Autor: Circe Cunha
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Desde tempos imemoriais, e por razões óbvias, a humanidade buscou estabelecer e desenvolver suas cidades ao longo dos cursos de água potável. Dessas civilizações antigas, fundadas às margens dos rios, os destaque são os egípcios, ligados ao Rio Nilo, os mesopotâmicos, fixados no vale fértil entre os rio Eufrates e Tigre, e os Indus, assentados ao longo do sagrado Rio Ganges. Aqui no Brasil, o grosso das nações indígenas também ergueu suas aldeias próximas aos grandes cursos de agua doce. Essa relação de dependência da água era reconhecida e, por isso mesmo, os rios eram adorados como verdadeiras divindades, fertilizando e irrigando as terra, tornando-as propícias para a prática da agricultura, para a pesca, para os transportes, para a fabricação da cerâmica, entre outras dádivas de vida trazidas pelas corredeiras d’água.
É sabido ainda que algumas culturas simplesmente desapareceram devido às secas prolongadas e, consequente, extinção dos cursos d’água, como parece ser o caso de Ankor, na Ásia, um complexo urbano erguido no século VIII, com uma área que se estendia por aproximadamente 650 Km e onde viviam mais de 750 mil habitantes. Milhares de anos depois, a humanidade continua dependendo desses mesmos recursos naturais, mas com uma diferença significativa e preocupante: o aumento da população e o consequente aumento da produção de bens têm levado não só ao esgotamento acelerado desses recursos, como também têm provocado uma crescente poluição dessas águas, tornando-as impróprias para o consumo humano.
O descaso com importantes rios se repete Brasil afora, inclusive já afetando o maior rio do planeta em volume d’água, o Rio Amazonas. O Nordeste convive hoje com a maior seca dos últimos trinta anos. Calcula-se que mais de cem importantes cidades nordestinas estão enfrentando um sério colapso no abastecimento de água. A escassez de água tem prejudicado a agricultura e a geração de energia. “As ruínas de várias cidades afundadas com a construção das hidroelétricas no rio São Francisco reapareceram. Minha Bem Bom, minha história e dos meus antepassados estão aqui neste local”, conta Iranildo, artista plástico que reencontrou seu passado no chão rachado pela seca. “É difícil compreender. Agora, a natureza anda cobrando a ganância dos homens do poder”, diz o morador do povoado de Bem Bom, na Bahia.
Projetos importantes, como a produção de frutas variadas ao longo do Rio São Francisco, estão sendo reorganizados ou simplesmente abandonados, tragados pela seca incomum. Cerca de 50 milhões de brasileiros nas regiões Sudeste e Nordeste estão com o fornecimento de água e luz comprometidos ao extremo. Trata-se de uma situação que tende a aumentar. Para um país que, até a pouco tempo, gabava-se da quantidade e variedade de suas bacias hidrográficas, a situação está literalmente no vermelho. O pior é que tanto o governo quanto a população ainda parecem indiferentes com a atual situação e seguem ou com políticas insuficientes para o problema, ou, no caso da população, consumindo nos mesmos níveis anteriores.
Um quinto dos brasileiros convivem hoje com os efeitos da estiagem prolongada e insuficiente de chuvas. A maioria das bacias hidrográficas da região Nordeste e Sudeste estão sob séria ameaça de existência, com os níveis dos reservatórios abaixo do normal. Trata-se da menor média histórica na quantidade de chuvas. Importantes áreas urbanas já convivem com o acionamento no fornecimento de água.
O comprometimento para a produção de energia elétrica tem estendido seus efeitos para a produção industrial e agrícola, ocasionando prejuízos ainda não calculados para a economia dos estados afetados. No ano passado, 1.280 municípios de treze estados do Sudeste e do Nordeste decretaram situação de emergência pela falta de água. Neste ano, o número se repete. A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil está literalmente inundada com os pedidos de socorro e emergência, vindos de toda parte e ao mesmo tempo.
As práticas de pesca e a navegação no Velho Chico estão, hoje, seriamente comprometidas, trazendo ainda mais problemas para a sofrida população ribeirinha. O desabastecimento entrou para o vocabulário das autoridades e da população e, em alguns casos, este fato é inédito. A captação de água nos chamados reservatórios de volume morto está sendo utilizada, em alguns lugares, pela primeira vez.
O acidente ocorrido no Município de Mariana em Minas Gerais, considerado como o maior na área de mineração do Brasil e um dos grandes mundialmente, agora junta forças para tentar reanimar o Rio Doce, agonizando com a perda de espécies animal e vegetal e ainda prejudicando a agricultura e a indústria localizadas ao longo desse rio. Autoridades ligadas ao meio ambiente alertam ainda que as 27 barragens espalhadas pela região comportam ainda 27 bilhões de toneladas de rejeitos industriais carregados de produtos venenosos que, por falta de fiscalização adequada, podem simplesmente inviabilizar a permanência de população nestas regiões.
Aos poucos, o governo federal desenha o futuro da mineração para o próximo triênio. Foi lançado, pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o Programa de Mineração e Desenvolvimento (PMD), que inclui 110 metas com foco na economia mineral, sustentabilidade, conhecimento geológico, investimentos, financiamentos para o setor mineral e exploração em novas áreas. Uma das metas do PMD é a regularização da exploração em áreas indígenas, o que será resolvido pelo Congresso.
A tragédia em Minas Gerais fez acender o alerta sobre o Marco Regulatório da Mineração e mesmo reaver o estatuto que regulamenta a extração de minerais, excessivamente permissivas às grandes e riquíssimas empresas mineradoras, cujo o lobby é poderoso e bastante operante em Brasília. Todo cuidado é pouco!
A frase que foi pronunciada:
“Dinheiro é como água do mar: quanto mais se toma, maior é a sede.”
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A informação é do Serviço Social: não dê dinheiro para ninguém comprar remédio. É exploração, porque para isso existe o SS no Hospital Distrital. (Publicado em 18/01/1962)
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Passados mais de três décadas do retorno ao Estado Democrático de Direito, efeméride que foi legalmente fixada com a promulgação da Constituição de 1988, a mais cidadã de todas as Cartas Magnas, e também a mais extensa, as reformas que seriam necessárias para a regulamentação de muitos dispositivos ainda aguardam uma definição por parte dos atuais legisladores, para entrar em pleno vigor.
No entanto, mais importante e urgente que essas medidas é o reconhecimento precoce de que muitos dos dispositivos introduzidos em nossa Constituição, e mesmo aqueles nascidos de modo consuetudinário, pelos vícios de nosso modelo de República, necessitam, por sua flagrante decrepitude, serem revistos o mais rapidamente possível. Algumas dessas mudanças ou reformas, caso não aconteçam, colocarão em risco nossa jovem democracia, mergulhando o país num caos institucional, no qual as saídas possíveis para o impasse de governabilidade serão as mesmas que levaram o Brasil a adentrar o túnel sem luz, em março de 1964.
Não se trata aqui de alarmismo, mas de pura concatenação de fatos que vão nos conduzindo, par i passu, para o mesmo beco sem saída do passado. Deixando de lado, por hora, os malefícios causados pelo modelo de presidencialismo de coalizão, que muitos reconhecem assertivamente como de cooptação pura e simples, como ficou sobejamente constatado nos episódios recentes do mensalão, há ainda problemas mais sérios a serem corrigidos.
Na conturbada área das relações entre os Três Poderes, o que a Nação tem assistido, nestes últimos tempos, não deixa margens para duvidar que mais importante do que as instituições em si, são os indivíduos que nela tomam assento, quer provisoriamente, como no caso do Legislativo e Executivo, quer de forma errônea e vitalícia no Judiciário. Mais do que embate de egos inflados, o que se observa é que a chamada harmonia entre os Poderes da República tem acontecido não pelo imperativo das leis, mas, tão somente, como resultado dos conchavos de última hora, na maioria das vezes impublicáveis, e que repetem a fórmula desgastada e sem ética do toma lá dá cá.
Nesse sentido, salta aos olhos a fórmula, para lá de enviesada, como ainda é feita a escolha para ministro da Suprema Corte. Ainda mais quando se verifica que muitos desses magistrados, deixando de lado os pré-requisitos de reputação ilibada e notório saber jurídico, que não são obedecidos, são lançados nessa alta corte, pelo menos, com a missão de servir como uma espécie de advogado de causas que interessam ou ao governo de seus padrinhos, ou diretamente à pessoa que os indicou para esse verdadeiro Olimpo dos deuses.
A problemas como esse, que induzem ao mau funcionamento da máquina do Estado, somam-se outros gerados não pela Carta de 88, mas resultado dos vícios de relacionamento entre esses variados atores da cena política e que acabam por esgarçar a administração do país, remetendo-nos, ciclicamente, aos rigores do subdesenvolvimento crônico.
A formação de bancadas, que agregam partidos de ideologias díspares para negociar com o Executivo, é outro empecilho a nos retardar a marcha para a democracia plena, transformando as relações institucionais, que poderiam ser realizadas em prol da nação, num grande balcão de negócios, onde é possível negociar todo o tipo de mercadoria. Há uma pane geral em toda a máquina do Estado, causada por falhas e vícios humanos e que seriam claramente evitáveis, fosse nossa elite política exemplo a ser seguido, o que, absolutamente, não é o caso.
A frase que foi pronunciada:
“Você e eu viemos de estrada ou trem, mas os economistas viajam com infraestrutura”.
Margareth Thatcher, foi Primeira Ministra da Inglaterra
Cruz
Qualquer conta do Governo Federal ou Distrital deveria rejeitar, automaticamente, o pagamento em duplicidade. Reaver esse dinheiro depois do erro é uma Via Crucis.
Resiliência
Depois de ter sido acusado de lavagem de dinheiro, o padre Robson foi inocentado. Diz o advogado dele que todos esperam que a biografia do religioso seja restaurada. Eduardo Jorge Caldas resolveu o problema com resiliência quando passou por esse tipo de problema. Colecionou as notícias falsas e processou um por um.
–> Assessoria de Comunicação da Associação Filhos do Pai Eterno
Sobre a decisão do juiz Ricardo Prata, da 8ª Vara Criminal de Goiânia, que condenou criminosos que tentaram extorquir o missionário Pe. Robson de Oliveira, a Assessoria de Comunicação da Associação Filhos do Pai Eterno informa:
1º) Quando o padre foi vítima de extorsão de mensagens falsas criadas contra ele, imediatamente acionou a Polícia Civil de Goiás, que entrou no caso para prender os bandidos;
2º) A entrega de dinheiro no episódio foi orientada e supervisionada pela Polícia Civil a fim de identificar e localizar todos os criminosos. A Associação não teve nenhum prejuízo financeiro e todo o valor já voltou para a instituição;
3º) A Polícia Civil fez perícia sobre todo o material usado para extorquir o padre e concluiu que todas as mensagens foram criadas, por aplicativos e sites próprios para simular conversas e criar Fakenews, como, por exemplo, o WhatsFake.
4º) Os criminosos fazem parte de uma quadrilha profissional e a condenação ocorreu também pela prática de crimes contra outras pessoas e entidades.
5º) A Associação Filhos do Pai Eterno esclarece que, até o momento, não havia se manifestado, pois estava atendendo a uma determinação judicial, a qual decretou o sigilo absoluto do processo. Somente na data de hoje vem a público para prestar estas informações, porque, juntamente com a condenação, o juiz levantou o sigilo da ação penal.
6º) A Associação agradece o trabalho da Polícia Civil do Estado de Goiás, do Ministério Público de Goiás, e elogia a decisão da Justiça, que restabeleceu a ordem, mostrou a verdade e fez a verdadeira justiça.
7º) Mesmo com a condenação e prisão, que são corretas e devem ser cumpridas, Padre Robson reza pela conversão e salvação destas pessoas que escolheram o mundo do crime para viver. Este episódio só prova que o mundo precisa cada vez mais de oração e atitudes de amor e paz.
Memória
Com as cigarras de volta, as chuvas estão próximas. Dica do filósofo de Mondubim.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Recebemos uma carta de um leitor contando que foi procurado por três desses falsos mendigos, com receitas do Hospital Distrital, pedindo dinheiro para aviá-las. (Publicado em 18/01/1962)
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Mesmo diante de um mundo em marcha rápida para um processo irreversível de globalização, nossas Relações Exteriores foram transformadas, de instituição do Estado, numa espécie de apêndice do governo, a experimentar as mais vexaminosas atuações nos foros internacionais. Ainda nos dias atuais, essa atuação apagada e sem o brilho e personalidade de outrora, permanece como um sinal desses tempos de mediocridade e de flagrante despreparo e falta de ética de nossas elites políticas.
Com a nossa diplomacia esvaziada e colocada a reboque dos anseios do governo e com o reconhecimento tácito de que nossas Forças Armadas, dificilmente, conseguiriam retaliar uma suposta tomada da região Amazônica por forças estrangeiras, não seria exagero acreditar que apenas a sorte ou um tipo qualquer de milagre assegura efetivamente a soberania do Estado Brasileiro sobre essa imensa região.
Diante de uma constatação como essa e diante dos conhecidos titubeios dos organismos internacionais em conter disputas territoriais, a sorte sobre os destinos da Amazônia está muito mais entregue às suas populações locais, do que propriamente ao governo. O governo já provou sua incapacidade total em combater e vencer inimigos como o fogo, os madeireiros, as invasões de terras, os pecuaristas, os mineradores e outros ecocidas dessa região.
Se nem mesmo esses destruidores desarmados são vencidos numa batalha interna, que dirá caso essa região venha a ser invadida por forças estrangeiras, sob o pretexto de preservação do ecossistema do planeta. Numa hipótese como essa e que não pode ser descartada, tendo em vista a situação global de alarme que atravessamos, de que adiantariam as bravatas e os apelos patrióticos e panfletários como os feitos pelo atual governo?
A Amazônia é nossa, na medida em que possamos demonstrar ao mundo nossas reais capacidades de cuidarmos dela comme il faut. Convenções, tratados e outros acordos podem muito bem serem desconsiderados e tornados letras mortas. A emergência do aquecimento global pode também, numa situação desse tipo, se sobrepujar aos conceitos abstratos como patriotismo, nacionalismos e outros ismos de apelo populista. A instalação de um general, como uma espécie de interventor nessa região, tem provado a pouca eficácia em conter o avanço de uma destruição que é acompanhada par i passo, ao vivo e a cores por todo o mundo. As declarações de êxito nessa missão são desmentidas a cada imagem de satélite que é publicada nas redes mundiais.
Numa emergência dessas proporções, o mais sensato, se é que se pode falar em sensatez nesses tempos atuais, seria a transferência provisória da capital para àquela região, com a concentração total de esforços para assegurar a preservação dessa região, que tem nos pertencido muito mais por questões de acidente geográfico do que por merecimento.
Não bastassem as ações tímidas e pouco eficientes desse governo em contornar essa que é uma crise, ao mesmo, tempo interna e externa, a atuação do atual ministro do meio ambiente vai na contramão do que se espera de uma pasta dessa importância numa época como a que atravessamos. A importância desse tema parece escapar à percepção de nossas autoridades, muito mais preocupadas com o processo eleitoral do que com a realidade debaixo do nariz.
Na Europa e nos Estados Unidos, a Amazônia e agora o Pantanal têm sido temas de discussões e preocupações nos diferentes fóruns de debates. Ameaças como as feitas pelo candidato à presidência dos EUA, Joe Biden, alertando nosso governo para parar de destruir a floresta ou vir a ter que enfrentar consequências econômicas, podem muito bem escalar para outros níveis, caso essas advertências não venham a se concretizar em ações de fato.
O mais trágico numa situação como essa é que, em caso de conflagração para retirar a soberania brasileira sobre essa região, terá que ser enfrentada não diretamente pelos responsáveis que erigiram essa tragédia, mas pelas mesmas populações de pés descalços e famintas que, há séculos, assistem a sequência de descaso do governo e os casos de corrupção que drenam recursos preciosos dessa região secularmente. Tal como na obra: “A Oeste nada de novo”, de Eric Maria Remarque (1898-1970), e que agora completa quase um século de sua publicação, fica a lição: as guerras não possuem nenhuma lógica do ponto de vista de quem está no front. Esses conflitos só interessam aos generais, ministros e outros membros da alta classe, que lucram com a morte de jovens inocentes.
A frase que foi pronunciada:
“A Justiça é tão poderosa e necessária no mundo, que o próprio Júpiter não tem direito de ser injusto, uma vez estabelecidas as leis do universo.”
Plutarco
Carroças
Foi o então presidente Collor quem trouxe carros melhores para substituir as “carroças” dos anos 80 que haviam como única escolha no Brasil. Dê uma espiada no blog do Ari Cunha. Em termos de carros, continuamos com verdadeiras carroças. Veja o Mercedes Benz AVTR.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Vou pedir ao Nauro Esteves para redesenhar a área interna das superquadras, para que os carros possam atingir os postos de assistência apenas por um lado, mantendo interrompido o tráfego na W-1. (Publicado em 17/01/1962)
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Pai, lembra o filósofo de Mondubim, é aquele que cuida. Com isso, ficou estabelecido, desde o aparecimento da humanidade sobre o planeta, que o indivíduo capaz de exercer, legitimamente, algum tipo de ascensão sobre seu semelhante, é somente aquele que, desde sempre, agiu no sentido de protegê-lo contra os perigos e as hostilidades do meio. Da mesma forma e por analogia direta, um Estado só pode exercer soberania efetiva sobre uma porção de um determinado território, se cuidar para que essa terra permaneça protegida contra as investidas de estrangeiros e outras ameaças, internas e externas.
Para isso, o uso da força, no caso as Forças Armadas, é, até hoje, o meio prático para dissuadir os pretensos invasores da empreitada. A imposição da força, que é um argumento definitivo e um ultimatum longo da lenta formação dos Estados nacionais, essa foi a fórmula mais empregada para manter ou conquistar maiores porções de territórios. Ainda hoje, é esse o meio mais utilizado para esse fim, mesmo diante das leis modernas e dos tribunais internacionais.
O exercício da soberania é sempre uma relação de poder amparado pela força. Obviamente, o desenvolvimento da ciência da diplomacia, como sendo uma espécie de exército com punho de rendas e com as finesses e a retórica da argumentação, serviu para atenuar o clima de beligerância entre as nações, evitando conflitos e outros males desnecessários. Mas, ainda assim, a soberania sobre todo e qualquer território requer, além de argumentações da diplomacia e do princípio da Uti possidetis, que estabelece que o direito de um país sobre um território é dado pela ocupação dessa área por populações, a força intimidatória da persuasão.
Não é preciso ir muito longe em nossa história para comprovar o quanto a questão da territorialidade brasileira se deve aos esforços sobrehumanos de Portugal em arregimentar tropas para fazer valer seus direitos sobre o imenso continente por ele descoberto, e em terras longínquas e inóspitas, expulsar diversas tentativas de invasões por outros povos. O quanto de vida e recursos essa empreitada teria custado à pequena metrópole, durante séculos, é ainda uma página em branco a ser pesquisada.
Por outro lado, sem disparar um tiro sequer, o patrono da nossa diplomacia, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão de Rio Branco (1845-1912), conseguiu a proeza de definir as fronteiras atuais do Brasil dentro de uma América do Sul que, em sua época, era um continente em permanente instabilidade política e militar. O zelo com que cuidava das disputas territoriais do Brasil com seus vizinhos deu ganho de caso na definição de fronteiras com Argentina, Equador, Colômbia, Peru, Uruguai, num tempo em que Ministério das Relações Exteriores ganhava uma dinâmica própria e que serviria como bússola a orientar toda a trajetória de respeitabilidade de nossa diplomacia, reconhecida em todo mundo pela excelência de seus profissionais.
Mas, isso foi no tempo em que havia a atenção e apoio do chefe de Estado para essas questões vitais de Estado. A entrada do século 21 e a ascendência de governos, totalmente despreparados para o exercício do cargo, reduziriam a atuação desse importante ministério a zero, lançando-o em missões que preenchiam apenas os anseios ideológicos de cada governante, dissociados das reais necessidades do país.
A frase que foi pronunciada:
“Ah se eles soubessem o que eu penso!”
Presidente Bolsonaro, sobre a posse
Fazer o quê?
Bancas de revistas, uma marca da cidade vai se apagando aos poucos. Transformadas em lojas de conveniência ou barracas de castanhas, tiram totalmente a possibilidade da leitura entre amigos. Novos tempos.
Vale a preservação
É raro ver alguma obra em Brasília, inclusive novas casas em terrenos antigos, onde o proprietário queira manter as árvores do cerrado. Geralmente, são cortadas e descartadas para dar lugar ao paisagismo pré-moldado. São troncos tortos como as pernas do Garrincha, como diz o poeta Nicolas Behr. Vale a preservação!
Ideias
Por falar nisso, os primeiros que deveriam receber instruções sobre a preservação de árvores nativas são os motoristas de trator. Sem noção sobre o meio ambiente, eliminam o que veem pela frente. Seria uma campanha publicitária e tanto se a DF Tratores, SM Tratores e outras empresas do ramo distribuíssem folhetos elaborados pela Emater sobre o cerrado.
Participe
Brinquedo novo para a criançada que enfrenta a pandemia é uma iniciativa que tem mérito. As primeiras damas Michelle Bolsonaro e Mayara Noronha Rocha se uniram com o apoio dos governos federal e distrital, além da preciosa colaboração dos funcionários públicos e comunidade. Quem quiser colaborar é só entregar o brinquedo nas administrações regionais, em batalhões da Polícia Militar e em unidades do Corpo de Bombeiros até
7 de outubro.
Fotógrafo e repórter
Juvenal Pereira, renomado fotógrafo, guarda um presente para os leitores e amigos. Em dezembro publicará a revista Rota 55.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Vou pedir ao Nauro Esteves para redesenhar a área interna das superquadras, para que os carros possam atingir os postos de assistência apenas por um lado, mantendo interrompido o tráfego na W-1. (Publicado em 17/1/1962)
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Imagem mostrando os membros do gabinete do presidente Jair Bolsonaro elevando as mãos ao céu em oração, cena cada vez mais comum nas reuniões de governo, poderiam ser encaradas como normais e aceitáveis, caso as instituições públicas seguissem o que ordena a Constituição quanto à laicidade do Estado. Mas, infelizmente, não parece ser esse o caso. Ainda mais quando se sabe que as bancadas de denominação neopentecostais dominam, através do Centrão, as votações dentro do Congresso, transubstanciando marotamente o que seria de Deus, na moeda vil de César.
Ninguém, nessa altura dos acontecimentos, seria néscio em acreditar que o que move essas bancadas evangélicas é o caminho do paraíso. Para esse grupo político, muito bem orientado quanto aos seus propósitos, o caminho para o céu é feito por uma trilha que ruma, primeiramente, para o caminho das cifras, a verdade conveniente e a vida cheia de conforto e privilégios. Fôssemos um Estado teocrático, nada de estranho haveria nessas cenas que transformam gabinetes públicos em templos religiosos. Acontece que a imiscuição paulatina desses grupos, pretensa e convenientemente religiosa na administração do Estado, mascara projetos muito bem urdidos pelos grandes chefes ou bispos desses credos, que, dos bastidores, organizam a tomada do Estado, sob a desculpa de salvá-lo do mal.
A expulsão dos vendilhões que ocupavam o templo de Deus, por ninguém menos que seu próprio filho, Jesus Cristo, serve, dois mil anos depois, como um alerta para o que acontece hoje em nosso país. Nesse sentido, é bom ressaltar que o retorno desses grupos de “irmãos”, reunidos agora na igreja política do Centrão, acontece por obra e graça do próprio presidente, também ele uma ovelha temporariamente desgarrada desse meio, e que agora retorna pródigo ao lar.
Com isso, o presidente Jair Bolsonaro, juntamente com o Centrão, “terrivelmente evangélico”, vão dando “novos” rumos ao governo, segundo seus credos e interesses inconfessáveis. De fato, fôssemos sinalizar com um marco temporal, fixando onde e quando tem início, verdadeiramente, o atual governo, essa data seria agora, durante a pandemia, época em que o presidente e sua base política finalmente se irmanam no controle do país. Por certo, diante de uma armação de governo dessa natureza, quaisquer tropeços serão debitados às maquinações do encardido, ficando, cada membro dessa seita, liberto das condenações tanto do inferno quanto dos tribunais terrenos.
Observar todo esse ambiente à distância, dá-nos a certeza de que no Brasil, a cada governo que chega, o que muda é a pantomima da administração do Estado, com os personagens trocando apenas os hábitos e as vestimentas, mas encenando a mesma dança falsa que ilude os cidadãos de quatro em quatro anos. Haja fé.
A frase que foi pronunciada:
“Os estúpidos guerreiam barbaramente o talento: são os vândalos do mundo espiritual.”
Camilo C. Branco, escritor português
Visionário
Vejam, a seguir, uma pintura feita pelo artista Walter Molino, em 1962. O título: A vida em 2022.
Ouvidos atentos
Manchas de óleo derramado por suposto navio venezuelano nas praias do país ainda aparecem aqui e ali. Nenhum sinal de protesto. Fumaça na Amazônia e a voz do mundo sobe. Os diamantes e nióbio escutam tudo. Mas não podem fazer nada.
Federal
Parlamentares que receberam o voto direto, para representar a população brasileira da Câmara dos Deputados, resolveram pressionar a Casa para votar o fim do foro privilegiado. A votação em Plenário, da proposta aprovada em 2018, é aguardada pela população. A Frente Parlamentar Mista Ética contra a Corrupção é composta por especialistas em Direito.
Embutida
Pelo preço das passagens aéreas, fica claro que quem vai pagar o prejuízo da pandemia são os contribuintes.
Amazônia
Divulgada pela AGU, uma ação que bloqueou R$4,5 milhões do proprietário de uma fazenda no Mato Grosso por desmatar 204,8 hectares na Amazônia. O Ibama vistoriou a região e comparou as imagens de satélites em períodos diversos, desde 2016.
“Vergonhoso”
Senador Confúcio destaca o absurdo do lugar ocupado pelo Brasil frente a países em número de computadores por estudante: 78º lugar.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Juntamente com a repressão ao excesso de velocidade ninguém em Brasília anda a 60 km., o Dr. Valmores Barbosa bem que podia reprimir também, o uso de lambretas ou automóveis sem cano de escape.
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Como a história tem provado inúmeras vezes, um dia todos esses personagens, que hoje ocupam, envaidecidos, as manchetes de jornais, irão ser deixados na poeira da estrada. Alguns, no entanto, serão lembrados pelas obras que deixaram, sejam elas boas ou ruins para as próximas gerações. O tempo tem provado que, por suas ações e declarações, já garantiram o lugar do mais esdrúxulo dos ocupantes do primeiro escalão deste governo.
Visto de longe, o ministro do Meio Ambiente mais parece um daqueles personagens da chamada quinta coluna, infiltrado na área, para sabotar, ainda mais, quaisquer medidas de proteção e preservação da natureza. Salles é hoje, sem dúvida, um personagem que merece figurar nas páginas da história como alguém colocado nessa posição para agir de modo infenso às questões sensíveis do meio ambiente, isso numa época em que esse é o principal tema a ocupar a agenda mundial.
Trata-se de um personagem que vai, aos poucos, garantindo, para si, uma unanimidade, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, como o ministro que mais retrocessos tem promovido na área do meio ambiente. Com certeza, nenhuma de suas ações parece partir de uma convicção própria, pois seria um absurdo supor que alguém com a nobre missão de proteger fauna e flora, em tempos de aquecimento global, pudesse agir contra o próprio meio ambiente. Mas esse paradoxo encontra uma explicação quando se verifica que a presença de Salles nessa pasta obedece a uma determinação muito específica desse governo, que encara questões do meio ambiente como um empecilho para o que entendem como progresso ou desenvolvimento, ou seja lá que sentido essas palavras têm para esse grupo.
Aos poucos, a boiada de Salles vai avançando mata adentro. Dessa vez, a manada tocada pelo dublê de ministro e peão. Depois de invadir territórios demarcados dos indígenas, para abrir caminho para os mineradores, madeireiros e pecuaristas, adentra agora, pelos manguezais e restingas no litoral brasileiro, para abrir clareiras para a especulação imobiliária e outros interesses contrários à preservação desses sistemas que são conhecidos como um grande berçário da vida marinha.
Na decisão, destaca-se o “evidente risco de danos irrecuperáveis ao meio ambiente”, caso as decisões do Conama sejam mantidas. As normas revogadas fixam parâmetros de proteção para Áreas de Preservação Permanente, tais como restingas, manguezais e outros ecossistemas sensíveis, com o objetivo de impedir a ocupação e o desmatamento. As regras valiam desde 2002.
Ao desmonte e esvaziamento de órgãos de fiscalização do meio ambiente, segue-se, agora, o desmanche do Conama, tornado mera instância do Estado para aprovação da antiagenda do atual governo para essa área.
Qualquer sistema, por maior e mais sofisticados que sejam seus mecanismos, tem seu ciclo. Com o meio ambiente e o lucro parece não ser diferente. No plano íntimo de cada um de nós, há ainda mudanças que se anunciam necessárias, mas que ainda não vislumbramos bem.
Hoje, as famílias estão sendo postas a provas duríssimas e isso, decerto, provocará reflexões, o que, por sua vez, abrirá portas para transformações. Temos claro que é impossível pensar em mudanças do sistema, seja ele qual for, sem mudanças nos indivíduos. Os sistemas refletem quem somos, gostemos ou não da premissa.
Pouco antes da eclosão da pandemia, vivíamos o dilema do aquecimento global. Esse fator externo também contribuirá para mudanças tanto no comportamento íntimo de cada um, quanto terá seus reflexos no sistema capitalista, principalmente em quesitos como o consumo e a distribuição de renda.
O ultraliberalismo e o hipercapitalismo, seus princípios éticos, parecem estar com os dias contados. Aqui no Brasil, as lições trazidas pela crise são inúmeras e soluções deverão ser adotadas. A começar por uma mudança de rumos do meio ambiente. Até que ele se torne inteiro.
A frase que foi pronunciada:
“Se queres ser mestre na fé, faz-te discípulo da natureza.”
Padre Antônio Vieira, religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Cientistas
Na Universidade da Columbia, raios ultravioleta podem funcionar como um desinfetante promissor contra o Coronavírus, destruindo partículas sem causar danos aos humanos. A UnB também tem produzido projetos do combate ao vírus. Um deles é um equipamento capaz de filtrar as moléculas do Coronavírus. O preço do investimento é o diferencial.
Mais feliz
No Setembro Amarelo, o mestre em Ciência da Educação e professor da PUC Minas Gerais, na disciplina Ciência da Felicidade e Bem-Estar, Renner Silva, criou um aplicativo no qual os gestores podem medir o índice de felicidade corporativa em suas organizações. A partir do diagnóstico elaborado pela ferramenta, que pode ser aplicada em qualquer empresa, os gestores podem adotar as ações e iniciativas indicadas para restabelecer o equilíbrio e a saúde mental dos trabalhadores. Acesse no link Método S.I.M. – A Ciência da Felicidade.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estão fechados com tabiques a última réstea de sol que havia no quatro andar do Palácio Planalto. Agora, o “hall” está sendo chamado de “Avenida Geraldo Carneiro”. (Publicado em 17/01/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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PEC aprovada pelo Congresso prevê primeiro turno das eleições em 15 de novembro, e o segundo em 29 de novembro, neste ano de 2020. O avivamento das discussões sobre os escândalos da Lava Jato e suas consequências para a vida política do país estão, até o presente momento, completamente apagadas. Não se vê ou ouve, por parte dos postulantes, qualquer menção a esses crimes, seus personagens e, principalmente, as nefastas consequências decorrentes dessa sucessão de delitos que arrastou o Brasil para a mais profunda crise econômica e política de toda a sua história.
O mutismo em relação a esse mega fato se explica, em parte, porque ficou constatado que, além do Partido dos Trabalhadores, que organizou com método todo esse esquema, praticamente todos os partidos estiveram, direta ou indiretamente, envolvidos nessa maracutaia. Custa a crer que os candidatos não façam qualquer referência, até mesmo para mostrar que esses fatos não irão mais se repetir.
O silêncio sepulcral sobre os mais graves crimes de corrupção precisa vir à tona e ser debatido à exaustão, até que não sobre mais a mínima chance de que venha a ocorrer novamente. A razão ensina que não se pode falar em projetos futuros, quando um assunto dessa gravidade, enredando os principais personagens e dirigentes do Estado, jogando o nome e o prestígio do país na lama e gerando mais miséria e insegurança, não for devidamente discutido e encerrado.
Não chega a ser surpresa para ninguém que esse silêncio obsequioso faz parte de uma manobra que visa, sobretudo, reeleger os principais personagens desses crimes, na busca desesperada por prerrogativa de foro. Outros acreditam, e com boas razões, que haverá um grande acordo que será denominado de pacificação nacional, em que todos esses crimes serão esquecidos em nome de uma pressuposta união do país.
O que esse silêncio ou branco na memória em torno desses crimes revela, aos ouvidos daqueles que sabem escutar, é que o que está em marcha não são apenas as eleições de outubro sem voto impresso, auditável, mas um amplo movimento que visa construir uma falsa nova república, erguida sobre os mesmos pilares corroídos pela ética.
O que se está a fazer nessas eleições é a reforma de fachada de um velho prédio condenado a ruir. O estrondo provocado pelo colapso desse enorme edifício que ameaça, em breve, vir a baixo será a resposta natural a esse silêncio dos cúmplices.
A frase que foi pronunciada:
“Há silêncios que são mentiras.”
De Vogue
Quem pode? Quem não pode?
Está bem estranha a divulgação, de forma negativa, de autoridades recebendo amigos em jantares ou churrascos, sendo que e a mesma origem divulga fotos de verdadeira multidão nas praias pelo país. Aqui em Brasília mesmo, o piscinão é um exemplo de que todos estão cansados do assunto Coronavírus. Cervejinha gelada, sem máscara, churrasco e muita alegria.
Início: 19h
Efeitos
Literalmente surdos. O barulho no Plenário é tanto que funcionários antigos, principalmente da Câmara dos Deputados, começam a sentir os efeitos do trabalho naquele local. Seria interessante uma pesquisa mais profunda sobre esse assunto.
Pedido
Basta uma volta pelas superquadras da cidade para ver o perigo constante que são os bujões de gás do comércio em áreas públicas. A comercial da 213 Norte, bloco D.
Carinho
Foi Erica Coelho quem esteve presente no evento dedicado ao pai, o plantador de árvores em Brasília, Ozanan Coelho. Inaugurada, no CA1, a praça Francisco Ozanan, com o busto do homenageado.
Engordou?
Um estudo feito pelo farmacologista clínico e fármaco-nutricionista Dr. Paul Clayton, da Universidade de Middlesex, discorre sobre a relação do estado de espírito e a comida. Ele diz que optar por alimentos ricos em carboidratos deixam o indivíduo mais feliz e a opção por alimentos ricos em proteínas trazem mais foco e atenção.
Social
Toma posse da diretoria da Ação Social Caminheiros Antônio de Pádua, Salvelina Pereira Roldão Cabral. O projeto M + H, que trata de jovens vulneráveis, é o maior desafio,
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Quem fez a gente respirar no aeroporto não foi o sr. Bressan, coisa nenhuma. Foi o novo prefeito, foi sua esposa, que passaram a olhar para um logradouro que estava abandonado, empoeirado, com postes se acender (ainda está) e com poltronas acochadas.
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Pouco antes de falecer, em 1997, o educador, antropólogo, escritor e sociólogo Darcy Ribeiro, fundador da Universidade de Brasília (UnB) e criador dos chamados Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), chamou a atenção para um fato que hoje vamos comprovando com tristeza: “ se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.” Ele mesmo, na condição de brasileiro que antevia, na educação, a única saída para o término do subdesenvolvimento crônico do País, já havia, percebido e experimentado, na própria pele, as dificuldades impostas pelas elites nacionais, para que a educação ocupasse um lugar de destaque absoluto entre todas as necessidades internas.
Já na terceira idade, chegara à conclusão derradeira de que “a crise da educação no Brasil, não era uma crise; mas um projeto.” Um projeto, diga-se, com começo, meio, fim e finalidades objetivas, quais sejam, a perpetuação do ciclo de dependência e subserviência da população aos donos do poder, tal como existia no Brasil da era colonial.
Não é por outro motivo que a educação pública, mormente o montante de recursos a ela destinado, segue aos tropeços, como bem confirma todo e quaisquer certames de exames e testes, tanto no país como em avaliações internacionais, onde o Brasil fica, invariavelmente, na lanterna de popa, com pontuações medíocres e que parece envergonhar apenas os brasileiros de bem.
Também não é por outra razão que ostentamos a quantia de quase um milhão de presos, fossem computados os encarcerados e cumpridos todos os mandatos de prisão em aberto. Por certo, esse número ultrapassaria essa marca, fossem colocados atrás das grades a miríade de políticos, empresários e outros membros da elite nacional, apanhados pela justiça em atos de corrupção.
As predições de Darcy Ribeiro, sobre o descaso com a educação pública de qualidade, podem muito bem ser sentidas por ocasião das rebeliões de presos, que obrigaram boa parte da população brasileira a ficar trancada em casa, com medo do que poderia acontecer.
Hoje, com a escolas fechadas e com parte dos presídios controlados pelas próprias facções do crime organizado, o retrato do Brasil, diante do mundo civilizado, pode muito bem compor um cartaz publicitário para incentivar o turismo com os seguintes dizeres: “Bem-vindos à selva.” E pensar que já tivemos educadores do quilate de Anísio Teixeira (1900-1971), criador das Escolas Parques, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior (CAPES). Ao lado do próprio Darcy Ribeiro, foi também um dos fundadores da Universidade de Brasília (UnB).
Além desses educadores de ponta e que poderiam verdadeiramente construir um país desenvolvido, tivemos ainda Paulo Freire (1921-1997), que conhecia a importância e o valor do conhecimento popular, integrado à pedagogia, e é detentor de 27 títulos de doutor Honoris Causa pelas mais importantes universidades do planeta. Graças a ele é que foi implantado o Estatuto do Magistério .
Ao lado desses educadores, destacam-se ainda Maria Nilde Madscellani (1931-1999); Florestan Fernandes (1920-1995); Miguel Arroyo; Jaqueline Moll e muitos outros que orgulham todos aqueles que entendem o verdadeiro papel da educação para a formação de uma nação soberana.
Essas lembranças vêm a propósito da recente entrevista do atual ministro da Educação ao jornal Estadão, e cujo nome nem vale a pena ser citado, tal a coleção de platitudes e sandices que desfilou em sua fala e que demonstra, de maneira patética, o quão distante ainda estamos, em pleno século XXI, do ideário dos educadores aqui mencionados e que enxergavam um Brasil que tinha tudo para dar certo lá nos idos do século passado.
A frase que foi pronunciada:
“Duas coisas não podem ser violentadas: a história e a geografia. A história, que é a alma de um país, e a geografia que é o seu corpo.”
José Sarney, ex-presidente do Brasil.
Promessa
Não falta material para os senadores Major Olímpio, Weverton e Eduardo Girão. Eles prometeram criar um grupo para debater temas onde a corrupção foi comprovada. Um deles é a análise dos empréstimos à Venezuela feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento, que já recebeu a resposta de que não era empréstimo, já que não será pago.
Novidade
Em breve, carros que prestam serviços de transporte, como os Uber, terão que ter um dispositivo para gravação do ambiente no interior do automóvel. Trata-se de uma alternativa de segurança tanto para o motorista quanto para o passageiro.
Passeio
Brasília em Linhas, exposição do artista gráfico holandês M. C. Escher (1889-1972), no Espaço Niemeyer. Em função dos protocolos de segurança, a visitação está restrita a 20 pessoas por vez no salão, de segunda a sexta, das 10h às 16h
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Muitos funcionários, que esperavam ser transferidos da Asa Norte para a Asa Sul, com a conclusão dos novos apartamentos, estão se desiludindo dessa promessa, visto que os apartamentos a serem entregues já estão distribuídos em cotas para os ministérios que se transferirão. O que é fato, é que os apartamentos da Asa Norte não são bons, nem a Asa Norte oferece conforto. Esta a razão de estar sendo considerada a Asa Norte como área de triagem, o que é muito justo, pensando pelos funcionários. (Publicado em 17/01/1962)
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Transformada em moeda de troca, as terras públicas no DF foram, desde a emancipação política da Capital, usadas de modo irresponsável e criminoso para auferir vantagens de todo o tipo, desde a atração de votos até a obtenção de lucros para lá de suspeitos. Esperar que algum dia uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Legislativa desvende este cipoal de irregularidades é esperança vã.
Ao lado das consequências do aquecimento global, que tem provocado, em grande parte, a situação de escassez de água em Brasília, também é responsável a ocupação irregular das terras públicas, principalmente naqueles sítios que os ambientalistas denominam de áreas de recarga. Nas últimas décadas, sob a vista grossa dos principais órgãos de fiscalização, a Capital sofreu um poderoso processo de inchaço populacional, com pessoas afluindo de todo o canto o país, atraídas pelas promessas de doação de lote e casa, em troca de apoio político.
Que relação causa/consequência poderia existir entre o inédito racionamento de água na grande Brasília, que levou a uma séria crise hídrica sem precedentes e o tipo de política partidária praticada na Capital nestas últimas décadas? O que pode, num primeiro momento, parecer situações díspares, na verdade, possui uma relação íntima e poderosa.
Do dia para a noite, centenas de novos bairros foram sendo erguidos às pressas e sem planejamento algum. O que resultou dessa irresponsabilidade e ambição de algumas lideranças políticas locais, os brasilienses vão, agora, experimentando na pele. Não é só o esgotamento hídrico, já alertado lá atrás pelos ambientalistas, mas o colapso de toda a infraestrutura da cidade. Políticos, na sua maioria, têm dificuldade em entender o que é e para que serve o planejamento urbano. O horizonte desses personagens esporádicos se estende, no máximo, até as próximas eleições. O congestionamento em hospitais, escolas, e outros serviços públicos é o mesmo que vem se repetindo, diariamente, nas estradas e o mesmo que vem se agravando no abastecimento de água e no fornecimento de luz.
O padecimento atual da população resulta da ação inconsequente de hoje e de ontem das principais lideranças locais e ameaça não só com a falta de água, mas com a inviabilização da Capital, infelizmente transformada em valhacouto de oportunistas e aventureiros de toda ordem.
Foi somente a partir da mudança da Capital para o interior do Brasil, nos anos sessenta, que o imenso bioma de campo Cerrado, com mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, passou a ser explorado e pesquisado com mais atenção. Especialistas já sabem hoje que essa ecorregião, com idade média de 45 milhões de anos, reúne e concentra a maior biodiversidade de todo o planeta. Recentemente, com o aprofundamento das pesquisas, ficou patente, para os estudiosos do assunto, que a preservação dessa área é de vital importância para o presente e o futuro do Brasil, principalmente por conta da questão hídrica.
Hoje já se sabe que o Cerrado é, por suas características ímpares, o berço das águas, concentrando nascentes que vão alimentar oito das doze grandes regiões hidrográficas brasileiras. É nesta região que estão concentrados os aquíferos Guarani, Urucuia e Bambuí, que alimentam alguns dos grandes rios do país. Com a expansão das fronteiras agrícolas, o Cerrado ganhou um protagonismo econômico inédito que, num primeiro momento, pareceu e ainda parece, para alguns, ser a redenção para toda a região.
A introdução de monoculturas, na maioria transgênicas, plantadas em vastíssimos latifúndios nas planícies, totalmente mecanizados, se por um lado vem fazendo a riqueza e a prosperidade de uma minoria de grandes produtores, de outro lado, vem arruinando irreversivelmente todo o ecossistema, comprometendo de forma, até criminosa, a produção natural de águas.
Em tempos de aquecimento global generalizado, a cada ano que passa, a situação de crise hídrica nas cidades localizadas dentro da região do Cerrado se agrava um pouco mais. O desaparecimento de pequenos e médios cursos de água já se tornou fato comum. A vegetação sofre com as queimadas criminosas e com a derrubadas, feitas pelos agricultores. Com a degradação da flora, somem os animais da região e tem início o lento e irreversível processo de desertificação, já em curso, segundo os especialistas. Na esteira dessa devastação, acentuada nos últimos anos pela invasão de terras e áreas de proteção, não é de se estranhar que o GDF, à semelhança de outros estados da federação, tenha decretado, agora, o estado de “atenção”, ameaçando pôr em prática um rigoroso racionamento de água.
A rigor, a suspensão no fornecimento de água ou a distribuição de água escura para algumas regiões da Capital já vem acontecendo há algum tempo, e tem se agravado nas últimas semanas. Na ocupação irregular de terras em troca de votos, começa a chegar o preço para a população e os valores serão altíssimos, inclusive com a ameaça de inviabilizar a própria Capital dos brasileiros.
A frase que pronunciada:
“O dinheiro é como esterco: só é bom se for espalhado.”
Francis Bacon, político, filósofo, cientista, ensaísta inglês.
Vergonha
Aconteceu em frente a SweetCake. Uma pequena reclamação, depois que o motorista ao lado havia aberto a porta com força e batido no carro, com um pequeno amassado. Finda a conversa, o dono do carro prejudicado entrou na loja. Ao sair, encontrou o carro todo arranhado. O serviço de segurança do local prestou todo apoio necessário e o homem foi localizado. Um diplomata que trabalha no Escritório Comercial de Taiwan. Um vexame!
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O juiz federal F. Murphy, segundo o mesmo telegrama ordenou a Pan-American que se livrasse de 50 por cento dos interesses que tem na Panagra, por meio da qual realizava as atividades declaradas ilegais. (Publicado em 17/01/1962)
“Concertación” em torno do fim da Lava Jato, num festim diabólico
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Fosse uma espécie de “concertación”, para se chegar a um acordo suprapartidário e político em benefício do Brasil, tal qual havido em países distintos como Chile em 1988, em El Salvador em 1961 e em outros mundo afora, visando uma guinada de rumo, sem dúvida alguma, a Operação Lava Jato mereceria, por seus efeitos revolucionários e pedagógicos, servir como bandeira de uma causa que é também defendida por grande parcela de nossa nação.
O que parecia ser um vento fresco, em quinhentos anos de história brasileira, vai, aos poucos, sendo corroído pelas beiradas, seguindo o mesmo destino de sua congênere italiana, “Mani Pulite”, que, entre 1992 a 1996, buscou sanear a vida política naquele país, encontrando, como aqui, forte oposição dos políticos, principalmente daqueles implicados em rumorosos episódios de corrupção e outros crimes. Durante esses seis anos em que vem atuando, a Lava Jato tem levantado pilhas de dossiês que desnudam, de forma visceral, o modus operandi praticado, há décadas, por partidos políticos, empresários, juízes e outras lideranças de destaque para, em síntese, conforme vem sendo continuamente demonstrado, saquear o erário público à exaustão.
Assim como o movimento “Diretas Já” de 1983, a Lava Jato, iniciada em 2014, conseguiu a rara proeza de unir brasileiros de muitos credos políticos em prol de um objetivo acalentado por séculos, que era pôr um fim aos privilégios e poderes que detinham a classe política e que lhes franqueava o acesso escancarado aos cofres públicos.
Nesse sentido, a Lava Jato pode ser comparada a uma “concertación” à moda brasileira. Mas, como tudo que é bom e correto parece não ter vida longa nesse país, a Lava Jato, forçada a se postar na alça de mira daqueles que investiga, vai levando chumbo grosso por todos os lados, conseguindo um tipo de unanimidade cúmplice entre os poderosos de todos os partidos e posições, que agem para pôr um ponto final nessas faxinas éticas.
Esse movimento unânime do primeiro escalão político de nosso país, para assassinar a reputação da Lava Jato e dos seus membros, é reforçado ainda pela atuação vergonhosa daqueles que mais se esperavam apoio irrestrito ao trabalho das forças-tarefas. O Ministério Público Federal, seguindo orientações do tipo inconfessáveis, age também na linha de frente para debelar essa Operação, a qual classifica como “lavajatismo” ou o que quer que isso signifique no jargão dessa gente.
Mas é no Supremo, de onde a população já aprendeu nada esperar de positivo para o país, que estão, incompreensivelmente, colocadas as baterias pesadas que agem para dizimar a Lava Jato. É essa “concertación” de réus, e de outros ao seu serviço, que está unindo agora as forças da contrarreforma para o restabelecimento do antigo status quo, numa unanimidade poucas vezes vistas entre esse pessoal.
Os brasileiros de bem, a essa altura, já perceberam esse movimento oficial pela restauração da impunidade geral e secular, mesmo daqueles que, em frente às câmeras, ou sob o olhar afiado da opinião pública, juram defendê-la. Nesse movimento em prol da corrupção e a favor da volta ao passado, agrupam-se, ainda, os mais refinados e caros escritórios de advocacia do país, todos unidos e de olho nos honorários gordos, venham de onde vierem.
As quase oitenta operações já realizadas até agora pela Lava Jato e que preenchem centenas de milhares de páginas com relatos de crimes de todo o tipo, praticados pela elite política de nosso país, formam apenas uma pequena parte de nossa história de perfídias e ainda há muito o que ser trazido à luz. Talvez, mais do que já sabemos ou supomos saber.
Segundo um desses personagens de ponta nessa história e que teve atuação exemplar nesses episódios, o desembargador João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, “se a esquerda e a direita estão reclamando, significa que a operação Lava-Jato está no caminho certo e não tem ideologia, é isenta e imparcial e não cometeu excessos e sempre esteve dentro da legalidade.”
A frase que foi pronunciada:
“Sem virtudes cívicas não pode haver governo democrático.”
Montesquieu, político, filósofo e escritor francês.
Feirão
Liberado o feirão de automóveis em áreas públicas do DF. De um lado, a Câmara Legislativa do DF aprova o decreto legislativo do deputado Daniel Donizet; de outro, o GDF proibia o evento. Segundo o deputado, sustar o efeito do decreto do governo basta para ter segurança jurídica.
Suspeitas
Nada de “chinefobia”. Mas gente com sotaque está comprando bastante terras no DF. Diz sempre que dinheiro não é problema.
Micro: contribuições da antropologia
Obra organizada pela professora Soraya Fleischer, do Departamento de Antropologia da UnB, e pela jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Flávia Lima, trata de uma pesquisa etnográfica sobre o impacto da epidemia do vírus zika no Brasil, entre 2016 e 2019. O dia a dia das mães que foram afetadas com o estranho vírus encrustado, em grande parte, na pobreza.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A UPI distribuiu, ontem, um telegrama segundo o qual a Pan-American está seriamente incriminada num processo na Corte Americana por “monopolizar ilegalmente o tráfego aéreo entre os Estado Unidos e a América do Sul”. (Publicado em 17/01/1962)