Ministro Barroso e o mapa astral do Brasil        

Publicado em Íntegra

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Definitivamente, não estamos, aqui no Brasil, em tempos de racionalidade ou sob a égide de elites políticas movidas pela sanidade mental. Mesmo para o leitor e eleitor, o cenário atual do país é confuso e a realidade parece distante dos discursos. Até aqui nenhuma novidade. O que surpreende o cidadão de bem, e olhe que eles existem em grande número, é ver, dia sim e outro também, os mais perigosos e escorregadios personagens da política local e nacional ocupando páginas inteiras dos principais jornais e de mídias importantes.

Para os brasileiros que ainda acreditam na ética e na justiça, ver esses personagens de triste passado, envoltos nos mais estrondosos casos de corrupção e de desvio do dinheiro público, falando abertamente de seus projetos futuros e do quanto foram prejudicados politicamente pelo açodamento das leis e da Justiça, dói no fundo da alma.

Nessas entrevistas, que inclusive ocupam manchetes de primeira página, esses avatares do colarinho branco desfilam um rosário de lamúrias, mostrando o quanto foram injustiçados e o quando custou, para cada um, vagar solitário pelo deserto do banimento. A carinha do Maduro, baixando a cabeça enquanto o amigo declarava que a Venezuela era “vítima de narrativa de antidemocracia e autoritarismo” foi a gota d’água. Não se enganem! São raposas a lamentar o fato de terem sido apanhadas com os dentes prontos a devorar os incautos cidadãos, retirando-lhes o pão de cada dia e as chances de um futuro mais digno.

Cara do bom moço, com aquele ar de senhor arrependido, só engana os desavisados. Há também os que mentem tão bem para si que não encontram espaço no ego para arrependimentos.

Todo o cuidado com esse tipo de gente é pouco. A revoada desses personagens da política policial do país, de volta aos ninhos ou “à cena do crime”, só tem sido possível graças ao desmanche providencial e maquiavélico da Lei de Improbidade Administrativa, elaborado à luz do dia, justamente por indivíduos que foram ou seriam atingidos por esse antigo e justo dispositivo.

 

De fato, o caminho de meio e do bom senso aponta, com propriedade, que lugar de corruptos, de toda a espécie, é nas malhas da lei interpretada com decência e longe dos cofres públicos.

Já foi bem lembrado que a corrupção é tão ou mais letal que as ações violentas do crime organizado. Basta rever no Youtube o discurso do ministro Barroso tecendo dos números da Lava Jato (Segundo Barroso, foram 179 ações penais, 553 denunciados, 174 condenações em 1ª instância e confirmadas em 2ª instância, 209 acordos de colaboração e 17 acordos de leniência e mais de R$ 4 bilhões devolvidos aos cofres públicos.) Dizia também que a Lava Jato foi “uma operação que revelou um quadro impressionante e assustador de corrupção de norte a sul e de leste a oeste no Brasil. Criou-se um mundo paralelo de esperteza e desonestidade que naturalizou as coisas erradas no país”.   A diferença entre o corrupto e um chefe de quadrilha que assalta e mata está nas armas que utilizam. Os empolados criminosos do colarinho branco, apesar de não usarem armas de fogo em suas ações, causam males infinitamente maiores ao cidadão, sendo que seus crimes repercutem por décadas e podem ser conferidos nas filas dos hospitais, na falta de remédios, na precariedade dos serviços públicos e por aí vai.

O ministro Barroso previa o que vinha pela frente. Foi de uma lucidez quase assustadora. “Quem acompanhou o que aconteceu na Itália conhece o filme da reação à corrupção: 1- a mudança na legislação ou jurisprudência; 2- a demonização de procuradores e juízes; e 3- a tentativa de sequestro da narrativa e de cooptação da imprensa para mudar os fatos e recontar a história. Na Itália, a corrupção venceu e conquistou a impunidade. (…) Aqui entre nós ela quer mais, ela quer vingança, quer ir atrás dos procuradores e dos juízes que ousaram enfrentá-la para que ninguém nunca mais tenha a coragem de fazê-lo.”

 

Dadas as possibilidades infinitas de recursos e a leniência de nossas leis, sempre em benefício dessa gente e contra o cidadão talvez seja o momento de a imprensa cumprir o seu papel para mostrar às novas gerações que ainda há remédio para esse país. Nem tudo está definitivamente perdido.

 

A frase que foi pronunciada:

“A política em sentido verdadeiro, a busca pela realização do bem público com idealismo e dedicação, essa sim, é uma das atividades mais nobres a que alguém pode se dedicar. Desde a Grécia isso é reconhecido assim.”

Ministro Luís Roberto Barroso

História de Brasília

E há coisa pior: o delegado do TAPFESP em Brasília, sr. Aracaty Marques Ferreira, tem contratado funcionários na verba de “fichamento” de operários, e para comprovar, basta saber quantos mestres de obras há, quantos encarregados, e até desenhistas foram contratados. (Publicada em 21.03.1962)

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