua, quando os políticos, de modo geral, foram impedidos de participar dos protestos populares, sendo inclusive hostilizados publicamente com cartazes do tipo: “não nos representam”. O bafo quente das ruas assustou muitos eleitos que preferiram ficar distantes do eleitorado.

Houve um ensaio tímido por parte do Legislativo e do próprio Executivo de acenar com algumas reformas cosméticas, mas que foram logo abandonadas, tão logo as ruas aquietaram. O fato é que o sistema partidário e, sobretudo, o modelo de governo de coalizão estão desmoralizados e não despertam mais o fundamental respeito por parte do eleitorado.

Com a delação, em cena agora, do operador na Transpetro, Sérgio Machado, o capital político dos partidos se desintegrou por completo. As lideranças políticas e respectivas siglas não despertam o ânimo e confiabilidade. O modelo vive os últimos momentos de existência. Qualquer pesquisa de opinião pública aponta a descrença acentuada em todas as siglas, inclusive, naquelas formadas mais recentemente.

Aos 35 partidos que se degladiam hoje no Congresso em busca de vantagens, devem se juntar outras novas 23 siglas em fase final de reconhecimento. Serão, então, 58 partidos literalmente divorciados da sociedade. O empurrão derradeiro para que essa miríade de legendas sem lastro foi dado justamente pelo Supremo Tribunal Federal ao considerar inconstitucional a chamada Cláusula de Barreira, que filtraria aquelas siglas que não obtivessem, pelo menos 5% do total de votos válidos para a Câmara e 2% dos votos em um terço dos Estados.

A delação de Sérgio Machado, vem mostrando, com clareza pedagógica a todo o país, o modus operandi dos partidos dentro da estrutura de governo do Estado. Para a maioria dos investigadores não restam dúvidas de que as legendas , na sua maioria, foram organizadas para saquear os cofres públicos, principalmente as empresas estatais. Pior, induziram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a lavar o dinheiro vindo dos dutos da corrupção por meio do álibi das doações “devidamente registradas” na contabilidade da Justiça Eleitoral.

O branqueamento desses recursos pode ter favorecido a eleição e reeleição desses partidos, mas para a sociedade, informada agora, da origem desses recursos, fica a certeza de que com companhias como estas, nossa democracia não seguirá adiante, pois não tem futuro.

 

A frase que não foi pronunciada

“ A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?”

Provérbio Chinês

 

Entorno

Vicente Limongi Neto elogia a pequena Nicole do Recanto das Emas que pediu para que a coluna registrasse o descaso da administração com a sua rua. Nos seus 8 anos de idade já sabe que tem direito de viver com dignidade.

 

Fundos previdenciários

Enfim os dispositivos de governança serão aprimorados. Agora as entidades fechadas de previdência complementar vinculadas à União, Estados, DF , municípios e suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e outras entidades públicas terão que pelo menos ser mais transparentes à sociedade. É o que rege a lei que depende agora da aprovação dos deputados federais.

 

Emoção

Apenas compartilhando com os leitores a emoção de ver na historinha da coluna as notas que meu pai publicava no dia do meu nascimento. Entre um discurso e outro na Câmara dos Deputados, no dia da posse de João Goulart, ele ficava de olho no telefone do plenário. Até que o deputado Último de Carvalho o tranquilizou e assumiu o compromisso de lhe dar a notícia do nascimento. Envolvido com o trabalho percebeu a mão em seu ombro: A Lourdes está bem. É uma menina, disse o deputado recebendo um abraço pela notícia.

 

História de Brasília

Os episódios políticos dos últimos dias devem ter deixado tremendamente aborrecido o sr. Gustavo Corção, porque Brasília provou, mesmo, que é capital. (Publicado em 7/9/1961)

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