Espírito da Liberdade

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge: Mafalda e a democracia

Pouca gente neste mundo soube tão bem e de maneira mordaz definir o que é democracia. Millôr, o guru do Méier, dizia ele: “democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.” Chistes aparte, democracia é coisa séria. Não fosse, não estaria na agenda da história da civilização humana por tantos séculos.

Desde o século V a.C, na Grécia, este modelo de governança, em que os cidadãos opinam livremente sobre os destinos do Estado, foi sendo desenvolvido e aprimorado. O fato é que, até aos dias de hoje, não foi possível ao intelecto humano criar um outro modelo alternativo, tão eficaz e duradouro como a velha e boa democracia ateniense.

Sem a participação voluntária da nação, os Estados não passam de patrões autoritários ou coisa do gênero, decidindo e impondo deveres, infelicitando o povo ao mesmo tempo em que cuidam de reproduzir o inferno na Terra. Cientistas políticos, que vêm pensando e discutindo democracia ao longo do tempo, sabem que a evolução nas relações sociais impõe mudanças também na maneira como entendemos e praticamos a democracia.

O que pode assustar os menos avisados é a notícia de que, assim como as cidades, também a democracia pode eventualmente vir a morrer de falência múltipla dos órgãos. Na obra intitulada “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levistsky e Daniel Ziblatt, publicada em 2018, os autores deixam claro que não são apenas os golpes de Estado que tiram a vida das democracias. Também, em nosso mundo contemporâneo, temos assistido o falecimento de muitas democracias de forma gradual e de modo sutil, quando esse sistema passa a ser atacado por dentro, como uma doença progressiva, minando e decretando lentamente a falência dos princípios democráticos um a um.

São diversas as maneiras que podem debilitar a democracia, querem pelo desrespeito às normas democráticas: quando o declínio democrático começa com a erosão das normas políticas, como a rejeição ao respeito mútuo e a negação da legitimidade do oponente político. Ou quando a erosão das instituições políticas provoca o enfraquecimento democrático, envolvendo diretamente a deterioração das instituições políticas, que são fundamentais para o funcionamento saudável de uma democracia.

Também pode ocorrer pela polarização extrema, visando minar a capacidade de encontrar soluções consensuais e compromissos. Ou mesmo quando passa a existir a rejeição à diversidade e ao pluralismo. Ou seja, quando os próprios líderes políticos rejeitam a diversidade e o pluralismo vão levando ao enfraquecimento dos valores democráticos. Há ainda a chamada manipulação da mídia: quer com a disseminação de informações falsas para corroer a confiança nas instituições democráticas, quer para enfraquecer a oposição.

Nessa obra que causou grande alvoroço no meio político, os pensadores também destacam a importância de atores-chave na preservação da democracia, como partidos políticos responsáveis, elites políticas comprometidas e uma imprensa livre e imparcial. A falta de quaisquer desses elementos pode abrir caminho para líderes populistas autoritários minarem os mecanismos de freios e contrapesos, levando a democracia a falência.

Não são poucas as democracias no mundo ocidental que estão, neste momento, experimentando um ou mais desses venenos fatais, carecendo de socorro imediato para salvarem-se da morte. “Uma das grandes ironias de como as democracias morrem, dizem os autores é que a própria defesa da democracia é muitas vezes usada como pretexto para a sua subversão.

Aspirantes a autocratas costumam usar crises econômicas, desastres naturais e, sobretudo, ameaças à segurança – guerras, insurreições armadas ou ataques terroristas – para justificar medidas antidemocráticas. Nestes últimos anos passou ser comum ouvirmos, com certa insistência a adoção de medidas restritivas ao livre pensar e criticar, todos eles erigidos sob o pretexto de defesa do Estado Democrático de Direito. Em nome dessa entidade todo o poder do Estado passa a ser legítimo, mesmo que isto custe o que de mais caro exista nas relações entre o cidadão e o Estado, que é a garantia da liberdade.

O mais penoso é saber que a democracia pode, segundo Levitsky, morrer nos braços de líderes eleitos ou sob o alvitre daqueles que têm como missão salvaguardar a Constituição. O fato é que a erosão da democracia, para a grande maioria, pode acontecer de maneira quase imperceptível. Quando despertos do sono, muitos cidadãos podem se dar conta de que já estão no abismo e sob o comando das trevas. “Os cidadãos muitas vezes demoram a compreender que sua democracia está sendo desmantelada – mesmo que isso esteja acontecendo bem debaixo do seu nariz.”

 

História de Brasília   

No Supermercado UV-1 o uísque nacional custa Cr$ 1.320,00. No UV-2, o mesmo uísque custa Cr$ 1.032,00. Para que não haja engano, o UV-2 é quem está com a razão. (Publicada em 10.04.1962)

Necessidade de arte e cultura

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Ilustração: Atlas linguístico do Brasil

         Com a quarentena, imposta pela pandemia, aquela parcela da sociedade que ficou confinada em seus lares, inclusive aqueles que encontraram amparo econômico por meio do trabalho em casa, tiveram, em algum momento, que buscar refúgio e paz de espírito na cultura.

         Ao contrário do que muita gente acredita, a cultura, incluindo aí tudo o que diz respeito ao universo das artes, não é mero passatempo reservado ao entretenimento e ao lazer. Nem tampouco atividade para o desfrute de uma classe de pessoas privilegiadas. É muito mais do que podemos mensurar. Um povo desprovido de produção cultural, se é que existiu algum na história da humanidade, sobrevive alheio ao mundo em redor. Pois a cultura é a própria tradução e representação do mundo em que estamos imersos. Mesmo aquelas civilizações que devotavam todo o seu tempo e o melhor de sua gente às atividades de guerrear e submeter outros povos, como parece ser o caso dos espartanos, na Grécia clássica. Mesmo esses povos baseavam sua cultura na educação e no treinamento militar rigorosos e obrigatórios para todos os cidadãos, num regime conhecido por “agoge”.

         Eles, que amavam as armas e a guerra, também cultivavam a leitura, a música, a escrita e a dança. Assim, agiam também as mais diversas sociedades humanas ao longo da história. Todos, em menor ou maior grau, produziram cultura, até como uma herança social, capaz de agir como elemento aglutinador de identificação entre os indivíduos de uma sociedade, falando de seu passado e acenando para o futuro.

         Para a antropologia, a cultura é o elemento que, por excelência, diferencia o homem racional de outros animais. O ser humano é, por conseguinte, um animal produtor de cultura. Aliás, a maioria dos povos que, ao longo de milênios, cresceram, desenvolveram-se sobre o planeta, ou mesmo foram extintos, só puderam ser conhecidos como tal, graças à produção de cultura que organizaram em seu tempo de existência.

         Ainda dentro das ciências que exploram a existência humana no mundo, a cultura é vista como elemento indutor da própria evolução humana, contribuindo para o aprimoramento de técnicas diversas que tornavam a vida mais proveitosa e por consequência, mais longeva. Também graças à propagação das atividades e do fazer cultural é que foi possível abrir caminhos para o combate aos problemas socioeconômicos, melhorando a autoestima dos povos, atraindo novos valores, conferindo identidade, autodisciplina e outros valores morais e éticos que foram sendo aperfeiçoados ao longo da jornada humana. Mesmo aspectos outros, como o sentimento de pertencimento a um determinado lugar, a um determinado povo, foi dado através do trabalho e do desenvolvimento da cultura. Há ainda, entre as mil facetas proporcionadas pela cultura, a abertura de oportunidades para a realização individual e coletiva das pessoas, aspecto fundamental e agregador de toda e qualquer sociedade, seja ela do passado ou do presente.

         Não seria exagerado supor então que por meio da produção cultural, é possível afirmar que a perpetuação de uma civilização está diretamente ligada à sua capacidade de gerar cultura e, portanto, conhecimento. Não é por outra razão que muitos estudiosos apontam a cultura como sendo a própria alma de um povo, capaz de dar impulso e ânimo.

         Tão importante ainda como a identidade dada pela cultura a um povo, comumente chamada de identidade cultural, é o fato de que é, através dos mecanismos propiciados pela cultura, que surgem as possibilidades e os meios para o desenvolvimento das artes, em todas as suas vertentes. E é aí que voltamos ao início do texto no que concerne à importância que a cultura exerce em momentos especiais, sobretudo numa época em que tangidos pelo medo da doença e da morte, os indivíduos buscam, na cultura e sobretudo no seu mais importante produto: as artes, a possibilidade de sentir-se em iguais, desfrutando do mesmo destino, seja em tempos de paz ou de guerra. O teatro, a música, o cinema, a poesia, as artes plásticas e uma infinidade de outras realizações do gênio humano, tornam a jornada humana sobre o planeta uma experiência que vale ser vivida, não importando o que se passa lá fora.

         Nesse aspecto não importa se a cultura é erudita ou popular. O efeito terapêutico sobre as diferentes pessoas é o que importa. E como importa. Dentro desse contexto é crucial reforçar a contribuição dada pelas mídias sociais na divulgação dos mais variados temas artísticos e culturais. Ouve-se de pagode à música erudita, num toque de dedos.

         Bibliotecas de todo o mundo estão ao alcance de todos nas redes. Do ponto de vista cultural, as mídias sociais possibilitam desde visitas virtuais a museus e outros sítios de interesse histórico, como leva o internauta a dar um giro pelo mundo, sem sair do lugar.

         Para muitos, é nas ruas ou na sala de visita comum e coletiva, que podemos desfrutar a vida com todo o seu potencial, ao vivo e a cores. Há as cidades mais providas de equipamentos de cultura, como teatro, galerias, museus e outros centros culturais, e outros lugares áridos de cultura, sem espaços adequados para o exercício da cidadania e das artes. Que nossos governantes tenham sensibilidade para perceber os esforços dos verdadeiros trabalhadores das artes.

 

A frase que não foi pronunciada:

“A arte não é um espelho que representa a realidade, mas um martelo para moldá-la.”

Bertold Brecht

Bertolt Brecht, c. 1948–55. Arquivos Federais Alemães (Bundesarchiv), Bild 183-W0409-300; fotografia, Kolbe Creative Commons Atribuição ShareAlike 3.0 (genérico)

 

História de Brasília

A situação do IAPC em Brasília é dramática, pelo abandono votado ao Distrito Federal pelo presidente do Conselho Administrativo. E justamente por causa do sr. Pery Rodrigues, os funcionários não terão apartamentos novos. (Publicada em 07.04.1962)

Ao povo brasileiro

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Foto: cnbb.org

Em mensagem dirigida ao povo brasileiro, por ocasião da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre 10 e 19 de abril último, os bispos católicos, citando Mateus 23,8, que ressalta: “Vós sois todos irmãos e irmãs”, lembraram, logo de saída, que as experiências adquiridas pelo nosso passado recente, nos ensinam a buscar, no diálogo, as soluções para o Brasil atual.

Para os bispos reunidos na assembleia, foi graças às articulações, entre agentes lúcidos e cidadãos, que superamos e deixamos para trás aqueles problemas. Segundo apontam nessa mensagem, cabe às instituições do país, no caso, aos três Poderes da República, resolverem os problemas que se apresentam hoje à nossa democracia. Por isso mesmo, conclamaram essas instituições e a sociedade civil a seguirem o que preconiza a Constituição de 1988. Nesse sentido, lembraram os bispos, que as questões relativas à independência e à harmonia entre os Poderes não são apenas opções de momento, mas, sim, deveres permanentes e irrenunciáveis, que, aliás, estão expressos na Carta de 1988. De acordo com esses prelados, lembrando o papa, “a paz, por ação da força mansa e santa dos que creem, deve ser buscada como forma de se opor ao ódio da guerra”.

Durante essa assembleia, foram mencionados os gastos militares, que, no ano passado, cresceram e foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, assim como a fome no mundo, que aumentou no mesmo ritmo. Em nosso país, segundo os bispos, verifica-se também um crescimento sem precedente do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do vandalismo, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis.

Na avaliação desses religiosos, a realidade dos migrantes, do povo em situação de rua e da população encarcerada continua sendo um desafio, assim como a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência, que continuam a violentar nossa nação. Diante de uma situação calamitosa como essa apontada pelos bispos, a saída seria construir a paz, sobretudo aquela paz que nasce da justiça, segundo está escrito em Isaías 32,17. “Entendemos que o Brasil necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para os jovens Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir, solidariamente, em prol de um país economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável”, diz a mensagem.

Com relação aos novos desafios trazidos pelos problemas climáticos, os bispos assinalam a necessidade de uma transição rápida para as energias limpas. Também com relação à Amazônia, os bispos destacam que os povos que ali vivem não podem mais ser sacrificados por um modelo de exploração que não permite o bem viver. Também lembraram de outros biomas, como o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o Pantanal, que estão sofrendo pressões de todo o tipo, tornando a cada vez mais difícil a reversão dessa destruição. Para os bispos, “toda a casa comum sofre com a destruição”.

Na mensagem ao povo brasileiro, os bispos, reunidos na CNBB, destacaram a realização, em 2025, da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará. Na oportunidade, serão discutidas possíveis soluções para o aquecimento global, bem como alternativas sustentáveis para a vida no planeta. No encontro, segundo eles, deverá existir um sério compromisso dos governos com a obra da criação. Em relação aos povos indígenas, os bispos ressaltaram que é preciso melhorar as políticas públicas com ação concreta na defesa dos povos originários, bem como a proteção de suas terras, especialmente no território Yanomami.

Durante a realização da 61ª assembleia, os bispos lembraram que passados 64 anos do início da
ditadura militar, a nossa democracia ainda necessita de cuidados. Para tanto, destacaram que as próximas eleições municipais deste ano serão uma oportunidade para fortalecermos a nossa democracia,
por meio do voto consciente. “A consciência cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois há exigências éticas para a realização do bem comum”, diz a mensagem.

Com esse intuito os bispos conclamam à união de todos, sendo que ninguém deve abdicar da participação na política. Em relação aos meios de comunicação, questão muito discutida hoje em dia em nosso país, os bispos assinalam que é preciso o combate à desinformação, principalmente aquela que usa a linguagem religiosa para justificar interesses políticos e econômicos escusos. Lembrando mais uma vez o papa Francisco, os bispos destacaram que a inteligência artificial corre o risco de ser rica em técnica e pobre em humanidade. Para tanto, disseram: a liberdade de expressão não pode estar a serviço da divisão social, pois o ódio, o fundamentalismo e o populismo enfraquecem a democracia.

 

História de Brasília

Agora, voltamos ao mesmo assunto. Subindo ou descendo a superquadra, esteja sempre com seu carro em segunda. Se você tem chapa branca, avise ao seu motorista para fazer assim. Pode ser que ele não saiba, ou não se lembra, e sua advertência é uma necessidade. (Publicada em 6/4/1962)

Política habitacional

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Foto: laboratoriobrasilia.blogspot.com

 

Para garantir e pôr em prática os direitos previstos na Carta da República, o Estado, por meio de seus representantes eleitos, no caso o governador, tem o dever de implementar políticas públicas que atendam as necessidades básicas da população. Dentre essas medidas, talvez a mais importante seja justamente aquela que assegure a realização de programas habitacionais visando a obtenção da casa própria. Ter a própria moradia é um desejo de 9 em cada dez brasileiros de renda média ou baixa. Estranhamente, esses programas habitacionais para a aquisição de um imóvel por uma família tiveram seus critérios alterados, de forma a transformar esses importantes projetos de cidadania em esquemas de cooptação de apoios políticos, não muito diferentes do que eram feitos no início do século XX com as chamadas políticas de cabresto, em que o cidadão tinha todo o qualquer direito atrelado à algum tipo de apoio ao político local. Ou apoiava o coronel, ou ficava sem nada; em alguns casos, até sem a vida.

De lá para cá, a inviolabilidade obrigatória do voto e outras conquistas reduziram esse tipo de ameaça. Diminuiu, mas não extinguiu completamente. Ainda é comum, mesmo aqui na capital e em pleno século XXI, verificar-se, por denúncias, a compra de votos ou promessas de aquisição da casa própria ou lote, mediante o apoio político nas eleições. Em Brasília, particularmente, tem havido, desde a emancipação política, um forte esquema que transformou lotes públicos em moedas de apoio político.

Essa política, de um voto, um lote, tem provocado um verdadeiro fenômeno de “desurbanização” da cidade, através da criação de núcleos e bairros habitacionais sem quaisquer critérios de planejamento, construídos em ritmo acelerado, justamente para tornar os abusos como fatos consolidados. Embora não se discuta a importância da casa própria para a segurança e proteção das famílias, o caso é que ainda se verifica, aqui e ali, vestígios de que esses programas habitacionais continuam sendo realizados e de forma enviesada, para favorecer políticos com assento no Executivo e no Legislativo e, por via transversa, a empreiteiros, alguns inclusive arrolados em processos na justiça.

O que salta aos olhos e não possui qualquer razão convincente é porque, ainda hoje, não foi posto em prática um amplo programa habitacional visando atender diretamente o funcionalismo de renda média baixa, sobretudo aqueles servidores das Forças Armadas, dos Bombeiros, da Polícia Militar, Defesa Civil, professores e outros valorosos trabalhadores, tão necessários à segurança e ao bem-estar da população.

Será por que eles não atrelam seus votos a benesses políticas? Entregar conjuntos habitacionais a correligionários ou a eventuais apoiadores políticos não é fazer política pública, mas sim utilizar recursos públicos apenas para fazer política partidária cujos os efeitos estratégicos se esgotam ao findar das eleições.

As consequências nefastas desse arremedo de “política pública” conhecemos muito bem, principalmente seus efeitos sobre a desorganização de todo e qualquer planejamento urbano.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Planejamento urbano não garante a felicidade. Mas o mau planejamento urbano, definitivamente impede a felicidade.”

Trecho da revista Vida Simples citando Jan Gehl, arquiteto dinamarquês.

Foto: archdaily.com.br

 

 

Boa leitura

Com certeza está, na livraria da UnB, a obra Ensino das Artes na Universidade – Textos fundantes, organizado por Lourdes Teodoro, do corpo docente da UnB. Leitura que vale a pena.

Foto: noticias.unb.br

 

 

Carnes

Embrapa abre oportunidade para empresas interessadas em levar à prática o projeto Aprovinos, onde, além das copas e presuntos, foram desenvolvidos outros diversos produtos à base de carne ovina, como mortadelas, oveicon, patê, hambúrguer, linguiça, sarapatel, buchada e pertences de feijoada. Será por edital público.

 

Festa

Amanhã, dia 24, a Embrapa apresentará, na solenidade dos 46 anos da empresa, os presuntos e as copas que serão destaques tecnológicos da estatal agropecuária.

Copa ovina – Foto: Paulo Lanzetta (embrapa.br)

 

 

Cachoeira

Incríveis as imagens das cachoeiras nas salas do minhocão da UnB. Veja a seguir!

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A crise de São Paulo é uma vergonha. O governo Carvalho Pinto preocupou-se demais com o que chama de “administração de base” e esqueceu os detalhes humanos. Vencimentos de fome num Estado rico. (Publicado em 18.11.1961)

Êxodo

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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Imagem: istoe.com.br
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           Com a posse do novo presidente, em janeiro de 2019, dezesseis anos terão se passado desde que o primeiro ex-operário subiu a rampa do Palácio do Planalto. Com Lula, chegaria também ao poder o primeiro governo de orientação esquerdista. Dessa experiência histórica, desejada por muitos que ainda creditavam esperanças de igualdade plenas nessa vertente política ficou, ao lado de uma grande decepção, a constatação de que o país havia retornado ao fundo do poço, depois de ser brevemente resgatado pela engenharia econômica do Plano Real.

       De lá para cá, o Brasil foi do céu ao inferno num átimo. O que restou, talvez, de mais proveitoso dessa experiência frustrada foi o aprendizado de que honestidade e eficiência na gestão do Estado não são atributos exclusivos dessa ou daquela matiz ideológica, mas advém unicamente da escolha livre e sensata de brasileiros conscientes da importância do voto.

        Hoje, num balanço rápido, o que temos, além do encarceramento da cúpula que governou o país e da mais profunda depressão econômica já vivida pelos brasileiros, são dúvidas e incertezas sobre os destinos do país. Das inúmeras consequências negativas dessa experiência que se quis “revolucionária” nos moldes dos anos sessenta, ficaram os 14 milhões de brasileiros de todas as idades que vagam pelas cidades em busca de empregos, o desmantelamento das instituições, a descrença geral nas elites dirigentes e talvez a mais nefasta de todas as heranças, que é a desesperança dos jovens no futuro do país.

      Experiências vindas de outras partes do globo em outras épocas ensinam que qualquer país que assiste à debandada de sua força jovem sofre muito mais para recuperar sua pujança e encontrar os trilhos da história. Nesse sentido, quando uma pesquisa de opinião chega a constatar que, se pudessem, 62% ou quase 20 milhões dos jovens brasileiros iriam embora do país em busca de novas oportunidades e qualidade de vida, o que se tem, em números expressivos, é o retrato, sem retoques, de um processo de profunda desilusão que tomou conta das nossas novas gerações.

        Essa situação se agrava ainda mais quando a mesma pesquisa, feita pelo Datafolha, demonstra que mesmo a população adulta, que já fincou raízes econômicas no país, nada menos do que 43%, expressaram desejo de também deixar o Brasil. Para muitos nacionais, esse desejo não ficou apenas na intenção. O número de pedidos nos consulados e embaixadas de países como Estados Unidos, Espanha, Chile, Canadá, Portugal entre outros países, não param de crescer e já somam milhares de pessoas que voluntariamente almejam ir embora, em busca de uma nova vida em um lugar mais tranquilo e promissor.

           Essa vontade manifestada por milhões de conterrâneos de deixar tudo para trás, virando estrangeiro, num país longínquo é, sem dúvida, a mais patente e perniciosa consequência advinda da experiência vivida por todos nós, a partir de 2003, e que ainda hoje rende seus frutos amargos e dissolutos.

 A frase que foi pronunciada:

“Em Portugal quem emigra são os mais enérgicos e os mais rijamente decididos; e um país de fracos e de indolentes padece um prejuízo incalculável, perdendo as raras vontades firmes e os poucos braços viris.”

Eça de Queirós

EPPR DF005

Inventaram um setor de oficinas que de oficina não tem nada. São galpões às margens da pista norte antes de chegar ao Paranoá. A Agefiz precisa ver o estrago que estão fazendo por ali. Derrubando as árvores, carregando as toras. Dezenas de tratores em jornada plena. Nova invasão com total liberdade e certeza da impunidade.

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Na terra dos concursos

Vejam duas entrevistas feitas na Enap bastante importantes. A primeira com a doutora Ketlin Feitosa Scartezini, sobre Gestão e Tecnologias Ambientais. Ela é assessora-chefe de Gestão Socioambiental do Superior Tribunal de Justiça. A outra entrevista é com o subsecretario de Compras Governamentais do GDF, Leonardo Rodrigo Ferreira, que fala sobre os conceitos dos modelos de compras públicas.

Acima do Peso

Os dados são alarmantes. De acordo com Luiz Fernando Córdova, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM),  a obesidade é uma realidade para 18,9% dos brasileiros. “Já o sobrepeso atinge mais da metade da população (54%). Entre os jovens, a obesidade aumentou 110% entre 2007 e 2017. Esse índice foi quase o dobro da média nas demais faixas etárias (60%)”, destaca Luiz Fernando.

Charge: Denny
Charge: Denny

Sina

Como os canais brasileiros de TV aberta pertencem ao Estado, o mínimo para as concessões deveria ser o caráter educativo. Infelizmente, não é o que acontece. A baixaria é tanta, a qualidade dos programas é tão sofrível, que além de transporte particular por falta de mobilidade, escolas particulares por falta de condições de ensino nas públicas, planos de saúde por falta de hospitais públicos decentes, o consumidor, eleitor e cidadão brasileiro é obrigado a pagar por canais fechados para poder se distrair um pouco.

Charge: Alpino
Charge: Alpino

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A situação no Rio é simplesmente alarmante. Falta água, falta feijão, falta carne, falta energia elétrica, e falta governo. (Publicado em 26.10.1961)

História de Brasília

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O Posto Texaco da 306 já está sem gasolina, e o Shell da 305 tem gasolina azul para poucas horas. A amarela já acabou. Isso em consequência da “corrida” que fizeram aos postos os proprietários de automóveis de Brasília. Novo abastecimento está sendo esperado para as próximas horas.
(Publicado em 30/8/1961)

História de Brasília

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Os ministros militares, por volta das 14h de ontem, estiveram na Superquadra do Iapetc, se dirigiram para o apartamento do sr. Ranieri Mazzilli. Os oficiais que acompanhavam as altas patentes, ficaram no térreo, subindo apenas os ministros. Um repórter acercou-se de oficial da Marinha, e indagou alguma coisa sobre a reunião. Eu não sou daqui, respondeu o oficial. Sou de Niterói. E o destacamento de lá, como vai, foi a pergunta seguinte do repórter. (Publicado em 30/8/1961)