Dois caminhos a escolher. Bem à frente.

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

“Para mim, a cidadania, os cidadãos comuns tiveram uma parte importante na decretação do fim da Mãos Limpas porque, no início, eram todos entusiastas na Itália das investigações, pois elas nos levaram a descobrir a corrupção de pessoas que estavam lá em cima. Mas, conforme elas prosseguiram, chegamos à corrupção dos cidadãos comuns: o fiscal da prefeitura que fazia compras de graça, que não fiscalizava a balança do vendedor de frios, que continuava a vender apresuntado como se fosse presunto.” A afirmação é do ex-magistrado da Corte Suprema italiana, Gherardo Colombo, em entrevista à jornalistas brasileiros, durante palestra, em São Paulo, em março deste ano.

Para o ex-magistrado, a Justiça sozinha não tem o poder de eliminar a corrupção em um país. Essa tarefa, diz, só é possível com uma mudança nas pessoas, por meio da educação e da cultura. A vantagem do Brasil, com a Operação Lava-Jato, em relação à Itália, com a Mãos Limpas, é que nosso país ainda teria a oportunidade de rever os mecanismos que levaram a derrocada da Operação Mani Pulite deflagrada naquele país na década de 1980.

As semelhanças entre as duas operações são evidentes e decorrem do mesmo modus operandi, envolvendo políticos do alto escalão e empresários poderosos. Lá, como cá, os empreiteiros pagavam propinas a políticos em troca de favorecimento em obras públicas de grande porte. O que os brasileiros assistem agora é justamente ao ponto de inflexão, com a Operação Lava-Jato e congêneres chegando cada vez mais perto da classe política como um todo. Foi a partir desse ponto que as investigações começaram a fazer água e a naufragar na Itália.

Esse é exatamente o mesmo risco que corremos agora, com o Legislativo confeccionando, às pressas, uma série de leis, visando enfraquecer o ímpeto das investigações levadas a cabo pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O Correio Braziliense ( 27/10) listou as 10 medidas que o Congresso Nacional está elaborando para “melar a Lava-Jato” e, assim, afastar os políticos do braço da lei. Isso antes da reunião no Palácio do Itamaraty, na qual Michel Temer assumiu o papel diplomático de tentar melhorar a comunicação entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e a presidente do STF, ministra Cámen Lúcia. Ela tomou as dores quando o presidente Renan chamou um magistrado de “juizeco”. Reforçou que quando falam de um juiz ela se sente atingida. Por sua vez, o presidente do Senado a elogiou na reunião, dizendo que ela é um exemplo de caráter que o país precisava ter à frente do STF. As pazes estão feitas.

Ainda que a Justiça abarque com mão de ferro todos os políticos com negócios mal explicados com o Estado, teríamos longo caminho a percorrer, a começar por emendar os cacos da nossa educação, preparando uma nova geração de brasileiros para entender que o que é de todos não é só de um. É talvez a tarefa mais difícil de toda a nossa história, e que só pode ter início depois de terminada a lavagem completa do Estado, quem sabe refundando a República com outros personagens. A oportunidade que nos apresenta agora não pode ser negligenciada.

A frase que foi pronunciada:
“Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males.”
Voltaire

Sinal
» Como sempre, na linha de frente do PT, o marketing começa a ser construído. A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), em uma proposta de “Muda PT”. Lula quer o mais rápido possível uma decisão das correntes internas do partido sobre os próximos passos para conquistar os brasileiros. Com a execração do partido nos estados, a situação está no alerta vermelho.

Do STJ
» Na Operação Imperador no Riacho de Santana, na Bahia, foi apurado o desvio de verbas e fraude em licitações de transporte escolar , em que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) era indevidamente usado. O pessoal era tão certo de que nada aconteceria que chegou a registrar uma empresa com o telefone (77) 2222-2222 e o e-mail naotem@hotmail.com.

Pior
» Recaiu sobre os bombeiros todo o peso da tragédia na boate Kiss em Santa Maria. Dois deles tentaram fraudar documentos do inquérito policial, tentando confundir o juiz Ulysses Fonseca Louzada.

História de Brasília
Dizem outros que o sr. Jânio Quadros jamais poderia governar com o parlamento. Queria ser ditador e preparou o golpe. Iria para São Paulo, anunciaria a renúncia, e o Brasil inteiro se voltaria para Cumbica, de onde, em poucas horas, ele sairia como o grande vitorioso, e voltaria ao governo pela força, sem Congresso e com ditadura.

(Publicado em 16/9/1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin