Ensino da cultura brasileira

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Nenhuma reforma do ensino público que se pretenda eficaz e efetiva, moderna e produtiva pode prescindir da valorização da cultura nacional. É por meio do que foi produzido no país, nos últimos cinco séculos, nas mais diversas áreas do conhecimento, que os jovens de hoje poderão saber melhor e mais a fundo o que é e qual é a importância da cultura brasileira para a formação não apenas de sua geração, mas de todas que os antecederam e as futuras. A informação aprofundada sobre a vasta cultura brasileira deveria se constituir no ponto central da formação de nossos alunos, ressaltando os valores que sempre lhes são familiares. É pelo conhecimento do imenso legado deixado à sua disposição por legiões de brasileiros que nossos jovens poderão buscar a própria identidade, comparando, em cada grande obra, resquícios da própria realidade.Ao identificar na produção nacional traços da própria formação, os alunos encontrarão o verdadeiro porto seguro de onde vão zarpar para outras aventuras do conhecimento, sem perigo de se perder no caminho. É preciso que a reforma seja assentada basicamente naquilo que de melhor a nação possui. É por meio da cultura que é possível entender o exato sentido de nação. Nenhum grande país pode construir sua pujança alijando de sua origem a produção cultural. A cultura nacional de um povo talvez seja sua maior e mais preciosa riqueza e, quanto mais repartida, mais rica se torna pela contribuição contínua de todos, principalmente dos jovens.
Todos os países desenvolvidos não se furtam de constantemente mencionar os nomes e as obras daqueles compatriotas que ajudaram a construir e dar feição ao que são hoje. É preciso resgatar para o presente e apresentar a nossos jovens todos os brasileiros que fizeram de suas vidas um trabalho diário em nome da nação. Nenhum conceito de nação é completo se lhes falta a cultura. É a cultura que identifica e dá sentido à Nação. São esses produtores de cultura que esculpiram o brasileiro atual e que precisam estar onipresentes ao longo de toda a jornada de nossos alunos, moldando-lhes o caráter com o exemplo de suas obras.É preciso ensinar às crianças e aos jovens que cada feito, desses brasileiros ilustres, representou um tijolo a mais na construção daquilo que somos hoje e que a obra ainda não está completa. Qualquer reforma de ensino para valer deve apresentar aos alunos uma longa lista de nomes ilustres e de suas realizações, nas várias áreas do saber e das artes que servirá como farol a indicar caminhos e para mostrar que esse lado do Brasil, que sempre deu certo, é o país possível e que, afinal, importa a todos nós.

Melhor do que reformar o currículo do ensino público é revolucioná-lo com a introdução de uma massiva lista de grandes realizadores nacionais, apresentando aos mais jovens o quão imenso é o tesouro à sua disposição. Toda essa fabulosa mina de riquezas, criada por brasileiros de todas as condições sociais e econômicas ao longo do tempo, está ao alcance daqueles que se propõem a buscá-la. É necessário, pois, dar a conhecer a todos os pequenos brasileiros o mapa da mina.Trata-se do que é nosso, nossa carteira de identidade, com nossa digital impressa. Qualquer reforma do ensino para valer deve pelo menos começar com uma lista que contenha nomes como Rachel de Queiroz, Chiquinha Gonzaga, Chica da Silva, Anita Malfatti, Zilda Arns, Maria Quitéria, Cora Coralina, Bertha Lutz, Clara Sverner, Magdalena Tagliaferro, Alice Piffer Canabrava, Pixinguinha, Radames Gnatalli, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gilberto Gil, Joao Gilberto, Vinicius de Morais, Tom Jobim, Caetano Veloso, Maria Bethania, Gal Costa, Nise da Silveira, Adriene Baron Tacla, Suzana Herculano-Houzel, Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Guerra Peixe, Ernesto Nazareth, Adoniran Barbosa, Dias Gomes, Guimaraes Rosa, Euclides da Cunha, Quintino Cunha, Neusa França, Darlan Rosa, Claudio Santoro, Hugo Rodas, Alexandre Ribondi, Plínio Mósca, Castro Alves, Olavo Bilac, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Pacetti, Guignard, Omar Franco, Sebastião Salgado, Martins Penna, Alberto Nepomuceno, Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Paulo Freire, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Rui Barbosa, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Hildete Pereira de Melo, Lígia M. C. S. Rodrigues, Luiz Gonzaga, Alice Piffer Canabrava, Carlos Chagas, Osvaldo Cruz, Di Cavalcanti, Portinari, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Ignácio de Loyola Brandão, Rubem Fonseca, Luís Fernando Veríssimo, Érico Veríssimo, Aleijadinho, padre José Maurício, padre Antônio Vieira, Alline Campos, Daiana Ávila, Tábita Hunemeier, Cecília Salgado, Karin Menéndez–Delmestre, Elisa Orth.
A frase que foi pronunciada
“Pintei meu pensamento aqui.”
Colunista, escolhendo as cores

História de Brasília
Façam assim. Fichem o candango, deem comida por uma semana, enquanto ele vai embora ou se emprega. Assistência social não é dar meio de vida sem trabalhar. Braço parado quer emprego e não esmola. (Publicado em 21/9/1961)

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