DESDE 1960 »
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Circe Cunha e MAMFIL
Com a judicialização da questão do reajuste das passagens de ônibus e do metrô, e a vitória do Executivo no embate, as oposições ao governo Rollemberg, finalmente, encontraram o mote político que buscavam para justificar a declaração de guerra ao Palácio do Buriti, arrebanhando para essa empreitada todo um conjunto de siglas que praticamente tinham desaparecido do horizonte depois do desmonte do lulopetismo.
Não se enganem nessa questão. O que interessa de fato à parte significativa da Câmara Legilativa do Distrito Federal (CLDF) não é exatamente o peso dos reajustes no bolso do trabalhador. PSol, Juventude Socialista do PDT, Central Geral dos Trabalhadores e outros grupos, que sempre orbitaram como parasitas em torno do governo populista passado, querem desestabilizar a atual administração a todo custo.
O que move esses grupos, sob a batuta da CLDF, é a disputa nua e crua por nacos do poder. Os trabalhadores estão, mais uma vez, sendo usados como massa de manobra. Com o desmascaramento dos oportunistas, o tempo das ilusões ficou para trás e não dá mais para acreditar nas boas intenções dessa gente. Na peleja sem heróis, o GDF deveria organizar um amplo debate, ao vivo, envolvendo o corpo técnico do governo, o Conselho de Transporte, empresários e todos os segmentos da sociedade verdadeiramente preocupados com a questão dos transportes públicos, para que a razão e a verdade retornassem, naturalmente, para o lado correto. É sabido que as fraudes na utilização dos vales-transportes vêm se multiplicando a cada dia. É por esse bueiro, cuja profundidade se desconhece, que escoam recursos públicos preciosos.
O que é preciso é que a população veja e entenda, de forma clara e didática, o que dizem as planilhas e quais os meios reais de ajuste dos preços das tarifas com base principalmente nos cortes de despesas desnecessárias e no racionamento do sistema. Em tempos de inflação alta e de forte desemprego, falar em aumento de tarifas é comprar briga com a população. Mesmo assim é possível chegar a um consenso aceitável, que atenda a todas as partes, principalmente os usuários que bancam o sistema. Para isso, o primeiro passo, e talvez o mais difícil, seja organizar um sistema eficiente de comunicação entre o GDF e a população.
O que não é razoável é querer atender a todos de forma plenamente satisfatória, a menos que se faça como a maioria dos políticos que, nessas horas, prefere optar pelo caminho mais fácil, empenhando a alma e a dignidade. O que parece ser absolutamente impossível, nestas circunstâncias, é satisfazer o apetite pantagruélico da classe política local e muito menos o dos grupos de aproveitadores que rondam o governo como mariposas em volta da luz.
A frase que não foi pronunciada
“País desenvolvido não é aquele em que o pobre anda de carro. É aquele em que o rico anda de transporte público.”
Pensamento urbano
História de Brasília
As explicações de que são necessárias essas viagens são, vamos dizer assim, do tempo do presidencialismo. Isso porque não é possível que o presidente e o primeiro-ministro vivam em Brasília, enquanto os ministros restantes só possam viver na Guanabara. (Publicado em 21/9/1961)