Para as Forças Armadas, capitão é um substantivo comum de dois gêneros (apesar de haver
o feminino capitã). Nos quartéis, ele é o capitão; ela, a capitão. Trata-se
da cultura da instituição. Mas ela dá nó nos miolos nos miolos. Qual a
construção correta?
a. Entrega de medalha à capitão-de-corveta Maria da Silva.
b. Entrega de medalha a capitão-de-corveta Maria da Silva.
Crase é como aliança no anular esquerdo. Indica o casamento de dois aa. Um
deles é a preposição. O outro, em geral, o artigo definido. Quando os dois
se encontram, não dá outra. É enlace na certa: Jurou fidelidade à pátria.
Dirigiu-se à poltrona indicada. Foi à livraria Cultura pegar os livros.
Pintou a dúvida? Substitua a palavra feminina por uma masculina (não
precisa ser sinônima, mas tem de ser do mesmo número — singular ou plural).
Se no troca-troca der ao, sinal de crase. Caso contrário, nada feito:
Jurou fidelidade à pátria. Jurou fidelidade ao país.
Dirigiu-se à poltrona indicada. Dirigiu-se ao país indicado.
Foi à livraria Cultura pegar os livros. Foi ao restaurante pegar os
livros.
Visitou a amiga no fim de semana. Visitou o amigo no fim de semana.
Agora, faça a sua aposta: a capitão ou à capitão? Antes de arriscar,
recorra ao tira-teima:
Entrega de medalha à capitão-de-corveta Maria da Silva.
Entrega de medalha ao capitão-de-corveta João da Silva.
É isso. Com o truque, a alternativa é acertar ou acertar. Viva!