Autor: Circe Cunha
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Que relação haveria entre a colocação do Brasil, como o quarto país mais corrupto do mundo — de acordo com o índice divulgado agora pelo Fórum Econômico Mundial — e a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal rever a decisão que permitiu a prisão imediata de condenados no âmbito da segunda instância? Para o Juiz Sérgio Moro, que coordena uma das maiores operações contra a corrupção de toda a história do Ocidente, tem tudo a ver. “Um sistema de justiça que não chega ao fim de um dado criminal em um período razoável, é um privilégio de impunidade daqueles que se podem servir deste sistema de justiça e que, normalmente, são os poderosos.” Em outras palavras, o que o juiz diz é que a capacidade de entrar com recursos protelatórios e com todo tipo de chicana, por meio de exclusivíssimos escritórios de advocacia, é uma possibilidade aberta apenas para os muito endinheirados.
Aliás, esses mesmos escritórios nunca tiveram tanto serviço contratado e tantos lucros como nestes tempos de Operação Lava-Jato e congêneres, inclusive, o aprofundamento das investigações tem feito com que essa e outras operações em curso, tenham seus prazos de conclusão estendidos sine die. “Existe um grau de imprevisibilidade porque, nessas investigações, eventualmente, provas novas vão surgindo em relação a novos crimes e simplesmente os procuradores, a polícia e o juiz não podem virar o rosto de lado e deixar de lidar com o que for aparecendo. De forma que há essa imprevisibilidade”, afirmou o juiz, para quem o Brasil vive hoje “tempos excepcionais”, com a Justiça tendo de enfrentar uma verdadeira corrupção sistêmica que tomou de assalto todo o Estado.
Há um ano, quando ainda não se conhecia em profundidade o tamanho do rombo provocado pela corrupção nos governos petistas, a força-tarefa do Ministério Público já detectava que eram aproximadamente de R$ 200 bilhões os valores desviados dos cofres públicos a cada ano por conta dos esquemas de corrupção espraiados por toda máquina do Estado. O grau de corrupção é um dos indicativos negativos que apontam para os entraves ao crescimento econômico de um país e deixam evidências de que há um descontrole na administração do Estado, o que afasta a possibilidades de investimentos estrangeiros sérios e põe em risco a credibilidade de uma nação em honrar seus compromissos.
No início de 2016, segundo a Transparência Internacional, o Brasil havia despencado para a 76ª posição, numa lista de 168 países afetados pela percepção acentuada de corrupção. Mesmo na América Latina, o Brasil só perde a posição de primeiro colocado para a Venezuela, um país totalmente arrasado por uma sequência de governos larápios e ineptos. A situação no continente, segundo o Fórum, chegou a tal ponto que, hoje, ao lado dos imensos problemas da AL, a corrupção é disparada o maior desafio a ser enfrentado com urgência.
A corrupção, com seus braços longos, alcança nos só a possibilidade de novos negócios, mas afeta, sobretudo, a qualidade da educação, a prestação de serviços básicos para a população, além de prejudicar a instalação de infraestrutura necessária ao desenvolvimento, inclusive, com sérios reflexos sobre o meio ambiente e o aumento da poluição. Por seus efeitos deletérios, a corrupção figura muito mais do que um crime hediondo ao roubar o que uma nação tem de mais precioso, que é o futuro de toda uma geração.
A frase que foi pronunciada
“A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.”
Vladimir Maiakóvski
CNSeg
» Dr. Márcio Coriolano, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, assinou protocolo de intenções em prol do desenvolvimento e da execução conjunta de projetos relacionados à Educação em Seguros. A atual gestão tem por objetivo levar a toda a população uma nova cultura em relação à Educação em Seguros: Planejamento das finanças, proteção patrimonial, previdência privada, saúde complementar e capitalização.
Na capital
» O evento da CNSeg, em Brasília, será em 19 de outubro. Um café da manhã no Hotel Windsor. Representantes dos Três Poderes, corretores e pessoas ligadas à educação financeira são o público-alvo nesse momento. Os presentes vão tomar conhecimento do que tem sido feito para combater a desinformação sobre o mercado de seguros.
Mobiliza
» Esse programa de informação e educação fornecido à população é consequência direta da Estratégia Nacional de Educação Financeira, formada por vários parceiros, além da Cnseg, como a Superintendência de Seguros Privados, a Comissão de Valor Mobiliário, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, Febraban, ministérios da Fazenda, da Educação, do Trabalho e da Justiça.
História de Brasília
» Os discursos do sr. Anísio Rocha, no Parlamento, não repercutem da maneira que o parlamentar desejaria. Não haveria, para o representante pessedista, outra posição senão essa, e é por isso que sua opinião pouco pesa. Está defendendo causa própria. (Publicado em 15/9/1961)
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De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), daqui a pouco mais de três anos, o Brasil terá uma população de aproximadamente 5 milhões de idosos. Para um país, literalmente falido, sem estruturas físicas para recepcionar com segurança e um mínimo de conforto este grande contingente que vem chegando de mansinho, as perspectivas que se apresentam são sombrias ou, na melhor das hipóteses, pouco animadoras.
Sem políticas claras nem eficazes para enfrentar a nova realidade demográfica, o Estado brasileiro necessita adotar, urgentemente, um conjunto de medidas que visem, ao menos, tornar a vida dessas pessoas um pouco menos sofrida. Pesquisadores alertam para o fato de que a faixa da população que mais cresce hoje no país é composta por indivíduos com média de 80 anos ou mais. Definitivamente, e todos disso sabem, não temos cidades adaptadas para atender as necessidades especiais dessa faixa etária.
A questão é como preparar, em tão pouco tempo, um país inteiro para receber os idosos, numa etapa da vida em que naturalmente as pessoas se tornam mais dependentes e frágeis, em que aumentam os cuidados com a saúde, com a locomoção, o pronto atendimento, a moradia, o lazer e outras atividades necessárias para uma vida digna, saudável e alegre.
Mais do que qualquer outro desafio que temos pela frente, e o Brasil tem muitos, a questão do idoso não pode ser adiada e empurrada para gestões futuras. Para um Estado que tem sido, desde a sua origem, um ingrato com seus cidadãos contribuintes, arrancando deles muito mais do que dá em troca, a tarefa que se apresenta agora é gigantesca. O atendimento a esta população que chega, requer cuidados contínuos por 24 horas, 365 dias, e infraestrutura própria, sem improvisos.
Em levantamento feito em 2010 pelo Ipea, observou-se que 80% das cidades brasileiras não têm sequer um asilo. Em todo o país, são 3.550 asilos. Desse total, somente 6% são públicos. A maioria, 66% são mantidos por entidades filantrópicas, sem fins lucrativos. Nos asilos particulares as mensalidades giram em torno de R$ 6 mil, custo impossível para a maioria das famílias do país. Para muitas famílias, principalmente de baixa renda, as vagas nos poucos asilos disponíveis só são obtidas por meio de ação judicial para obrigar o Estado a garantir o direito ao acolhimento.
No Brasil, o acolhimento do idoso, segundo a pesquisadora do Ipea, Ana Amélia Camarano, ainda é feito muito mais segundo uma mentalidade de cunho caridoso e cristão do que uma obrigação própria do Estado de direito. O problema ganha dimensão de tragédia humana quando se sabe que parcela significativa dos idosos que são internados em asilos ou hospitais são abandonados e esquecidos por seus familiares.
Segundo o Ministério da Justiça e Cidadania, os idosos, como parcela mais vulnerável da população sofrem todo tipo de maus tratos, desde negligência, violência psicológica, abuso financeiro com violência patrimonial, além de violência física. Quando se constata que a cada 10 minutos, um idoso é agredido no Brasil, vemos que os brasileiros, em pleno século 21, ainda estão na pré-história quando o assunto é cuidado com seus cidadãos mais vividos. Cidadãos, diga-se de passagem, que já contribuíram muito e por um longo tempo para a construção de um país que ao menos saiba a hora de retribuir com Justiça.
A frase que foi pronunciada
“Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.”
Amyr Klink
TCU
» Dona Dilma Rousseff está na mira do Tribunal de Contas da União. Um processo diz respeito a repasses a bancos públicos de recursos que foram para programas sociais e o outro questionamento é sobre as prestações de contas de 2015.
Admiração
» Lindbergh Farias, Lula e Jaques Wagner são os nomes para o comando do PT. Ainda bem que o senador Paulo Paim é mantido ao largo da elite do partido. Assim, pode continuar trabalhando e sendo admirado pela eficiência e honestidade.
Prefácio
» Quem assinou o prefácio do livro Operação Mãos Limpas da Itália, escrito por Gianni Barbaceto foi o juiz Sérgio Moro. O trecho mais comentado sobre o texto do juiz é quando ele diz que para ser corrompido é preciso de outra pessoa.
Educação
» Vamos ver como vai ficar 2017. Por enquanto já são três meses que as universidades particulares não recebem o pagamento do Fies. São mais de R$ 3,5 bilhões em atraso. Só de taxas bancárias o valor é de R$ 702 milhões.
História de Brasília
Reconheçamos que o sr. Mauro Borges prestou, nesses últimos dias de crise política, relevantes serviços. Foi um esteio da democracia, baluarte da legalidade. Esperemos, agora, que ele mantenha sua posição, abrindo mão dos esquemas políticos, defendendo Brasília. (Publicado em 15/9/1961)
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Passadas as eleições municipais, muitas lições podem ser tiradas do resultado das urnas. A principal delas, com a qual estão de acordo nove em cada 10 especialistas, é que o partido que por três vezes ocupou o Palácio do Planalto, ao longo de 13 anos, foi o maior perdedor isoladamente. Fato semelhante também aconteceu no século pasado, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena), fundada em 1965 por vontade dos militares no poder. Naquela ocasião, os dirigentes apregoavam orgulhosos para todo mundo ouvir que a legenda era o maior partido político do Ocidente. Queriam, com isso, reafirmar que, por muito tempo, não haveria no horizonte nacional qualquer outra força política capaz de contrapor-lhes ,em poder e prestígio. Essa ilusão durou enquanto a oposição e as eleições se apresentavam de modo tímido e medroso.
Nas eleições de 1974, a coisa mudou de figura, com a eleição de uma quantidade de candidatos do MDB,que se opunha ao governo de farda. Restou ao Executivo a criação rápida e sui generis da figura dos senadores e governadores biônicos, escolhidos diretamente pelo Planalto para se contrapor ao avanço imprevisto da oposição. A partir daquele ano, a Arena embicou ladeira abaixo. Perdeu parte da cobertura nacional, restando como prêmio de consolação o apoio apenas da região Nordeste, que, por motivos pragmáticos, sempre necessitou da ajuda do poder central. O mesmo ocorre agora com o Partido dos Trabalhadores.
Se nomearmos um coveiro oficial dessa legenda, sem dúvida o nome de Dilma Rousseff aparece no topo da lista. Se identificarmos um fato para a derrocada do partido nessas eleições, o escândalo de corrupção do petrolão está em primeiro lugar. Se buscarmos um representante da Justiça para a derrota do PT, Sérgio Moro é o nome escolhido. Se escolhermos uma vítima direta da farra patrimonialista que tomou conta do Estado, a Petrobras é a personagem.
Em todo caso, esses não seriam ainda os responsáveis maiores pelo encolhimento da legenda que pretendia se eternizar no poder. Disparado no topo da lista daqueles que, de alguma forma, deram o troco as malfeitorias do PT, estão os eleitores de todo o país. Insensíveis às mudanças do vento, as lideranças do antigo ocupante do Planalto não seguiram o receituário recomendado por alguns filiados mais antenados de refundar a legenda, mudando não só o logotipo e cores da marca, mas sobretudo as lideranças maiores. A sepultura que Dilma cavou com as mãos para enterrar a legenda em cova funda, Lula tratou de cobrir de terra com os pés ligeiros. Já vão tarde.
A frase que foi pronunciada:
“Militares e formigas batem continência?”
Frase ouvida ao passar pela janela do colégio Maurício Salles de Melo
Cores
» Roldão Simas Filho, leitor assíduo da coluna, sugere que o nome da segunda ponte do Lago Sul, a Ponte Costa e Silva, seja mudado para Ponte das Flores, e que um belo bosque seja plantado na cabeceira da ponte com ipês de diversas cores, paineiras, flamboyants ou bougainvilles.
Transporte
» De mansinho, o transporte pirata vai tomando corpo e espaço. Por todo o DF, a falta de ônibus, a demora, principalmente nos fins de semana, são o chamariz para os passageiros optarem pelo alternativo. Perigo pela falta de presença do Estado.
Sofrível
» Por falar em ausência do Estado, o Detran no Na Hora da Rodoviária estava com 400 pessoas se empurrando para atendimento na manhã de sábado. Ao ouvirem que ninguém seria atendido, depois de esperar por horas a fio em uma fila, a massa se revoltou. Os tempos estão mudando. Ou o Detran se moderniza para desburocratizar o atendimento, e retornar à população a fortuna que arrecada, ou nunca haverá greve com o apoio da população.
Qualidade
» Poucas embaixadas em Brasília são ativas culturalmente como a de Portugal. O Instituto Camões e a Siglaviva convidam para o lançamento do livro Os doentios (contos 1881), de Fialho de Almeida, um clássico português do século 19, no próximo dia 13, às 19h30, no auditório da representação diplomática. A vida e obra do escritor será conhecida pelo público, com uma palestra da professora Lúcia Helena Marques Ribeiro, da UnB. Fialho de Almeida está entre Eça de Queiroz e Camilo Castelo Branco.
Regalo
» Por falar em livros, uma sugestão de presente de Natal aos amigos que gostam da boa leitura. Um livro fluente, atual e inteligente: Três histórias estranhas, do escritor, dramaturgo e compositor Marcus Mota. É bom que Brasília valorize esse talento. Marcus Mota mora na cidade, é professor universitário e está adiante do nosso tempo.
Menu claro
» É simplesmente insuportável o número de vezes que a Claro invade com mensagens de vendas os aparelhos do cliente sem permissão. Durante uma operação importante, ou de uma conversa, chegam as mensagens Menu Claro sobre proteção de CPF, Claro Esportes e por aí vai. Pior. A assessoria nos liga querendo saber como pode resolver nosso problema. A resposta é a de sempre: Minha filha, resolva o problema da população brasileira com a Claro. É por isso
que eu escrevo!
História de Brasília
Não, governador! Esta cidade é sua, também, e é o Distrito Federal. Sabe o senhor que qualquer político, por mais honesto que seja, administrando Brasília terá, forçosamente, de pender para o lado político, e, se for de Goiás, a proximidade do Estado irá, certamente, prejudicar a administração. (Publicado em 15/9/1961)
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É sabido que o descrédito da classe política é hoje maior do que em qualquer outra época — um fenômeno mundial, que decorre, em grande parte, do distanciamento que a sociedade observa entre a realidade de quem assume o poder e o dia a dia árduo do cidadão. Há casos em que a disparidade entre estes dois mundos chega às raias do surrealismo. Na vizinha Venezuela, outrora um dos países mais prósperos da América do Sul, graças à fartura do petróleo presente no subsolo, a crise econômica, social e política, provocada pela implantação do chamado bolivarianismo, conduziu o país a um estado de ruína de tal monta que a incidência de crimes, principalmente o furto famélico, se multiplicou por mil.
Os estabelecimentos que vendem comida na capital, Caracas, passaram a ter proteção e monitoramento igual ou superior ao dos bancos. Um garoto venezuelano franzino, visivelmente subnutrido, reclama nas redes sociais da internet que várias pessoas de sua família estão passando fome, inclusive, sua mãe, portadora de doença degenerativa. Ela é obrigada a caminhar muitos quilômetros diariamente para obter comida na fronteira próxima.
No vídeo que circula pelas redes, é mostrado o contraste gritante entre o perfil rechonchudo dos membros do governo, inclusive do líder máximo, Nícolas Maduro, com sua face redonda superalimentada e o restante da população magra e esquálida.
Estudos apresentados pelo Instituto Eurobarômetro mostram que a confiança na classe política na Europa oscila próximo aos 30%. Análise semelhante revela que, no Brasil, o nível de confiança está abaixo de 20%. O Instituto Ibope Opinião apresentou pesquisa recente dando conta de que somente 3% dos brasileiros acreditam que os políticos defendem os interesses da população. Para a maioria das pessoas ouvidas, apenas 10% dos atuais congressistas podem ser considerados bons políticos. Desonestidade, falta com a verdade e insensibilidade são os qualificativos mais amenos dados pela população quando avaliam os políticos nacionais.
Nas eleições que ocorrem, neste domingo, em todo o país, os votos nulos e brancos dispararam e, na maioria dos estados, ocupam a segunda posição da preferência dos eleitores. Para o doutor em geografia humana Demétrio Magnoli, o descrédito dos políticos ante a população decorre da degradação moral deles próprios e de seus partidos envolvidos em diversos casos de corrupção.
A mídia também é apontada como responsável pelo baixo índice de aceitação dos políticos, pela denúncia sistemática dos casos de corrupção, nos quais eles estão envolvidos. Outro dado que reforça a tese de desgaste dos políticos é que, em grande parte, os trabalhos do Congresso são pautados diretamente pelo Executivo, dentro do chamado governo de coalizão, em que basta atender a demanda pecuniária das bancadas para ter os projetos aprovados de imediato. Vive-se, assim, uma democracia de fachada, provocada não só pela hipertrofia do Executivo, mas pela fragilidade da classe política, agrupada aleatoriamente em legendas sem expressão ideológica ou programática clara.
O problema maior do descrédito com a política e com os políticos é que esse fenômeno ocasiona sempre um vácuo de poder que é imediatamente preenchido pelos oportunistas de plantão e salvadores da pátria, sempre dispostos a levar vantagens em tudo. Não é por outra razão que políticos como Marcelo Crivella, ligado à Igreja Universal, e transformado numa espécie de Moisés moderno, despontou nas pesquisas para a prefeitura do Rio de Janeiro. A democracia que temos, por enquanto, resulta, em larga escala, da baixa escolaridade do eleitor brasileiro e do conhecimento que muitos candidatos têm desse fato.
A frase que foi pronunciada
“Formemos uma pátria a todo custo e tudo o demais será tolerável.”
Simon Bolívar
Decifra-me
» Henrique Meirelles volta à cena e deixa jornalistas desesperados para interpretar suas declarações. Ao mesmo tempo em que garante que não haverá aumento de impostos em 2017, afirma que quer mais arrecadação.
Sofrível
» Houve tempo em que Jaime Lerner viria a Brasília para deixar a cidade transitável para os cadeirantes e pedestres. Não aconteceu. O IAB tem todas as ferramentas necessárias para uma parceria com o GDF e resolver a questão.
Nota do leitor
» Bombardear prédios de apartamentos é errado. É crime de guerra. Onde está nosso Itamaraty? O Brasil tem alguma opinião a respeito da Síria ou está tudo bem?
Donos da terra
» Relatora das Nações Unidas, Victoria Tauli-Corpuz, elogiou o Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul. Ela pediu para que o Brasil seja severo na punição dos responsáveis pelos ataques aos indígenas da região. A situação dos indígenas no país está grave.
História de Brasília
Todos conhecemos as tradições políticas do governador de Goiás, reconhecemos, inclusive, o seu espírito progressista, que sempre tem demonstrado, e esperamos sua decisão. (Publicado em 15/9/1961)
Desde 1960
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Não chega a ser surpresa a decisão da Mesa Diretora da Câmara Legislativa de suspender as investigações internas, por tempo indeterminado, contra os cinco deputados distritais afastados da Casa pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) a pedido do Ministério Público, no rumoroso caso da Operação Drácon.
Para quem conhece o modus operandi sorrateiro e o corporativismo maroto dos deputados distritais, a decisão do atual presidente da Mesa, Juarezão, tomada na calada da noite da última terça-feira, era só questão de tempo, até a poeira baixar e cobrir a memória com o pó fino do esquecimento. A armação da atual Mesa busca jogar para futuro longínquo e incerto as possíveis perdas de mandatos desses ilustres representantes da sociedade brasiliense. Trata-se, obviamente, de visível manobra, gestada depois de forte pressão feita pelos próprios acusados.
A medida, adotada sob o argumento pueril de que “não se pode condenar um inocente ou inocentar um culpado”, configura um arranjo puramente interno, arquitetado para anistiar uma camarilha para a qual, a população, ou mais precisamente os eleitores, já mostrou o cartão vermelho.
Caso existisse na CL um mecanismo de recall, semelhante ao que as montadoras de automóveis utilizam para tirar das ruas os carros com defeito de fabricação, esses deputados seriam automaticamente substituídos, sem trauma ou trambiques de qualquer ordem. A rigor, é preciso ressaltar que houve, por parte dos órgãos de justiça que analisam o caso, elementos mais do que suficientes para que fosse pedido o afastamento de todos os membros da antiga Mesa Diretora. Ademais, a sociedade, por diversos meios, já manifestou claramente seu desejo de que todos sejam afastados da CL, para que o processo de investigação tenha sequência livre, sem interferências indesejadas e prejudiciais.
Mais do que salvar da degola esses políticos sabichões, é preciso salvaguardar, isto sim, a população do Distrito Federal contra a malversação de seu suado dinheiro, pois cada centavo desviado representa um centavo a menos na prestação de serviços públicos. Uma visita às escolas da periferia ou a um hospital, como o do Paranoá, pode dar a dimensão da carência de recursos que esses estabelecimentos experimentam no dia a dia.
Caso a decisão venha a ser efetivamente publicada no Diário Oficial do DF, estará consumado, sob a chancela da Casa, o maior caso de afronta direta contra os cidadãos de bem da história de Brasília. Nesse caso, as repercussões negativas serão imprevisíveis e poderão se refletir igualmente sobre todos os membros da atual legislatura, levando de roldão protegidos e protetores para a vala comum dos políticos ladinos que a população quer ver bem longe.
A frase que não foi pronunciada
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”
Mário Quintana — (O trágico dilema)
Procuradoria Geral I
Ainda sobre o ciclo de palestras da Procuradoria Geral da República, que começa em 6 de outubro, “Cartas na mesa: do sonho à realidade,” apresentação de Suely Sales Guimarães, doutora em Psicologia pela Universidade de Kansas, ex-pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), especialista em psicologia clínica e da saúde.
Procuradoria Geral II
A mediação do debate na PGR será de Roberto Lasserre. Advogado, vice-presidente da Comissão de Políticas Públicas sobre Drogas da OAB-CE e membro da Coordenação Colegiada do Movimento Brasil sem Azar.
Sem oxigênio
Corre na 2ª Vara da Fazenda Pública do DF uma lide entre a Linde Gases Ltda. e Distrito Federal. Trata-se da retirada dos aparelhos de oxigênio dos hospitais públicos. A magistrada Simone Pena pontua que a conduta da administração pública de “lavar as mãos” é reprovável. “Caberá ao Poder Judiciário decidir entre a vida humana e a ruína da empresa contratada”, finaliza.
PAD
MEC e Ministério da Transparência desbarataram crimes contra o erário no Pará. Dez funcionários do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará foram expulsos da administração pública. Depois da Operação Liceu, eles responderão por improbidade administrativa, lesão aos cofres públicos e ao patrimônio e proveito pessoal do cargo.
História de Brasília
Brasília precisa de um homem que tenha força para arrancar as verbas; arrancar é bem o termo. De um homem que entenda a equipe, que comande a equipe, e que queira Brasília. (Publicado em 15/9/1961)
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Depois do “nós contra eles”, que instaurou no Brasil pós-abertura o período do apartheid e do ódio a todos os contrários, e mesmo depois da judicialização do mundo da política, com a Polícia Federal batendo à porta de ex-figurões de uma República que se pretendia bolivariana e se esvaiu pelo ralo, foi aberta agora a temporada de caça aos candidatos.
O aprendizado de democracia tem sido surpreendente para os brasileiros. Desde que foi dada a largada para as disputas eleitorais, nada menos do que 20 assassinatos foram registrados por todo o país. A maioria dos crimes ocorreu por emboscadas, com o uso de armas de fogo, inclusive por meio de armamento pesado, como fuzis .Trata-se , pelo volume de atentados, de situação inédita na história do país.
Aparentemente, os crimes nas diversas regiões do país não têm relação entre si. Somente no Rio de Janeiro, já são 14 o número de assassinatos de candidatos. Esses números poderiam ser muito maiores, caso os atentados e ameaças a candidatos tivessem logrado êxito. Casas e carros têm sido alvejados por tiros. Cartas com ameaças têm sido enviadas, emboscadas armadas, pessoas baleadas, sobrevivido. Além desse cenário de bang bang nas campanhas políticas, as ameaças e brigas são uma constante.
A situação ganhou tamanha dimensão que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes, considera a situação “extremamente grave”. “Há incidentes que podem não ter conotação eleitoral, mas a maioria tem”, afirmou Mendes. Quem ousa concorrer aos diversos redutos controlados pelo crime organizado, por traficantes, ou mesmo nas localidades dominadas pelas milícias, corre sério risco de morte.
Esses verdadeiros feudos, mantidos pelos criminosos em diversos estados, além de mandar eliminar candidatos com discursos contrários aos seus interesses, têm financiado diretamente a candidatura de pessoas ligadas ao mundo do crime, na tentativa de lançar braços criminosos também nas instituições e na máquina do Estado.
Pelo potencial desses atentados, é claro que a Força Nacional, mesmo contando com milhares de homens, não dará conta do recado. É preciso a atuação investigativa da Polícia Federal para eliminar, na origem, as tentativas. Caso contrário, a penetração do crime organizado, dentro das instituições legais, se é que já não está infiltrado, resultará em enorme problema no futuro próximo.
Não bastassem os inúmeros casos de corrupção que vão sendo revelados a cada dia, envolvendo praticamente todos os partidos, na divisão de um butim bilionário, surge agora mais esse contratempo no nosso longo caminho até a democracia plena.
A frase que não foi pronunciada
“A chuva parece aplauso caído do céu para a natureza que protege o homem.”
Uma criança cega que percebeu semelhança entre o barulho dos aplausos e o da chuva
Anatel
» Depois de colocar no canal National Geographic e ter a surpresa de ver que o espaço em um horário da manhã foi vendido à Polishop, o espectador registrou uma reclamação na Anatel. Hoje veio a resposta da NET. Um descontinho de 20% . A pergunta veio na hora da proposta: Vocês estão pagando para o cliente calar a boca? Nova ligação para a Anatel.
Amil
» Por falar em relação consumerista, do jeito que está não dá para continuar. O Plano Amil Dental já causou aborrecimento duas vezes para um cliente que é professor. Desmarcou as aulas para poder marcar uma cirurgia na clínica Oral Face que seria em duas semanas. Recebeu, um dia antes, a informação de que o procedimento foi adiado. O fato já havia acontecido em outra clínica do Conjunto Nacional, a Oralflex.
Sem educação
» A Biblioteca da UnB é uma das melhores da cidade. Aberta das 7h às 23h45 e, das 8h às 17h45, nos sábado, domingo e feriado. Pena que os protestos ideológicos cerrem as portas do local de estudo e conhecimento.
Sem azar I
» Começa, em 6 de outubro, o ciclo de palestras “Legalizar a jogatina é solução para o Brasil?” O evento é promovido pela Procuradoria-Geral da República e será no auditório Juscelino Kubitscheck, no Setor de Autarquias Federais.?
Sem azar II
» “A jogatina e a falácia dos ganhos para o estado” tema apresentado por Ricardo Gazel, doutor em economia pela Universidade de Illinois, especialista em gestão pública.
Sem azar III
» “Legalização beneficiará organizações criminosas” assunto proferido por Peterson de Paula Pereira, procurador da República, secretário de Relações Institucionais da Procuradoria-Geral da República.
História de Brasília
Sabe o governador de Goiás que qualquer político indicado para o cargo terá fechadas as portas do Ministério da Fazenda, do Banco do Brasil. E os políticos fazem sempre assim: organizam os esquemas, elaboram as fórmulas, escolhem os homens nos quadros partidários e, no fim, negam dinheiro, para que ele não se projete dentre os seus companheiros de partido. (Publicado em 15/9/1961)
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Para o fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, o declínio da abertura da economia global está prejudicando a competitividade e tornando cada vez mais difícil, para os líderes mundiais, manter o crescimento de forma sustentável e inclusiva. Essa avaliação vem a propósito da divulgação agora, pelo Fórum (WEF) em parceria com a Fundação Dom Cabral, da relação contendo o ranking das 138 economias mais competitivas do planeta.
Nessa nova relação, o Brasil aparece na vexatória 81ª posição, atrás de países vizinhos, como Chile, Colômbia e Peru, inclusive de seus parceiros no Brics. Trata-se da pior posição entre as economias emergentes, e a situação vem piorando desde 2012. Um dos itens que mais chama a atenção para o desabamento do Brasil no ranking é justamente o que trata da inovação. Nesse quesito, o Brasil desceu da 84ª posição em 2015, para a 100ª colocação em 2016. A importância da inovação e da educação na atividade econômica de um país é dada pelo fato de que apenas os países que conseguiram ,de alguma forma, superar as barreiras do analfabetismo, investindo maciçamente em educação e em pesquisas ou estabelecendo pontes entre universidades e a indústria para a criação de novos produtos e novas tecnologias é que conseguiram disputar como nações altamente competitivas.
Não existe economia consistente e competitiva onde não há investimentos pesados nem empenho permanente do governo em educação e pesquisa. Ao item inovação se ligam, por extensão, todos os demais fatores que ajudam a retardar o desenvolvimento do país. A própria confiança nas instituições, decorrente do descrédito acentuado nas lideranças políticas na última década, é forte componente que emperra a economia, minando a adesão e a vontade de investidores sérios.
O elevado deficit nas contas públicas, resultante da adoção de um conjunto de políticas externas equivocadas, que levaram o Brasil a dar preferência e a aderir ao eixo de países como a mesma posição ideológica, caso dos países bolivarianos, começa a apresentar os elevados custos negativos dessa opção. Para Carlos Arruda da Fundação Dom Cabral, “a crise econômica e política que se deteriora desde 2014, associada a fatores estruturais e sistêmicos, como sistema regulatório e tributário inadequados, infraestrutura deficiente, educação de baixa qualidade e reduzida produtividade, resulta em uma economia frágil e incapaz de promover avanços na competitividade interna e internacional” .
Para os pesquisadores, os países com os mais sofríveis índices de competitividade são justamente aqueles cujas instituições são fracas e desacreditadas pela população, a infraestrutura é deficiente e a educação é de baixa qualidade e não inclusiva, além, claro do péssimo sistema público de saúde. Temos ainda muito chão pela frente se quisermos nos igualar a países como Cingapura, 2 º colocado no ranking e, até pouco tempo atrás, era tido como subdesenvolvido e na rabeira do mundo.
A frase que não foi pronunciada
“Não adianta dar banho em porco. “
Chiquinha, muito chateada com as ordens da mãe
Corpo
» Mais um ano com a promessa de acabar a economia mais inútil do país. Se a hora de trabalhar começa mais cedo, é preciso acender a luz, se é assim, não há economia. A não ser que o número de desempregados venha a compensar. O deputado federal catarinense Valdir Colatto autor do projeto de Lei 397/2007, que acaba com o horário do verão, declarou que a justificativa para os trabalhadores acordarem mais cedo é a mesma usada nos milhões de reais gastos pelo SUS para o atendimento dos prejuízos à saúde. O projeto está na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.
Idepe
» Pernambuco está fazendo a mudança na educação por conta própria. O segredo para o sucesso alcançado foi simples. Convencer pais e mães a participarem do desenvolvimento dos filhos. Dezoito dos 20 colégios com bom desempenho detectado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco são do interior.
Saudades
» Essa prerrogativa do valor social das propriedades poderia fazer voltar com que os porteiros morem nos prédios que trabalham. Era assim no início de Brasília e era muito bom. José Ivo e José, o baixinho, e Chico eram os porteiros dos blocos K e J da 305 Sul. Moravam lá e compartilhavam a história com os moradores. Quem mudou isso não teve sensibilidade para entender a nova capital.
Patrimônio
» Por falar nisso, o Antonio, empacotador do Pão de Açucar do Lago Norte, foi demitido. Era terceirizado, mas o Pão de Açucar poderia contratá-lo. Desde quando a SAB ocupava aquele espaço, o Antonio fazia as honras da casa. Atencioso e prestativo. Hoje, com 4 filhos, voltou à estaca zero, vendendo saco de lixo no estacionamento.
História de Brasília
Acompanhando o desenvolvimento da cidade dia a dia, o sr. Mauro Borges bem vê o que será o futuro de Brasília, se a sua administração obedecer a um esquema político.
(Publicado em 15/09/1961)
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aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
Qual é a relação de causa c consequência poderia existir entre o inédito racionamento de água na grande Brasília, que levou à uma séria crise hídrica sem precedentes, e o tipo de política partidária praticada na capital nas últimas décadas? O que pode, num primeiro momento, parecer situações díspares, na verdade possui uma relação íntima e poderosa. Transformadas em moeda de troca, as terras públicas no DF foram, desde a emancipação política da capital, usadas de modo irresponsável e criminoso para auferir vantagens de todo tipo, desde a atração de votos até a obtenção de lucros para lá de suspeitos. É vã a esperança de que, algum dia, uma comissão parlamentar de inquérito da Câmara Legislativa desvende esse cipoal de irregularidades.
O alerta dado pela promotora de Justiça Marta Eliana de Oliveira mostra preocupação com o futuro. “Estamos em vias de sofrer uma crise hídrica sem precedentes caso não chova em breve ou chova pouco. No pior dos cenários, nossos reservatórios garantem água somente até dezembro. A população precisa adotar com urgência a prática de economizar água. Não podemos fazer chover, mas podemos passar a usar a água com responsabilidade e consciência, de modo sustentável”
Às vezes em que o Estado convidou a população para contribuir com diversos tipos de racionamentos houve a mobilização nacional. Poucos meses depois, veio a traição. Desde a permanência da violência após a entrega das armas, até o racionamento de luz, depois do a pagão que trouxe de brinde para quem contribuiu com o racionamento com uma conta mais alta, mostram como o consumidor e o cidadão são tratados com desrespeito. Ao lado das consequências do aquecimento global o que tem provocado, em grande parte, a situação de escassez de água em Brasília, é a ocupação irregular das terras públicas, principalmente naqueles sítios que os ambientalistas denominam de áreas de recarga.
Nas últimas décadas, sob a vista grossa dos principais órgãos de fiscalização, a capital sofreu um poderoso processo de inchaço populacional, com pessoas afluindo de todo o canto do país, atraídas pelas promessas de doação de lote e casa, em troca de apoio político. Do dia para a noite, centenas de novos bairros foram sendo erguidos às pressas e sem planejamento. O que resultou da irresponsabilidade e da ambição de algumas lideranças políticas locais, os brasilienses vão agora experimentando na pele as consequências.
Não é só o esgotamento hídrico, já alertado lá trás pelos ambientalistas, mas o colapso de toda a infraestrutura da cidade. Políticos, na sua maioria, têm dificuldade em entender o que é e para que serve o planejamento urbano. O horizonte desses personagens esporádicos se estende, no máximo, até as próximas eleições. O congestionamento em hospitais, escolas c em outros serviços públicos é o mesmo que vem se repetindo diariamente nas estradas e agravando o abastecimento de água e o fornecimento de luz. O padecimento atual da população resulta da ação inconsequente de hoje e de ontem das principais lideranças locais. A ameaça não só com a falta de água, mas a inviabilização da capital, infelizmente transformada em valhacouto de oportunistas e aventureiros de toda ordem.
A frase que não foi pronunciada
“Tom Jobim cantou a água e o amor enquanto Brasília nascia. Se estivesse vivo, cantaria a seca e a dor.”
Kleber Farias Pinto, pioneiro pensando nos bons tempos da cidade
Raridade
»Quem descreveu uma situação inusitada foi a amiga Rita Nardelle. A Avianca não pode voar pelas condições climáticas e imediatamente pagou transporte e hospedagem para os que ficaram. Respeito total.
Arte criança
»Atenção para a notícia enviada por Marcos Unhares. A Cia. Jorge Crespo prepara Inventos do vovô, nesta sexta-feira, em duas sessões- às 10h e às 16h – no Teatro Funarte Plinlo Marcos. A temporada terá 32 apresentações totalmente gratuitas para a meninada do DR
Inauguração
»Dia 30, na sexta-feira, um superevento promovido pelo Hospital Sírio-Libanês em Brasília. A sra. Marta Kehdi Schahin, presidente da Sociedade Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Libanês, o CEO do Hospital, dr. Paulo Chapchap, e o membro do Conselho de Administração e diretor do Centro de Diagnóstico por Imagem (CDD, dr. Giovanni Guido Cerri, recebem os membros do corpo clínico, autoridades e empresários de Brasília em um coquetel nas novas instalações na L2 sul.
História de Brasília
É multo caro o preço pedido pelo governador de Goiás. Brasília é uma cidade construída por uma equipe, está vivendo dificuldades por deficiências do governo, por falta de dinheiro. Brasília precisa de um técnico. (Publicado em 15/9/1961)
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com Circe Cunha com MAMFIL
Nas guerras, a primeira vítima é sempre a verdade. A frase atribuída ao dramaturgo grego Ésquilo (século 6 a.C) permanece atual e pode ser facilmente empregada para descrever também o que vem ocorrendo com a Síria nos últimos anos. Os números relativos ao conflito são desencontrados, mas dão conta que, em 5 anos, meio milhão de pessoas, a maioria civis, foram brutalmente mortas. Com cinco milhões de refugiados desesperados e dispersos pelos quatro cantos do planeta e um país praticamente arrasado, a Síria é hoje um país literalmente em escombros. Destroços espalhados por toda a parte simbolizam muito mais do que a falência dos organismos internacionais para resolver questões humanitárias urgentes.
Os escombros são verdadeiros monumentos à insanidade humana a revelar, em pleno século 21, que os homens ainda não abandonaram totalmente a fase da selvageria. Enquanto crianças, mulheres e idosos vão sendo triturados impiedosamente pelo poderio letal dos armamentos ultramodernos, nos salões atapetados de organismos, como as Nações Unidas, entre tapinhas nas costas, cafezinhos e outras amenidades da civilização moderna, discute-se a oportunidade de se aplicar sanções ou reprimendas ao ditador sírio Bashar al-Assad.
A situação dá uma mostra clara da inoperância da ONU, dominada pelas grandes potências, para resolver questões de conflitos armados pelo mundo. Enquanto a questão não chega a bom termo no âmbito diplomático, o que se tem é a poderosíssima indústria de armamentos — justamente dos países que compõem o Conselho Permanente de Segurança da ONU, a saber Estados Unidos, Rússia e China — faturando de acordo com o tamanho do conflito, o tempo de duração e o número de mortos.
Em paralelo, correm questões intrincadas, discutidas no conforto alienador das altas esferas, o grupo terrorista Estado Islâmico, que tem dado mostras do horror ao mundo civilizado, continua se aproveitando dos impasses e vai estendendo seu poderio e preparo militar, para (quem sabe?) partir para novas estratégias.
Para uma guerra que já entrou para a história dos grandes genocídios humanos, o conflito na Síria poderá ensejar, em breve, a instalação de um tribunal internacional de crimes de guerra, onde todos os envolvidos, direta e indiretamente, vão se sentar no banco de réus, na condição de acusados de genocídio. Absolutamente nenhuma análise sobre o conflito na Síria teria mais força de traduzir o que se passa naquela triste nação do que a foto estampada na edição de domingo (25/09) do CB, mostrando sírios num hospital da cidade de Aleppo, dizimada pela bestialidade dos seres humanos modernos e seu interesses.
A frase que foi pronunciada
“A política é uma guerra sem derramamento de sangue, e a guerra, uma política com derramamento de sangue.”
Mao Tse-Tung
Reguffe
» “Essa proposta de anistiar o caixa 2 de campanha é um verdadeiro tapa na cara do cidadão honesto do país.” A declaração do senador que representa o DF traduziu o pensamento da nação. Os senadores não disfarçam o incômodo que Reguffe causa por uma razão muito simples. Se os colegas abrissem mão de tudo o que ele abriu
como senadores economizariam R$1,2 bilhão ao erário.
Onze estrelas
» Está pronto o segundo livro da artista plástica Célia Estrela “Mesas de Natal”. En 5 de outubro, às 19h, na praça central do Casa Park. Célia Estrela projeta a sua luz para o trabalho. Consegue o que pouquíssimos conseguem: uma elegância natural.
Amigo
» Rangel Cavalcante não está mais entre nós. Jornalista de primeira linha, linguagem cativante, foi um defensor do Nordeste, como poucos. São coisas do destino que fogem à compreensão. Nossos sentimentos e abraço à família.
Aventura
» Aconteceu anos atrás em uma agência bancária do Lago Norte. Todos os clientes em silêncio na fila, estampando tédio no rosto. De repente, uma ratazana enorme bate várias vezes no vidro, de certo tentando entrar. Bastou um grito para a atmosfera mudar. Quando o rato desistiu do intento, todos começaram a conversar animadamente. Até o ponteiro do relógio pareceu andar mais rápido.
História de Brasília
Ninguém nega ao sr. Mauro Borges uma excelente folha de serviços prestada à nação em muitas horas, de dificuldade ou de calma. E é acreditando nesse espírito de renúncia, e de homem público, que fazemos um apelo em nome de Brasília. (Publicado em 15/9/1961)
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com Circe Cunha com MAMFIL
Não surpreende o fato de um terço da população do país, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, culpar as próprias vítimas — no caso, as mulheres — pelos casos de estupros. Para essa parcela da população ouvida, a violência do estupro ocorre porque a vítima não se dá ao respeito quando, por exemplo, usa roupas consideradas provocativas. A pesquisa não causa surpresa, mesmo em pleno século 21, porque é sabido que os brasileiros, tanto homens, quanto mulheres, embora em ambiente tropical de pouca roupa nas praias e no carnaval, ainda apresentam fortes traços de conservadorismo, em parte, herdados historicamente do colonialismo secular do tipo patriarcal.
Fosse replicada no restante da América Latina, a pesquisa apresentaria os mesmo resultados, com algumas variantes ainda mais negativas. Mesmo em escala planetária, e os relatos diários confirmam, que a condição feminina, é invariavelmente ruim, mesmo em países com visíveis progressos materiais. As causas dessa desigualdade de gêneros, segundo antropólogos e estudiosos do comportamento humano, perdem-se no tempo e estão ligadas, em grande parte, à condição biológica e singular da mulher de procriadora da espécie.
Por questão de preservação da espécie, a mulher e o bebê eram mantidos sob proteção e afastados dos perigos externos de um mundo sempre hostil e adverso. Essa é, pelo menos, a explicação que a antropologia consegue dar às diferenças de gênero. Curiosamente, é o que os fatos da história contemporânea confirmam. É consenso hoje entre aqueles que cuidam do tema, que, de maneira geral, foi somente a partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão que houve um acerto de orientação nessa questão. De modo específico, os avanços só viriam, de fato, com a revolução sexual trazida pela pílula anticoncepcional e outras mudanças no comportamento, sobretudo, após a eclosão, no mundo Ocidental, dos movimentos feministas e outros de caráter emancipatório na década de 1960.
Foi somente a partir do momento que a mulher passou a ter controle sobre o aparelho reprodutor que foram dados os primeiros passos para uma maior igualdade entre os sexos. Se no controle do aparelho reprodutor as mulheres puderam encontrar as chaves da libertação do jugo milenar de dominação, as portas que se abriram a sua frente mostraríam um vastíssimo caminho pela frente a ser percorrido até que interrompessem as odiosas diferenças presentes ainda em toda a parte , sob variados aspectos.
A ponta de esperança é dada pela pesquisa que aponta que 91% dos brasileiros ouvidos, acreditam que pelo caminho da educação é possível ensinar os meninos a respeitar as mulheres, afastando para longe comportamentos abomináveis como o estupro, que só denigrem a espécie humana, lançando-a de volta ao estágio insano.
A frase que foi pronunciada
“Educar um homem é educar um indivíduo, mas educar uma mulher é educar uma sociedade.”
Rose Marie Muraro, escritora e feminista
Senna
» Anote esse e-mail: info.ufn@pa.sm. Se tiver interesse em obter a moeda do piloto Ayrton Senna lançada pela San Marino, é por aí que se faz o pedido. A moeda pesa 18g gramas, mede 32mm de diâmetro e tem um limite de cunhagem de 8 mil peças.
Independência
» Renan Calheiros foi elogiado por ter tido a coragem de dizer o que pensa sobre a Operação Lava-Jato. Muitos políticos pensam como o presidente do Senado, mas sussurram com o pensamento por receio. Já alguns deputados federais preferiram a calada da noite para pensar, falar e agir.
De volta ao ensino moderno
» Sem sucesso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que obriga a volta das artes nas escolas, é de eficácia zero. Sem desistir da luta, Priscila Cruz, presidente do Movimento Todos pela Educação, acompanha uma nova mudança na grade curricular. A esperança de um ensino melhor está em uma medida provisória. Uma das propostas do Ministério da Educação é que o aluno, dois anos antes de entrar na universidade, já esteja
se preparando tecnicamente para o curso superior que escolher.
Imperdível
Neste sábado, no Cine Brasília, será exibido documentário sobre o pernambucano Cícero Dias, o compadre de Picasso. Artista multifacetado, livre de amarras. A sessão começa às 16h30. O filme é de Vladimir de Carvalho.
Metamorfose ambulante
Alguém precisa lembrar ao presidente Lula do que ele discursava quando era Sindicalista. “Todos os brasileiros são iguais perante a lei.” Ou: “Ninguém é melhor do que ninguém”. Pela segunda vez, ele declara que a Operação Lava-Jato não pode prender autoridades ou ex-autoridades. Por que mudou de opinião?
História de Brasília
Há o caso de uma firma que construiu um galpão caríssimo para as suas instalações, e não pode inaugurar porque não recebeu o “habite-se”. Razão alegada, as dependências sanitárias. (Publicado em 14/9/1961)