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com Circe Cunha e Mamfil
Em carta enviada a essa coluna, o leitor e amigo Rubi Rodrigues recorda que em 2006, por ocasião da aula magna proferida na Universidade de Regensburg, o então Papa Bento XVI chamava a atenção de todos, e em especial, dos pensadores da Academia da Baviera, para a necessidade da busca pelo desenvolvimento de uma “razão ampliada” ou um “logos” capaz de harmonizar razão e fé.
A questão, diga-se de passagem, não é nova e tem sido debatida desde o século XVII com o surgimento da corrente filosófica do racionalismo, cujo os maiores expoentes foram Descartes, Spinoza e Leibniz, que juntos instigavam as pessoas a duvidarem de todo o conhecimento, dizendo que a razão era a única forma que o ser humano possuiria para alcançar o verdadeiro conhecimento, ou mais simplesmente a verdade.
A propósito Descartes dizia que “Nosso pensamento é imperfeito, mas somente pode ter sido criado por um ser perfeito que é Deus. Deus sendo perfeito não pode querer nos enganar em relação às nossas sensações e se as nossas sensações também são verdadeiras, o mundo exterior existe e é conforme nós o sentimos e intuímos.” Era a forma que o filósofo encontrara para afirmar que podia duvidar de tudo, mas, ao menos teria a certeza de que estava pensando e duvidando. “Sou um ser que duvida, que pensa”, dizia.
Já Ratzinger, um intelectual respeitável e ex-professor da Universidade de Bonn, num tempo em que era comum aos alunos e mestres manterem um estreitamento nas relações acadêmicas de acordo com o próprio espírito da universitas, via com clareza a responsabilidade que a universidade possuia em trabalhar para o reto uso da razão em suas várias dimensões, de forma a tornar esse conhecimento um experiência viva.
Nesse conjunto de saberes, que não se contrapunham, destacava-se também a faculdade de Teologia, que como todas as outras, não se cansava de interrogar sobre questões como a racionalidade da fé, incluindo essa disciplina no rol do que considerava a “universitas scientiarum”.
Para um ambiente em que predominava a dúvida e os questionamentos, próprios da ciência, Ratzinger lembra, nessa aula magna que sua academia nunca fora perturbada, mesmo que ocupando-se do trabalho árduo de estreitar a fé e a racionalidade com a discussão sobre a existência de Deus e sua obra. Nesse sentido o papa e intelectual lembra que : “mesmo perante um cepticismo tão radical seja necessário e normal interrogar-se sobre Deus através da razão e isto deva ser feito no contexto da tradição da fé cristã: no conjunto da universidade, isto era uma convicção fora de questão.”
Curiosamente a carta do leitor Rubi, datada de 5 de outubro foi-nos enviada dois dias antes da invasão do grupo terrorista Hamas ao território israelense, ocorrido no sábado dia 7. Essa espantosa coincidência vem a propósito de uma lembrança feita por Ratzinger nessa aula magna, em que ele cita um diálogo travado em 1391 pelo imperador bizantino e paleólogo, Manuel II, com um persa culto em cristianismo e islamismo, acerca do que chamou da verdade de ambas as religiões.
Nessa discussão sobre as estruturas da fé de ambas as crenças e seus métodos próprios de levar adiante os ensinamentos de Deus. Para o imperador de bizâncio e dentro daquelas circunstâncias temporais em que o diálogo se deu, o monarca não aceitava as condições pouco racionais e desumanas impostas pela doutrina da Jihad, ou guerra santa, defendida pelo Islã.
Naquela ocasião o imperador teria dito:” “Mostra-me também o que Maomé trouxe de novo, e encontrarás apenas coisas más e desumanas, como a sua ordem de difundir através da espada a fé que ele pregava”. Para ele a difusão da fé pela violência era irracional, pois a violência estaria em oposição a natureza de Deus e da alma. “Deus não se apraz com o sangue”. “A fé, disse Manuel II, A fé é fruto da alma, não do corpo. Por conseguinte, quem quiser levar alguém à fé precisa da capacidade de falar bem e de raciocinar corretamente, e não da violência e da ameaça… Para convencer uma alma racional não é necessário dispor nem do próprio braço, nem de instrumentos para ferir nem de qualquer outro meio com o qual se possa ameaçar de morte uma pessoa…”
Em outras palavras é preciso agir segundo a razão e o entendimento humano de que Deus proporcionou à sua criação . O que no dizer no evangelho de João “no princípio era o logos e o logos é Deus”.
A frase que foi pronunciada:
“Nunca no campo do conflito humano tantos deveram tanto a tão poucos.”
Winston Churchill
Conhece?
Parece implicância. Mas se a música mais executada no Brasil nos últimos 10 anos é “Ex mail ove” seria natural que a publicidade viesse da assessoria da Gaby Amarantos. No lugar disso quem divulga é o Ecad.
Sem base
Uma das combinações por trás das cortinas é divulgar números absurdos de mulheres que praticam aborto no Brasil. Faltam números precisos e transparentes. Dados assistenciais estão somente disponíveis para o setor público e dados de mortalidade dependem de investigação do óbito. Difícil acreditar que no Brasil, cerca de 800 mil mulheres praticam abortos todos os anos. E que dessas, 200 mil recorrem ao SUS para tratar as sequelas de procedimentos malfeitos. A mesma Organização Mundial da Saúde (OMS), que dizia nada adiantar usar máscaras durante a Covid, aponta que o número de abortos pode ultrapassar um milhão de mulheres.
Obras
Moradores do Lago Norte esperam que o estrago feito no asfalto do primeiro retorno seja resolvido em breve. Que se estenda em mais faixas, que se instale um semáforo, que se transforme em jardim. Mas deixar como está é um absurdo.
História de Brasília
E por falar em justiça, está-se destacando o desembargador Colombo de Sousa, por suas medidas de benefício geral. Primeiro, o casamento gratuito, e, agora, punição para os que utilizam cheques sem fundos. (Publicada em 24.03.1962)