O Fausto de Dilma

Publicado em ÍNTEGRA

 

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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Ah! se entre o céu e a terra existem entes dotados de poder, eia! aos meus rogos, do doirado nevoeiro onde se ocultam descendam presto!”

Fausto, de Goethe

Em viagem a João Pessoa, na Paraíba, em 2013, a poucos meses da eleição, a presidente Dilma declarou, alto e bom som, para uma plateia atenta de 22 prefeitos da região: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas, quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”. A frase suscitou apreensão entre os presentes. Alguns ficaram de orelha em pé. Que sinais essas palavras escondiam ou buscavam transmitir? A fala, feita ainda quando a presidente detinha algum prestígio e credibilidade, deu a senha para o que viria a seguir.

Nos bastidores, corriam soltos acordos e estratégias tanto para carrear para os cofres do Partido dos Trabalhadores 1% ou mais de todas as grandes obras do governo, quanto para travestir as contas públicas com a roupagem falsa da probidade financeira. O correr dos acontecimentos, pouco mais de dois anos depois, levantou a cortina espessa, mostrando o que se passava longe dos olhos curiosos da imprensa e da opinião pública. Nesse enredo, o que se sabe, hoje, é que — além da presidente, de seu círculo íntimo e da figura mefistofélica invocada por ela na Paraíba — ninguém mais tinha a mínima noção da real situação das finanças públicas.

Amparada na sua astúcia pelo marqueteiro João Santana, conhecido no meio como o bruxo das artes ocultas da propaganda, Dilma espalhou aos quatro ventos que uma possível vitória da oposição levaria não só ao fim o imenso mar de bolsas sociais generosamente concedidos pelo governo, como marcaria também, de forma sinistra, a entrega das riquezas do país à sanha imperialista dos capitalistas do Norte, já de olho no potencial do pré-sal. A propaganda petista parece ter deflagrado para a população brasileira os mesmos efeitos das falsas simulações de invasão da Terra pelos extraterrestres, feitas por Orson Welles em seu programa de rádio em 1938. O pânico geral inflou sua candidatura de forma irreversível e selou sua vitória.

Ajudada pelos entes dotados de poder, a mentira garantiu, ao governo, apenas alguns meses de glória. Passado o poder encantatório, veio o resgate da dívida. Depois de ferir de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal, nos artigos 4,5,9, 36 e 38; a Lei Orçamentária, nos artigos de 9 a 11; e a Constituição, nos artigos 85 e 167, chegou a hora de a presidente cumprir o pacto oculto e entregar a alma. Parte dela já foi levada pela Câmara. A outra seguirá com o Senado. Por longos seis meses, uma Dilma desalmada ainda vagará pelos jardins do Palácio da Alvorada.

 

A frase que não foi pronunciada

“Estamos no fim de uma era, prontos para a chegada do será.”

Alguém pensou

 

Tremedeira

Lentes da Polícia Federal voltadas para o Eletrolão. O acerto é para desmembrar o inquérito que apura desvios e irregularidades na licitação da usina nuclear de Angra 3.

 

Golpe ou evolução?

Amigos que viajam pela Europa ficaram impressionados com as publicações em periódicos em Londres e Paris.  Até os taxistas têm a opinião formada.

 

Parlamento digital

Parte da brilhante missiva do amigo Aylê-Salassié F. Quintão diz que “o Brasil vive um bom momento para desvendar os sentidos ocultos, desambiguar lugares, discursos e pretensões imaginárias do reino das trevas que permeia o Estado. É a oportunidade de buscar novos formatos, novas configurações e desalojar os que se escondem em Valhalla.  O país vai precisar de alguns psicanalistas e linguistas, e não apenas de economistas e políticos.  Esses estão se suicidando aos poucos”.

 

Release

Os jovens fãs de videogame podem curtir Video Game Show, no Taguatinga Shopping, até domingo. A meia-entrada custa R$ 35.  Museu com mais de 150 consoles, fliperamas com 200 jogos da primeira geração, freeplays e outros itens do mundo geek. Leve seu neto.

 

História de Brasília

No mesmo dia, o ministro se declara contra a vinda do sr. João Goulart para o Brasil. Agora, o sr. João Goulart vai assumir mesmo o governo, e o sr. Parsifal Barroso não está nas melhores das situações.(Publicado em 5/9/1961)

 

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