Necessidade de arte e cultura

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Ilustração: Atlas linguístico do Brasil

         Com a quarentena, imposta pela pandemia, aquela parcela da sociedade que ficou confinada em seus lares, inclusive aqueles que encontraram amparo econômico por meio do trabalho em casa, tiveram, em algum momento, que buscar refúgio e paz de espírito na cultura.

         Ao contrário do que muita gente acredita, a cultura, incluindo aí tudo o que diz respeito ao universo das artes, não é mero passatempo reservado ao entretenimento e ao lazer. Nem tampouco atividade para o desfrute de uma classe de pessoas privilegiadas. É muito mais do que podemos mensurar. Um povo desprovido de produção cultural, se é que existiu algum na história da humanidade, sobrevive alheio ao mundo em redor. Pois a cultura é a própria tradução e representação do mundo em que estamos imersos. Mesmo aquelas civilizações que devotavam todo o seu tempo e o melhor de sua gente às atividades de guerrear e submeter outros povos, como parece ser o caso dos espartanos, na Grécia clássica. Mesmo esses povos baseavam sua cultura na educação e no treinamento militar rigorosos e obrigatórios para todos os cidadãos, num regime conhecido por “agoge”.

         Eles, que amavam as armas e a guerra, também cultivavam a leitura, a música, a escrita e a dança. Assim, agiam também as mais diversas sociedades humanas ao longo da história. Todos, em menor ou maior grau, produziram cultura, até como uma herança social, capaz de agir como elemento aglutinador de identificação entre os indivíduos de uma sociedade, falando de seu passado e acenando para o futuro.

         Para a antropologia, a cultura é o elemento que, por excelência, diferencia o homem racional de outros animais. O ser humano é, por conseguinte, um animal produtor de cultura. Aliás, a maioria dos povos que, ao longo de milênios, cresceram, desenvolveram-se sobre o planeta, ou mesmo foram extintos, só puderam ser conhecidos como tal, graças à produção de cultura que organizaram em seu tempo de existência.

         Ainda dentro das ciências que exploram a existência humana no mundo, a cultura é vista como elemento indutor da própria evolução humana, contribuindo para o aprimoramento de técnicas diversas que tornavam a vida mais proveitosa e por consequência, mais longeva. Também graças à propagação das atividades e do fazer cultural é que foi possível abrir caminhos para o combate aos problemas socioeconômicos, melhorando a autoestima dos povos, atraindo novos valores, conferindo identidade, autodisciplina e outros valores morais e éticos que foram sendo aperfeiçoados ao longo da jornada humana. Mesmo aspectos outros, como o sentimento de pertencimento a um determinado lugar, a um determinado povo, foi dado através do trabalho e do desenvolvimento da cultura. Há ainda, entre as mil facetas proporcionadas pela cultura, a abertura de oportunidades para a realização individual e coletiva das pessoas, aspecto fundamental e agregador de toda e qualquer sociedade, seja ela do passado ou do presente.

         Não seria exagerado supor então que por meio da produção cultural, é possível afirmar que a perpetuação de uma civilização está diretamente ligada à sua capacidade de gerar cultura e, portanto, conhecimento. Não é por outra razão que muitos estudiosos apontam a cultura como sendo a própria alma de um povo, capaz de dar impulso e ânimo.

         Tão importante ainda como a identidade dada pela cultura a um povo, comumente chamada de identidade cultural, é o fato de que é, através dos mecanismos propiciados pela cultura, que surgem as possibilidades e os meios para o desenvolvimento das artes, em todas as suas vertentes. E é aí que voltamos ao início do texto no que concerne à importância que a cultura exerce em momentos especiais, sobretudo numa época em que tangidos pelo medo da doença e da morte, os indivíduos buscam, na cultura e sobretudo no seu mais importante produto: as artes, a possibilidade de sentir-se em iguais, desfrutando do mesmo destino, seja em tempos de paz ou de guerra. O teatro, a música, o cinema, a poesia, as artes plásticas e uma infinidade de outras realizações do gênio humano, tornam a jornada humana sobre o planeta uma experiência que vale ser vivida, não importando o que se passa lá fora.

         Nesse aspecto não importa se a cultura é erudita ou popular. O efeito terapêutico sobre as diferentes pessoas é o que importa. E como importa. Dentro desse contexto é crucial reforçar a contribuição dada pelas mídias sociais na divulgação dos mais variados temas artísticos e culturais. Ouve-se de pagode à música erudita, num toque de dedos.

         Bibliotecas de todo o mundo estão ao alcance de todos nas redes. Do ponto de vista cultural, as mídias sociais possibilitam desde visitas virtuais a museus e outros sítios de interesse histórico, como leva o internauta a dar um giro pelo mundo, sem sair do lugar.

         Para muitos, é nas ruas ou na sala de visita comum e coletiva, que podemos desfrutar a vida com todo o seu potencial, ao vivo e a cores. Há as cidades mais providas de equipamentos de cultura, como teatro, galerias, museus e outros centros culturais, e outros lugares áridos de cultura, sem espaços adequados para o exercício da cidadania e das artes. Que nossos governantes tenham sensibilidade para perceber os esforços dos verdadeiros trabalhadores das artes.

 

A frase que não foi pronunciada:

“A arte não é um espelho que representa a realidade, mas um martelo para moldá-la.”

Bertold Brecht

Bertolt Brecht, c. 1948–55. Arquivos Federais Alemães (Bundesarchiv), Bild 183-W0409-300; fotografia, Kolbe Creative Commons Atribuição ShareAlike 3.0 (genérico)

 

História de Brasília

A situação do IAPC em Brasília é dramática, pelo abandono votado ao Distrito Federal pelo presidente do Conselho Administrativo. E justamente por causa do sr. Pery Rodrigues, os funcionários não terão apartamentos novos. (Publicada em 07.04.1962)

Onde estão as regras?

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Foto: camara.leg

 

Quem quer que se dê ao trabalho de fazer um apanhado geral das principais notícias veiculadas diariamente na imprensa brasileira, na tentativa de entender o Brasil atual, por certo, não chegará a lugar algum. A razão é simples: o Estado Brasileiro, e não a nação, parece estar de cabeça para baixo. Aqui também a explicação é simples: as principais instituições do Estado, comumente chamadas de Poderes da República, ousaram enveredar por caminhos paralelos à Constituição, mal tangenciando o que ordena a Carta de 88.

Com isso, pouco tem restado dos preceitos básicos de harmonia e independência entre Poderes. O que existe, de fato, é uma espécie de caldeirada ou sarrabulho, onde já não se distinguem cada um dos ingredientes. Trocando em miúdos, é o que se tem para hoje. Se não, vejamos: O principal setor da economia brasileira hoje é, sem dúvida alguma, o agronegócio, que movimenta uma imensa cadeia de atividades, dando emprego para aproximadamente 30 milhões de pessoas, o que corresponde a 27% no total de mão-de-obra ocupada em nosso país.

Não surpreende que esse setor seja o responsável por 49% da pauta exportadora em nosso país. Na verdade, o agronegócio é o único setor em nosso país que possui vida própria, anda com as próprias pernas, e, portanto, não depende diretamente de governos ou de oscilações e humores de mandatários. Mesmo com todas essas credenciais positivas, capaz de salvar o país da inadimplência certa, o atual governo faz questão de não se entender com os produtores rurais, os quais critica costumeiramente.

O Agrishow, que acontece agora em Ribeirão Preto (SP), é a maior feira agropecuária do Brasil e uma das maiores do mundo, com estimativa de movimentar, em poucos dias, cerca de R$ 13,2 bilhões em negócios. Num acontecimento portentoso como este, o presidente envia um representante com receio ou a certeza de não ser bem recebido pelos produtores. Mesmo assim, para uma abertura oficial da feira, realizada para convidados selecionados a dedo. Não dá para entender. De outro lado, o mesmo governo, cujo dom de negociar politicamente com o Congresso e sem a liberação de verbas é escasso como água no deserto, prefere enviar, diretamente ao Supremo, onde parece ter uma “bancada” favorável, a questão da desoneração da folha de pagamento de diversos setores da economia.

Com esse gesto, que de sobra tornou-se um caminho natural, seguido, inclusive, pelos próprios parlamentares, vai tornando obsoleto o próprio Legislativo. Em tempos não muito distantes, esse rito transversal seria impensável. O mais curioso é que essa questão caiu nas mãos de um ministro que, até há pouco tempo, era ninguém menos do que o advogado de defesa do atual mandatário. Dá para entender?

Noutro lado do campo e para dar mais nonsense ao que ocorre hoje em nosso país, a questão sensível da demarcação das terras indígenas, dentro do chamado Marco Temporal, volta à baila no Supremo mesmo depois de já ser decidido no Congresso, onde esse assunto espinhoso deveria ter, no arranjo constitucional entre os Poderes, seu berço natural. Para complicar o que em si já é demasiado controverso, o Supremo, que já havia revertido sua jurisprudência anterior, abriu um processo de conciliação entre as partes, o que num Estado racional, seria função exclusiva do Legislativo. Dizer que ninguém se entende nessa atual República talvez seja a única explicação racional capaz de tornar inteligível o Brasil atual.

 

A frase que foi pronunciada:

“Todos os que vivem sob o contrato social a que chamamos democracia têm o dever de agir com responsabilidade, de obedecer às leis e de abandonar certos tipos de comportamentos de interesse próprio que entram em conflito com o bem geral.”   

Simon Mainwaring

Simon Mainwaring. Foto: voyagela.com

 

Revolução

Simples assim. Você recebe um balde para depositar todo lixo orgânico da cozinha. Paga uma taxa e recebe terra forte para plantar o que quiser. Trata-se do projeto Compostar. Veja no link Capital Lixo Zero.

Publicação no perfil oficial da Compostar no Instagram

 

Expectativa

Faltam três comissões para a decisão do projeto que regulamenta a desaposentação no INSS.

Foto/Exame

 

Bem de todos

Viviane de Almeida, chefe do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente do HBDF, trabalhou com diversas equipes da Instituição a importância da Comunicação entre os setores e o reflexo desse diálogo na vida do paciente. A iniciativa é fundamental e poderia ser aplicada em todos os órgãos do GDF.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-20.6.2017

 

História de Brasília

A situação do IAPC em Brasília é dramática, pelo abandono votado ao Distrito Federal pelo presidente do Conselho Administrativo. E justamente por causa do sr. Pery Rodrigues, os funcionários não terão apartamentos novos. (Publicada em 07.04.1962)

Jogos

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Imagem: divulgação na internet

 

          A sabedoria popular ensina a desconfiar das facilidades e de todo o tipo de aposta em fortunas fáceis. Tanto é que não se conhecem ainda os jogos de sorte, e, sim, os chamados jogos de azar, que têm levado muita gente, e rapidamente, para a ruína financeira.

         O Brasil, em matéria de jogos de azar, parece ter acertado no milhar, tamanha a quantidade de cassinos e de sites de apostas pela internet que existem à disposição dos apostadores. Com a recente regulamentação tanto das apostas esportivas como dos cassinos, o país assiste a uma espécie de boom econômico nesse setor. A cada dia, multiplicam-se os sites de apostas e de abertura de cassinos ao alcance do apertar de uma tecla, sem sair de casa. É uma comodidade que, mais do que conforto, traz preocupações das mais sérias. Apenas conhecendo a pouca eficácia e mesmo o desdém de nossos órgãos de regulação e de fiscalização, já dá para imaginar como estarão funcionando esses autênticos sorvedouros de dinheiro da população.

          Dizer que esse novo setor tem obtido recordes sobre recordes de procura e de ganhos financeiros não é surpresa,
não chega a ser novidade, já que empresários que exploram esses polêmicos nichos, tanto aqui no país como no exterior, estavam, há anos, pressionando, com toda a espécie de lobby, as autoridades brasileiras — quer dizer, do Congresso — por sua liberalização.

          O que preocupa é que, com esse crescimento exponencial, virão também coligados de todo o tipo de contravenção e crime, sendo a lavagem de dinheiro de origem ilícita a mais praticada. O setor tem comemorado essa abertura, investindo, cada vez mais, nesses novos caça-níqueis online. Para se ter uma ideia desse novo “negócio da China”, basta verificar que, nesta semana, foi realizado em São Paulo o Brazilian iGaming SIGMA 2024, o maior e mais concorrido  evento de apostas e jogos da América Latina.

          Nesse encontro que reuniu milhares de pessoas, estavam presentes os principais players desse mercado, que hoje investem não apenas em mais cassinos e sites de apostas, mas em emissoras de rádios e de televisão e em outras mídias de importância, expandindo seus leques de poder e influência. O mercado de apostas esportivas e de cassinos tem crescido não só em importância econômica como em importância política, espraiando-se por dentro do Estado, onde já conta com o apoio que necessita para não ser incomodado pelos órgãos fiscalizadores. Aqui, nesse meio, não se discutem problemas com o dependência crônica de jogos online, ciclos viciantes ou da destruição da vida financeira de inúmeras famílias. Tudo nesse setor brilha como ouro. A situação nessa área, onde quem ganha é sempre o dono do negócio já pode ser considerada fora de controle. O Estado não sabe hoje quantos cassinos estão operando e muito menos quantos sites de aposta online estão no ar.

         O nosso país, como esses empresários e o mundo do crime internacional já sabiam, vai se transformando, a passos largos, no paraíso da jogatina e da lavagem de dinheiro. Para um país que há muito é conhecido como esconderijo paradisíaco de criminosos internacionais, nenhuma surpresa.

         Para se ter uma ideia do crescimento desse gigante, nos últimos meses centenas de empresas de apostas esportivas chegaram ao Brasil, de olho nessa mina de ouro a céu aberto. O Brasil já é hoje um dos maiores mercados de aposta do planeta. E tudo isso aconteceu em pouco tempo, desde o afrouxamento das leis a partir de 2018.

         Em 2023 o atual presidente da República deu mais um impulso ao setor de apostas, sancionando regulamentações favoráveis a essas atividades, bastando aos interessados pagarem taxas burocráticas para oferecerem esses serviços. Aqui também não se discutem assuntos constrangedores como o mal que as apostas esportivas têm feito ao futebol e à credibilidade das partidas.

         Tudo no futebol mudou com a liberação das apostas esportivas. Inclusive os resultados. Para o crime organizado, que há anos age e se expande em nosso país, investindo desde carreiras políticas até em empresas de ônibus urbanos, o investimento nos jogos de azar veio a calhar e dar novo impulso e tranquilidade às finanças desses bandos. Sem a criação de um super estrutura de controle e fiscalização sobre esse setor, dentro da Polícia Federal e da própria Receita, dificilmente a população irá enxergar qualquer benefício oriundo dessa atividade azarenta.

A frase que foi pronunciada:

“São circunstâncias muito complexas as que marcam ou decidem o destino dos homens.”

José Saramago

José Saramago. Foto: Oscar Cabral/VEJA/Dedoc

 

Projeto Compostar

Que fique registrado nessa coluna uma alternativa para mudar o lixo da capital do país. Muitas vezes, ter o trabalho de separar o lixo em casa é ato em vão, quando os sacos se misturam no caminhão de coleta. O projeto Compostar recolhe na sua casa os resíduos orgânicos e, dependendo do plano assinado, você pode receber o adubo orgânico já pronto ou plantas. É uma ideia que limpa o ar e o futuro da cidade.

Imagem: projetocompostar.com

 

História de Brasília

Terça-feira começará a vacinação Sabin em Brasília. Leve seus filhos. A vacina Sabin não dá reação, não é injeção nem arranhão. É uma gota pingada na língua, e peça sempre com sabor de cereja, que é uma delícia. (Publicada em 06.04.1962)

Ao povo brasileiro

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Foto: cnbb.org

Em mensagem dirigida ao povo brasileiro, por ocasião da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre 10 e 19 de abril último, os bispos católicos, citando Mateus 23,8, que ressalta: “Vós sois todos irmãos e irmãs”, lembraram, logo de saída, que as experiências adquiridas pelo nosso passado recente, nos ensinam a buscar, no diálogo, as soluções para o Brasil atual.

Para os bispos reunidos na assembleia, foi graças às articulações, entre agentes lúcidos e cidadãos, que superamos e deixamos para trás aqueles problemas. Segundo apontam nessa mensagem, cabe às instituições do país, no caso, aos três Poderes da República, resolverem os problemas que se apresentam hoje à nossa democracia. Por isso mesmo, conclamaram essas instituições e a sociedade civil a seguirem o que preconiza a Constituição de 1988. Nesse sentido, lembraram os bispos, que as questões relativas à independência e à harmonia entre os Poderes não são apenas opções de momento, mas, sim, deveres permanentes e irrenunciáveis, que, aliás, estão expressos na Carta de 1988. De acordo com esses prelados, lembrando o papa, “a paz, por ação da força mansa e santa dos que creem, deve ser buscada como forma de se opor ao ódio da guerra”.

Durante essa assembleia, foram mencionados os gastos militares, que, no ano passado, cresceram e foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, assim como a fome no mundo, que aumentou no mesmo ritmo. Em nosso país, segundo os bispos, verifica-se também um crescimento sem precedente do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do vandalismo, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis.

Na avaliação desses religiosos, a realidade dos migrantes, do povo em situação de rua e da população encarcerada continua sendo um desafio, assim como a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência, que continuam a violentar nossa nação. Diante de uma situação calamitosa como essa apontada pelos bispos, a saída seria construir a paz, sobretudo aquela paz que nasce da justiça, segundo está escrito em Isaías 32,17. “Entendemos que o Brasil necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para os jovens Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir, solidariamente, em prol de um país economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável”, diz a mensagem.

Com relação aos novos desafios trazidos pelos problemas climáticos, os bispos assinalam a necessidade de uma transição rápida para as energias limpas. Também com relação à Amazônia, os bispos destacam que os povos que ali vivem não podem mais ser sacrificados por um modelo de exploração que não permite o bem viver. Também lembraram de outros biomas, como o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o Pantanal, que estão sofrendo pressões de todo o tipo, tornando a cada vez mais difícil a reversão dessa destruição. Para os bispos, “toda a casa comum sofre com a destruição”.

Na mensagem ao povo brasileiro, os bispos, reunidos na CNBB, destacaram a realização, em 2025, da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará. Na oportunidade, serão discutidas possíveis soluções para o aquecimento global, bem como alternativas sustentáveis para a vida no planeta. No encontro, segundo eles, deverá existir um sério compromisso dos governos com a obra da criação. Em relação aos povos indígenas, os bispos ressaltaram que é preciso melhorar as políticas públicas com ação concreta na defesa dos povos originários, bem como a proteção de suas terras, especialmente no território Yanomami.

Durante a realização da 61ª assembleia, os bispos lembraram que passados 64 anos do início da
ditadura militar, a nossa democracia ainda necessita de cuidados. Para tanto, destacaram que as próximas eleições municipais deste ano serão uma oportunidade para fortalecermos a nossa democracia,
por meio do voto consciente. “A consciência cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois há exigências éticas para a realização do bem comum”, diz a mensagem.

Com esse intuito os bispos conclamam à união de todos, sendo que ninguém deve abdicar da participação na política. Em relação aos meios de comunicação, questão muito discutida hoje em dia em nosso país, os bispos assinalam que é preciso o combate à desinformação, principalmente aquela que usa a linguagem religiosa para justificar interesses políticos e econômicos escusos. Lembrando mais uma vez o papa Francisco, os bispos destacaram que a inteligência artificial corre o risco de ser rica em técnica e pobre em humanidade. Para tanto, disseram: a liberdade de expressão não pode estar a serviço da divisão social, pois o ódio, o fundamentalismo e o populismo enfraquecem a democracia.

 

História de Brasília

Agora, voltamos ao mesmo assunto. Subindo ou descendo a superquadra, esteja sempre com seu carro em segunda. Se você tem chapa branca, avise ao seu motorista para fazer assim. Pode ser que ele não saiba, ou não se lembra, e sua advertência é uma necessidade. (Publicada em 6/4/1962)

Um discurso para a capital – Parte 2

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Foto: veja.com/VEJA

 

Para o conhecimento das novas gerações seguem aqui  os trechos finais ou a segundo parte  do discurso feito pelo ex-presidente Juscelino Kubistchek por ocasião do ato  que inaugurava oficialmente a capital de todos os brasileiros em 21 de abril de 1960, ocasião em que eram fundados também o Correio Braziliense e a Coluna Visto Lido e Ouvido. O discurso proferido naquela longínqua  ocasião é até hoje o documento  político mais importante sobre  Brasília, pois registra não só o nascimento de uma cidade especial como marca uma nova etapa na história de nosso país.

“Deste Planalto Central, Brasília estende aos quatro ventos as estradas da definitiva integração nacional: Belém, Fortaleza, Porto Alegre, dentro em breve o Acre. E por onde passam as rodovias vão nascendo os povoados, vão ressuscitando as cidades mortas, vai circulando, vigorosa, a seiva do crescimento nacional.” Ficou patente que a construção de Brasília ia, aos poucos revitalizando a porção interior do país do ficara esquecida por séculos e que agora passavam a ser interligada por estradas de união que estavam sendo abertas. Nesse ponto é necessário acrescentar a colaboração imprescindível de um personagem muito estimado por JK, que era o engenheiro Bernardo Sayão. Graças ao entusiasmo desse colaborador do presidente, foi dado continuidade ao importante processo de integração nacional, inciado ainda com o Marechal Rondon e que tinha como objetivo ligar por estradas o interior do país. Depois de efetivado o programa de construção da nova capital, no interior do Brasil, ligar por rodovias  Brasília  a Belém, ao Acre e a Fortaleza   os próximos desafios a serem cumpridos para dar sentido prático a mudança da capital. Ainda em janeiro de 1960, quatro meses antes da inauguração de Brasília, foram iniciadas as Caravanas da Integração Nacional. Saídas de São Paulo e do Rio de Janeiro, homens e máquinas, sob a liderança de Bernardo, foram rasgando estradas rumo a nova capital.  

“Brasileiros! Daqui, do centro da Pátria, levo o meu pensamento a vossos lares e vos dirijo a minha saudação. Explicai a vossos filhos o que está sendo feito agora. É sobretudo para eles que se ergue esta cidade síntese, prenúncio de uma revolução fecunda em prosperidade. Eles é que nos hão de julgar amanhã.  Neste dia – 21 de abril – consagrado ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ao centésimo trigésimo oitavo ano da Independência e septuagésimo primeiro da República, declaro, sob a proteção de Deus, inaugurada a cidade de Brasília, Capital dos Estados Unidos do Brasil.”  Nesse trecho final Juscelino Kubitschek fala da  importância da construção de Brasília para as novas gerações que viriam. Seriam elas que iriam ser as maiores beneficiadas com essa obra e com todo o processo de interiorização do país.

Este discurso foi proferido por Juscelino Kubitschek na sessão solene de instalação do governo no Palácio do Planalto, no dia 21 de abril de 1960 e comentado por ocasião dos 64º aniversário de Brasília.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse”.

Lúcio Costa

Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte grafite e aquarela, 29x21cm, 2010 (evblogaleria.blogspot.com)

 

Dito e feito

Jussara Dutra Ferreira é daquelas pessoas que se empenham aos projetos até vê-los concretizados. Em Brasília desde o tempo da poeira, Jussara é filha de José Dutra Ferreira, garçom e mordomo de JK. Estava com a ideia de escrever um livro compilando as histórias do pai. E conseguiu. Quem quiser ler assuntos inéditos do começo de vida de Brasília é só ver os detalhes no link: @memoriasdutra.

Jussara Dutra. Foto publicada em seu perfil oficial no Instagram

 

O Mar e o mal

Todos conversavam sobre o Arrastão, de Dorival Caymmi. Uma música que consegue colocar ventos nas notas. Ouvindo sobre o assunto, Gilda Elizabeth Nogueira começou a contar as histórias de arrastão que passou na vida. As que viveu e as que ouviu dizer. A confusão com uma palavra tão linda, Gilda mostrou o que o tempo conseguiu fazer para que arrastão se tornasse um fato pavoroso. Mostra que o nosso mundo já não é o mesmo. Os meninos que esperavam, na areia, o arrastão das praias que trazia o peixe bom para a família, com o passar do tempo, transformaram-se nos meninos temidos que, agora sem família, arrastam pela areia a própria dignidade.

 

 

Futuro

DF teve liberação para o funcionamento do primeiro crematório, que fica no cemitério Campo da Esperança. A decisão que a Sejus aguardava veio do Instituto Brasília Ambiental. Isso faz lembrar um cemitério projetado pelo arquiteto Manoel A. Madureira Filho. Apenas umas hastes com neon na ponta contendo o DNA do falecido.

Publicação no perfil oficial da Secretaria de Justiça, no Instagram

 

História de Brasília

Ontem na minha superquadra, houve um atropelamento. Havia dois guardas para orientar as crianças, e a orientação não foi dada. O motorista ainda tentou evitar o acidente e não conseguiu. Socorreu a vítima, o que foi muito lógico. (Publicada em 06.04.1962)

Um discurso para a capital – Parte 1

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Lúcio Costa e presidente JK. Foto: arquivo.arq

 

Para o conhecimento das novas gerações eis aqui trechos do discurso do presidente da República Juscelino Kubitschek, feito há 64 anos, na noite do dia 21 de abril de 1960, durante o ato oficial que inaugurava, comentado pela coluna. Depois de 3 anos de intensa construção, a capital de todos os brasileiros, hoje patrimônio cultural da humanidade, era finalmente entregue ao povo. Trata-se do mais importante documento acerca desse feito histórico.

“Não me é possível traduzir em palavras o que sinto e o que penso nesta hora, a mais importante de minha vida de homem público. A magnitude desta solenidade há de contrastar por certo com o tom simples de que se reveste a minha oração. Dirigindo-me a todos os meus concidadãos, de todas as condições sociais, de todos os graus de cultura, que, dos mais longínquos rincões da Pátria, voltais os olhos para a mais nova das cidades que o Governo vos entrega, quero deixar que apenas fale o coração do Vosso Presidente”. Aqui, mais do que nos trechos de cunho político, a fala do então presidente, como era de seu perfil humano e sensível, deixa expresso toda a sua emoção com a realização da mais gigantesca obra já realizada por mandatário em toda a história do país.    

“Não vos preciso recordar, nem quero fazê-lo agora, o mundo de obstáculos que se afiguravam insuportáveis para que o meu Governo concretizasse a vontade do povo, expressa através de sucessivas constituições, de transferir a Capital para este planalto interior, centro geográfico do País, deserto ainda há poucas dezenas de meses.” Nesse ponto, o presidente, a quem o povo apelidou simplesmente de JK, deixa escapar, em resumo, os diversos obstáculos políticos e de toda a ordem que teve que enfrentar para construir Brasília. “Não nos voltemos para o passado, que se ofusca ante esta profusa radiação de luz que outra aurora derrama sobre a nossa Pátria”. Ele deixa claro que, mesmo esses obstáculos, que se faziam intransponíveis e quase lhe custaram o mandato, tornavam-se ínfimos diante da realização de tão monumental obra.

“Quando aqui chegamos, havia na grande extensão deserta apenas o silêncio e o mistério da natureza inviolada. No sertão bruto iam-se multiplicando os momentos felizes em que percebíamos tomar formas e erguer-se pôr fim a jovem Cidade. Vós todos, aqui presentes, a estais vendo, agora, estais pisando as suas ruas, contemplando os seus belos edifícios, respirando o seu ar, sentindo o sangue da vida em suas artérias.” Inúmeras vezes JK, deixa o Rio de Janeiro, então capital, e voava à noite para Brasília, então um Cerrado imenso, até então intocado pelo homem, apenas para contemplar as primeiras construções que se erguiam solitárias nesse descampado.

Somente me abalancei a construí-la quando de mim se apoderou a convicção de sua exequibilidade  por um povo amadurecido para ocupar e valorizar plenamente no território que a Providência Divina lhe reservara. Nosso parque industrial e nossos quadros técnicos apresentavam condições e para traduzir no betume, no cimento e no aço as concepções arrojadas da arquitetura e do planejamento urbanístico modernos.” Nesse parágrafo, JK deixa claro que a convicção para erguer a capital veio quando ele se certificou que já havia condição estratégica e toda uma infraestrutura nacional para dar início a tão ousada empreitada.

“Surgira uma geração excepcional, capaz de conceber e executar aquela “arquitetura em escala maior, a que cria cidades e, não, edifícios”, como observou um visitante ilustre. Por maior que fosse, no entanto, a tentação de oferecer oportunidade única a esse grupo magnífico, em que se destacam Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, não teria ela bastado para decidir-me a levar adiante, com determinação inflexível, obra de tamanha envergadura”

Obviamente que para levar adiante tamanho desafio, foi fundamental contar com a colaboração de homens excepcionais, dotados também de inteligência e força de vontade. Mais do que cimento e aço, a presença desses homens, entusiasmados como ele, foi fundamental para tal desafio.

“Pesou, sobretudo, em meu ânimo, a certeza de que era chegado o momento de estabelecer o equilíbrio do País, promover o seu progresso harmônico, prevenir o perigo de uma excessiva desigualdade no desenvolvimento das diversas regiões brasileiras, forçando o ritmo de nossa interiorização. No programa de metas do meu Governo, a construção da nova Capital representou o estabelecimento de um núcleo, em torno do qual se vão processar inúmeras realizações outras, que ninguém negará fecundas em consequências benéficas para a unidade e a prosperidade do País.” Com essas palavras, é visível o elemento que caracteriza o homem público e estadista, que é a visão do futuro e a faculdade de pensar no amanhã do país, colocando um ponto final no histórico abandono do interior do Brasil.

“Viramos no dia de hoje uma página da História do Brasil. Prestigiado, desde o primeiro instante, pelas duas Câmaras do Congresso Nacional e amparado pela opinião pública, através de incontável número de manifestações de apoio, sinceras e autenticamente patrióticas, dos brasileiros de todas as camadas sociais que me acolhiam nos pontos mais diversos do território nacional, damos por cumprido o nosso dever mais ousado; o mais dramático dever. Só nos que não conheciam diretamente os problemas do nosso Hinterland percebemos, a princípio, dúvida, indecisão.” Nesse ponto do discurso, JK deixa claro que a construção da nova capital marcaria, doravante, uma nova e definitiva etapa na história do Brasil. Uma etapa, como ele afirma, ousada e, ao mesmo tempo, dramática, tamanho era esse desafio.

“Mas no País inteiro sentimos raiar a grande esperança, a companheira constante em toda esta viagem que hoje concluímos; ela amparou-nos a todos, a mim e a essa esplêndida legião que vai desde Israel Pinheiro, cujo nome estará perenemente ligado a este cometimento, até ao mais obscuro, ao mais ignorado desses trabalhadores infatigáveis que tornaram possível o milagre de Brasília.” Mais uma vez, são mencionados a força e o entusiasmo das pessoas que cercaram JK nesse projeto. Sem esse mutirão humano e cheio de esperança, nada seria possível.

Em todos os instantes nas decepções e nos entusiasmos, levantando o nosso ânimo e multiplicando as nossas forças, mais de que qualquer outro amparo ou guia, foi a Esperança valimento nosso. Um homem, cujos olhos morreram e ressuscitaram muitas vezes na contemplação da grandeza – aludo, novamente, a André Malraux – viu em Brasília a Capital da Esperança. Seu dom de perceber o sentido das coisas e de encontrar a expressão justa fê-lo sintetizar o que nos trouxe até aqui, o que nos deu coragem para a dura travessia, que foi a substância, a matéria-prima espiritual desta jornada. Olhai agora para a Capital da Esperança do Brasil.” O antigo e saudoso presidente alude ao poder mágico e invisível da esperança. Esse sentimento nobre deixou-se transparecer na própria cidade que nascia. Brasília capital da esperança e o Hino à Brasília, que veio mais tarde pelas mãos de Neusa França, eram as músicas mais cantadas diariamente nas rádios da cidade nos primeiros anos de Brasília. Havia, naqueles anos cinquenta e sessenta, uma espécie de esperança no ar, de que o Brasil acordaria de seu sono profundo e seguiria rumo ao futuro. André Malraux (1901-1976) foi um escritor e ministro de assuntos culturais francês, doutor honoris causa pela USP e criador dos centros culturais. Ao visitar Brasília, deu-lhe o título de Capital da Esperança.

“Ela foi fundada, esta cidade, porque sabíamos estar forjada em nós a resolução de não mais conter o Brasil civilizado numa fímbria ao longo do oceano, de não mais vivermos esquecidos da existência de todo um mundo deserto, a reclamar posse e conquista.” A crítica histórica de que os brasileiros não davam a devida importância ao interior do país, limitando-se a imitar os caranguejos que não vão muito além das praias, limitando-se a arranhar as costas do Brasil.

“Esta cidade, recém-nascida, já se enraizou na alma dos brasileiros; já elevou o prestígio nacional em todos os continentes; já vem sendo apontada como demonstração pujante da nossa vontade de progresso, como índice do alto grau de nossa civilização; já a envolve a certeza de uma época de maior dinamismo, de maior dedicação ao trabalho e à Pátria, despertada, enfim, para o seu irresistível destino de criação e de força construtiva.” JK, como todo estadista de seu porte, tinha a clara visão de que a construção da nova capital no interior do país iria chamar a atenção de todo o mundo para as potencialidades e capacidades do povo brasileiro, despertando o país para um novo destino de crescimento e progresso.

Processos de desumanização

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Talvez, o maior problema existente hoje no âmbito da medicina pública não fique por conta apenas do notório sucateamento e superlotação dos hospitais e postos de saúde do Estado, mas na ponta final desse longo processo de descaso, que acaba conduzindo ou empurrando o atendimento médico para o beco sem saída da desumanização das relações entre pacientes e profissionais de saúde.

As cenas de revolta de pacientes nas antessalas de atendimento, querendo invadir os consultórios aos gritos, seguidas de outras cenas que acabam em xingamentos e agressões, repetem-se a cada dia dentro dos hospitais públicos por todo o país. Há uma espécie de revolta no ar toda a vez que aglomerações e filas se formam na frente desses centros de saúde. Culpar unicamente os médicos e os atendentes de nada adianta. Na melhor das hipóteses, contribui para a piora dos serviços. A causa desse caos na saúde, embora seja, em tese, a pasta que mais recebe repasses da União, é mais profunda.

Este ano, segundo fontes do próprio governo, foram alocados R$ 215,2 bilhões, um valor, segundo especialistas nessa área, abaixo do necessário. O que ocorre hoje com a saúde em nosso país é semelhante ao que afeta também as áreas de educação, segurança e outras de interesse direto da população. Não há uma prioridade e uma real concentração de esforços para resgatar esses setores do constante patamar da decadência e do mal atendimento. A má gestão, a falta de reconhecimento à importância dos profissionais da saúde e educação, seguidas de desvios de toda a ordem, é uma doença que vem de cima e contamina todo o restante.

A coisa fica pior quando se verifica que o governo não tem plano consistente algum para essas áreas. Mesmo a indicação dos altos escalões que vão gerir essas pastas obedece não a critérios técnicos, mas a preferências políticas e a outras conveniências estranhas e prejudiciais ao setor. Quando o problema vem de cima, com todo o seu peso burocrático e paquidérmico, aqueles que estão na base e no atendimento ao público é que são esmagados. Obviamente que, nesse processo de enxurrada de lama morro abaixo, os que sofrem por último e de maneira mais trágica são justamente os cidadãos que buscam os serviços públicos.

A desumanização de todo o sistema de atendimento, seja na saúde, seja na educação ou mesmo em outras áreas do atendimento ao público, é, assim, o derradeiro processo que vem para soterrar as relações humanas, tornando todo o sistema gravemente enfermo. Difícil em meio a tantos contratempos é encontrar meios de humanizar adequadamente as relações entre médicos e pacientes, entre professores e alunos ou entre funcionários públicos e a população.

Para o cidadão que arca com todos os altos custos dos serviços públicos prestados à população, a sensação frente a toda a desumanização no atendimento é culpa do primeiro atendente, visto do outro lado do balcão. A ele todos os impropérios e revoltas são dirigidos. O que ninguém parece enxergar é que a causa final de toda essa desumanização não está realmente na ponta do sistema, mas lá distante, na sua origem.

 

A frase que foi pronunciada:

“Na prática…a teoria é outra.”

Roberto Parentoni, advogado criminal

Roberto Parentoni. Foto: Divulgação

 

Pague e pegue

A mais famosa empresa de entrega de alimentos comprados de restaurantes tem uma prática divergente aos direitos do consumidor em sua política de cancelamento de pedidos. Uma taxa pela entrega dentro dos parâmetros. Mas, se por ventura, o cliente não atender a porta ou se o motoqueiro disse que tocou a campainha e ninguém atendeu, a comida volta e o consumidor perde o que pagou.

Foto: entregador.ifood.com

Surreal

Se na capital do país o abandono ao pessoal da Saúde, Educação, Cultura, Segurança está como está, imaginem pelo Brasil afora. O piso da Enfermagem de 4 mil reais ninguém paga, professores que desistem da profissão, teatros fechados. Para se ter uma ideia, enquanto o parlamento aprova o aumento dos proventos de juízes e promotores, um pediatra que trabalhou por 50 anos salvando vidas recebe 7 mil reais de aposentadoria.

 

Alerta

A Neoenergia adverte consumidores para o novo golpe do parcelamento. Se optar por parcelar, é bom que seja pelo site da empresa ou loja de atendimento.

 

Pelas beiradas

Lei do Planejamento Familiar discutida no STF. Dessa vez, o PSB abriu caminho na ADI 5.911. O assunto gira em torno da realização do procedimento de esterilização voluntária com a idade mínima de 21 anos ou dois filhos vivos.

 

Viva a vida

Roseana Murray, escritora que perdeu um braço atacada por pit bulls, recebe alta. O carinho da equipe de enfermagem ajudou a poetisa a enfrentar os 13 dias de agonia.

Escritora Roseana Murray

 

História de Brasília

A solidariedade existente entre os pioneiros de Brasília ainda é um exemplo para os que se mudam para a nova capital. Outro dia, o sr. J. J. Sabriá parou seu carro para retirar uma pedra do meio da rua, e ontem, o Ruy dos Santos, gerente da Satic, achou uma chave próxima a um carro, e deixou o seguinte bilhete para o motorista: “Creio ter o senhor perdido a chave do seu carro. Encontrei-a e coloquei-a no porta luvas”. ? (Publicada em 06.04.1962)

Ordem e Progresso

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Foto: diariodopoder.com.br

 

           Quem diria que, justamente, a entidade máxima que representa os advogados brasileiros, e que, por isso mesmo, tem por obrigação trilhar o caminho reto da ética e das leis, carece, em seu estatuto, do mais comezinho instituto legal, no caso aqui de eleições diretas.

         Surpreende que, mesmo na ausência desse mecanismo primário, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) consiga, legitimidade, para representar, condignamente, os causídicos em nosso país. Mesmo que essa condição sui generis tenha o apoio da maioria da categoria, o que não se comprova, soa estranho que a entidade, fundada em 1930, e que possui em seu currículo vários momentos de lutas valorosas contra o arbítrio e a tirania, menospreze os critérios de uma ampla e irrestrita democracia interna, principalmente com relação a eleições diretas para a escolha do presidente da Ordem.

          É sabido que a eleição nessa instituição é indireta, feita por 81 conselheiros eleitos nos estados e no Distrito Federal. Esse modelo, que parece copiar o que vigorou tristemente na época dos militares, tem trazido prejuízos para a imagem da ordem e dado espaço para que sua presidência venha sendo ocupada rotineiramente por candidatos que dificultam o diálogo com outras correntes.

         É preciso que a OAB altere esse modelo eleitoral, sob pena de ficar parecida com outra entidade, que há décadas também vem sendo dirigida, com mão de ferro, por radicais, como é o caso aqui da UNE. A pouca participação dos advogados ativos na escolha direta do presidente da Ordem, talvez, explique parte do silêncio sepulcral que tomou conta da entidade desde janeiro de 2023, com a prisão, em massa e ilegal de gente que manifestou sua opinião.

         Mesmo os claros desmandos que impedem advogados de acompanharem o tramitar dos processos contra os seus clientes e acusados, não têm tido o condão de fazer com que a OAB proteste contra qualquer arbitrariedade. Também a censura imposta a deputados, jornalistas, blogueiros e outros cidadãos, não tem merecido, por parte da OAB, qualquer reparo, como se isto fosse completamente normal.

         Não estranha, pois, que, diante desse amolecimento e da falta de coragem da Ordem, um protocolo registrado por um grupo de 12 advogados junto à Ordem, que pede, explicitamente, que as eleições sejam diretas para o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Para esse e outros grupos de advogados, chega a ser um absurdo que, depois de 40 anos da volta da democracia no país, a OAB ainda mantenha esse modelo nada democrático e que vem dando margem para que a entidade permaneça abduzida por apenas um espectro político.  Para muitos advogados é chegada a hora de a OAB instituir a verdadeira democracia da porta para dentro e não ao contrário. É preciso dar voz e vez para os 1,4 milhões de advogados inscritos na ordem.

A frase que foi pronunciada:

“Na prática…a teoria é outra.”

Roberto Parentoni, advogado criminal

Roberto Parentoni. Foto: Divulgação

 

Pague e pegue

A mais famosa empresa de entrega de alimentos comprados de restaurantes tem uma prática divergente aos direitos do consumidor em sua política de cancelamento de pedidos. Uma taxa pela entrega dentro dos parâmetros. Mas, se por ventura, o cliente não atender a porta ou se o motoqueiro disse que tocou a campainha e ninguém atendeu, a comida volta e o consumidor perde o que pagou.

Foto: entregador.ifood.com

Surreal

Se na capital do país o abandono ao pessoal da Saúde, Educação, Cultura, Segurança está como está, imaginem pelo Brasil afora. O piso da Enfermagem de 4 mil reais ninguém paga, professores que desistem da profissão, teatros fechados. Para se ter uma ideia, enquanto o parlamento aprova o aumento dos proventos de juízes e promotores, um pediatra que trabalhou por 50 anos salvando vidas recebe 7 mil reais de aposentadoria.

 

Alerta

A Neoenergia adverte consumidores para o novo golpe do parcelamento. Se optar por parcelar, é bom que seja pelo site da empresa ou loja de atendimento.

Pelas beiradas

Lei do Planejamento Familiar discutida no STF. Dessa vez, o PSB abriu caminho na ADI 5.911. O assunto gira em torno da realização do procedimento de esterilização voluntária com a idade mínima de 21 anos ou dois filhos vivos.

 

Viva a vida

Roseana Murray, escritora que perdeu um braço atacada por pit bulls, recebe alta. O carinho da equipe de enfermagem ajudou a poetisa a enfrentar os 13 dias de agonia.

Escritora Roseana Murray

 

História de Brasília

A solidariedade existente entre os pioneiros de Brasília ainda é um exemplo para os que se mudam para a nova capital. Outro dia, o sr. J. J. Sabriá parou seu carro para retirar uma pedra do meio da rua, e ontem, o Ruy dos Santos, gerente da Satic, achou uma chave próxima a um carro, e deixou o seguinte bilhete para o motorista: “Creio ter o senhor perdido a chave do seu carro. Encontrei-a e coloquei-a no porta luvas”. ? (Publicada em 06.04.1962)

Articulação e convencimento

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

 

          É notório que a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sempre traz embaraços para o governo, pois quer queira, quer não, acaba despindo o Executivo e colocando-o no olho do furacão. A depender do Palácio do Planalto e do poder de articulação e de convencimento, por meio de liberações de recursos, nenhuma CPI merece ser instalada.

          Como isso nem sempre é possível, mas cabe ao governo se preparar para a possibilidade de o Congresso vir a instalar, não uma, mas cinco Comissões de investigação, conforme informam os principais jornais do país. Nem é preciso dizer aqui que as CPIs, por sua enorme capacidade de bisbilhotar as andanças do governo, conferem ao Legislativo e, sobretudo, aos presidentes das duas Casas, um poder e um instrumento legal extra não só para fustigar o chefe do Executivo e toda a sua equipe, como permite ainda a abertura forçada de canais de negociação dos mais diversos.

         Mesmo sem saber ainda quais CPIs serão instaladas e quando, o certo é que um dessas Comissões irá voltar suas luzes para a delicada questão do crime organizado e todas as suas repercussões. Essa certeza se dá pelo fato de que a violência, conforme todas as pesquisas demonstram, tem crescido assustadoramente, com o aumento exponencial no número de homicídios, tráfico de drogas, roubo a bancos e a carros fortes, preocupando, sobremaneira, governadores e prefeitos por todo o país.

         O fato de a Justiça soltar presos quando a polícia indica a prisão atinge diretamente a paz da população. Exemplo no Recanto das Emas, quando um homem que tinha dezenas de passagens pela polícia estava solto e matou um homem que comprava comida para a mulher que tem câncer e o esperava em casa. Os fatos vão de encontro com a afirmativa de um ministro que apelou para o lado cristão das saidinhas. A diferença é que Dimas se arrependeu de todo o mal que havia feito. Esses bandidos passam longe do arrependimento, mesmo porque não existe empatia com ninguém, não mudam a conduta, nem mesmo o pensamento. Tantos outros crimes poderiam ter sido evitados se houvesse razão para se arrepender. Mas não há. Os casos de vítimas que choram seus entes queridos assassinados contrastam com a liberdade de seus algozes. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, disse que essa situação só mudaria se os juízes passassem por uma experiência como a que ela passou. Segundo ela, os juízes não podem julgar essa dor se nunca sentiram.

         Se for instalada apenas a CPI tratando do aumento da criminalidade em todo o país, o barulho e os holofotes sobre o governo serão imensos para a imagem do governo, podendo afetar, seriamente, outras pautas de interesse do Executivo. Para piorar essa situação, é sabido que, em época de eleições, tudo o que o governo pretende é se ver fora de confusões e acusações. Para aqueles que irão trabalhar nessa Comissão, a oportunidade de exposição na mídia é tudo o que necessitam para seus currículos. O fato visível e que interessa aos que só têm poder de voto é que o aumento da criminalidade requer providências urgentes. O espraiamento dos crimes organizados nas instituições do Estado hoje é uma realidade das mais perigosas e que precisam ser debeladas o quanto antes.

         Todos os dias, o noticiário vem mostrando que as organizações criminosas brasileiras, à semelhança do que ocorre com as máfias internacionais, diversificaram suas atividades ilegais, investindo grandes somas no controle dos transportes urbanos, na limpeza, na distribuição de gás e energia elétrica, entre outros setores, que antes eram controlados apenas pelos estados.

         Além desse enraizamento em atividades dos estados, o crime organizado investe pesadamente também nas campanhas dos candidatos de sua preferência, penetrando, silenciosamente, no Poder Legislativo, de onde pode vir a dar as cartas, favorecendo as atividades criminais. Além desses crimes, a CPI que poderá cuidar da segurança pública e do aumento das organizações criminosas poderá direcionar seus holofotes para questões ainda mais espinhosas como o tráfico infantil, a exploração sexual, a venda de sentenças, a soltura de criminosos de alta periculosidade pelos tribunais, entre outros assuntos.

         Ainda dentro das investigações dessa CPI, por certo, haverá brechas para que se investigue também o, ainda vivo e atuante, sistema de corrupção, que assola nossas instituições públicas e que é diretamente responsável por todo esse caos instalado em nosso país. Mas tudo vai depender da escolha do relator.

 

A frase que foi pronunciada:

“O MP é parte. O nosso lado é o da sociedade, é o lado da vítima. O réu, com todos os direitos humanos e respeitos que deve ter, tem que ser firmemente apontada a sua responsabilidade e levado aos tribunais superiores para que a sua condenação seja mantida e não gere na sociedade essa sensação de impunidade. Isso desanima as forças policiais, o Ministério Público e o sistema de Justiça.”

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, Procurador-geral de Justiça de São Paulo

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa. Foto: MPSP / Divulgação

 

História de Brasília

O sr. Baeta Neves convidou o sr. Leonel Brizola para se candidatar a deputado ou senador por Brasília. Ainda não foi decidido se haverá eleição em Brasília, e os “donos dos votos” já começam a se manifestar. E o povo? (Publicada em 06.04.1962)

Reforma agrada

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Presidente Lula durante o lançamento do Programa Terra da Gente no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 15 de abril. Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

Não é de hoje que se discute a questão da reforma agrária. Desde o início do século passado, o problema foi alçado do campo para as pautas de governo. Trata-se, pois, de um assunto de cunho eminentemente oficial, e, como tal, entregue às autoridades e aos governos.

Ao obter esse status, a questão ganhou também matizes políticos e ideológicos, entrando para a pauta das discussões sem fim e para o glossário de promessas de campanha. Na verdade, desde a promulgação da Constituição Federal de 1934, a reforma agrária tem espaço assegurado nos instrumentos legais, recebendo também a atenção de órgãos públicos criados, exclusivamente, para tratar desse processo.

É preciso ressaltar que grandes somas de recursos públicos para a criação de uma pasta ministerial — ou seja, de primeiro escalão — voltada totalmente para a reforma agrária foram gastas. E isso ao longo de quase um século. Institutos como o Incra, composto por pessoal especializado no assunto, vêm, ao longo de décadas, se debruçando sobre essa questão.

O número de títulos agrários entregues oficialmente ao longo desse tempo todo chegou à casa das dezenas de milhões. Portanto, não há que se falar em falta de empenho por parte do poder público. O ponto aqui, diante de todo esse esforço estatal que foi feito e de toda a montanha de dinheiro despendida com essa questão, é saber, exatamente, por que nada desse trabalho hercúleo teve ainda o condão de pacificar, ou mesmo resolver de vez, o problema da reforma agrária em nosso país.

Curioso, também, é saber que foram os governos militares e civis de orientação conservadora que mais distribuíram títulos de terras, assentando centenas de milhares de famílias no campo. Talvez, esteja nesse ponto parte da explicação para o prosseguimento dessa questão. Não se pode cobrir a luz do sol com peneira, assim como não se pode deixar de enxergar que esse é um problema que vai muito além da questão do recebimento de títulos de terra e do assentamento legal de famílias.

A reforma agrária, antes mesmo de ser uma necessidade premente em resolver o problema da posse da terra, é uma questão política. Sem essa questão, esvazia-se o debate e perde-se o rumo. Para um país que vai consolidando sua economia com base no agronegócio, a questão da reforma agrária parece ter perdido a mão e o sentido. Tivessem os governos interesse real em resolver essa questão, o problema do marco temporal das terras indígenas e a criação de reservas gigantescas seria outro.

Do jeito que a questão vem sendo debatida, fica claro que a não resolução do problema é parte de uma estratégia, bem pensada, para perpetuar a questão e, quiçá, forçar outra discussão, relativa à propriedade privada.

O Abril Vermelho, com suas invasões previstas e programadas pelo Movimento Sem Terra (MST), faz sua parte dentro das expectativas e dos projetos de poder. Essa tal de jornada mensal de luta por reforma agrária esconde um propósito que nada tem a ver com a titularidade de terra ou com a consolidação de assentamentos de camponeses.

Não por outra, como parte integrante e paralela do Abril Vermelho, o governo acaba de anunciar o programa Terra da Gente, voltado para o modelo de reforma agrária que acredita. Pelo discurso feito naquela ocasião, ficam claros os dois lados dessa mesma e corroída moeda: “Somente por intermédio de um regime democrático, a gente pode fazer o que a gente quer. Reivindicar, fazer greve, pedir aumento de salário, pedir plano de carreira… O nosso papel é ser honesto com o movimento social, dizendo o que podemos e o que não podemos fazer, utilizando terras sem muita briga. Isso sem pedir para ninguém deixar de brigar.” Acredite se quiser.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Todo e qualquer protesto se aceita. O que não se aceita é a violência”
Presidente Lula

Presidente Lula. Foto: REUTERS/Adriano Machado

 

Acolhimento
Idilvan Alencar, deputado federal cearense, propôs uma audiência pública para discutir a falta de capacitação do corpo docente dos colégios públicos no trato com os alunos com Transtorno do Espectro Autista. Sem ambiente escolar adequado, o aprendizado das crianças autistas é totalmente prejudicado, pontuou.

Deputado Federal Idilvan Alencar. Foto: Câmara dos Deputados

 

História de Brasília

As chuvas de ontem provocaram um desastre numa caixa telefônica subterrânea, que foi invadida pelas águas. Por isto, a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes ficaram sem telefone. (Publicada em 6/4/1962)